Wikinativa/Xavante: diferenças entre revisões

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A publicidade em torno da “pacificação dos Xavantes” alçou Meirelles e ''Apöena'' quase à condição de heróis nacionais. Como resultado da promoção da mídia, imagens positivas dos Xavantes e de suas nobres qualidades fizeram-se continuamente presentes na memória nacional por décadas após esse primeiro contato pacífico.
 
No entanto, foi apenas em meados dos anos 1960 que o “contato” xavante completou-se. Àquela altura, todos os grupos xavantes já haviam estabelecido ou admitido relações pacíficas com representantes da sociedade nacional, mas os modos e os momentos em que o fizeram foram distintos. Esgotados pelas doenças, pela fome e pelos conflitos com colonos, alguns grupos dirigiram-se a postos do SPI; outros buscaram refúgio em missões salesianas ou protestantes.<ref name = "multiplo">Instituto sócio-ambiental. Povos indígenas do Brasil. Xavante. Histórico do contato.[http://triboxavante.blogspot.com.br/]. Consultado em 30 de março de 2013.</ref>
 
=== Questões das terras ===
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O povo indígena '''Xavante''' pertence linguisticamente ao tronco '''Macro-Jê''', da família linguística Jê. Sua língua é chamada ''akwén'' ou aquém (também grafada “acuen”). A língua Xavante contém 13 consoantes e 13 vogais – das quais quatro são nasais. Termos de honra e carinho são usados com referência a outros, como os parentes por afinidade e os netos. Muitos destes relacionamentos chaves são atualmente refletidos na gramática da língua. Por exemplo, ao falar diretamente ao genro, um homem usará a forma gramática indireta (terceira pessoa) em vez das formas da segunda pessoa.
<ref name = "multiplos3">Tribo Indígena Xavante.[http://triboxavante.blogspot.com.br/]. Consultado em 30 de março de 2013;</ref>
 
== Religião e cosmologia ==
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<ref>Instituto sócio-ambiental. Povos indígenas no Brasil. Mitos e cosmologia.[http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/modos-de-vida/mitos-e-cosmologia]. Consultado em 13 de abril de 2013;</ref>bruna chaves
 
==== Exemplo de lenda do povo XavanteXavant ====
 
“A onça originalmente tinha o fogo. Um dia o neto e o cunhado (dois Xavantes) foram procurar filhote de arara. O neto subiu numa escada e jogou uma pedra no cunhado. O cunhado ficou bravo e deixou o neto lá em cima, no penhasco. A onça chegou e fez o garoto descer e levou ele para sua toca. Na toca a onça assou carne para o neto (carne de queixada) e o neto viu o fogo pela primeira vez. Depois, o neto foi embora da toca da onça levando um pouco de carvão, como prova do fogo. Na comunidade, contou que a onça era a dona do fogo. A comunidade toda combinou de roubar o fogo da onça. Assim, vários Xavantes se transformaram em animais para poder roubar o fogo. A primeira que roubou da onça foi a anta, que passou para o cervo, que passou para o veado campeiro, que passou para o veado mateiro que passou para a seriema, que passou para a capivara. A capivara deu um pulo na água, mas antes, um passarinho passou e pegou o fogo levando este para a aldeia. Tendo fogo e mais caça para comer, começou a se desenvolver o povo Xavante nascendo mais crianças e ficando mais fortes”.
<ref>NEX - No Extinction. Lenda dos Xavantes.[http://www.nex.org.br/lendas_xavantes.htm]. Consultado em 27 de abril de 2013;</ref>
 
=== Tradições e rituais ===
 
A característica mais marcante da sociedade Xavante pode ser a sua feição dualista: a divisão da tribo inteira em dois clãs – ö''wawe'' e ''po’reza’õno''. Permite-se o casamento somente entre membros de clãs opostos.
 
Os Xavantes são famosos também pelas suas corridas de troncos de árvore, onde os dois clãs competem numa espécie de corrida de revezamento, carregando por alguns quilômetros troncos de buriti que pesam até 80 quilogramas.
As mulheres tecem um tipo de cesta incrivelmente forte, a qual elas usam para carregar os nenês recém-nascidos. A ampla alça da cesta passa pela testa da mulher, enquanto a cesta fica deitada nas costas dela, deixando livre, assim, as mãos para outros trabalhos.
 
[[Imagem:Saude-e-Alimentacao-Xavante.jpg|thumb|left|150px|upleft|Mulher xavante com a cesta.]]
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Desde pequenos, os meninos formam grupos de idade semelhante. Quando chega o tempo certo, os mais velhos decidem a entrada no ''Hö'' (casa tradicional, especialmente construída numa das extremidades do semicírculo da aldeia, para a reclusão dos ''wapté'' durante o período de iniciação para a fase adulta), onde os meninos vão viver reclusos (sem contato com a tribo), por cinco anos, até o momento de casar com uma moça escolhida para ele. Antes dos meninos entrarem para o ''Hö'', acontece a cerimônia do Oi’ó, em que os meninos demonstram sua coragem, seus medos, suas fraquezas através da luta entre eles. Observação: Os meninos só podem deixar a ''Hö'' para rituais e para atividades fora da aldeia, como caça e pesca.
 
O Ritual de furo de orelha acontece na passagem da adolescência para a vida adulta. Após os cinco anos de reclusão, acontece uma festa na aldeia, chamada ''Danhono'', onde a orelha dos jovens é furada com um ossoadusso de onça parda. Após o ritual, os jovens passam a ser considerados adultos e voltam ao convívio social com a tribo.<ref name = "multiplos3" />
 
[[Imagem:xavante_orelha.jpg|thumb|right|200px|upleft|Ritual de furo de orelha entre os xavantes.]]
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=== Aldeias ===
 
Atualmente existem aproximadamente 165 aldeias e, sempre que possível, elas são construídas na junção de dois rios. As aldeias têm a forma de uma ferradura voltada para o maior rio, padrão que também costumava ser seguido nos acampamentos temporários. O “Warã” é o espaço central da aldeia onde os homens tomam decisões importantes em encontros que as mulheres e crianças não podem participar.<ref name = "multiplos4">Instituto sócio-ambiental. Povos indígenas no Brasil (Mirim). Casas.[http://pibmirim.socioambiental.org/como-vivem/casas]. Acessado em 30 de março de 2013;</ref>
 
=== Casas ===