Ícaro Targino Silva
Neste relatório final transcrevo minha experiência de participar da disciplina ACH3707 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais II, no qual tive a oportunidade de conhecer a cultura indígena do Brasil e imergir durante quatro dias em uma Aldeia Guarani em Bertioga, município do estado de São Paulo.
Sou paulistano com descendência européia e indígena, ou seja, um bom exemplar da miscigenação brasileira, porém no decorrer da minha vida poucas foram as oportunidades de entender essa raiz indígena na minha família. E ao me inscrever na disciplina não imaginava as oportunidades que encontraria de entender melhor essa cultura tão preciosa que é do povo indígena.
Desde do começo do semestre fomos apresentados semanalmente a diferentes povos indígenas existentes no Brasil. Além de leitura por meio de artigos, tivemos a oportunidade de visualizar diferentes documentários disponíveis no youtube.E a vivência com uma turma tão interdisciplinar formada por alunos de diferentes cursos foi um dos pontos chaves que permitiram diálogos enriquecedores a partir dos temas abordados.
Nossa primeira visita ocorreu em setembro em uma aldeia localizada no bairro do Jaraguá, região noroeste do município de São Paulo, lá tivemos a oportunidade de entrar na casa de reza e dialogar com a pajé da aldeia. Infelizmente no decorrer da visita percebemos que o local reservado a aldeia é muito pequeno e as condições de higiene são precárias.
E ao retornar as atividades em classe dialogamos sobre a visita realizada no jaraguá e iniciamos os preparativos da imersão na Aldeia de Rio da Silveira, fiquei no grupo de interações culturais, responsável por permitir a troca de atividades de interculturais dos dois povos.
Nossa viagem ocorreu no último final de semana de outubro de 2016 e ao chegar na localidade logo fomos recebidos com alegria e reparamos que a reserva encontra-se em ótimas condições, organizamos os mantimentos e alocamos as barracas em locais seguros para proteger da chuva, pois naquele final de semana a previsão era de tempo chuvoso.
Conhecemos as crianças, jovens e adultos da aldeia além de realizar uma caminhada ao riacho, que utilizamos como local para tomar banho no período de permanência que estivemos na aldeia.
Estávamos divididos em grupos e no decorrer dos dias aplicamos nossa atividade de interações culturais, que resultava na pintura de desenho livre e tal ação me permitiu presenciar uma das cenas mais interessantes da imersão, que foi a relação de compartilhamento que os índios possuem, nada é individual tudo é de todos, o senso de comunidade é muito forte. E além disso foi possível visualizar o talento para os desenhos e a utilização de cores primarias na hora de desenhar e apenas representar objetos da natureza, nenhum índio desenhou carro ou foguete.
E além disso pode vivenciar um dos momentos mais marcantes da minha vida ao participar do cerimônia na casa de reza, local onde os índios realizam toda noite agradecimentos a Deus pelas ações conquistadas e a proteção do dia a dia. Neste local pode entender o quanto é importante respeitarmos o espaço e cultura indígena. Temos a obrigação de defende-los e principalmente agradece-los pela proteção e cuidados com que eles possuem com a natureza.
Assim entendo que a oportunidade vivida dentro desta disciplina oferecida pela Universidade de São Paulo e ministrada pelo professor Dr Jorge Machado, conduz qualquer aluno a entender as necessidades e diversidades dos povos indígenas e principalmente verificamos a importância de proteger a natureza e garantir que história esteja presente em todos cidadãos.
Ícaro Targino