Epistemologia e Metodologia - 2022

Disciplina obrigatória do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) destinada a estudantes de mestrado desta e outras instituições (ouvintes). Áreas de interesse: arquitetura e urbanismo, planejamento urbano, comunicação, geografia, sociologia, e outras disciplinas das ciências sociais e humanas.

Responsável: Rodrigo Firmino.

Convidados(as): Ariadne Daher; Bruno Cardoso e Rafael Pereira.

Local e período

editar

Onde: PPGTU/PUCPR, Campus Curitiba. Escola de Belas Artes, Bloco 2, 2o andar. As aulas para o ano de 2022 serão realizadas unicamente de forma presencial.

Quando: 1o semestre de 2022, 6 sessões às segundas-feiras, das 8h30 às 12h30. Atenção: as únicas excessões são as aulas 3 e 5, que serão realizadas na terça-feira dia 07/06/2022 e na sexta-feira dia 24/06/2022, respectivamente, ambas no mesmo horário.

Carga horária: 30 horas (2 créditos).

Ementa e objetivos

editar

Discutir base epistemológica do que se entende por pesquisa científica sobre o urbano, conceito do campo de ação e reflexão deste programa. Apresentar e discutir procedimentos metodológicos para pesquisa em gestão urbana. A disciplina refletirá de um lado a busca de paradigmas conceituais e metodológicos mínimos para as pesquisas em gestão urbana e, de outro, a diversidade de abordagens possíveis. Trata-se, em linhas gerais, da filosofia da ciência e de métodos científicos para as ciências sociais.

Conteúdo

editar
  • Elementos fundamentais da filosofia da ciência;
  • Epistemologia aplicada à gestão urbana;
  • Diversidade de procedimentos metodológicos para pesquisa científica;
  • Reflexão sobre elementos metodológicos e da pesquisa científica para o desenvolvimento das dissertações e teses.

Metodologia de aprendizagem

editar
  • Aulas expositivas;
  • Seminários;
  • Discussões em mesas redondas.

Avaliação

editar

Frequência mínima: 75%. A avaliação se dará a partir dos seguintes exercícios (e respectivos pesos na composição da nota):

  • Apresentação dos textos em equipe = 40%;
  • Identificação de controvérsia científica = 5%;
  • Construindo sua pesquisa científica
    1. Vídeo da pesquisa = 15%;
    2. Plano de pesquisa = 40%.

Apresentação dos textos obrigatórios

editar

Estudantes devem formar equipes (com auxílio do professor) para apresentação dos textos-chave (obrigatórios) da disciplina e promoção de debates. As sessões envolverão, ao menos, duas equipes, da seguinte forma:

  • Equipe expositora: Responsável pelas apresentações dos textos, que acontecerão no formato seminário. Cada equipe ficará responsável por um texto-chave e deverá apresentá-lo oralmente ao restante da turma, com auxílio de material audiovisual, e respeitando o calendário definido pelo professor na primeira aula. As sessões de apresentação terão no mínimo 45 minutos e no máximo 60 minutos. São requisitos mínimos para apresentação, os seguintes itens (não limitados a estes): contextualização de autores(as) e do texto em estudo (formação e campo de conhecimento, local de publicação, etc.); estrutura do texto; sequência argumentativa (narrativa); objetivo do texto (propósitos); principais conceitos e elementos secundários; explicação detalhada das ideias e conceitos; importância das ideias e conceitos para a área de ciências sociais e para a gestão urbana; exemplos (se possível); e relação com outras teorias/conceitos/autores(as). Todas as equipes participarão como expositoras, de acordo com o cronograma, cada uma responsável por um texto-chave.
  • Equipe debatedora: Responsável pelo estímulo e organização do debate após a apresentação, com realização de, no mínimo, duas questões para discussões. As questões devem envolver, necessariamente, as ideias ou conceitos apresentados, devem ser elaboradas previamente (a partir da leitura do texto em pauta), e devem ser capazes de iniciar um debate entre as duas equipes e o restante da turma. Assim, quanto mais provocadoras (com respeito às equipes e com fundamentação científica), maiores são as chances de as questões funcionarem. Todas as equipes devem estar preparadas com ao menos duas questões, em todas as sessões em que não estiverem apresentando o texto. O professor sorteará uma das equipes para atuar como debatedora no início da sessão (assim, é possível que uma equipe atue como debatedora em mais de uma ocasião).

Exercício "construindo sua pesquisa científica"

editar

Este exercício envolve a elaboração do projeto de pesquisa de cada estudante, suportado pelos elementos discutidos ao longo da disciplina, e que servirão de base inicial para a preparação dos futuros documentos de qualificação (a serem desenvolvidos na disciplina obrigatória “Seminários de Orientação”). Para o conjunto deste segundo exercício serão realizadas: uma sessão de apresentações orais por vídeo gravado (para apresentação em 27/06/2022); e a entrega do documento final em PDF em 01/08/2022 (sem possibilidade de atrasos ou adiamentos). Os conteúdos deverão respeitar os seguintes elementos:

  • Vídeo: deve apresentar como parte de sua narrativa os seguintes elementos (i) uma apresentação do(a) estudante/orientador(a)/temática; (ii) a problematização (qual é a questão de pesquisa?); (iii) os objetivos; (iv) a metodologia; (v) e os resultados (científicos) esperados. O vídeo, com no máximo 3 minutos de duração, deverá ser entregue até o dia 27/06/2022 (dia da apresentação), em formatos de mídia compatíveis com todos os sistemas operacionais (mov, mp4, m4v, m4a, mp3, mpg ou avi).
  • Plano de pesquisa: o(a) estudante deverá (a) identificar os temas que pretende trabalhar na dissertação; (b) construir um texto científico para apresentar articuladamente as temáticas (praticando estratégias de escrita de parágrafos e textos articulados) que sustentarão a sua pergunta de pesquisa e objetivo (problematização); (c) definir o objetivo geral e os específicos (taxonomia do Bloom para, a partir da junção dos achados para cumprir os objetivos específicos alcançar o objetivo geral e, a partir disso, responder à pergunta de pesquisa); (d) descrever o método para alcançar cada objetivo específico; (e) elaborar uma introdução, com justificativas do trabalho; (f) criar o título. A entrega final deste documento deverá ser em formato PDF, tamanho A4, na forma de plano de pesquisa, até 01/08/2022 na pasta online especificada pelos professores.

Programação

editar

Aula 1, 23/05/2022 (segunda-feira): Compreendendo a ciência e a epistemologia

editar
  • Sobre o que esta disciplina não é!
  • Apresentação do roteiro da disciplina.
  • Trajetórias científicas.
  • Ferramentas para pesquisas em bases de dados e artigos + processo editorial/comunicação em ciência.
  • Tipos de raciocínio lógico: dedução, indução, abdução. Procedimentos de pesquisa. Reflexão: "crime e pesquisa".

Aula 2, 07/06/2022 (terça-feira): Concepção de mundo e possíveis formas de conhecimento

editar
  • Filosofia da ciência: ontologia e epistemologia [possibilidades de conhecer a realidade].
    • Apresentação do texto 1 + debate.
  • Elementos da pesquisa e reflexão em epistemologia.
    • Apresentaçãos do texto 2 + debate.
  • Lançamento de atividade "Identificação de controvérsias científicas": Alunos deverão ouvir o episódio Mesacast #3 (o mercado da ciência) do podcast "ciência suja" para identificar e desenvolver explicações para duas controvérsias da estrutura de desenvolvimento da ciência e conflitos com os modelos de negócio do mercado que sustenta a divulgação científica. Estudantes devem produzir texto, entregue em PDF (entre 700 e 1.500 palavras) até a última aula (27/06/2022).

Aula 3, 13/06/2022 (segunda-feira): Da pergunta de pesquisa aos métodos (convidada: Ariadne Daher)

editar
  • Processos científicos e epistemológicos (Dúvida, ciência e investigação).
  • Pergunta => Objetivo => Método. Pergunta de pesquisa (problema, temas, objetivos).
  • Estruturação do trabalho científico e metodologia em Ciências Sociais. Desmistificando o método.
  • Processo de investigação; encontrar e produzir seu próprio método.
  • Apresentação do texto 3 + debate.

Aula 4, 20/06/2022 (segunda-feira): diferentes perspectivas e abordagens

editar
  • Apresentação do texto 4 + debate.
  • Lançamento exercício "construindo sua pesquisa científica": lançamento do exercício e início dos trabalhos (individuais).
  • Qualitativamente científico: o menos pode ser mais! (algumas palavras sobre etnografia, com Bruno Cardoso - LED/UFRJ).
  • Quantidade também pode ser qualidade: o método pelas variáveis. (algumas palavras sobre métodos quantitativos, com Rafael Pereira - IPEA).

Aula 5, 24/06/2022 (sexta-feira): estratégias para concepção e escrita de trabalhos científicos

editar
  • Desmistificando a escrita científica: relatórios, estilo de escrita, delimitação e associação de temas, posicionamento do escritor como sujeito ativo ou passivo na escrita, elaboração de resumos etc.
  • Narrativa, construção de argumentos, estrutura, "o todo pela formação das partes", sequência lógica?
  • Assessoria e tira-dúvidas sobre o exercício "construindo sua pesquisa científica" (vídeo e plano de pesquisa).

Aula 6, 27/06/2022 (segunda-feira): o plano e o método?

editar
  • Apresentação dos vídeos sobre as pesquisas (com transcrições), seguidos de comentários pelo professor.

Bibliografia

editar

Textos-chave (obrigatórios, disponíveis aqui)

editar

(1) CRESWELL. J. W. Investigação qualitativa & projeto de pesquisa. Porto Alegre: Penso, 2014. p.29-47.

(2) BAO, C. E. A emergência decolonial: Ciências Sociais e a crise epistêmica da “Modernidade”, Tempo da Ciência, v.27, n.53, pp.30-45.

(3) WILLIAMS, C. Research method. Journal of Business & Economic Research. v.5, n.3, pp.65-72.

(4) GREED, Clara (1994). The place of ethnography in planning: Or is it ‘real research'?, Planning Practice & Research, 9:2, 119-127.

Textos complementares

editar

ADORNO, T. W. Epistemologia y ciencias sociales.  Valencia: Frónesis, 2001. 128 p.

AGAMBEN, G. What is a Paradigm? Lecture at European Graduate School. August 2002. Disponível em

http://www.egs.edu/faculty/giorgio-agamben/articles/what-is-a-paradigm

BIGGAM, J. Succeeding with Your Master's Dissertation: A Step-By-Step Handbook. McGraw-Hill,  2011 (p.16-22 e p.91-99).

BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 351p.

BUNGE, M. Epistemologia. São Paulo: T.A. Queiroz, 1980.

BUNGE, M. La ciencia, su método y su filosofía.  Buenos Aires:  Sudamericana, 2013.

CARGILL, M. E O’CONNOR, P. Writing scientific articles: strategy and steps.  Chichester:  Wiley-Blackwell, 2009. 173 p.

CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2001. p.247-261 e 278-285.

CHONG HO, Y. Abduction? Deduction? Induction? Is there a logic of exploratory data analysis? Anual Meeting of American Educational Research Association, New Orleans, USA, 1994.

COCCHIER, Tiziana. Conceito de Abdução: Modalidades de Raciocínio Contidas no Sistema Lógico Peirceano. Revista Clareira, V.2, N. 1, Jan-Jul/2015, p. 75-92. Disponível: http://www.revistaclareira.com.br/index.php/clareira/article/download/41/37

CRESWELL. J.W.; CLARK, V. L. P. Pesquisa de métodos mistos. Porto Alegre: Penso: 2013.ECO, U. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 2000.

FALLON, M. Writing up Quantitative Research in the Social and Behavioral Sciences.  Rotterdam:  SensePublishers, 2016. 165 p.

FIRMINO, Rodrigo; HOJDA, Alexandre. A comunicação científica em gestão urbana: revista urbe, uma autoanálise. XVI Enanpur, Belo Horizonte, Anais, 2015. Disponível: http://xvienanpur.com.br/anais/?wpfb_dl=674

FLUSSER, V. Da dúvida. In: ITA-Humanidades. Da religiosidade. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1965, p.7-20.

GIERE, R. N. (1989) A natureza da ciência: uma perspectiva iluminista pós-moderna. In: Colóquio,

nº 6, Lisboa, Cota: 305668, ULFC-BC.

HANSON, N. RUSSELL. 1975. Observação e interpretação. In: Sidney Morgenbesser (Org.). Filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix. p.125-138.

JHA, A. We must learn to love uncertainty and failure, say leading thinkers. The Guardian, Science, London, 15 Jan. 2011. Disponível em: <https://www.theguardian.com/science/2011/jan/15/uncertainty-failure-edge-question>.

KOSTER, M. An ethnographic perspective on urban planning in Brazil: temporality, diversity and critical urban theory. International Journal of Urban and Regional Research, v.44, n.2, pp.185-199.

LAKATOS, E. M., MARCONI, M. A. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

LUNENBURG, F. C. Writing a successful thesis or dissertation: tips and strategies for students in the  socialand behavioral sciences.  Thousand Oaks:  Sage, 2008. 333 p.

PARADA, M; FANTINATO, M. Pensar para que? Diálogos entre Vilém Flusser e Hannah Arendt. Revista Mestrado História, v.12, n.1, p.85-98, 2010.

PLANO CLARK, V. L. E CRESWELL, J. W. Understanding research.  Boston:  Pearson, 2015. 504 p.

REES, M. Ten questions science must answer. The Guardian, Science, London, 30 Nov. 2010. Disponível em: <https://www.theguardian.com/science/2010/nov/30/10-big-questions-science-must-answer?cat=science&type=article>.

SÁNCHEZ UPEGUI, A. A. Manual de redacción académica e investigativa: cómo escribir, evaluar y publicar

artículos.  Medellin:  Católica del Norte Fundación Universitaria, 2011. 226 p.

SANTAELLA, L. A pesquisa, seus métodos e seus tipos. In: Lúcia Santaella. Comunicação e pesquisa: projeto para mestrado e doutorado. São Paulo: Hacker Editores, 2001.

SAUTU, R.; BONIOLO, P.; DALLE, P.; ELBERT, R. Manual de metodologia: construcción del marco teórico, formulación de los objetivos y ellección de la metodologia. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p.29-66.

SILVA, Rui Sampaio. A relevância da epistemologia para o pensamento Crítico. Revista Lusófona de Educação, V.32, p. 17-29.

ULTRAMARI, C. Como não fazer uma tese. Curitiba: Champagnat, 2016.

VOLPATO, Gilson. O método lógico para redação científica. Revista RECIIS, v.9, n.1, 2015. Disponível: http://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/932

WEAKLIEM, D. L. Hypothesis Testing and Model Selection in the Social Sciences.  New York:  The Guilford Press, 2016. 202 p.

WHITE, B. Mapping Your Thesis: The Comprehensive Manual of Theory and Techniques for Masters and Doctoral Research.  Victoria:  ACER Press, 2011. 360 p.