Análise I- Izabella Ragassi

Documentário: O Fim do Esquecimento

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Nome da Aluna: Izabella Cabral Ragassi

Turma 2023- Período: Noturno

FICHA TÉCNICA:

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Título: O fim do Esquecimento

Ano: 2013

País: Brasil

Gênero: Documentário

Duração: 55 min.

Direção: Renato Tapajós

Assistente de Direção: Marema Valadão

Diretor de Fotografia/ Operador de câmera: Coraci Ruiz

Trilha sonora: Marcelo Onofri

Produção: Hidalgo Romero, Thais Souza.

Idioma original: Português (Brasil).

Elenco original (entrevistados): Alípio Freire, Daniel Iliescu, Edson Rocha, Ivan Seixas, João Peddro Stédile, Lira Allí, Márcio Thomaz Bastos, Marlon Weichert, Padre Antônio Naves, Paulo Vanucchi, Rosalina Santa Cruz, Sérgio Sister.


Sinopse: O documentário “O fim do Esquecimento”, dirigido por Renato Tapajós, retrata através de entrevistas, a história de pessoas que participaram do Tribunal Tiradentes em 1983 e figuras destaques no movimento social e popular na luta pelos direitos humanos, buscando identificar os resquícios da doutrina da Segurança Nacional atualmente e combater o apagamento da memória nacional sobre o período da Ditadura Militar no Brasil.

ANÁLISE FÍLMICA:
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O documentário “O fim do Esquecimento”, dirigido por Renato Tapajós, retrata a história de pessoas que participaram do Tribunal Tiradentes em 1983 e figuras destaques no movimento social e popular na luta pelos direitos humanos, através de relatos e imagens de fontes variadas, como filmes e peças de teatro.

O tema central do documentário se releva de maneira impactante logo nos primeiros minutos, com os angustiantes gritos de dor e a porta de uma cela se fechando, indicando a possível existência de um centro de tortura. Este choque inicial é seguido pela apresentação do diretor Renato Tapajós, que explicita o objetivo do documentário: Investigar os ocorridos das últimas três décadas após o fim da doutrina de segurança nacional e seus resquícios nos dias atuais, tendo em vista o esforço das classes dominantes para a produção do esquecimento da memória nacional sobre a ditadura militar.

Nesse contexto, o documentário explora uma série de temas relacionados ao período da ditadura (alguns reverberam os dias atuais), como: A Lei de Segurança Nacional (LSN) e a Lei da Anistia; a repressão aos camponeses; a perseguição aos estudantes do movimento estudantil brasileiro; a impunidade dos crimes cometidos com justificativa de defesa do estado. Além disso, denuncia os crimes de maio de 2006 e principalmente o terrorismo de estado e a aderência da grande imprensa à ditadura.

Há um embate abordado no documentário sobre a existência de resquícios da ideologia da lei de segurança nacional, onde por um lado, se aponta que está se encerrou com a constituição brasileira de 1988 e, por outro, que ela ainda existe, devido há vários elementos, como: a perseguição aos movimentos sociais e populares (seguindo doutrina do inimigo interno, mesma lógica evocada pela LSN);  a criminalização da pobreza; a violência policial sistêmica e a impunidade aos crimes ocorridos no campo e aos grupos minoritários.

De acordo com Michael Pollak (1986, p. 11), “o filme-testemunho e documentário tornou-se um instrumento poderoso para os rearranjos sucessivos da memória coletiva e, através da televisão, da memória nacional”. Com isso, entendo que a proposta do documentário é aceitável e se destina a toda sociedade brasileira, tendo em vista seu objetivo, que “privilegia a análise dos excluídos, dos marginalizados e das minorias”, ressaltando a “importância de memórias subterrâneas que, como parte integrante das culturas minoritárias e dominadas, se opõem à "memória oficial", no caso a memória nacional.” (POLLAK, 1989).

Com isso, a produção impactante do início ao fim, se encerra com atos estéticos e imagens dos desaparecidos pela ditadura, denunciando a crueldade do período que pouco se aborda, devido ao esforço de apagamento da memória nacional. Sendo assim, evidencia-se a importância deste documentário para a compreensão do referido período, tanto na disciplina de História do Brasil II, quanto nacionalmente. Com isso, parafraseando novamente “o longo silêncio sobre o passado, longe de conduzir ao esquecimento, é a resistência que uma sociedade civil impotente opõe ao excesso de discursos oficiais” (POLLAK, 1989).