A Doutrina de Cristo

INTRODUÇÃO

A pergunta de Jesus aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16:15); muito embora seja uma pergunta simples é muito profunda e de grande importância para fé cristã. Pedro respondeu ao Senhor: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). De acordo com Jesus, nenhuma outra resposta seria satisfatória, porque a esta redeu seu elogio: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17).

Esta resposta de Pedro a pergunta de Jesus continua ser de extrema importância a nós hoje; e digo por que: ainda “não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12). Jesus Cristo ainda é “o caminho, a verdade e a vida, [e] ninguém vem ao Pai, exceto através [dele] (João 14:6). O próprio Jesus declarou que o destino eterno de todos os homens depende da crença deles nele: “se não crerdes que EU SOU [o nome pactual para Deus, Jeová], morrereis nos vossos pecados” (João 8:24).

Em se tratando da importância do estudo da doutrina de Cristo (“Cristologia”) dificilmente pode ser super-enfatizada. O estudo a pessoa e da obra de Cristo é fundamental por causa da relação vital que Ele tem com o cristianismo. Uma relação que nenhum outro fundador de religião tem com suas respectivas religiões. Pode-se existir budismo sem Buda; islamismo sem Maomé; mormonismo sem Joseph Smith; kardecismo sem Kardec, mais não pode haver cristianismo sem Jesus Cristo! Poder-mos-ia até dizer: Cristo é a nossa Religião! (Cl 1.27b).

Sendo assim, a Cristologia é uma das disciplinas fundamentais da Teologia Sistemática. Os teólogos normalmente subdividem o estudo da Cristologia em duas partes: a Pessoa de Cristo (ontologia: quem ele é) e a obra de Cristo (função: o que ele faz). Essas duas nunca devem ser separadas, mas devem ser distinguidas. E começaremos estudando a Pessoa de Cristo; e após obra de Cristo.

I - A PESSOA DE CRISTO

1.1- RELAÇÃO ENTRE ANTROPOLOGIA E CRISTOLOGIA.

Há uma relação muito estreita entre a doutrina Antropologia e a de Cristologia. A primeira trata do homem, criado à imagem de Deus e dotado de verdadeiro conhecimento, justiça e santidade, mas que, pela voluntária transgressão da lei de Deus, despojou-se da sua verdadeira humanidade e se transformou em pecador. Ela mostra o homem como uma criatura de Deus altamente privilegiada, trazendo ainda alguns traços da sua glória original, mas, todavia, uma criatura que perdeu os seus direitos de nascimento, sua verdadeira liberdade e justiça originais. Significa que a doutrina dirige a atenção não apenas, nem primeiramente, à condição do homem como criatura, mas, sim, à sua pecaminosidade. Salienta a distância ética que há entre Deus e o homem, distância resultante da queda do homem e que, nem o homem nem os anjos podem cobrir, e, como tal, é virtualmente um grito pelo socorro divino. A cristologia é em parte a resposta a esse grito. Ela nos põe a par da obra objetiva de Deus em Cristo construindo uma ‘’ponte’’ sobre o abismo e eliminando a distância. A Cristologia nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras entre Deus e o homem pela satisfação das condições da lei em Cristo, e para restabelecer o homem em Sua bendita comunhão.

Notamos assim o grande diferencial do Cristianismo as demais religiões. Todas as demais religiões têm no seu escopo o fato de o homem estar empenhado na tentativa de buscar a Deus; o cristianismo ao contrario é a atitude do amor de Deus em buscar o homem perdido. (Jo 3.16)

É, portanto, a doutrina de Cristo como Mediador da aliança. O Cristo, tipificado e prenunciado no Velho Testamento como o Redentor do homem, veio na plenitude do tempo, nascido de mulher, para tabernacular entre os homens e levar a efeito uma reconciliação eterna. (Gl 4.4; Jo 1.14; 2 Co 5.18,19).

1.2 - RESUMO HISTÓRICO DA DOUTRINA DE CRISTO.

Com a morte dos apóstolos não demorou, para que a Igreja se sentisse ameaçada pelas várias doutrinas que surgiam a respeito de Jesus Cristo.A doutrina que mais foi atacada ou que mais trouxe confusão se refere ao que chamamos na teologia de união hipostática. União hipostática, também conhecida como união mística ou dupla natureza de Cristo; é a doutrina clássica da Cristologia que afirma ter Jesus Cristo duas naturezas, sendo homem e Deus ao mesmo tempo. (Hipostasis = subsistência).

Até o Concílio de Calcedônia surgiram algumas doutrinas que sacrificavam a divindade em detrimento da humanidade, como os:Ebionitas: Surgiram no inicio do segundo século. O nome Ebionitas é derivado de uma palavra hebraica que significa pobres, indigentes. Eram judeus crentes que não conseguiam deixar as cerimônias do Judaísmo. Eram um tipo de sucessores dos judaizantes do tempo de Paulo. Na busca de defender o monoteísmo negavam a divindade de Cristo. Eles o consideravam como um simples homem, filho de José e Maria, qualificado em seu batismo para ser o Messias, pela descida do Espírito Santo sobre Ele. Quando recebeu o Espírito Santo conscientizou-se de que era o messias. Afirmavam que era necessário obedecer todos os mandamentos da Lei de Moisés, inclusive a circuncisão.

Obs. Esta é do Unitarianismo, e de alguns liberais e teólogos da libertação de hoje.

Alogianos:  Rejeitavam os escritos de João por que entendiam que sua doutrina do logo estava em conflito, com o restante do Novo Testamento. Acreditavam que o Evangelho de João e o Apocalipse tivessem sido escrito por Cerinto, fundador da escola gnóstica. Também viam em Jesus apenas um homem, nascido miraculosamente de uma virgem e que no batismo recebera o espírito do Cristo, recebendo poder sobrenaturais. Surgiram por volta do ano 200 d.C.

Monarquismo: Enfatizavam a unidade absoluta de Deus, que conflitava com a doutrina da trindade, que vê Deus em uma unidade composta pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Dividia-se em Monarquismo Dinâmico e Modalista.

Monarquistas Dinâmicos  Acreditavam de maneira muito semelhante aos alogianos, Jesus se tornou o Cristo após o batismo, ao se tornar habitação do Cristo. Paulo de Samósata era seu principal representante. Para eles Jesus nascera de José e Maria. Deste movimento surge o adocionismo. Adocionismo - Jesus teria sido adotado por Deus. Somente se tornou Deus após a ressurreição. Modalista surgiu no terceiro século, conhecido como "sabelianismo" (Sabélio) concebia as três pessoas da trindade como os três modos pelos quais Deus se manifestava aos homens.

Por outro lado havia aqueles que sacrificavam a humanidade em detrimento da divindade, como os:

Gnoticismo:  Originou-se provavelmente na Ásia Menor entre os anos de 135-200 d.C.. Estes foram profundamente influenciados pela concepção dualista dos gregos, em que a matéria, entendida como inerentemente má, é descrita como completamente oposta ao espírito. Rejeitavam a ideia de uma encarnação, de uma manifestação de Deus em forma visível, visto que isto envolveria um contato direto do espírito com a matéria que para eles era má. Havia porem três tipos de gnósticos. Primeiro: negavam a realidade do corpo humano de Jesus. Eram chamados de Docetas (de dokeo, ‘’parecer’’). Segundo: os que afirmavam que Jesus tinha um corpo real, mas este corpo embora real, não era material. E em terceiro lugar, os que afirmavam que Jesus e Cristo eram duas pessoas distintas. Jesus era um homem comum filho de José e Maria e Cristo era um espírito que desceu sobre o homem Jesus por ocasião de Seu batismo; e na hora da crucificação, o Cristo deixou o homem Jesus a sofrer sozinho.

Escola dos Alexandrinos:  Defenderam a divindade de Cristo, e na busca de se colocarem em oposição aos gnósticos, criaram a concepção de Cristo como subordinado ao Pai. Interpretavam a Bíblia através do método alegórico. Seus principais representantes foram Clemente e seu discípulo Orígenes. Foi ele que criou a ideia da subordinação quanto à essência. Tertuliano  também defendeu a ideia de Cristo estar subordinado ao Pai, neste sentido ser um pouco menor que Deus.

 Arianismo:  Partindo do principio de Orígenes fez distinção entre Cristo e o Logos como a razão divina. Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus, e todavia, mais que um homem. Em outras palavras: Jesus é Deus, mas não igual ao Pai. Ário (256-336), Presbítero de Alexandria, ensinava que Cristo era apenas uma criatura, não o Deus eterno. Eles usavam a linguagem ortodoxa, mesmo que não acreditassem na divindade de Cristo. “Houve um tempo quando Cristo não era”; esta era a afirmação deles. Atanásio  Contestou a Ário e defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai, posição que foi oficialmente adotada pelo Concílio de Nicéia, em 325.

Obs. As Testemunhas de Jeová, Mórmons, são os modernos arianos.

Nestorianismo: Nestor era bispo de Constantinopla. Acentuavam a completa humanidade de Cristo e entendiam que a habitação do Logos nele era apenas uma habitação moral. Ele compreendia Cristo lado a lado com Deus, mas não unido a Ele numa unidade de vida pessoal única. As duas naturezas estavam separadas uma da outra. Jesus agia uma ora com a natureza humana e ora com a natureza divina. Cirilo de Alexandria foi o principal oponente de Nestor, e obteve a condenação de Nestor no Sínodo de Éfeso, em 431, d.C.

Eutiquianismo:  Era os seguidores de Êutico. Levaram ao extremo oposto a opinião dos Nestorianos. Acreditava que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela divina, ou que as duas se fundiram resultando numa só natureza (uma terceira natureza), posição que para muitos era a negação das duas naturezas de Cristo. O Concílio de Calcedônia, em 451, condenou esses conceitos e manteve a crença na unidade da pessoa, como também na dualidade das naturezas.

O Concilio de Calcedônia, em 451 foi um marco importante para a doutrina ortodoxa. A conclusão do Concílio de Calcedônia foi de que Jesus teve uma natureza humana completa e uma natureza divina também completa, duas naturezas em uma só pessoa. Portanto, na pessoa de Jesus as duas naturezas estão unidas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação, conservando cada qual a sua própria especificidade.

A posição do Concílio de Calcedônia foi preparada pela carta que Leão, bispo de Roma, enviou a Flaviano, bispo de Constantinopla. Esta é conhecida como Tomo, ou Epístola.

Dogmática. Cinco pontos são mencionados nela:

  1. Existem duas naturezas em Cristo, que são permanentemente distintas.
  1. Essas duas naturezas são unidas em uma Pessoa, cada uma das quais realizou sua própria função apropriada na vida encarnada.
  1. Da unidade da Pessoa segue-se a comunicação de atributos.
  1. A obra de redenção requeria um Mediador ao mesmo tempo humano e divino, temporal e não temporário, moral e imortal. A encarnação foi um ato de condescendência da parte de Deus, porém, no Logos não deixou de ser vero Deus. A forma servi não depreciava a forma dei.
  1. A varonilidade de Cristo é permanente, e sua negação implica na negação docética (gr. Dokein, de parecer) da realidade dos sofrimentos de Cristo.

O bispo Leão queria que o concílio fosse realizado na Itália, mas aceitou Calcedônia, na Ásia Menor, por estar mais perto da capital do império. Ela durou de 22 a 25 de outubro de 451.

A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à doutrina da pessoa de Cristo. Até o século XIX não houve grandes mudanças na doutrina da pessoa de Cristo. A Reforma não contribuiu muito com relação a essa doutrina.

No século XIX deu-se grande mudança no estudo da pessoa de Cristo. Até àquele tempo, o ponto de partida fora predominantemente teológico, e a Cristologia resultante era teocêntrica, mas durante a última parte do século dezoito houve crescente convicção de que se alcançariam melhores resultados partindo de algo mais próximo, a saber do estudo do Jesus histórico. Assim foi introduzido o “segundo período Cristológico”, assim chamado. O novo ponto de vista era antropológico, e o resultado foi antropocêntrico. Isto evidenciou-se destrutivo para a fé cristã. O Cristo sobrenatural deu lugar a um Jesus humano; e a doutrina das duas naturezas deu lugar para a doutrina de um homem divino.

Scheleiermacher,  esteve a frente do novo desenvolvimento. Ele considerava Cristo como uma nova criação, na qual a natureza humana é elevada ao nível da perfeição ideal. Acreditava que Cristo atingiu essa perfeição por que estava unido a natureza divina.

O conceito Hegel, a respeito de Cristo é parte integrante do seu sistema panteísta de pensamento. O verbo se fez carne significa para ele que Deus se encarnou na humanidade, de modo que a encarnação expressa realmente a unidade de Deus e o homem.

“A doutrina das duas naturezas de Cristo desapareceu da teologia moderna e em seu lugar temos uma identificação panteísta de Deus e o homem. Essencialmente, todos os homens são divinos, desde que todos têm em si um elemento divino; e todos são filhos de Deus, diferindo de Cristo somente em grau. O ensino moderno acerca de Cristo está baseado na doutrina da continuidade de Deus e o homem. E é exatamente contra essa doutrina que Barth e os que pensam como ele ergueram sua voz. Nalguns círculos atuais há sinais de um retorno à doutrina das duas naturezas” (Louis Berkhof – pág. 155).

    1. – A ENCARNAÇÃO DE CRISTO

Embora a palavra não ocorra de maneira explicita na Bíblia, a igreja tem empregado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A encarnação foi o ato pelo qual Deus filho assumiu a natureza humana.

Mas o equivalente grego do latim "in carne" (τη σαρκι, en sarki, "na carne") se encontra em algumas declarações importantes no Novo Testamento a respeito da pessoa e obra de Jesus Cristo. Em 1 Timóteo 3.16 fala sobre "Aquele que foi manifesto na carne". João atribui ao espírito do anticristo qualquer negação que Jesus Cristo "veio em carne" (1 João 4.2). Paulo diz que Cristo realizou sua obra de reconciliação "no corpo da sua carne" isso quer dizer que Cristo pela sua morte nos reconciliou com DEUS (Colossenses 1.22; Efésios 2.15), e, que ao enviar Seu Filho "em semelhança de carne pecaminosa" Deus "condenou ... na carne, o pecado" (Romanos 9.3). Todos esses textos mostram de diversas maneiras que Cristo garante a salvação porque veio em "carne" e morreu "na carne".

No grego “sarx” que significa “carne” faz distinção com ossos, tendões, pele, etc., em outras palavras, ela não é meramente o corpo, mas o homem todo como pessoa.

No grego “soma - ” consiste em ossos, sangue, tendões, carne e pele, representando o corpo físico ou material.

Nesse sentido teológico, "carne" não é de maneira nenhuma alguma coisa que o homem possui, mas é antes uma coisa que o homem é, sinalizado pela fraqueza e fragilidade próprias da criatura e nesse particular aparece em contraste com "espírito". Estar em carne (Jo 1.14) – em corpo humano.  Estas palavras o apóstolo João ataca duas posições claras do gnosticismo. É um repudio a ideia do logos jamais se encarnar. Repudia a ideia de que o grande mal do homem está no corpo (carne matéria – soma).

A pessoa de Cristo encarnado incluía:  Divindade plenamente mantida (100% Deus). Perfeita humanidade (100% homem). 

    1. – O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO

O nascimento virginal de Cristo é uma das doutrinas bíblicas fundamentais à fé cristã. Desde as primeiras décadas da história da igreja esta doutrina é sustentada e ensinada pelos Apóstolos e Pais da igreja; cito aqui Inácio de Antioquia: ‘’Oculto dos príncipes deste mundo havia a virgindade de Maria e o seu parto... Dou glória a Jesus Cristo, o Deus que conferiu tal sabedoria a ti; pois tenho percebido no tocante o nosso Senhor, de que Ele pertence verdadeiramente à raça de Davi segundo a carne, mas Filho de Deus por vontade e poder divino, verdadeiramente nascido de uma virgem e batizado por João. ’’ No inicio do II século esta doutrina é reconhecida no Credo dos Apóstolos que diz: ‘’Nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria’’.

Jesus é uma pessoa absolutamente única, como verdadeiro Deus e vero homem; a Sua entrada neste mundo foi diferente dos demais homens. Os Evangelistas Mateus e Lucas esclarecem inequivocamente a forma miraculosa do nascimento Virginal de Cristo o qual se harmoniza com tudo que conhecemos e cremos sobre a Sua pessoa e natureza. (Mt 1.18-25; Lc 1.26-38) A polêmica sobre a tradução por ‘’virgem’’ ou ‘’jovem’’ do termo hebraico em Is 7.14, em nada afeta o caso, pois é muito claro os textos de Mateus e Lucas citados acima.

A seguir apresentarei alguns argumentos sobre a importância do nascimento virginal de Cristo dentro da formação sistemática das doutrinas cristãs:

  1. As naturezas de duas vidas (pai e mãe) unidas pela concepção do embrião determinam a natureza do ser gerado por elas. Somente um ser gerado pelo divino e pelo humano pode ser divino e humano. Se Jesus não tivesse nascido de mãe virgem Ele pertenceria à mesma classe dos demais filhos de José e Maria. Mas é justamente o seu parentesco divino e humano, combinados que estabelece a categoria de Sua Pessoa. Se Jesus tivesse tido um pai humano logo Ele seria igual a qualquer um de nós e não teríamos argumentos suficientes para defender tanto a ausência de pecado em Sua natureza, quanto a Sua divindade Pessoal. (Lc 1.35; Hb 2.14)
  2. A forma como Jesus entrou na vida humana difere de nós, no que tange o Seu nascimento virginal. A concepção sobrenatural é concordante com o nascimento de uma pessoa sobrenatural, fato que harmoniza com a doutrina da Trindade. Porque se Jesus não é uma pessoa sobrenatural logo não existe a segunda Pessoa da Trindade; e conseqüentemente não haveria Trindade. Concluímos que caso nos faltasse esse elo doutrinário do nascimento virginal de Jesus Cristo a doutrina da trindade seria questionável. (Is 9.6)
  3. É de suma importância para doutrina da expiação o respaldo oferecido pela doutrina do Nascimento Virginal de Cristo. Champion faz a seguinte afirmação sobre esse assunto: ‘’Quanto menos vemos da Divindade de Cristo em Seu nascimento sobrenatural, menos vemos dessa Divindade em Sua morte expiatória. Quando perdemos de vista o Cristo histórico dos Evangelhos e a Sua Concepção Miraculosa, conforme ali registrada, nem sombra de divindade resta para efetuar nossa redenção. ’’ Somente um Sumo Sacerdote perfeito, santo e inculpável, com natureza divina e humana poderia fazer uma expiação perfeita pelos pecadores imperfeitos. Hb 8.26-28. Cremos no Nascimento Virginal de Cristo Jesus porque nenhuma objeção foi levantada que fosse suficiente ou concludente.
    1. – A HUMANIDADE DE CRISTO

Ontologia é a parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Tendo-se em conta que "onto", do grego, vem a significar indivíduo ou ser, e "logia", significa estudo; tem-se que "ontologia" vem a ser o estudo investigativo e comparativo do indivíduo - aqui tido como exemplar da espécie humana - frente aos demais seres vivos, passando pela sua concepção, criação, evolução e extinção. Busca, portanto, o conhecimento profundo acerca da natureza do ser humano, levando em conta os aspectos fisiológicos e espirituais, confrontando-os com aqueles que caracterizam e distinguem os demais seres vivos. Jesus enquanto homem estava subordinado ao Pai. Contudo essa subordinação é de ofício, operação (Jesus veio para fazer a vontade do Pai), mas ela não é de essência-poder. Jesus Cristo não é menor que o Pai.

Jesus possuía um corpo humano: O fato de que Jesus possuía um corpo humano exatamente como o nosso é visto em muitas passagens das Escrituras. Ele nasceu assim como nascem todos os bebês humanos (Lc 2.7). Ele passou da infância para a maturidade assim como crescem todas as outras crianças: “Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40). editar

Jesus possuía uma mente humana: O fato de Jesus ter crescido em sabedoria (Lc 2.52) significa que ele passou por um processo de aprendizado assim como acontece com todas as outras crianças — ele aprendeu a comer, a falar, a ler e a escrever, e a ser obediente a seus pais (veja Hb 5.8). Esse processo normal de aprendizado fazia parte da genuína humanidade de Cristo.

Jesus possuía alma humana e emoções humanas: Vemos várias indicações de que Jesus possuía alma humana (ou espírito). Logo antes de sua crucificação, ele disse: “Agora, está angustiada a minha alma” (Jo 12.27). João escreve um pouco depois: “Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21). Em ambos os versículos a palavra angustiar representa o termo grego tarassÜ, palavra muitas vezes empregada em referência a pessoas ansiosas ou que de repente são surpreendidas por um perigo. editar

As pessoas próximas de Jesus consideravam-no apenas humano: Mateus registra um incidente assombroso no meio do ministério de Jesus. Ainda que Jesus tivesse ensinado por toda a Galileia, “curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo”, de modo que “numerosas multidões o seguiam” (Mt 4.23-25), quando chegou à própria cidade de Nazaré, o povo que o conhecia havia muitos anos não o recebeu (Mt 13.53-58). editar

Impecabilidade: Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus era plenamente humano exatamente como nós, também afirma que Jesus era diferente em um aspecto importante: ele era isento de pecado e jamais cometeu um pecado durante sua vida. Alguns objetam que se Jesus não pecou, então não era verdadeiramente humano, pois todos os humanos pecam. Mas os que fazem tal objeção simplesmente não percebem que os seres humanos estão agora numa situação anormal. Deus não nos criou pecaminosos, mas santos e justos. Adão e Eva no jardim do Éden eram verdadeiramente humanos antes de pecar, e nós agora, apesar de humanos, não nos conformamos ao padrão que Deus deseja que preenchamos quando nossa humanidade plena, impecável, for restaurada.

Jesus poderia ter pecado?Às vezes levanta-se esta questão: “Cristo podia ter pecado?” Alguns defendem a impecabilidade de Cristo, entendendo por impecável “não sujeito a pecar”. Outros objetam que se Jesus não fosse capaz de pecar, suas tentações não teriam sido reais, pois como uma tentação seria real, se a pessoa que estivesse sendo tentada não fosse mesmo capaz de pecar? Para responder a essa pergunta, precisamos distinguir, por um lado, o que as Escrituras afirmam claramente e, por outro lado, o que é mais uma inferência de nossa parte. editar

  • As Escrituras afirmam claramente que Cristo jamais pecou de fato (veja acima). Não deve haver nenhuma dúvida a esse respeito em nossa mente.
  • Elas também afirmam que Jesus foi tentado e que as tentações foram reais (Lc 4.2). Se cremos na Bíblia, precisamos insistir que Cristo foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15).
  • Também precisamos afirmar com as Escrituras que “Deus não pode ser tentado pelo mal” (Tg 1.13). Mas aqui a questão torna-se difícil: se Jesus era plenamente Deus e também plenamente humano (e vamos argumentar adiante que as Escrituras ensinam isso várias vezes e de maneira clara), então não somos obrigados também a afirmar que (em algum sentido) Jesus também “não pode ser tentado pelo mal”?

Por que era necessário que Jesus fosse plenamente humano? Quando João escreveu sua primeira epístola, circulava na igreja um ensino herético, segundo o qual Jesus não era homem. Essa heresia tornou-se conhecida como docetismo.  Essa negação da verdade acerca de Cristo era tão séria que João podia dizer que se tratava de uma doutrina do anticristo: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo” (1Jo 4.2-3). editar

  • Para possibilitar uma obediência representativa. Conforme observamos no capítulo acima sobre as alianças entre Deus e o homem,  Jesus era nosso representante e obedeceu em nosso lugar naquilo que Adão falhou e desobedeceu. Vemos isso nos paralelos entre a tentação de Jesus (Lc 4.1-13) e a ocasião da prova de Adão e Eva no jardim (Gn 2.15–3.7). Também reflete-se claramente na discussão de Paulo sobre os paralelos entre Adão e Cristo, na desobediência de Adão e na obediência de Cristo (Rm 5.18-19).
  • Para ser um sacrifício substitutivo. Se Jesus não tivesse sido homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia. O autor de Hebreus nos diz: “Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb 2.16-17; cf. v. 14).
  • Para ser o único mediador entre Deus e os homens. Porque estávamos alienados de Deus por causa do pecado, necessitávamos de alguém que se colocasse entre Deus e nós e nos levasse de volta a ele. Precisávamos de um mediador que pudesse representar-nos diante de Deus e que pudesse representar Deus para nós. Só há uma pessoa que preencheu esse requisito: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). Para cumprir essa função de mediador, Jesus tinha de ser plenamente homem e plenamente Deus.
  • Para cumprir o propósito original do homem de dominar a criação. Como vimos em nossa discussão sobre o propósito para o qual Deus criou o homem,  Deus colocou o ser humano sobre a terra para subjugá-la e dominá-la como representante divino. Mas o homem não cumpriu esse propósito, pois caiu em pecado. O autor de Hebreus percebe que Deus pretendia que tudo fosse sujeitado ao homem, mas reconhece: “Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas” (Hb 2.8). Então, quando Jesus veio como homem, foi capaz de obedecer a Deus e, assim, teve o direito de dominar a criação como homem, cumprindo o propósito original de Deus ao colocar o homem sobre a terra. Hebreus reconhece isso quando diz que agora “vemos [...] Jesus” em posição de autoridade sobre o universo, “coroado de glória e de honra” (Hb 2.9; cf. a mesma frase no v. 7).
  • Para ser nosso exemplo e padrão na vida. João nos diz: “... aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1Jo 2.6), e nos lembra que “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele” e que essa esperança de futura conformidade com o caráter de Cristo confere mesmo agora pureza moral cada vez maior à nossa vida (1Jo 3.2-3). Paulo nos diz que estamos continuamente sendo “transformados [...] na sua própria imagem” (2Co 3.18), avançando, assim, para o alvo para o qual Deus nos salvou: sermos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Pedro nos diz que, especialmente no sofrimento, temos de considerar o exemplo de Cristo: “pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (1Pe 2.21).
  • Para ser o padrão de nosso corpo redimido. Paulo nos diz que quando Jesus ressuscitou dos mortos, ressuscitou num novo corpo “na incorrupção [...] ressuscita em glória [...] ressuscita em poder [...] ressuscita corpo espiritual” (1Co 15.42-44). Esse novo corpo ressurreto que Jesus possuía quando ressurgiu dos mortos é o padrão do que será nosso corpo quando formos ressuscitados dos mortos, porque Cristo é “as primícias” (1Co 15.23) — uma metáfora agrícola que compara Cristo à primeira amostra da colheita, que demonstra como será o outro fruto daquela colheita.
  • Para compadecer-se como sumo sacerdote. O autor de Hebreus lembra-nos de que “naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2.18; cf. 4.15-16). Se Jesus não tivesse existido na condição de homem, não teria sido capaz de conhecer por experiência o que sofremos em nossas tentações e lutas nesta vida. Mas porque viveu como homem, ele é capaz de compadecer-se mais plenamente de nós em nossas experiências. 

Jesus será um homem para sempre: Jesus não abandonou a natureza terrena após sua morte e ressurreição, pois apareceu aos discípulos como homem após a ressurreição, até com as cicatrizes dos cravos nas mãos (Jo 20.25-27). Ele possuía carne e ossos (Lc 24.39) e comia (Lc 24.41-42). Posteriormente, quando conversava com os discípulos, foi levado ao céu, ainda em seu corpo humano ressurreto, e dois anjos prometeram que ele voltaria do mesmo modo: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (At 1.11).

    1. == – A DIVINDADE DE CRISTO ==

Para completar o ensino bíblico acerca de Jesus Cristo, precisamos declarar não só que ele era plenamente humano, mas também plenamente divino. Embora a palavra não ocorra de maneira explícita na Bíblia, a igreja tem empregado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A encarnação foi o ato pelo qual Deus Filho assumiu a natureza humana. A comprovação bíblica da divindade de Cristo é bem ampla no Novo Testamento. Vamos examiná-la sob várias categorias.

Provada na sua preexistência:

Jesus afirma sua eternidade quando diz: “... antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58) e também quando diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap 22.13).

Provada pelo A.T. Miqueias 5.2 – “Mas tu, Belém-Efrata, embora pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos”. Isaías 9.6 – “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”.

Provada pelo N.T. João 1.1, em comparação com o versículo 14 – “No principio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no principio. (...) Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós...”  João 8.58 “Respondeu Jesus: Eu lhes afirmo que antes de Abrão nascer, Eu Sou!  1 Pe 1.20 – “Conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês”

Provada por obra na criação. 1 Coríntios 8.6 – “para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de quem vêm todas as coisas e para quem vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos”. Colossenses 1.16 – “pois nele (Jesus) foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades, todas as coisas foram criadas por ele e para ele”.

Provada por aparições. As aparições do Anjo do Senhor (Gn 48.16; Êx 3.2,4; Jz 13.18). Estas eram teofanias, manifestações do verbo antes da sua encarnação, e só ocorreram antes dela.

Exemplo: Gênesis 18 – 10 Senhor apareceu a Abraão (...). Abraão ergueu os olhos e viu três homens em pé, a pouca distância. Quando os viu, saiu da entrada de sua tenda, correu ao encontro deles e curvou-se até o chão (Abraão o adorou e o mesmo recebeu sua adoração). Então disse o Senhor:voltarei a você (...).

Provada pelos Seus nomes.

Logos – O termo logos trazia para os gregos uma dupla referência. Era tanto à Palavra de Deus poderosa e criadora do Antigo Testamento, pela qual os céus e a terra foram criados (Sl 33.6), como ao princípio organizador ou unificador do universo, dando-lhe conjunto e sentido dentro do pensamento grego. João ao fazer uso desta palavra, com certeza estava identificando Jesus com essas duas idéias e acrescentando que Ele não só era a Palavra poderosa, criadora e a força que organiza e unifica o universo como também se fez homem.

Deus – A palavra Deus (Theos) é atribuída a Cristo. Apesar de a palavra “theos” (Deus) ser em geral reservada no Novo Testamento para Deus Pai, há algumas passagens em que é também empregada em referência a Jesus Cristo. Em todos esses trechos, a palavra “Deus” é empregada com um sentido denso em referência àquele que é Criador do céu e da terra, o governante de tudo. Entre essas passagens encontram-se: João 1.1; 1.18 (em manuscritos mais antigos); 20.28; Romanos 9.5; Tito 2.13; Hebreus 1.8 e 2 Pedro 1.1. Um exemplo veterotestamentário do nome Deus aplicado a Cristo encontra-se numa passagem bem conhecida: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro,Deus forte...” (Isaías 9.6).

Filho de Deus – Ainda que o título “Filho de Deus” possa às vezes ser simplesmente empregado em referência a Israel (Mt 2.15), ou ao homem criado por Deus (Lc 2.38), ou ao homem regenerado em geral (Rm 8.14, 19,23), há, entretanto, casos em que a frase “Filho de Deus” refere-se a Jesus como o Filho celestial eterno igual ao próprio Deus (Mt 11.25-30; 17.5; 1 Co 15.28; Hb 1.1-3, 5, 8). Isso ocorre especialmente no evangelho de João, em que Jesus é visto como um Filho singular do Pai (Jo 1.14, 18, 34, 39) que revela plenamente o Pai (Jo 8.19; 14.9). Ele é também aquele que possui toda a autoridade proveniente do Pai para dar vida, pronunciar julgamento eterno e governar sobre tudo (Jo 3.36; 5.20-22, 25; 10.17; 16.15). Como Filho, ele foi enviado pelo Pai e, portanto, existia antes de vir ao mundo (Jo 3.37; 5.23; 10,36).

Aqui também neste ponto da Cristologia nos cabe fazer uma observação de suma importância. Há quatro referencias bíblicas onde Jesus Cristo e mencionado como gerado de Deus Pai, Sl 2.7; Atos 13.33 Hb 1.5; Hb 5.5; estes textos neotestamentário devem ser interpretados a luz do contexto histórico-cultural do salmo dois; como nos ensina a Hermenêutica Reformada. O salmo dois é o salmo da coroação dos reis de Israel. Casa não haja este entendimento podemos favorecer a heresia ariana.

vé (Jeová ou Iavé) e Kyrios – O nome “Senhor” é aplicado a Deus na Septuaginta, como equivalente de Jeová e como tradução de Adonai no Antigo TestamentoÁs vezes a palavra Senhor (Gr. Kyrios) é empregada simplesmente como tratamento respeitoso dispensado a um superior (Mt 13.27; 21.30; Jo 4.11). Às vezes pode simplesmente significar “patrão” de um servo ou escravo (Mt 6.24; 21.40). Jesus é tratado como o Senhor (Kyrios). A palavra kyrios é empregada para traduzir o nome do Senhor 6814 vezes no Antigo Testamento grego. Assim, qualquer leitor grego da época do Novo Testamento que conhecesse um pouco o Antigo Testamento grego reconheceria que, nos contextos apropriados, a palavra “Senhor” era o nome do Criador e Mantenedor do céu e da terra, o Deus onipotente.

Sinais de que Jesus possuía atributos de divindade:. editar

Onipotência - Essa é demonstrada quando Jesus acalmou a tempestade no mar com uma palavra (Mt 8.26-27), multiplicou os pães e peixes (Mt 14.19) e transformou a água em vinho (João 2.1-11). Podemos incluir vários outros textos que mostram seu poder. Ex. Mateus 28.18. Jesus operava sinais e maravilhas e Seu nome era glorificado e Ele era adorado. editar

Alguns podem objetar, dizendo que esses milagres só mostraram o poder do Espírito Santo agindo por intermédio dele, assim como o Espírito Santo poderia agir por meio de qualquer outro ser humano e, assim, isso não comprova a divindade de Jesus. Mas podemos refutar esta objeção, a doutrina da divindade de Cristo afirmando biblicamente que Jesus fez milagres em seu próprio nome e poder, como podemos ver nos textos das Sagradas Escrituras (Mt 9.6) editar

 Onisciência – Era demonstrada no fato de conhecer os pensamentos das pessoas (Mc 2.8), de ver, de muito longe, Natanael sob a figueira (Jo 1.48), de conhecer “desde o principio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (Jo 6.64). Outros texto: João 1.48.

Onipresença – Durante seu ministério terreno esse atributo não foi manifestado. Contudo Jesus afirma sua onipresença ao declarar que quando a Igreja fosse estabelecida onde ela se reunisse Ele estaria presente (Mateus 18.20). Além disso, antes de deixar a terra, disse aos discípulos: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20). Ver Jo 3.13.

Eterno (João 1.4; 5.26) – Jesus possuía o atributo divino da imortalidade, a incapacidade de morrer. Ele é a própria vida. Vemos isso indicado no início do evangelho de João, quando Jesus fala aos judeus: “Destruí esse santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2.19). Precisamos insistir que Jesus realmente morreu, mas a morte não o podia deter. Também é significativo observar que o próprio Jesus afirma que atuaria em sua ressurreição, embora outras passagens digam que o Pai atuou na ressurreição. Em outra passagem do Evangelho de João, Jesus alega ter poder para entregar a vida e reassumi-la: “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18).

Sua igualdade na Trindade: Com o Pai (João 14.23; 10.30). Com o Pai e o Espírito Santo (Mateus 28.19; 2 Coríntios 13.13). Consubstancialidade é um conceito cristológico introduzido na profissão de fé pelo [null Concílio de Niceia] (325 d.C) e que diz respeito à divindade de [null Cristo], por ser da mesma substância do Pai. O termo consubstancialidade é o correspondente ao termo grego homoousios, termo original que designa essa realidade. Este termo provém da junção de homos, que significa “o mesmo”, eousios, proveniente de ousía, que significa substância ou essência. Assim, o termo tem o sentido de “da mesma substância, com a mesma essência”.

Teoria falsa da Kenosis. Paulo escreve aos filipenses: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana... (Fp 2.5-7). editar

Partindo desse texto, alguns teólogos da Alemanha (a partir de 1860-1880) e da Inglaterra (a partir de 1890-1910) passaram a defender uma idéia de encarnação que jamais fora defendida na história da igreja. Essa nova idéia foi chamada “teoria da kenosis”, e a posição geral representada por ela foi chamada “teologia kenótica” (A palavra grega Kenoo, foi traduzida para ‘’esvaziou-se’’ por isso esta doutrina é chamada de ‘’kenoses"

O grande erro cometido por muitos a respeito desta teoria: Alguns kenoticistas defendem que Cristo transformou-se literalmente num homem, reduzindo-se total ou parcialmente às dimensões de um homem, e depois cresceu em sabedoria e poder, até que afinal se tornou Deus de novo. Cristo perdeu, ao abrir mão, certos atributos durante Sua vida terrena. Se isso tivesse acontecido, Ele teria deixado de ser Deus durante este período. Como já vimos Jesus permanecia com os atributos divinos.

A verdadeira doutrina da Kenosis. A doutrina da “kenosis” envolve: O encobrimento de Sua glória pré-encarnada. Sua condescendência em assumir a semelhança de carne pecaminosa (a forma humana) durante a encarnação. O não uso voluntário de alguns de Seus atributos durante Sua vida terrena; mais isto não quer dizer que ele perdeu os atributos divinos. Cristo continuou em Sua encarnação plenamente divino. “Aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1.19) e “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9).

A importância da divindade de Cristo para nossa salvação: Na seção anterior alistamos alguns motivos pelos quais era necessário que Jesus fosse plenamente humano para obter nossa redenção. Aqui cabe reconhecer que é também crucialmente importante insistir na plena divindade de Cristo, não só porque ela é ensinada de maneira clara nas Escrituras, mas também porque:

  • Só alguém que fosse Deus infinito poderia arcar com toda a pena de todos os pecados de todos os que cressem nele — qualquer criatura finita não seria capaz de arcar com tal pena;
  • A salvação vem do Senhor (Jn 2.9 arc), e toda a mensagem das Escrituras é moldada para mostrar que nenhum ser humano, nenhuma criatura, jamais conseguiria salvar o homem — só Deus mesmo poderia;
  • Só alguém que fosse verdadeira e plenamente Deus poderia ser o mediador entre Deus e homem (1Tm 2.5), tanto para nos levar de volta a Deus como também para revelar Deus de maneira mais completa a nós (Jo 14.9).
  • Assim, se Jesus não é plenamente Deus, não temos salvação e, por fim, nenhum cristianismo. Não é por acaso que ao longo da história os grupos que abandonaram a crença na plena divindade de Cristo não têm permanecido muito tempo na fé cristã, desviando-se logo para um tipo de religião representada pelo unitarismo nos Estados Unidos e em outros lugares. “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2Jo 9).

‘’O fato de o Filho de Deus, infinito, onipresente e eterno tornar-se homem e unir-se para sempre a uma natureza humana, de modo que o Deus infinito se tornasse uma só pessoa com o homem finito, permanecerá pela eternidade como o mais profundo milagre e o mais profundo mistério em todo o universo. ’’ (Wayne Gruden)

Palavra de deus:graças a Deus não cresce no Diabo pois eu sou teu Deus e nada lhe faltara

2 - a obra de Cristo editar

2.1 - A Expiação editar

Nesta parte trataremos da obra de Cristo, não propriamente do seu ministério terreno dando ênfase a seus ensinos e milagres, mas analisaremos a sua obra expiatória. Podemos definir a expiação como segue: expiação é a obra que Cristo realizou em sua vida e morte para obter nossa salvação. Essa definição indica que usamos a palavra expiação num sentido mais amplo em que às vezes é utilizada. Ela é empregada de vez em quando para se referir apenas ao fato de Jesus morrer e pagar nossos pecados na cruz. 

A causa da expiação: Qual foi a causa última que levou Cristo a vir para este mundo e morrer pelos nossos pecados? Para encontrá-la, devemos pesquisar o assunto em alguma coisa no caráter do próprio Deus. E aqui as Escrituras apontam para duas coisas: o amor e a justiça de Deus. editar

O amor de Deus como uma das causas da expiação é descrito na passagem mais conhecida da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Mas a justiça de Deus também exigia que ele encontrasse um meio pelo qual a pena pelos nossos pecados fosse paga (pois ele não podia aceitar-nos em comunhão consigo mesmo a menos que a penalidade fosse paga).

A necessidade de expiação: Havia alguma outra maneira de Deus salvar os seres humanos além de enviar seu Filho para morrer em nosso lugar? Antes de responder a essa pergunta, é importante entender que Deus não tinha nenhuma necessidade de salvar ninguém. editar

Quando nos conscientizamos de que “Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo” (2Pe 2.4), percebemos que Deus poderia também ter escolhido com perfeita justiça deixar-nos em nossos pecados, esperando o julgamento; ele poderia ter escolhido não salvar ninguém, assim como fez com os anjos pecaminosos. Assim, nesse sentido a expiação não era absolutamente necessária. editar

A natureza da expiação:Nesta seção, considero dois aspectos da obra de Cristo: editar

(1) A obediência de Cristo por nós, pela qual obedeceu às exigências da lei em nosso lugar e foi perfeitamente obediente à vontade de Deus Pai como nosso representante. editar

(2) Os sofrimentos de Cristo por nós, pelos quais recebeu o castigo pelos nossos pecados e, em conseqüência, morreu pelos nossos pecados. editar

A obediência de Cristo por nós (às vezes chamada “obediência ativa”). editar

Se Cristo tivesse conseguido só o perdão dos pecados por nós, não mereceríamos o céu. Nossa culpa teria sido removida, mas estaríamos simplesmente na posição de Adão e Eva antes de terem feito qualquer coisa boa ou má e antes de terem passado um tempo de provação com sucesso. Para serem estabelecidos em justiça para sempre e ter assegurada a sua eterna comunhão com Deus, Adão e Eva tinham de obedecer a Deus de modo perfeito por um período de tempo. Então, Deus teria olhado para sua obediência fiel com prazer e deleite, e eles teriam vivido em comunhão com o Senhor para sempre.

Os sofrimentos de Cristo por nós (às vezes chamados “obediência passiva”). Além de obedecer à lei de modo perfeito por toda a sua vida em nosso favor, Cristo tomou também sobre si mesmo os sofrimentos necessários para pagar a penalidade pelos nossos pecados. editar

A amplitude da expiação: Uma das diferenças entre teólogos reformados e outros teólogos católicos e protestantes tem sido a questão da amplitude da expiação. A questão pode ser colocada da seguinte maneira: quando Cristo morreu, pagou os pecados de toda a raça humana ou só os pecados dos que, ele sabia, seriam por fim salvos? editar

Passagens bíblicas empregadas para sustentar a concepção reformada. editar

Algumas passagens das Escrituras falam do fato de que Cristo morreu por seu povo. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). “Dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo 10.15). Paulo fala da “igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28). Ele também diz: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32).

Passagens bíblicas empregadas para sustentar a concepção não-reformada (redenção geral ou expiação ilimitada). editar

Algumas passagens das Escrituras indicam que em algum sentido Cristo morreu por todo o mundo. João Batista disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). E João 3.16 nos diz que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Jesus disse: “O pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (Jo 6.51).

Alguns pontos pacíficos e algumas conclusões sobre textos polêmicos. editar

Seria bom primeiro alistar os pontos sobre os quais ambos os lados concordam:

1. Nem todos serão salvos.

2. É correto que se ofereça gratuitamente o evangelho a todas as pessoas. É completamente verdadeiro que “quem desejar” pode chegar a Cristo e obter a salvação, e ninguém que chegar a ele será lançado fora. Essa oferta gratuita do evangelho é estendida em boa fé para todas as pessoas.

3. Todos concordam que a própria morte de Cristo, por ser ele o infinito Filho de Deus, possui mérito infinito, sendo em si suficiente para pagar a penalidade dos pecados dos muitos ou dos poucos que o Pai e o Filho decretaram. A questão não está nos méritos intrínsecos dos sofrimentos e da morte de Cristo, mas no número de pessoas pelas quais o Pai e o Filho entenderam, no momento da morte de Cristo, que sua morte seria pagamento suficiente.

2.2 – TEORIAS ERRONIAS SOBRE A MORTE DE CRISTO

A teoria do acidente: Esta teoria não vê nenhum significado na morte de Cristo. Sendo Ele homem estava sujeito a morte. Admitem que seja de fato lamentável, que um homem tão bom tenha sido morto. Mas não obstante, não teve significado algum para qualquer pessoa a sua morte. Mas a sua morte não pede ter sido um mero acidente, pois foi previsto no Antigo Testamento como vemos em Sl 22 e Is 53, e o próprio Jesus predisse a sua morte varias vezes. Cristo veio com o propósito eterno de morrer; no plano divino Ele morreu antes da fundação do mundo (Ap 13.8) Cristo veio a este mundo com o propósito de morrer por nós, a sua morte não foi nenhum acidente, mas foi pré-determinada e de grande significado.

A teoria do mártir: Essa teoria também é chamada de teoria do exemplo. Afirma que Cristo como um mártir. Morreu, por ser fiel a seus princípios. Os defensores desta teoria dizem que a única coisa necessária para salvar o homem é reforma-ló. E o exemplo de Cristo foi dado para ensinar o homem a se arrepender de seus pecados e reformar-se. Mas de fato Cristo não morreu como mero mártir, mas sua morte foi vicária, expiatória, propiciatória, redentora e substitutiva. Jesus não morreu ‘’por’’ uma causa, mas ‘’para’’ uma causa.

A teoria da influência moral: Esta também é chamada de teoria do amor de Deus. Esta afirma que a morte de Cristo é simplesmente a conseqüência natural dEle ter tomado sobre si a natureza humana, e que Ele simplesmente sofreu nos pecados de suas criaturas e também com eles. O amor de Deus manifestado na encarnação, no sofrimento e morte de Cristo, é para amolecer os corações humanos e levá-los ao arrependimento. Replicamos esta teoria. Apesar da morte de Cristo ser uma expressão do amor de Deus, o homem sabia que Deus o amava antes de Cristo vir; e simples emoção não leva ao arrependimento (Dt 7.7; Jr 31.3). Esta teoria contradiz o que a Escrituras afirma que Deus tem que ser propiciado antes de perdoar (Hb 9.14; Rm 3.25,26; 1 Jo 2.2). Não podemos reduzir a expiação a uma peça teatral da paixão na qual o ator parece estar guiado por motivos sinceros, quando na realidade esta simplesmente trabalhando as emoções de sua platéia.

Teoria governamental: Esta teoria concorda com as três anteriores, ao afirmar que não há nenhum principio na natureza divina que careça de propiciação. Afirma que ao invés disso, que Deus para manter o respeito a sua lei, deu um exemplo de seu ódio ao pecado na morte de Cristo. De acordo com a teoria governamental qualquer homem pecador poderia ter sido usado como exemplo do desprazer e da ira de Deus contra o pecado. Não era necessário um homem inocente para fazer isso. Assim fosse a morte de Cristo na cruz seria mera encenação sem realidade e valor jurídico; mas a Escrituras ensina que o que teve lugar no calvário foi justamente a execução da justiça (Gl 3.13; 1 Pe 2.24; 3.18)

2.3- O VERDADEIRO SIGNIFICADO DA MORTE DE CRISTO

Foi pré-determinada: A morte de Cristo não foi um acidente, já estava pré-determinada. Sendo que não há surpresas para Deus, e nada foge a sua soberania; seria a morte de Cristo algo acidental, é lógico que isso não é possível. Mas tudo estava determinado no designo de Deus (Atos 2.23). Deus já havia prometido que o descendente da mulher seria ferido pela serpente (Gn 3.15) O cordeiro foi morto antes da fundação do mundo (Ap 13.8; 1 Pe 1.18-20).

Foi voluntária: É certo que Jesus foi morto pelos sacerdotes e autoridades judaicas e romanas; mas Ele se entregou para que tal coisa pudesse acontecer (Mt 26.53; Lc 22.53). Ninguém, ou nem uma instituição por sua própria força o crucificaram, antes Ele se entregou (JO 10.17,18). Ele veio com este propósito, Ele morreu sob acordo de Sua própria vontade e determinação.

Foi vicária: Já observamos que a morte de Cristo não foi acidental, mas pré-determinada e voluntária. Cristo morreu em lugar de outros, sua morte foi vicária, isso é, em substituição – ‘’O justo pelos injustos’’ (1 Pe 3.18, 1 Co 15.3; Rm 4.45). Muito embora a morte dos animais nos sacrifícios da Antiga Aliança não tinha significado real, mas simbólico, ela nos ensina esta verdade. Quando o pecador colocava as mãos sobre a cabeça do animal que ia ser sacrificado, simbolizava a morte de Cristo vicária de Cristo em nosso lugar. (Nm 1.4)

Foi sacrificial: A morte de Cristo foi sacrificial eficaz pelo mundo inteiro. Assim comem Adão todos pecaram, em Cristo, no seu sacrifício todos podem ter, a justificação mediante a fé nEle. (Rm 5.15; 5.19-21). A Sua morte foi aceita pelo Pai como oferta pelo pecado da posteridade de Adão (Hb 10.5-10). A morte de Cristo é potencialmente e provisionalmente, um sacrifício em favor dos pecados do mundo. Nesse sentido, Ele provou a morte a favor de todo homem, e ‘’a assim mesmo se deu em resgate por todos’’, e é Salvador de todos os homens. (1 Tm 2.6)

Foi expiatória: Expiação (agora em seu sentido mais restrito) é sinônimo de reconciliação, apaziguar, satisfazer. Este significado da morte de Cristo esta figurado no trabalho do Sumo sacerdote da Antiga Aliança, que no Dia da Expiação entrava no Santos dos Santos com o sangue do animal sacrificado (Nm 16). Cristo entrou no santuário celeste para nos tornar aceito a Deus (Hb 9.23-26). Ele mesmo se fez ‘’maldição em nosso lugar’’ (Gl 3.13). Jesus removeu a culpa e nos reconciliou com Deus, sendo Ele também providência de Deus o Pai (2 Co 5.18,19).

Foi propiciatória: O termo propiciação significa cobrir, ou tornar favorável. Propiciação não quer dizer que foi um ato para aplacar a um Deus vingativo. Mas sim que Deus nos amou, enviou e aceitou o sacrifício de Seu Filho como propiciação pelos nossos pelos nossos pecados (1 Jo 4.10) O propiciatório no Dia da Expiação era aspergido com o sangue simbolizado que a sentença justa da lei havia sido imposta; pelo que no lugar que de outro modo seria um lugar de julgamento, podia com justiça ser propiciatório. (Nm 16.14,15).

Foi redentora: O termo nos sugere resgate por meio de pagamento. É exatamente isso que diz o texto de 1 Pe 1.18,19. O objeto da redenção, os pecadores; estavam vendidos a ‘’escravidão do pecado’’ e também sob sentença de morte, e o preço pago pelo resgate foi o sangue de Cristo (Rm 7.14; Ez 18.4; Jo 3.18,19; Mt 20.28). Mas a que foi pago o preço? Não pode ser a satanás, como alguns acham, pois ele nada mais é que usurpador; as almas pertencem a Deus (Ez 18.4). Só pode ser a reivindicação de Deus, que é por natureza santo legislador.

Foi substituta: Como o significado do termo, a morte de Cristo foi substitutiva, ou seja, no lugar de outros. De fato o ensino da Escrituras é este, que Cristo padeceu e morreu em nosso lugar (Is 53.4-8). Cristo não apenas se submeteu a ser tratado como oferta pelo pecado, mas a ser feito pecado por nós. E isso não foi apenas encenação, mas realidade; de tal forma que, quando, as nossas iniquidades caíram sobre Ele, o Pai não pode suportar; e Jesus clamou: Eli, Eli, lamá sabactani (Mt 27.46).

2.4 - Ressurreição de cristo editar

Evidências do Novo Testamento: Os evangelhos contêm testemunho abundante da ressurreição de Cristo (veja Mt 28.1-20; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1-53; João 20.1-21.25). Além dessas narrativas detalhadas nos quatro evangelhos, o livro de Atos é um relato histórico da proclamação que os apóstolos fizeram da ressurreição de Cristo, da contínua oração a ele dirigida e da confiança nele como aquele que está vivo e reinando no céu. editar

A natureza da ressurreição de Cristo: A ressurreição de Cristo não foi simples-mente um retorno da morte, à semelhança daquela experimentada por outros antes dele, como Lázaro (João 11.1-44), porque senão Jesus teria se submetido à fraqueza e ao envelhecimento, e por fim teria morrido outra vez, exatamente como todos os outros seres humanos morrem. editar

O Pai e o Filho participaram na ressurreição: Alguns textos afirmam especificamente que Deus Pai ressuscitou Cristo dentre os mortos (Atos 2.24; Rm 6.4; 1Co 6.14; Gl 1.1; Ef 1.20), mas outros textos falam de Jesus participando na sua própria ressurreição. Jesus diz: “Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. editar

O significado doutrinário da ressurreição. editar

A ressurreição de Cristo assegura nossa regeneração. Pedro diz que Deus “nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). Aqui ele associa explicitamente a ressurreição de Jesus com a nossa própria regeneração ou novo nascimento. editar

A ressurreição de Cristo assegura nossa justificação. Em apenas uma passagem Paulo associa explicitamente a ressurreição de Cristo com a nossa justificação (ou o nosso recebimento da declaração de que não somos culpados, mas retos diante de Deus).  Paulo diz que Jesus “foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4.25).

A ressurreição de Cristo assegura-nos de que iremos receber igualmente corpos ressurretos perfeitos. O Novo Testamento associa várias vezes a ressurreição de Jesus com nossa ressurreição corpórea final. “Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder” (1Co 6.14). Semelhantemente, “aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco” (2Co 4.14). Mas a discussão mais completa da associação entre a ressurreição de Cristo e a nossa própria acha-se em 1Co 15.12-58. Ali Paulo afirma que Cristo é “as primícias” dos que dormem (1Co 15.20).

O sentido ético da ressurreição. Paulo também observa que a ressurreição tem uma aplicação relacionada à obediência a Deus nesta vida. Após uma longa discussão a respeito da ressurreição, Paulo conclui encorajando seus leitores: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co 15.58).

2.5 - Ascensão de cristo

Cristo subiu para um lugar: Após a ressurreição de Cristo, ele esteve na terra por quarenta dias (Atos 1.3) e depois conduziu os discípulos para Betânia, fora de Jerusalém, e “erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu” (Lc 24.50). editar

Cristo recebeu mais glória e honra como Deus-Homem: Quando Jesus subiu ao céu recebeu glória, honra e autoridade que não tinha antes, enquanto era Deus e homem. Antes de sua morte, Jesus orou: “... glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (João 17.5). Em seu sermão em Pentecostes Pedro disse que Jesus fora exaltado à destra de Deus (Atos 2.33). Paulo declarou que Deus o exaltou grandemente (Fp 2.9), e que fora recebido em glória (1Tm 3.16; cf. Hb 1.4). Cristo está agora no céu, e coros angelicais cantam-lhe louvor com as palavras: “Digno é o cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Ap 5.12). editar

Cristo assentou-se à destra de Deus: Um aspecto específico de Cristo ter subido para o céu e recebido honra é o fato de que ele assentou-se à destra de Deus. Isso é às vezes chamado sua sessão à destra de Deus. editar

O Antigo Testamento predisse que o Messias sentar-se-ia à direita de Deus: “Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Sl 110.1). Quando Cristo ascendeu de volta ao céu ele recebeu o cumprimento daquela promessa: “... depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hb 1.3).

A ascensão de Cristo tem importância doutrinária para nossa vida: Assim como a ressurreição tem implicações profundas para a nossa vida, do mesmo modo a ascensão de Cristo tem implicações significativas. Em primeiro lugar, visto que estamos unidos a Cristo em cada aspecto da obra de redenção, a ascensão de Cristo ao céu prefigura nossa ascensão futura com ele. “Nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4.17). editar

Os estados de Jesus Cristo:Ao comentar sobre a vida, a morte e a ressurreição de Cristo, os teólogos muitas vezes aludem aos “estados de Jesus Cristo”. Com isso eles se referem às diferentes relações que Jesus mantinha com a lei de Deus para a humanidade, com a posse de autoridade e com a honra que se lhe deve. De forma geral distinguem-se dois estados (humilhação e exaltação). Assim, a doutrina do “estado duplo de Cristo” é o ensino de que ele experimentou primeiramente o estado de humilhação para depois passar ao estado de exaltação. editar

2.6 - Os Ofícios de Cristo editar

Os três cargos mais importantes que poderiam existir para o povo de Israel no Antigo Testamento eram: o profeta (como Natã, 2Sm 7.2), o sacerdote (como Abiatar, 1Sm 30.7) e o rei (como Davi, 2Sm 5.3). Esses três ofícios eram distintos. O profeta falava as palavras de Deus ao povo; o sacerdote oferecia sacrifícios, orações e louvores a Deus em favor do povo; e o rei governava o povo como representante de Deus. Esses três ofícios prefiguravam a própria obra de Cristo de várias maneiras.

Cristo como profeta: Os profetas do Antigo Testamento transmitiam a palavra de Deus ao povo. Moisés foi o primeiro grande profeta e escreveu os cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco. Depois vieram outros que falaram e escreveram as palavras de Deus. Mas Moisés predisse que um dia viria outro profeta como ele. (Dt 18.15-19) editar

Cristo como sacerdote: No Antigo Testamento, os sacerdotes eram designados por Deus para oferecer sacrifícios. Eles também ofereciam orações e louvores a Deus em favor do povo. Ao agir assim “santificavam” as pessoas, ou tornavam-nas aceitáveis à presença de Deus, se bem que de forma limitada durante o período do Antigo Testamento. No Novo Testamento, Jesus tornou-se nosso grande sumo sacerdote. Esse tema é bem desenvolvido na carta aos Hebreus, na qual vemos que Jesus atua como sacerdote de duas maneiras. (Hb 4.14-5.5) editar

Jesus ofereceu um sacrifício perfeito pelo pecado. O sacrifício que Jesus ofereceu pelos pecados não foi o sangue de animais como touros ou bodes: “... porque é impossível que o sangue de touros e bodes remova pecados” (Hb 10.4). Em vez disso, Jesus ofereceu a si mesmo como sacrifício perfeito: “... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26). editar

Jesus nos aproxima continuamente de Deus. Os sacerdotes do Antigo Testamento não apenas apresentavam sacrifícios, mas também compareciam de modo representativo na presença de Deus, de tempos em tempos, em favor do povo. Mas Jesus faz muito mais do que isso. Como nosso perfeito sumo sacerdote, ele continuamente nos conduz à presença de Deus, de forma que não temos mais a necessidade de um templo em Jerusalém nem de um sacerdócio especial que se coloque entre nós e Deus. editar

Como sacerdote, Jesus ora continuamente por nós. Outra função sacerdotal no Antigo Testamento era orar a favor das pessoas. O autor de Hebreus nos diz que Jesus também cumpre essa função: “... também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25). Paulo afirma a mesma coisa quando diz que Cristo Jesus é aquele que intercede por nós (Rm 8.34). editar

cristo como rei: No Antigo Testamento o rei tinha autoridade para governar a nação de Israel. No Novo Testamento, Jesus nasceu para ser o Rei dos judeus (Mt 2.2), mas recusou todas as tentativas feitas pelo povo para fazê-lo um rei terreno com um poder militar e político terreno (Jo 6.15). Ele disse a Pilatos: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36). editar

CONCLUSÃO

É de fundamental importância para o servo do Senhor que foi chamado ao ministério da Palavra, o conhecimento correto da Pessoa e da obra de Cristo. Como já fiz menção no inicio deste trabalho, o cristianismo é Cristo; e uma deficiência no conhecimento da pessoa e obra de Cristo gera deficiência direta a nossa fé cristã. É obvio que não podemos explicar os mistérios de Deus; o sobrenatural nascimento virginal de Cristo, a Trindade, as duas naturezas de Cristo, os pormenores do ‘’kenosis’’; mas a nós que lidamos com a ministração da Palavra, pesa a responsabilidade de investigar a Escritura para chegar a uma definição da doutrina bíblica, solida e organizada.

Olhando para a pré-existência de Cristo, Sua eternidade, Sua coexistência com o Pai na eternidade, e sua imutabilidade; temos a convicção de termos um Salvador Divino. O fato miraculoso do nascimento virginal de Cristo é um elo doutrinário, para a compreensão da tanto da Cristologia, como da Soteriologia. O nascimento virginal de Jesus Cristo, e todos os mistérios que o envolve, respalda nossa fé não apenas num Salvador Divino, mas também em um Salvador humano capaz de compadecer de nossas fraquezas, e efetuar através da Sua morte a salvação perfeita; e pela Sua ressurreição e ascensão a garantia inquestionável dessa salvação.

Passando por estes parâmetros da Cristologia chegamos a uma definição doutrinaria biblicamente coerente. Cremos em um Cristo Divino, pré-existente, mas que se manifestou em carne, nascendo da virgem sem pecado. Que morreu, mas ressuscitou dentre mortos, e que, glorificado está a destra do Pai. Por esta razão ‘’nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder e sabedoria de Deus (1 Co 1.23,24).

BIBLIOGRAFIA

BANCRFT, Emery H. – Teologia Elementar – Editora Batista Regular – 1ª Ed. 1966.

THIESSEM, Henry Clarence – Palestras em Teologia Sistemática – Imprensa Batista Regular 1ª Ed. em português – 1987.

BERKHOF, Louis Berkhof. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Cultura Cristã.GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo. Vida Nova, 2002.