Wikinativa/Macuna: diferenças entre revisões

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Felipe Kenji Yoshida
 
 
 
 
 
 
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== A Tribo ==
 
Os Makuna vivem na região da Colômbia Vaupés, perto das cabeceiras do rio Comena próximo a fronteira do Brasil. Nesta parte da floresta amazônica, a umidade e a temperatura são altas durante todo o ano. OOs vizinhovizinhos Maku e TukanoTuc(k)ano falam línguas semelhantes. Outros povos vizinhos são a Banyanin, Tutuyi, Tanimuka, e Yauna. Os dois últimos são os inimigos tradicionais do Makuna.
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===Lingua===
 
A família lingüística TukanoTuc(k)ano Oriental engloba pelo menos 16 línguas, dentre as quais o TukanoTuc(k)ano propriamente dito é a que possui maior número de falantes. Ela é usada não só pelos TukanoTuc(k)ano, mas também pelos outros grupos do Uaupés brasileiro e em seus afluentes Tiquié e Papuri. Desse modo, o TukanoTuc(k)ano passou a ser empregado como língua franca, permitindo a comunicação entre povos com línguas paternas bem diferenciadas e, em muitos casos, não compreensíveis entre si.
 
Em alguns contextos, o TukanoTuc(k)ano passou a ser mais usado do que as próprias línguas locais. A língua tukanoTuc(k)ano também é dominada pelos Maku, já que precisam dela em suas relações com os índios TukanoTuc(k)ano. Já as línguas classificadas como tukanoTuc(k)ano ocidentaisOcidentais são faladas por povos que habitam a região fronteiriça entre Colômbia e Equador, como os Siona e os Secoya.
 
Considerando o significativo número de pessoas da bacia do Uaupés que estão residindo no Rio Negro e nas cidades de São Gabriel e Santa Isabel, estima-se que cerca de 20 mil pessoas falem o TukanoTuc(k)ano. As outras línguas desta família são faladas por populações menores, predominando em regiões mais limitadas. É o caso dos Kotiria e Kubeo no Alto Uaupés, acima de Iauareté; do Pira-tapuya no Médio Papuri; do Tuyuka e Bará no Alto Tiquié; e do Desana em comunidades localizadas no Tiquié, Papuri e afluentes.
 
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==Sociedade==
 
Os Makuna são do grupo de povos TukanoTuc(k)ano orientais: TukanoTuc(k)ano, Desana, Tuyuka, Wanano, Makuna, Bará, Pira-Tupuya e Mirití-Tupuya, Arapaso, Karapanã, Tatuyo, Yurutí, Taiwano, Barasana, Kubeo, Siriano, e Yurutí. (Acrescentados Letuana, Pisá-mira, e Tanimuka por Hugh-Jones, Goldman 2004.406). Esses povos usam o TukanoTuc(k)ano como língua franca e praticam uma exogamia linguística, assim, têm uma unidade regional, mas mantêm suas identidades étnicas por suas distintas tradições religiosas praticadas pelos homens. Porém, os Kubeo e os Makuna são a exceção em praticar endogamia linguística entre suas fratrias (Cabalzar 2000, Goldman 2004.15, 57, Lasmar 2005.53).
Os Makuna se dividem em duas fratrias, o Povo d’água (Ide masa) e o Povo da terra (Yiba Masa); são descendentes dos irmãos Ide Hino e Yeba Hino, filhos de Hino, a Anaconda mitológica. As fratrias são grupos exogâmicos de clãs. Então, numa família os irmãos são de uma fratria do clã e os cunhados da outra. As fratrias e o tabu de se casar entre os clãs da mesma fratria são explicadas por serem “irmãos” do mesmo ancestral mitológico, classificados de acordo com seus “habitats cósmicos”, no caso dos Makuna: “terra” e “água” (La?mar 2005.58). Há, em geral, uma “regra de exogamia lingüística”linguística” no grupo de povos Tucano, pois a ideia de serem “irmãos” é reconhecida nas diferenças de língua ou dialeto. Do ponto de vista indígena, qualquer diferença é suficiente para manter o conceito de serem descendentes nos irmãos ancestrais (Hugh-Jones em Goldman 2004.410).
As fratrias estão divididas em cerca de 12 clãs. Cada clã é reconhecido em uma hierarquia conforme uma função tradicional, como chefe, dançarino e cantor, guerreiro, xamã, servo e conforme a idade do ancestral, além disso, referem-se como “irmão” etc. Os mitos antropogônicos indicam os territórios dos clãs e os direitos a roçar e caçar dos indivíduos. Hoje, essa ordem social é apenas considerada o ideal (Arhem: 1981). Não existe uma liderança central do povo. A sociedade vive ao redor das malocas, com chefes (übü) que mantém sua influência pelo conhecimento, habilidade e por ser o anfitrião das festas. Cada aldeia tem um administrador chamado capitán.
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Os Makuna têm muitos dos mesmos ritos e mitos dos Yakuna (nos Rio Miriti-Paraná e Caquetá-Japurá na Colômbia, população 1.800 em 2001, SIL), porém as línguas são diferentes. As danças são realizadas para a iniciação dos jovens, as estações do ano, a migração do peixe e outras ocasiões decididas pelos pajés. Nas cerimônias usam uma língua ritual que não é inteligível, mesmo para os que a aprenderam. Consomem muito de chucho, uma bebida fermentada feita da cana. O pajé os acompanha durante a caça, cantando canções encantadoras para atrair os animais.
Os Makuna creem que o alimento é o meio usado por doenças para atacar o corpo e pode ser perigoso. Todo alimento, seja carne ou da roça, deve ser abençoado pelo chefe (übü) antes de comer, para expulsar os espíritos que causam doenças. Acreditam também que os espíritos dos animais e das plantas podem os punir se caçarem ou colherem demais, ou seja, além da necessidade da comunidade. Os Makuna não usam ervas medicinais como os outros povos TukanoTuc(k)ano, os pajés yaia (onças) praticam curas usando “água benta” ou chupando no membro do corpo afligido (Arnhem 1981).
A festa da Pupunheira (hota basa): A pupunheira (Bactris gasipaes) providencia fruto e palmito, é explorada comercialmente e precisa de medidas de conservação. A data da festa é marcada pelos espíritos, é durante a colheita e um clã é escolhido como anfitrião. Os homens colhem o fruto da palmeira, pescam e caçam mais provisões. O pajé oferece coca e tabaco para os espíritos não invadirem a festa. As mulheres preparam mais farinha e fazem um purê do fruto, que é servido como uma bebida. Os convidados preparam máscaras e costumes, que representam diversos espíritos; os mais importantes representam diversas espécies de peixe. Homens entram na maloca com as máscaras representando os espíritos de macacos, sexo, abelhas, aves, onças etc. A dança dos espíritos continua durante a noite, renovando a conexão com as “casas de acordar”, a origem dos clãs e com os espíritos dos mortos. A festa dura dois dias.