Análise de Filme I - Mariana Hana Tino de Assis
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - CÂMPUS DE MARÍLIA - Faculdade de Filosofia e Ciências
Curso de Ciências Sociais (Fundado em 1963)
Roteiro para análise de Filme
Disciplina: História do Brasil II
Prof. Paulo Eduardo Teixeira
Nome do/a Aluno/a: Mariana Hana Tino de Assis
Turma 2023 ( ) Manhã ( X ) Noite
FICHA TÉCNICA
editarTítulo do Filme: Brasil, um relato sobre tortura
Ano: 1971
País: Chile/EUA
Gênero: Documentário
Duração: 60 minutos
Direção: Hannah Eaves, Haskell Wexler, Saul Landau
Edição: Michael Kinomoto
Fotografia: Tomas Hernandez
Trilha sonora: Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores – Geraldo Vandré
Produção: Lorraine Hess
Idioma original: Inglês/ Português/ Espanhol
DINÂMICA DA NARRATIVA
a) Ideia Inicial – História
1- O filme conta uma história. Sobre quem?
O documentário traz relatos de torturas de 70 guerrilheiros presos políticos brasileiros no regime militar de 1964, exilados no Chile em janeiro de 1971, em troca do embaixador suíço sequestrado em território brasileiro.
2- Quais são as personagens principais?
Os exilados e combatentes.
3- Qual delas mereceu a sua atenção?
Acredito que todos os relatos de luta e resistência contra o regime militar e as torturas sofridas mereceram minha atenção. Cada um me surpreendia com as maneiras e a razão de serem presos, as condições que se encontravam no DOPS e como era viver no exílio. Um dos que mais me chamou a atenção foram Manuel Dias do Nascimento, do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, 27 anos, e Jovelina Tonello do Nascimento, 33 anos. Manuel foi muito torturado, os policiais pulavam em cima dele, apontavam armas para seu rosto e esperavam uma reação para que pudessem metralhá-lo em público, não conseguindo isso o levaram até o cárcere onde foi torturado e colocado no pau de arara. Antes de descer do pau de arara sua companheira chegou acompanhada de seu filho, que assistiu parte da tortura. O menino se revoltou e protestou contra a polícia, foi tirado de seus pais e levado para a polícia feminina, onde apanhava principalmente nas mãos para se alimentar, ou seja, a polícia não sabia lidar com crianças e as espancava para que pudessem comer. Após muita tortura e não tirarem nenhuma informação de Manuel, trouxeram sua esposa para o pau de arara e deram choques elétricos por todo corpo, principalmente nas partes íntimas, esperando assim uma confissão de Manuel. Jovelina tem dificuldade em falar do menino, que passou muito mal, ficou em estado de choque e desespero, e não reconhecia a própria mãe.
4- Como termina o filme? O que você achou sobre ele e porquê?
O documentário se encerra com uma mulher que costumava ser educadora e se tornou profissional da saúde, relatando o que via nas aulas de anatomia e que por muitas vezes pessoas que aparentavam ter 30 anos ainda possuíam 15. O documentário é breve mas muito forte, cada história e lembrança é contada com dor e detalhes. Maria Auxiliadora Lara Barcelos, de 25 anos, por exemplo, relata as diversas torturas com risadas e quando questionada afirma que é apenas uma forma de expressão. Quando perguntado como se sentia ao fazer o papel dos torturadores nas demonstrações para o documentário, um dos exilados diz que não gostava e se sentia muito mal em pegar um companheiro para recordar as péssimas condições e punições vividas durante dias sendo torturados, mas a única razão de se prestar a esse papel era mostrar como funcionam as torturas e furar as barreiras da ditadura no Brasil, mostrando ao povo livre ao redor do mundo o que estava acontecendo no país.
b) Tema de Fundo – Tese
1- Quais são os temas tratados no filme?
A política, o exílio, o DOPS e principalmente as torturas sofridas por combatentes e inocentes.
2- Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?
Para mim, o tema de fundo do documentário é bem claro e compreensível desde o primeiro momento.
3- Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?
A questão tratada mais demoradamente, além dos relatos de torturas sofridas, foi a demonstração detalhada de algumas delas.
4- Os realizadores descreveram bem os protagonistas?
Sim, apesar de ser um documentário curto, o que limita o tempo de tela dos participantes, a cada um deles é dada a atenção devida, permitindo-os expor relatos além do sofrimento. Cada história é marcante e o enfoque nos detalhes da pessoa, seu nome, idade, profissão, como e porque foram presos dá a eles a liberdade na narrativa.
c) Ritmo e Montagem – Edição
1- Qual a cena ou sequência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou? Porquê?
O depoimento religioso do Frei Tito Alencar Lima, de 25 anos, estudante de teologia na Ordem dos Padres Dominicos de São Paulo, arrastado pelo esquadrão da morte em seu próprio convento em 4 de novembro de 1969 em direção ao DOPS, e torturado por 20 horas seguidas em seu terceiro dia, pelo Capitão Benoni Albernaz. O diretor da Operação Bandeirantes, Capitão Dalmo e o Major Voldy o disseram que a igreja é uma seita muito grande e que precisa ser combatida, “temos que torturar os sacerdotes para que aprendam”, disseram. Por isso, era dito que a única coisa democrática que existia no Brasil era a tortura, já que era aplicada indiscriminadamente aos sacerdotisas, trabalhadores e advogados.
2- Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas de diálogo ou de ação?
Não, apesar das histórias serem breves e terem despertado minha curiosidade por relatos mais longos, o documentário foi muito bem construído.
3- Qual a cena/sequência que não foi bem compreendida por você? Porquê?
Acredito que o documentário foi bem claro, objetivo e produzido para não deixar as pontas soltas.
d) Mensagem
1- O que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Porquê?
Sim, o documentário propõe a propagação de informações de crimes cometidos pelo governo durante a ditadura militar e é importante para que não esqueçamos essa história.
2- A quem se dirige, em sua opinião, o filme?
A todos.
e) Relação com a disciplina de História do Brasil
1- Qual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do período estudado?
O documentário aborda claramente os assuntos tratados durante as aulas da disciplina, e creio que tenha acrescentado a compreensão do tema para além da bibliografia trabalhada.
2- Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.
A análise é importante ao agregar informação não só em relação ao meu desenvolvimento acadêmico e intelectual como cientista social, mas também como cidadã brasileira.