Sociologia e Comunicação Cásper/Espaço Social
A Economia das trocas simbólicas de Pierre Bourdieu- Parte I
Tipos de capitais (econômico, cultural, social e simbólico)
A relação entre a posição no espaço social e a distribuição desses capitais
Relação entre posição no espaço social e o gostoː o habitus
Economia das Trocas Simbólicas |
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A teoria de Pierre Bourdieu é, também, conhecida como “Economia das Trocas Simbólicas”(ver: meme). Por isso, vamos começar com um termo muito comum na Economia e verificar como ele pode ser ressignificado para pensarmos a práticas culturais (as produções simbólicas). Em primeiro lugar, vamos relacionar o conceito de “capital” com a ideia de tipos específicos de recursos que podem ser mobilizados pelas pessoas ou por um grupo de pessoas (ver:meme). Recursos são quaisquer elementos que podemos mobilizar para conseguirmos mais daquilo que já temos ou para conseguirmos outras coisas por meio dele. Por exemplo: (1) podemos usar o dinheiro para conseguir mais dinheiro ou para comprar coisas com ele (2) podemos usar a educação que temos para prosseguir em nossos estudos ou podemos convertê-la em um melhor salário ou em prestígio (3) podemos usar o nosso carisma e prestígio para conseguirmos mais atenção e um aumento desse mesmo prestígio ou podemos convertê-lo em dinheiro (como vemos no caso de youtubers) Deste modo, podemos identificar diversos tipos de capitais, mas, para Bourdieu, seria interessante nos concentrarmos em quatro tipos de capitais fundamentais. |
Tipos de Capitais |
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= O Capital Econômico: está relacionado à renda e bens disponíveis a um indivíduo e/ou sua família. Esse capital pode ser avaliado por meio de propriedades, bens duráveis, rendas e salários. É interessante observar , também, a origem da renda. Um gerente (assalariado) e um pequeno proprietário podem ter rendas iguais, mas podem se sentir como parte de classes sociais diferentes. Um gerente é assalariado como um operário, o que não significa que tenham interesses comuns.
a) incorporado: a aquisição do capital cultural é lenta, é um processo de assimilação, é um ato de “cultivar-se”. Ele é um tipo de herança, um patrimônio, mas não pode ser transmitido diretamente aos descendentes. Ele precisa ser incorporado, assimilado pelos herdeiros em um longo processo. Por isso, demanda tempo. Ele é fundamental na formação daquilo que Bourdieu chama de “habitus”. b) objetivado: o capital cultural assume, aqui, a forma de objetos materiais distintivos como quadros, livros, coleção de discos, obras de arte de um modo geral. Entretanto, não basta tê-las. É preciso saber reconhecê-las e fruí-las com naturalidade. Essas obras produzem não apenas um conhecimento, mas uma forma de reconhecimento. c) institucionalizado: é um forma de reconhecimento oficial de um título adquirido como o “diploma” ou uma premiação específica, por exemplo. Quanto mais raro for o título adquirido mais distintivo ele pode ser.
“Colega” “parça”, “pai”, “cachorro’, “jão”.”manos”/”manas”, “chegados”, “migo”/”miga”, “bro”… Para Grannovetter, esses laços podem ser considerados como “fracos” ou “fortes”(ver: meme). Este sociólogo americano observou uma situação interessante: na maioria das vezes, damos muita atenção aos nossos laços fortes. Com razão! Mas, ele observa que os laços fracos são fundamentais para que um grupo não se feche em si mesmo. A combinação de laços fortes e laços fracos é muito importante para a circulação da informação entre grupos. O capital social pode ser de ligação (“bond”) – que reforça os laços no interior do grupo – ou um capital social de ponte (“bridge”) – que reforça a ligação entre grupos. Normalmente, nos grupos temos pessoas que assumem uma dessas funções ou as duas, ao mesmo tempo.
O Capital Simbólico: está relacionado com a aquisição de prestígio, credibilidade, confiança, autoridade ou reputação que um indivíduo, um grupo ou uma organização desfruta. Esse capital pode ser adquirido por um lento trabalho de construção ou pela forma tradicional (pelo “nome de família” – como o pertencimento a uma família “nobre”). Este tipo de capital é a base da atenção que recai sobre as chamadas “celebridades”, "influencers",“vencedores/vencedoras do Prêmio Nobel”, “divas”, “colunistas”, “políticos”, “lideranças religiosas” etc. |
Espaço Social, Gosto e Estilos de Vida |
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Vamos analisar, agora, a posição dos agentes (indivíduos) no espaço social e a sua relação com os estilos de vida. Por meio de uma espécie de mapa social é possível avaliar as distâncias e as proximidades entre esses indivíduos e as probabilidades de estudarem nas mesmas escolas, frequentarem as mesmas festas, comprarem roupas nas mesmas lojas, viajarem para os mesmos lugares etc. Esse mapa é criado a partir da relação entre o capital econômico e o capital cultural dos agentes e suas famílias. É uma espécie de cartografia – uma topologia social. As diferentes posições que as pessoas ocupam no espaço social, indicam diferenças nos estilos de vida – como se fosse um sistema de desvios que marcam diferenças sociais entre os agentes (marcas de distinção) As diferenças em suas condições de existência acabam por sofrer uma retradução simbólica em seus estilos de vida. O que alguns sociólogos chamam de "status". Essa cartografia traça um quadro da distância social entre os agentes sociais: um mapa que indica a probabilidade de encontros e desencontros entre os agentes sociais em posições sociais muito diferentes. A mediação entre essa posição no espaço social e as práticas e preferências dos agentes é chamada de habitus por Bourdieu, como veremos no próximo bloco. |
O habitus |
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O habitus é uma disposição que adquirimos a partir das nossas experiências nos espaços sociais em que somos criados. Ele orienta o nosso gosto, as nossas formas de percepção e apreciação do mundo. No entanto, quase nunca estamos conscientes de sua presença nas nossas condutas. O habitus é uma disposição em dois sentidos (ver: meme). Ele pressupõe: a) um padrão que ajuda a organizar a nossa ação (reconhecer determinadas situações para poder agir) b) indica uma certa predisposição que adquirimos ao longo do tempo. Uma tendência a perceber o mundo, pensar e a agir de uma certa forma. Estamos, também, diante de uma disposição corporal e não somente cognitiva. Não é apenas ao nível do pensamento que ele atua, mas ao nível do nosso próprio corpo. Nesse sentido (corporal), essas disposições podem ser chamadas, também, de héxis (termo grego para habitus – que é uma palavra do latim) Nosso próprio modo de falar é uma técnica do corpo, logo, a hexis/habitus orienta a nossa percepção de nós mesmos, dos outros e do modo pelo qual o mundo nos afeta.
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Referências |
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Filmes |
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Billy Elliot (Stephen Dauldry) O Invasor (Beto Brant) O Gosto dos Outros (Agnès Jaoui) Cidade de Deus (Fernando Meirelles/Katia Lund) Machuca (Andrès Wood)
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