Wikinativa/Iaualapiti: diferenças entre revisões

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== Cosmologias ==
A mitologia yawalapiti compartilha o repertório cosmologico alto-xinguniano com as outras tribos habitantes do Xingu como Aweti, Kalapalo, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Trumai e Wauja.
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Segundo essa mitologia, a fabricação primordial dos humanos foi iniciada pelo demiurgo Kwamuty, que, soprando fumaça de tabaco sobre toras de madeiras dispostas em um gabinete de reclusão, deu-lhes vida. Ele criou assim as primeiras mulheres, e entre elas a mãe dos gêmeos Sol e Lua, protótipos e autores da humanidade atual. Essa mulher foi a primeira mortal em cuja honra se celebrou a primeira festa dos mortos, itsatí (ou kwarup, em kamaiurá), a principal cerimônia inter-aldeias do Alto Xingu.
Segundo essa mitologia, a fabricação primordial dos humanos foi iniciada pelo demiurgo Kwamuty, que, soprando fumaça de tabaco sobre toras de madeiras dispostas em um gabinete de reclusão, deu-lhes vida. Ele criou assim as primeiras mulheres, e entre elas a mãe dos gêmeos Sol e Lua, protótipos e autores da humanidade atual. Essa mulher foi a primeira mortal em cuja honra se celebrou a primeira festa dos mortos, itsatí (ou kwarup, em kamaiurá), a principal cerimônia inter-aldeias do Alto Xingu.
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A maioria dos rituais yawalapiti originou-se da visita de um humano a um dos domínios - terra, água e céu - que constituem esferas bem marcadas na classificação yawalapiti, onde cada um tem seus valores cosmológicos distintos. A terra é diversificada, conforme a vegetação e a referência a eventos míticos. A distinção principal nesse domínio é entre a "selva" (ukú), onde moram animais e espíritos, e a aldeia (putaka), morada dos humanos. Nos rios (uiña) e lagoas (iuiá), além dos peixes, moram a maioria dos espíritos importantes para os Yawalapiti. No céu (añu naku; añu taku) residem as almas dos mortos; lá é o império dos pássaros, chefiados pelo urubu bicéfalo, "dono do céu". Na "barriga da terra" (wipiti itsitsu), embaixo do chão, mora uma mulher-espírito, gorda, com um seio só; ela amamenta os mortos femininos e copula com os masculinos; é a "dona da terra".
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A categoria "gente" (ipuñiñiri), segundo a cosmologia yawalapiti, distingue "índios" (warayo) e "brancos" (caraíba), tanto pela aparência física (que faz com que japoneses e chineses sejam classificados como warayo-kumã: "outro índio", "índio misterioso") como pela cultura material. Dentre os índios, os grupos do Alto Xingu são tidos como uma unidade (putáka), em contraste com os outros povos. Os warayo em geral distinguem-se dos putáka por terem um regime alimentar diferente - todos comem apapalutapa-mina, "animais terrestres" -, por serem "bravos" (Kañuká) e imprevisíveis, bem como pelo corte de cabelo e adornos diferentes. Warayo é um termo usado pejorativamente pelos yawalapiti quando alguém demonstra ausência de vergonha (parikú).
Os povos do Xingu estão articulados em uma rede de trocas especializadas, casamentos e rituais inter-aldeões. Porém cada grupo indígena faz questão de cultivar sua identidade étnica. Portanto se o intercâmbio cerimonial e econômico celebra a sociedade alto-xinguana, promove também as suas diferenças.
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Os povos do Xingu estão articulados em uma rede de trocas especializadas, casamentos e rituais inter-aldeões. Porém cada grupo indígena faz questão de cultivar sua identidade étnica. Portanto se o intercâmbio cerimonial e econômico celebra a sociedade alto-xinguana, promove também as suas diferenças.
 
== Religiosidade ==