Wikinativa/Macuna: diferenças entre revisões

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Os Makuna, vivem na região da Colômbia Vaupés, perto das cabeceiras do rio Comena perto do Brasil. Nesta parte da floresta amazônica, a umidade e temperatura são altas durante todo o ano. O vizinho Maku e Tukano falam línguas semelhantes. Outros povos vizinhos são a Banyanin, Tutuyi, Tanimuka, e Yauna. Os dois últimos são os inimigos tradicionais do Makuna.
 
<big>'''Lingua'''</big>
 
A família lingüística Tukano Oriental engloba pelo menos 16 línguas, dentre as quais o Tukano propriamente dito é a que possui maior número de falantes. Ela é usada não só pelos Tukano, mas também pelos outros grupos do Uaupés brasileiro e em seus afluentes Tiquié e Papuri. Desse modo, o Tukano passou a ser empregado como língua franca, permitindo a comunicação entre povos com línguas paternas bem diferenciadas e, em muitos casos, não compreensíveis entre si.
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Considerando o significativo número de pessoas da bacia do Uaupés que estão residindo no Rio Negro e nas cidades de São Gabriel e Santa Isabel, estima-se que cerca de 20 mil pessoas falem o Tukano. As outras línguas desta família são faladas por populações menores, predominando em regiões mais limitadas. É o caso dos Kotiria e Kubeo no Alto Uaupés, acima de Iauareté; do Pira-tapuya no Médio Papuri; do Tuyuka e Bará no Alto Tiquié; e do Desana em comunidades localizadas no Tiquié, Papuri e afluentes.
 
<big>'''História'''</big>
 
Antigamente havia um sistema de comércio entre os povos da região do Rio Vaupés. Cada povo era reconhecido como especialista em fabricar certos produtos. Os Maku eram peritos em preparar o veneno, os Tuyuca a cerâmica, os Barasana a cestaria e os povos Aruak os raladores. Os Makuna fabricam e vendem remos leves, muito procurados pelos outros povos.
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Atualmente, há assentamentos de brasileiros pobres na região. “Eles trouxeram a violência e uma exploração não experimentada pelos Makuna desde a época da borracha” (Mekler 2001). Dois territórios indígenas foram designados, o que ajudou os Makuna (Arhem 1981). Existem escolas primárias nas aldeias.
<big>'''Estilo de vida'''</big>
 
Até os anos 1970, os assentamentos consistiam em um grupo de três ou cinco famílias morando em uma maloca. Há dois tipos de maloca: em geral é retangular, 30 a 40 metros de comprimento, 20 metros de largura e 9 metros de altura; no Rio Apaporis é construída um tipo circular com diâmetro de 10 metros. Hoje em dia, as famílias moram em casas separadas e a maloca é usada para as atividades comunais. As famílias extensas de cada aldeia são parentela de irmãos ou cunhados, mas são pequenas, em média 12 ou 13 pessoas. Dois terços das famílias extensas dispersam depois da morte do pai ou chefe de família.
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Depois de construir a maloca o pajé sopra fumaça de tabaco, água é salpicada no chão, os homens dançam e a maloca é considerada com vida própria. Hoje, os assentamentos usam a maloca como um centro comunal, durante as festas e acomodam até 70 visitantes, mas os habitantes vivem em casas familiares, de irmãos parentes. Há escolas públicas nas aldeias.
<big>'''Artesanato'''</big>
 
Fabricam canoas, remos, zarabatanas e curare (FOIRN).
<big>'''Sociedade'''</big>
 
Os Makuna são do grupo de povos Tukano orientais: Tukano, Desana, Tuyuka, Wanano, Makuna, Bará, Pira-Tupuya e Mirití-Tupuya, Arapaso, Karapanã, Tatuyo, Yurutí, Taiwano, Barasana, Kubeo, Siriano, e Yurutí. (Acrescentados Letuana, Pisá-mira, e Tanimuka por Hugh-Jones, Goldman 2004.406). Esses povos usam o Tukano como língua franca e praticam uma exogamia linguística, assim, têm uma unidade regional, mas mantêm suas identidades étnicas por suas distintas tradições religiosas praticadas pelos homens. Porém, os Kubeo e os Makuna são a exceção em praticar endogamia linguística entre suas fratrias (Cabalzar 2000, Goldman 2004.15, 57, Lasmar 2005.53).
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O casamento é exógamo entre os clãs da outra fratria ou entre primos cruzados e é negociado pelos anciões; não há uma cerimônia de casamento. De três a nove grupos residenciais de famílias extensas são, assim, ligados pelos casamentos entre eles (Cabalzar 2000 citando Arhem). O casal mora com os pais do homem. Quando uma criança nasce ela recebe o espírito de um dos avôs e o nome do avô ou avó conforme o seu sexo, além disso, as gerações alternadas podem ter o mesmo nome. Cada clã guarda um “depósito” de nomes a serem usados.
<big>'''Iniciação'''</big>
 
Os jovens são separados antes da cerimônia para aprender a fazer a cestaria e fabricar as ferramentas; depois eles entregam as cestas às mulheres que, por sua vez, pintam os rapazes.
<big>'''Religião'''</big>
 
Os Makuna têm muitos dos mesmos ritos e mitos dos Yakuna (nos Rio Miriti-Paraná e Caquetá-Japurá na Colômbia, população 1.800 em 2001, SIL), porém as línguas são diferentes. As danças são realizadas para a iniciação dos jovens, as estações do ano, a migração do peixe e outras ocasiões decididas pelos pajés. Nas cerimônias usam uma língua ritual que não é inteligível, mesmo para os que a aprenderam. Consomem muito de chucho, uma bebida fermentada feita da cana. O pajé os acompanha durante a caça, cantando canções encantadoras para atrair os animais.
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Os Pajés (cumu ou yai) ensinam que as doenças têm diversas causas, como por exemplo, comer alimento sem a bênção, ou comer algo sujeito a um tabu, sofrer um feitiço ou ataque de um espírito durante um rito. Se o pajé não tratar a pessoa doente, ela vai morrer. O cantador (yuam) canta os mitos da criação na festas. Os pajés curandeiros (yaia = onças) fazem curas recitando silenciosamente canções e soprando fumaça de tabaco sobre o doente. São mediadores para manter a reciprocidade entre a natureza e o consumo do povo. No mundo invisível, os animais têm sociedades organizadas semelhantes aos homens.
<big>'''Cosmovisão'''</big>
 
No princípio não havia nada, nem terra, nem céu, apenas um caos. O espírito He era xamã, onça e anaconda; ele era todos os três de uma vez, eles se multiplicaram e devoraram uns aos outros. Uma mulher pajé, A Mãe Ancestral (romi cumu), representada hoje pela constelação “os Plêiades”, destruiu esse mundo primordial, que se tornou o mundo subterrâneo, o céu velho se tornou o mundo atual. Essa Mãe é parte da visão dos Barasana (Goldman 2004.302). O mundo Makuna consiste em duas dimensões, o mundo de experiência normal, da vida, rios, animais e da floresta, e o mundo duplo que contém as cópias de espíritos de todas as coisas deste mundo. Todos os animais são um tipo de gente com organização social. É importante ter relacionamentos baseados na reciprocidade, tanto com os animais quanto com outros homens. O mundo está em processo de acabar e renovar.
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<big>'''Referencias'''</big>
 
Instituto Socioambiental (ISA) http://pib.socioambiental.org/pt/povo/makuna/1438;