Wikinativa/Caxarari: diferenças entre revisões

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Linha 90:
O jovem esposo costumava se deslocar para o local onde vivia a família de seu sogro, dada a regra da matrilocalidade após o casamento, e deveria trabalhar para ela. Como os filhos homens, de 15 anos em diante, saiam de seu grupo doméstico ao se casar, os genros eram muito importantes para a manutenção daquela família. Eram eles que cortavam seringa, coletavam castanha, derrubavam as matas para colocar os roçados ou trabalhavam como “bóias frias” das fazendas agropecuárias e seringais estabelecidos ao longo da BR-364. Quem decidia o casamento eram os pais dos futuros cônjuges. A separação dos casais era muito freqüente nas primeiras fases do casamento.
<blockquote> “De acordo com os Kaxarari, os mais jovens têm observado pouco a questão dos clãs em relação à realização dos casamentos. O número de clãs hoje citados são apenas seis” (Trecho extraído de Aspectos da fonologia da Língua Kaxarari (2004), de Gladys Cavalcante Sousa). </blockquote>
As crianças, ao nascerem, além de receber o nome clânico de seu pai e residir no grupo doméstico de sua mãe, possuíam nomes pessoais em sua língua nativa, que lhes eram transmitidos em gerações alternadas. Assim ensinavam os mais velhos: “o menino quando nasce recebe o nome do avô dele [avô paterno] e a menina tem o nome da avó dela [avó paterna]”.
<blockquote> “Por falta de pessoas detentoras dos antigos conhecimentos, o ritual de nomeação das crianças está se extinguindo. A nomeação deveria ser realizada por uma pessoa mais velha conhecedora dos nomes das famílias, pois uma criança deve receber um nome de um parente antigo; portanto, conhecer a língua e a genealogia kaxarari é imprescindível para nomear um recém-nascido na língua Kaxarari. Alguns pais relataram que seus filhos, devido à ausência de pessoas capacitadas para tal nomeação, não receberam nomes kaxarari, apenas aqueles em português” (Trecho extraído de Aspectos da fonologia da Língua Kaxarari (2004), de Gladys Cavalcante Sousa). </blockquote>
(Aquino, 1984)
Linha 104:
Os Kaxarari não mais praticam seus rituais tradicionais como o xamanismo. A principal técnica de cura dos pajés era a de sucção.
<blockquote> “Antigamente tinha pajé pra curar a gente. Quando adoecia, ele chupava no corpo e tirava aquelas pedras do corpo do doente e jogava a doença fora. Rezava pro doente ficar logo bom. Tomava rapé e kupá pra curar. Sabia muitos remédio da mata, mas agora não, mais pajé não. Tudo se acabou” (Depoimento de Antônio Caibú, extraído de Os Kaxarari (1984) de Terri Vale de Aquino). </blockquote>
Não existem mais pajés entre os Kaxarari. Também faziam muitas comemorações e cantorias de roda. Era comum em suas festas fazerem vestimentas de palha do olho do buriti, enfeites de penas, couros de onça, máscaras e pinturas. Tinha a festa do buiarri, que era a festa das frutas, quando todos iam para a mata apanhar ingá, naja, frutas de maçaranduba. Uma de suas brincadeiras era o bili, um jogo de bola de caucho, jogado com o joelho, parecido com o futebol dos cariú [não-índio].