Introdução ao Judaísmo/Ramificações do Judaísmo

O Judaísmo possui diversas ramificações cujas interpretações religiosas diferem entre si. Cada judeu expressa sua forma de religião, de acordo com o pensamento religioso comunitário ao qual adere.


Judaísmo católico

Judaísmo protestante Ambos com práticas judaicas e preceitos da Torá ou Tanakh

Judaísmo Rabínico editar

Judaísmo rabínico (do hebraico יהדות רבנית "Yahadut Rabanit" ) é o nome dado ao judaísmo tradicional, que aceita o Tanakh como revelação divina e a Torá Oral também como fonte de autoridade. Recebe este nome devido ao fato de dar grande valor aos ensinamentos rabínicos através dos tempos codificados principalmente no Talmud .

Suas principais ramificações são :

  • Judaísmo ortodoxo
  • Judaísmo conservador
  • Judaísmo reconstrucionista
  • Judaísmo liberal

Algumas ramificações dão grande ênfase à parte mística do judaísmo :

  • Chassidismo

Judaísmo Caraíta editar

 
Sinagoga Caraíta Bnei Yisrael

O Judaísmo Caraíta ( do hebraico קראים - Qaraim ou Bnei Mikra (Seguidores das Escrituras)), designa uma das ramificações do Judaísmo que defende unicamente a autoridade das Escrituras Hebraicas como fonte de Revelação Divina.

O Caraísmo defende a Crença Única e Absoluta em D-us e que sua Revelação Única foi dada através de Moshê na Torá (que não admite adições ou subtrações) e nos profetas da Tanakh. Confiam na Providência divina e esperam a vinda do Messias e a Ressurreição dos Mortos. Seguem um calendário baseado no Abib e com ínicio de mês na lua nova visível.

Rejeitam tradições próprias do judaísmo rabínico como por exemplo o Talmud e a Mishná, assim como o uso de kipá, peiot, tefilin e afins.

História do Caraísmo editar

Desde a época do Segundo Templo existiam seitas do Judaísmo que defendiam a autoridade única e exclusiva da Torá escrita , em oposição aos que seguiam também as tradições conhecidas como a Torá oral .Entre as seitas que seguiam unicamente a Torá escrita estavam os tzadokim (saduceus) e os betusianos .Estes se opunham aos perushim (Fariseus) que defendiam que D-us lhes revelara junto à Torá escrita uma Torá oral que era passada de geração à geração pelos estudiosos , mestres e profetas .

Estas seitas continuaram a existir até depois da destruição do Templo no ano de 70 d.C. , mas com a queda de Jerusalém, a autoridade central representada pelo Templo deixou de existir, fortalecendo as comunidades locais e seus centros de estudo (sinagogas)que eram majoritariamente farisaicas. Estes fariseus posteriormente dariam origem ao judaísmo rabínico , copilando suas leis e tradições em sua obra conhecida como Talmud.

O Talmud no entanto não foi aceito por uma parcela da comunidade judaica, que opôs uma forte resistência ao judaísmo rabínico. No séc.VIII d.C. , Anan ben David organizou os diversos elementos anti-talmudicos e conseguiu convencer ao Califado que estabelecesse um segundo exilarcado para aqueles que não seguissem as práticas talmudistas. Os seguidores de Anan foram conhecidos como "Ananitas" e posteriormente misturando-se a outras seitas anti-rabínicas constituiram o Caraísmo.

O Caraísmo obteve grande influência, chocando-se contra o Judaísmo Rabínico, mas este conseguiu sobressair-se no século X com Gaon Saadia. Mas o Caraísmo ainda continuou existindo principalmente na Espanha, Rússia, Egito, Império Bizantino e Israel. Hoje ainda existe reunidos em comunidades espalhadas pelo mundo, inclusive em Israel onde conta com um departamento governamental que cuida dos seus interesses.

Judaísmo Samaritano editar

 
Grupo de samaritanos. 1900

Os judeus samaritanos ( em hebraico שומרונים) são um grupo étnico-religioso, descendentes dos antigos habitantes de Samaria antes do exílio babilônico, e seguidores do Samaritanismo, uma ramificação da antiga religião mosaica. Os judeus samaritanos pregam ser a religião original judaica, e por este ponto de vista, geralmente repelem o judaísmo rabínico.

Hoje há cerca de 700 samaritanos, que vivem na cidade de Nablus e Holon, em Israel. Seu idioma de uso comum é o hebraico moderno e o árabe palestino, enquanto para atos litúrgicos utilizam o hebraico samaritano e o aramaico samaritano .

Origens editar

No ano de 926 a.C., dez das tribos de Israel rebelaram-se contra o rei Roboão, filho de Salomão devido aos encargos tributários impostos por estes reis. As dez tribos uniram-se em um reino, Israel, com a capital em Siquém (atual Nablus), enquanto as outras tribos fiéis à linhagem real davídica constituiram o reino de Judá. No ano de 875 a.C., o rei Omri de Israel muda a capital do reino para Samaria.

 
Monte Gerizim.

Em 722 a.C., os assírios conquistaram o reino de Israel, e deportaram grande parte da população, mesclando-se aos habitantes remanescentes. Os israelitas de Judá passaram pois a desmerecer estes habitantes pois consideravam que não eram mais fiéis às leis da Torá. Segundo as fontes samaritanas, no entanto, a separação entre os israelitas dos dois reinos ocorreu porque o sacerdote Eli decidiu construir em Siló um santuário para rivalizar com o do monte Gerizim, que é o monte santo dos samaritanos. Os sacerdotes de Gerizim teriam também se oposto a designação de Saul como rei, que como monarca destruiu o santuário de Gerizim. Quando o reino de Israel foi destruído, os samaritanos teriam sido deportados e quando regressaram estabeleceram o culto de Gerizim. O seu Templo foi reconstruído no séc. IV a.C., mas foi destruído em 128 a.C. pelo monarca João Hircano.

Era Moderna editar

Hoje a população samaritana é estimada em cerca de 670 pessoas (2005), que vivem no monte Gerizim e em Holom, comunidade criada pelo segundo presidente de Israel Yitzhak Ben-Zvi em 1954 .

Devido à sua resistência à aceitar convertidos, a comunidade samaritana tem sido reduzida grandemente, além de enfrentar enfermidades genéticas. Apenas em tempos recentes foi aceito que homens da comunidade se casem com mulheres judias não-samaritanas.

Doutrinas editar

Os judeus samaritanos consideram-se o verdadeiro Israel. São monoteístas, crêem apenas em Moisés como profeta e escolhido por D-us para entregar a Torá, que no caso dos judeus samaritanos tem pontos de diferença com a Torá comumente aceita. Rejeitam a tradição oral rabínica, os profetas e os escritos do Tanakh fora da Torá. Utilizam um código (Hillukh) que trata como aplicar a Torá à vida social.

Aceitam o monte Gerizim como o monte de D-us, conforme sua Torá ( Deuteronômio 27:4), local onde permanecia seu templo, e onde fazem as adorações e fazem seus sacrifícios de Pessach.

Sua cidade sagrada é Nablus, chamada no passado de Siquém ou Sicar, onde de acordo com a Bíblia, Jacó teria erguido um altar (Gênesis 34:18-20) e onde teria sido sepultado José (Josué 24:32).

Os samaritanos são educados em sua religião por seus mestres chamados de cohanim. Consideram-se como parte do povo hebreu, mas não do povo judeu.

Judaísmo Ateístico editar

Um judeu ateísta é um membro da comunidade judaica que não crê na existência de D-us , mas que ainda se considera um judeu, identificando-se não com a religião, mas sim com os costumes étnicos e culturais. Ainda que à primeira vista possa parecer uma contradição, ser judeu não leva necessariamente a uma crença religiosa.

O judaísmo ateístico está organizado no mundo de diversas formas. Por um lado há uma tradição de organizações judaicas ateísticas e seculares, desde a organização socialista Bund na Polônia do século XIX até a Sociedade do Judaísmo Humanista dos EUA. Por outro há judeus ateus que participam da comunidade judaica, sem necessariamente se envolver com religião (ainda que muitas comunidades ortodoxas considerem o filho de um judeu ateu como judeu devido à linhagem materna). E há um terceiro grupo cujos antepassados foram judeus, mas que não se consideram como judeus, já que julgam que o judaísmo é necessariamente uma religião, e sendo assim preferem ser chamados apenas de ateus.

Entre diversos ateus famosos, pode-se citar Sigmund Freud, Karl Marx e Woody Allen.

Outras Ramificações Judaicas editar

Existem alguns grupos judaicos, que não são reconhecidos como tais dentro do judaísmo. Ainda que existam diversas ramificações como vimos acima , o Judaísmo geralmente se atém à princípios básicos que o distinguem de outros grupos religiosos.

Judaísmo Messiânico e Ebionismo editar

Entre estes pode-se mencionar o Judaísmo messiânico, o qual adere a práticas do judaísmo, mas crê em Jesus o filho de Deus e Messias, integrando o Novo Testamento nas suas escrituras, dois aspectos que não fazem parte do judaísmo tradicional, e por isto não são considerados como um segmento do Judaísmo. Alguns grupos de Judeus Messiânicos não crêem na trindade cristã, variando assim de grupo em grupo. [1].Algumas seitas de cunho ebionita que crêem em Jesus como um Messias humano também defendem que sua religião é uma forma de judaísmo, ainda que sejam desprezados tanto por judeus como por cristãos.