Git Debugging: blame e bisect
Introdução
editarDurante a produção de software é muito comum a inserção de bugs. E a probabilidade de isso acontecer aumenta, caso o projeto possua um time grande. Quando isso acontece, muitas vezes é difícil reconhecer o que está errado no código-fonte. Essa busca acaba se tornando cara, pois leva tempo. Para evitar o desperdício de tempo o Git traz algumas ferramentas de depuração que auxiliam nessa caçada: os comandos blame e bisect.
Git Blame: Quem Foi?
editarÀs vezes há a necessidade de saber o porquê que um determinado trecho de código foi alterado. Isso é explicado no texto do commit, no entanto, essa informação fica difícil de ser encontrada, principalmente em projetos grande, onde a pilha de commits cresce rápido. Para situações como essa foi criado o comando blame. Essencialmente, a definição para esse comando é a seguinte:
git blame Comando de depuração que mostra o autor e revisão de cada modificação do arquivo, linha por linha.
Uso Básico: Um Exemplo
editarSuponha que você esteja num projeto simples, que envolve a criação de um programa que faz as quatro operações matemáticas básicas. Ao abrir o código-fonte uma função chama a atenção:
int div( int dividend, int divider ) { int quotient = 0; if( divider != 0 ) { quotient = dividend/divider; } else { quotient = -1; } return quotient; }
"Por que fazer a verificação antes de efetivamente fazer a divisão"?
Para isso utiliza-se do comando blame
para identificar qual o commit que alterou essa linha. Para isso, usa-se a seguinte linha de comando:
$ git blame arquivo
O resultado para essa função em específico é esse:
38a056ad (TomazMartins 2016-03-21 17:22:21 -0300 45) int div( int dividend, int divider ) 38a056ad (TomazMartins 2016-03-21 17:22:21 -0300 46) { 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 47) int quotient = 0; 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 48) 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 49) if( divider != 0 ) 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 50) { 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 51) quotient = dividend/divider; 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 52) } else 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 53) { 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 54) quotient = -1; 76f678d5 (Thaiane Braga 2016-03-21 17:26:30 -0300 55) }
A partir disso, é possível buscar pela hash que identifica o commit e saber o porquê dessa alteração, caso isso esteja esclarecido na mensagem de commit. Caso não, basta entrar em contato com o autor dessa alteração para esclarecimentos.
Uso Avançado
editarAlgumas opções úteis oferecidas pelo blame
são indicadas abaixo:
Não quero saber o autor, apenas o commit
editarPara isso, basta usar o seguinte comando:
$ git blame -s arquivo
Assim, o git vai suprimir o autor e o timestamp' da mensagem.
Arquivo grande demais, quero o blame para parte dele apenas
editarUse o seguinte comando:
$ git blame -L linha-inicial,linha-final arquivo
Assim, o git vai mostrar a mensagem apenas para o intervalo de linhas passado para ele como parâmetro. Por exemplo, quer-se apenas saber sobre as linhas 456 e 470, então usa-se $ git blame -L 456,470 arquivo
.
Não quero saber sobre as alterações em linhas brancas
editarUsa-se a opção:
$ git blame -w arquivo
O git irá suprimir as mensagens relativas a alterações em linhas em branco.
Git Bisect: Onde Está Quebrado?
editarHá situações em que o código disponibilizado no repositório, remoto ou local, não está funcionando. E o bug não foi inserido por você, mas anterior às suas alterações. Às vezes, muitos commits atrás. Há duas formas de encontrar o problema: a maneira bruta, voltando os commits até encontrar aquele que contem a falha, ou utilizando o comando bisect.
git bisect Comando que utiliza-se da busca binária para encontrar o commit que insere o bug ao projeto.
Usando Bisect: Um Exemplo
editarVocê está mexendo no mesmo projeto do exemplo anterior, sobre as operações aritméticas básicas. Você inicia os trabalhos verificando se o commit atual gera um programa com bom funcionando. Com a confirmação você faz uma série de alterações, cada uma gerando um commit novo. Depois de alguns commit resolve verificar se o programa funciona corretamente e percebe que não.
Como saber qual foi o commit que danificou o código?
Bem, você sabe qual foi o último commit em que o código estava saudável. Faz um pequeno gráfico para ilustrar isso.
--W--*--*--*--A W: Último commit que estava funcionando. A: Commit Atual.
Você resolve então utilizar o comando bisect
. Digita as seguintes linhas de comando:
$ git bisect start Esse comando diz ao git iniciar uma busca binária.
$ git bisect bad Esse comando declara ao git que o commit atual está danificado.
$ git bisect good 7f0d8c87611b1d6af5f57a29c9a3e41b67d32844 Esse comando diz ao git que a última vez que você viu o código saudável.
Agora, graficamente, estamos assim:
você | v --W--*--*--*--G W: Último commit que estava funcionando. G: Commit bom. B: Commit ruim.
Com isso, o git inicia uma busca binária. Ele coloca você, por meio de um checkout no commit central entre o commit declarado e o commit atual. Nesse instante, você tem acesso ao commit e pode fazer testes para verificar se é nesse commit que encontra-se o bug. Você percebe que nesse commit ainda há erro. então você declara isso ao git.
$ git bisect bad
O git, então, posiciona você agora entre o último commit visitado e o commit tido como funcionando. Graficamente fica assim:
você | v --W--*--B--*--G W: Último commit que estava funcionando. G: Commit bom. B: Commit ruim.
Como falta apenas esse commit, o git já declara para você que este é o commit em que o bug foi inserido. Você pode analisar quais as alterações que ele faz e terminar a busca com o comando:
$ git bisect reset
O git reposiciona você para o último commit na pilha, mas agora você sabe o qual é o problema e pode consertar.