A Felicidade
Falaremos agora sobre um tema de grande importância para o ser humano. No mundo contemporâneo, onde o progresso da cultura avança incessantemente, quantas pessoas conhecem verdadeiramente a felicidade? Por certo é ínfimo o número de criaturas que podem considerar-se realmente felizes. Embora o objetivo final do progresso da cultura seja o aumento da felicidade, o resultado autal é por demais contraditório; aliás, a realidade nos faz até pensar que o progresso produz efeitos contrários. Sentindo dúvidas a esse respeito e analisando o problema minuciosamente, cheguei à conclusão de que a sua maior causa é a doença. Depois da doença, as maiores desgraças são a guerra e a fome, cuja causa verdadeira, segundo também descobri, é a deficiência física e mental do ser humano. O antigo e conhecido provérbio “Um espírito sadio habita um corpo sadio” são, incontestavelmente, palavras de ouro.
Analisando minuciosamente o assunto, através de minha experiência com inúmeros doentes, concluí que todas as pessoas que apresentam deficiência mental, sem exceção, possuem nódulos protuberantes nas glândulas linfáticas da região cervical, no lado direito ou no lado esquerdo, e também na região da medula oblonga. A psicologia desses doentes extrapola os limites da normalidade, de modo que eles não conseguem um perfeito discernimento. As pessoas que se irritam facilmente ou que gostam de brigas, sempre têm nódulos nos ombros, isto é, têm ombros enrijecidos. As crianças nervosas, temperamentais, e os bebês chorões também apresentam um grande enrijecimento nos ombros. À medida que os nódulos vão sendo dissolvidos e eliminados através do nosso método terapêutico, a natureza dessas pessoas se modifica: os adultos passam a falar e agir com bom senso, tornando-se amantes da paz e da harmonia; as crianças tornam-se alegres e obedientes aos pais. Se o conjunto de indivíduos constitui a Nação, e cada indivíduo, que é a unidade desse todo, deixar de apreciar o conflito, a Nação, logicamente, tornar-se-á pacífica e amável.
Por outro lado, a pobreza e a fome geralmente são causados pela guerra, mas podem ter outras causas, como o baixo nível intelectual do povo, a preguiça e a falta de inteligência dos governantes. Entretanto, nem é preciso dizer que tudo isso é consequência da insanidade mental e física das pessoas, ou seja, da grande quantidade de toxinas que elas possuem. As criaturas de espírito e corpo sadios naturalmente pensam e agem com bom senso. Como são muito práticas, distinguem perfeitamente o que devem e o que não devem fazer como seres humanos; apreciam o bem e odeiam o mal; amam o próximo e alegram-se com a sua alegria. O princípio de Koshi – “Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam” – e o princípio de que a maior felicidade é aquela que se obtém ao fazer o próximo feliz, só podem ser praticados quando se tem a mente e o corpo sadios.
Observamos também que, como resultado da exploração dos capitalistas, dos fazendeiros e de outras pessoas que fazem o que bem entendem em nome de seus próprios interesses, os trabalhadores, sem outra alternativa, para se autodefenderem, acabam enfrentando-os em movimentos de grupo. Nesse sentido, não será exagero dizer que os próprios capitalistas e fazendeiros é que geram o comunismo; ou seja, eles lutam contra um fantasma criado por eles mesmos. Imaginemos, porém, uma sociedade onde predominem pessoas saudáveis de corpo e de espírito. Até os capitalistas teriam consciência de que deveriam ser moderados na obtenção de lucros, distribuindo-os com os trabalhadores quando ultrapassassem certo limite. Obviamente, os trabalhadores ficariam satisfeitos e alegres com esse procedimento e procurariam colaborar com os patrões, visando o progresso de seus empreendimentos. Assim, estaria firmado o pacto entre patrões e empregados no seu verdadeiro sentido, de modo que não é nenhuma utopia o fim dos conflitos entre as duas partes.
Numa sociedade com essas características, diminuiria sobremaneira a necessidade de fieis (religiosos). Fala-se que a China, durante a Era Gyoshun, com uma lei constituída apenas de três artigos, e o Japão, com os dezessete artigos da lei instituída pelo Príncipe Shotoku, foram muito bem governados, o que eu acho perfeitamente possível.