Análise II - Margot-Ann Bachi dos Santos

O documentário narra, de maneira jocosa, a história das Forças Expedicionárias Brasileiras (FEB) durante a Primeira Grande Guerra. O tom jocoso advém da narração de trechos de imagens e filmagens da época, re-narrando os fatos de maneira a esmiuçar o significado da missão dos 'pracinhas' da FEB, portanto, re-significando-o.

A cena que, pessoalmente, mais me chamou atenção foi a sequência de imagens e narração que acontece entre os minutos 7:25 e 8:35, cuja narração é transcrita a seguir, e tem como pano de fundo primeiramente o rosto de jovens representando os pracinhas, em seguida as imagens de um veículo de guerra e, por fim, uma montagem contendo imagens que remetem à Vargas e ao desenvolvimento da indústria nacional, terminando com a manchete de um jornal que anuncia: Roosevelt e Getúlio Vargas conferenciam em Natal!

Brasileiro, a sua maravilhosa terra é a mais rica do mundo. Porque é que não jorra petróleo? É porque os americanos não querem; porque é que não se pode vender o café? Os americanos não querem; porque o presidente Vargas não apoia o eixo se ele admira Hitler e Mussolini? (hum) os americanos não querem; porque é que no Brasil se produz pouca borracha? Os americanos não querem; porque a exploração dos minerais não é desenvolvida? Os americanos não querem; porque é que o povo brasileiro não tem uma vida melhor? Os americanos não querem. Os americanos querem tomar conta do Brasil para explorar a riqueza de tua terra. Com isso você, sendo o melhor soldado brasileiro, está sendo afastado do Brasil para morrer na Europa e nunca mais voltar à pátria.

O trecho supracitado, através de sua forma jocosa, coloca em questão as participações americanas no desenvolvimento brasileiro da era Vargas, se colocando como contraponto à história hegemônica. Fato é que não seria a última vez em que americanos teriam envolvimentos com ditaduras Brasileiras: o mesmo também ocorreu durante o Golpe Militar de 64.

O proposto pelo filme, apesar de uma estética peculiar, em especial da narração, mas fazendo referências ao cinema de montagem de Eiseinstein, é plenamente aceitável, colocando em xeque as narrativas da historiografia hegemônica, além de re-significar as imagens de época, dando um novo sentido à história.



Como suporte para desenvolver a resenha, além do filme, foi utilizado o artigo "Rádio auriverde, a história (re)afirmada - uma leitura do filme documentário como (re) constituição do real", de Cássio dos Santos Tomaim



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