Análise II - Leticia Barbosa Silva

Eternamente Pagu é um filme brasileiro de 1987 com duração de 101 minutos, dirigido por Norma Bengel e atuado por Carla Camurati no papel de Patrícia Rehder Galvão, a eterna Pagu, Antonio Fagundes como Olwald de Andrade, Esther Goés como Tarsila do Amaral, Otávio Augusto como Geraldo Ferraz, entre outros.

O filme foi indicado a Melhor Filme no Festival de Gramado de 1988, vencendo nas categorias de Melhor Atriz (Carla Camurati) e Melhor Trilha Sonora ( Turíbio Santos e Roberto Gnatalli).

A seguinte análise feita pela aluna Letícia Barbosa Silva faz parte do programa da Disciplina História do Brasil II ministrada pelo Professor Paulo Teixeira no 2o ano do Curso de Ciências Sociais Noturno da Unesp de Marília.

O filme conta uma história sobre quem?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

O filme é uma biografia sobre a incomum vida de Pagu, uma mulher livre e forte nascida nos anos 1920 na burguesia paulistana e que já durante a sua adolescência decide não viver a vida convencional da sua família ou que era esperada pelas mulheres na época.

Quais são os personagens principais?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Os principais personagens são Pagu e Oswald de Andrade. Sibéria, a irmã de Pagu também tem presença marcante no filme desde o começo, quando estão matando aulas e usando batom vermelho - algo não aceito na sociedade da época - até o final, quando está dividindo seu apartamento com a irmã Pagu e acaba também sendo presa. Tarsila do Amaral também é uma personagem que mereceu destaque no filme já que era a então mulher de Oswald quando ele e Pagu se conhecem e se torna amiga e confidente de Pagu.

Qual delas mereceu a sua atenção?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Além de Pagu, é interessante pensar, do ponto de vista da literatura e também do feminismo, na personagem de Tarsila do Amaral. No filme ela e Pagu se mostram muito próximas apesar de ficar claro, desde o primeiro encontro, o interesse de Oswald de Andrade - então marido de Tarsila- em Pagu. As duas fumam em público e dançam juntas no salão do que parece ser a elite paulistana, dividem o mesmo amante, trocam confidencias. São mulheres a frente de seu tempo e que destoam das demais pois atuam nas artes e na política e não possuem relacionamentos convencionais. Pagu também vem a ser a primeira presa política mulher no Brasil.

Como termina o filme? O que você achou sobre ele e porquê?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Quais são os temas tratados no filme?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

O tema principal tratado no filme é o comportamento subversivo da jovem Pagu em um Brasil conservador pré-ditadura quando o papel das mulheres se resumia ainda a atuar na família ou em situações onde apenas sua beleza exterior fosse relevante.

Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Em várias cenas é possível compreender o tema de fundo do filme. Já no seu início, quando Pagu e a irmã Sibéria matam aulas e usam batom vermelho ou quando Pagu é convidada para atuar em um filme, ou até mesmo quando fuma em público ou usa calças compridas. Já no desenrolar da obra cinematográfica, existem outros momentos que podem servir de justificativa para o tema, como quando se envolve com Oswald de Andrade, ainda casado com Tarsila do Amaral ou quando

Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

A questão tratada mais demoradamente e mais detalhadamente no filme é o engajamento político de Pagu, sua determinação para conseguir o que queria e as consequências de seus atos.

Os realizadores descreveram bem os protagonistas?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Sim. Mesmo em apenas 1 hora e 40 minutos de filme, os personagens conseguem ser bem descritos. No entanto, alguns poderiam ter sido, em minha opinião, melhores explorados. Tarsila teria sido mais explorada por mim uma vez que é com seu então marido que Pagu se envolve amorosamente e, apesar do que seria o esperado, as duas continuam amigas e confidentes e, por ser Tarsila mais velha que Pagu e na época já tão bem conhecida, exploraria também a influência de Tarsila nas atitudes de Pagu, tanto em seu ativismo político quanto feminista.

Qual a cena ou sequência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou? Porquê?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas de diálogo ou de ação?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Qual a cena/sequência que não foi bem compreendida por você? Porquê?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

O que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Porquê?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

A ideia proposta pelo filme é a de contar a história de Pagu de uma maneira quase que como uma novela de rádio. Diálogos curtos. Cenas curtas. Muitos acontecimentos para serem narrados em um curto espaço de tempo. Dando destaque aos com maior relevância, acredito que o filme consegue atingir o seu objetivo que é fazer uma biografia de Pagu com seus altos e baixos, sua origem, trajetória relevante para a história do Brasil e seu fim.

A quem se dirige, em sua opinião, o filme?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

O filme se dirige ao público em geral mas principalmente a quem se dedica a conhecer e estudar os personagens históricos brasileiros, ao período que antecede a ditadura militar, os primórdios do feminismo no Brasil, ao movimento Modernista Brasileiro.

Qual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do período estudado?[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte] editar

Assistir o filme foi de extrema importância para entender que acontecia no contexto histórico explorado, principalmente o período entre as décadas de 1920 à 1960 que é o período em que Pagu está mais ativamente vinculada à produção artística, à luta política e à transgressão das regras impostas às mulheres da época. Além de deixar explícito as contrastantes vidas vividas pela burguesia e pelos trabalhadores da época e também pelos homens e mulheres, o filme também nos aproxima da vida da classe artística em tempos de censura, tortura, prisões e exílio enfrentados. Todos estes fatores essenciais na criação da personalidade em vida e na personagem de Pagu no filme.

Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.[editar | editar código-fonte] editar

O cientista social busca compreender a sociedade em seus mais variados contextos não somente narrando a história que serve de cenário aos acontecimentos mas também trabalhando para entender o que leva- a sociedade- a encarar os fatos de determinada maneira. Quais as correntes ideológicas são seguidas, quais os posicionamentos políticos são tomados, quais movimentos sociais surgem ou deixam de existir e quais grupos estão protagonizando a luta de classes. Eternamente Pagu é um filme riquIssímo do ponto de vista da História e da Política brasileiras e por isso essencial na formação do cientista social ou do cidadão consciente.

  • Esta página foi editada pela última vez às 17h51min de 7 de janeiro de 2023.