Análise - Ana Luiza Marineli

FICHA TÉCNICA

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Título do Filme: Terra em Transe

Ano: 1967;

País: Brasil;

Gênero: Drama;

Duração: 1h 55m;

Direção: Glauber Rocha;

Roteiro: Glauber Rocha;

Fotografia: Luiz Carlos Barreto;

Trilha sonora: Verdi, Carlos Gomes e Heitor Villa-Lobos;

Elenco original: Jardel Filho (Paulo Martins), Paulo Autran (Porfirio Diaz), José Lewgoy, (Felipe Vieira) e Glauce Rocha (Sara);

Produção: Glauber Rocha, Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues;

Idioma original: Português (Brasil).

DINÂMICA DA NARRATIVA

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Idéia Inicial – História

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O filme conta uma história. Sobre quem?

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O filme acompanha Paulo, um jornalista e poeta idealista que vive no país de El Dourado, onde tenta encontrar um líder político que conseguiria guiar o país, oscilando entre Porfirio Diaz e Felipe Vieira.

Quais são as personagens principais?

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As personagens principais são Paulo Martins, o jornalista; Sara, com quem Paulo mantém um relacionamento amoroso; Porfirio Diaz, um político conservador, e Felipe Vieira, um político populista de esquerda.

Qual delas mereceu a sua atenção?

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Além de Paulo, que para a compreensão de sua personagem merece mais atenção, os próprios políticos retratados no filme, Diaz e Vieira, possuem grande destaque e chamam a atenção, uma vez que a trama inteira gira em torno destes e das suas personalidades que possuem certa alegoria, fazendo alusão ao Brasil e seu período político na Ditadura Militar.

Como termina o filme? O que você achou sobre ele e porquê?

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O filme termina com Paulo desacreditado e sem esperanças, de certa forma até transtornado, uma vez que Vieira não aceita a luta armada como opção, dando margem à intepretação de que ele teria renunciado ao governo e à luta política. Acredito que o fim foi perfeito para a conclusão do filme, tendo um desfecho que encerra o filme de forma compatível com as personagens, suas histórias e seus ideais“particulares” e coletivos.

Tema de Fundo – Tese

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Quais são os temas tratados no filme?

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Os temas tratados no filme são sobre a política nacional. Terra em Transe é um filme feito em 1967, período em que ocorria a ditadura militar no Brasil, podendo ser feita uma alusão direta aos acontecimentos políticos no país nesse período, uma vez que El Dourado é uma metáfora sobre o Brasil.

Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?

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É possível compreender o tema de fundo do filme logo nas primeiras cenas, em que Vieira é apresentado fazendo o seu discurso de renúncia e decidindo não intervir nas manifestações populares com o uso de armas e repressão.

Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?

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Analisando de forma geral, o filme todo se desenvolve de forma lenta, devendo todas as cenas e os discursos nelas narrados serem analisados criteriosamente. Toda a questão política por trás do filme é tratada de forma lenta, abordando os aspectos da dificuldade de Paulo em escolher “um lado”, a sua descrença na sabedoria do povo, evidenciando um aspecto elitizado da esquerda. Ademais, também é tratado de forma demorada toda a construção política que ocorria no país entre um governo conservador, que tenta legitimar um golpe de estado através dos valores da família e da religião católica (Diaz aparece em várias cenas segurando a bandeira do país e um crucifixo), e um governo populista que não atende às necessidades e clamores do povo trabalhador.

Os realizadores descreveram bem os protagonistas?

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Sim, os personagens são bem descritos, possuindo complexidade e nuances particulares bem desenvolvidas. Todos se apresentam com personalidades contraditórias, de forma que se torna até mesmo difícil de criar identificação ou proximidade com eles.

Ritmo e Montagem – Edição

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Qual a cena ou sequência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou? Porquê?

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A cena que mais me chamou atenção foi quando um cidadão, chamado Jerônimo, se apresenta diante da manifestação de pessoas e ao tentar falar é silenciado por Paulo, que tampa a boca dele e diz que o povo é imbecil, analfabeto e despolitizado, questionando em seguida: “Já pensaram um Jerônimo no poder?”. Logo após, outro homem da multidão se coloca à frente e afirma que o “povo” é ele, que tem sete filhos e não tem onde morar, em sequência este é levado e agredido.

Essas cenas me impactaram porque deixam evidente como o povo muitas vezes é silenciado por aqueles que alegam estarem ao seu lado na luta por direitos e pela justiça. A forma como essa sequência se desenrola é muito intensa, a violência e a brutalidade nos fazem questionar não só os políticos conservadores, mas a esquerda elitizada que também segrega e sufoca a voz daqueles que deveria apoiar, o povo pobre e trabalhador.

Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas de diálogo ou de ação?

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Não tive nenhum aborrecimento com o filme, exceto que em uma análise geral o filme torna necessária uma maior atenção para compreensão dos fatos, devido aos cortes de cenas e diálogos não seguirem uma certa linearidade, sendo também sempre acompanhados por poemas de Paulo e falas complexas.

Qual a cena/sequência que não foi bem compreendida por você? Porquê?

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A sequência de cenas que Paulo aparece cercado de mulheres não entendi muito bem, não consegui compreender se Paulo estava sob o uso de alguma substância alucinógena, se estava sonhando ou delirando, ou o que de fato a interpretação daquelas imagens significava.

Mensagem

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O que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Porquê?

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Sim, o que é proposto pelo filme é aceitável. O filme faz crítica ao período em que se enquadra, mas de forma atemporal, de modo que seus elementos se encaixam na contemporaneidade. Terra em Transe apresenta nuances que nos fazem questionar diversos aspectos sociais, econômicos e políticos, como a questão do conservadorismo que levanta bandeiras pautadas na família e religião, mas que dispensa estes ídolos no exercício da política, defendendo golpes militares e a desestabilização da democracia. E até mesmo aspectos sobre a esquerda, que muitas vezes elitizada, descredibiliza aqueles que deveria apoiar.

O filme desempenha um papel fundamental na compreensão do próprio período político-histórico em que é inserido, e é aceitável não somente na formação do conhecimento, mas também como forma de questionamento.

A quem se dirige, em sua opinião, o filme?

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O filme se dirige, na minha opinião, aos conservadores, intelectuais da época, e a parte da população que pertence à esquerda política. O filme se dirige como uma forma de crítica aos conservadores, que desmoralizam o povo e que fundamentam seus ideais na religião e na família, ignorando todos os aspectos sociais, econômicos do próprio país e da população; aos intelectuais e politizados de esquerda também como crítica, já que estes deveriam dar voz ao povo trabalhador, mas quase sempre os silenciam, valorizando a opinião de pessoas pertencentes à elite.

E por fim, o filme também apresenta papel de mensagem à população em geral e aos trabalhadores, de que estes devem se organizar politicamente para terem seus pedidos e necessidades atendidos, se engajando nos movimentos sociais para que mudanças sociais efetivas ocorram.

Relação com a disciplina de História do Brasil

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Qual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do período estudado?

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O filme possui grande contribuição para a minha compreensão da disciplina, já que aprofundou minha visão e conhecimento sobre o período da ditadura militar no Brasil, trazendo uma nova perspectiva desse acontecimento histórico. Terra em Transe me fez questionar os símbolos e líderes políticos que estiverem presentes na trajetória do Brasil, como todo o ocorrido da ditadura em si.

Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.

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O filme contribuiu muito para a minha formação, trazendo uma profundidade maior sobre o período em que está relacionado, aos acontecimentos narrados, e também na perspectiva de possível relação com outros fatos históricos da história do país, tanto no passado quanto no presente. Também no decorrer do filme é possível absorver maiores contribuições e conteúdo através das falas dos personagens, como no relato de Sara sobre tortura e sua experiência enquanto mulher e militante.