Discussão:Formação de Professores de Química como pesquisadores de sua prática

A formação de formadores deve ser:

  • contínua, contínuinte e continuada;
  • sistemática, sistematizante e sistematizadora;
  • institucionalizada, institucionalizante, instuinte e institucionalizadora;
  • Acompanhada, orientante, mediadora e avaliadora, e
  • diversificadora das mais variadas formas de estudo, pesquisa e investigação.

A formação inicial e continuada de professores de química para o Ensino Médio pode ser ressignificada se consegue-se inserir os ensinantes em processos de pesquisa, de forma que possam reconhecer as suas crenças e a entender as suas práticas, projetando ações mais concernentes com as suas necessidades formativas e com os desejos de aprendizagem dos seus estudantes. A complexidade da ação educativa exige o contínuo desenvolvimento intelectual dos educadores, como condição do aperfeiçoamento profissional, o que pode se tornar possível, se for implantada um múltipla e omnilateral interação entre profissionais da educação, alunos, pesquisadores universitários e comunidade. Estudos demonstram que a interação é mais produtiva quando são focalizadas as ações correntes (o dia a dia da aula do professor) dos professores, por eles analisadas e entendidas com base nas teorias introduzidas com essa finalidade.
Pressupostos:

  • Não é suficiente saber bastante (capacidade técnica)e gostar de química (habilidade amorosa) para ensiná-la;
  • A complexidade do fenômeno educativo e da prática pedagógica no mister de ensinar;
  • A escola, a aula e a comunidade educativa como espaço coletivo de produção de conhecimento - a questão da constituição de comunidades de trabalho e aprendizagem em rede (CTAR)e
  • A comunicação - o diálogo perlaborativo e colaborativo - entre professores pesquisadores universitários e professores de química do Ensino Médio e estudantes de licenciatura de química em formação, de maneira a melhorar o saber social e efetivar a socialização do conhecimento químico.

A questão da transposição didática se coloca frente ao senso comum de que "ensinar é fácil" basta saber o suficiente ou ser bom em determinada coisa ou processo. Reafirmando, aqui se advoga a formação do professor de química do ensino médio como um profissional reflexivo e pesquisador de sua própria prática. Isso (ser reflexivo/auto-próprio-pesquisante)requer explicitar, desconstruir e reconstruir concepções, 'internalizações', e isso demanda tempo e condições.
Assim, não basta ao ensinador ter um compromisso social, ético-profissional ou coisa que o valha, detectar as deficiências do seu ensino, as necessidades/desejos dos seus alunos. É necessário buscar a integração dos conhecimentos teóricos com a ação prática, explicitar os saberes tácitos que a embasam, num contínuo processo de ação-reflexão-ação que precisa ser vivenciado e compartilhado com outros colegas (professores) e exposto/explicitado a seus alunos. Requer, portanto, por isso, que colegas mais experientes o auxiliem na crítica ao modelo existente e na construção de outros olhares para a aula, para o ensino e para as implicações sociais, econômicas e políticas que permeiam a sua ação educativa.

Conforme enfatiza Alarcão (1996):

                Só após a descrição do que penso e do que faço
                 me será possível encontrar as razões para meus
                 conceitos e para minha atuação, isto é, interpretar
                 e abrir-me ao pensamento e à experiência dos outros
                 para, no confronto com eles e comigo próprio, ver como
                 altero - e se altero - a minha práxis educativa. (p.182)
                IN: ALARCÃO, I. (Org.). Formação reflexiva de professores:
                estratégias de supervisão. Porto, Portugal : Porto Editora,
                1996.

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