História Oral - Beatriz Vieira da Silva
Métodos e Técnicas
editarTítulo: “Da Cana-de-Açúcar às Torres de Concreto: A Jornada de uma Migrante Nordestina de Agrestina, Pernambuco para São Paulo”
Integrantes: Beatriz Vieira da Silva
O método escolhido para a realização desse trabalho foi o método "História de vida". Foi realizada uma entrevista não estruturada com uma única entrevistada, a Dona Emanuelina A entrevista foi realizada na cidade de São Paulo-SP utilizando-se de contato remoto por telefone.
OBJETIVO: “Preservar e documentar as lembranças de um indivíduo que experimentou o movimento de migração rural do estado de Pernambuco para a metrópole de São Paulo durante a década de 80 no Brasil.
Da Cana de Açúcar às Torres de Concreto: A Jornada de uma Migrante Nordestina de Agrestina, Pernambuco para São Paulo
editarA migração do interior de Pernambuco para a cidade de São Paulo é um fenômeno complexo e multifacetado, que tem moldado a vida de muitos indivíduos e comunidades ao longo das décadas. Este processo é impulsionado por uma variedade de fatores, incluindo a busca por melhores oportunidades econômicas, a fuga de condições adversas, como a seca, e o desejo de uma vida melhor especialmente durante o período de crescimento da construção civil e de obras de infraestrutura, é um capítulo significativo na história do Brasil. Este movimento populacional, impulsionado pela promessa de emprego e prosperidade, transformou não apenas a vida dos migrantes, mas também a paisagem urbana e social de São Paulo. Durante este período, São Paulo emergiu como um farol de esperança para milhares de nordestinos. A cidade, com seu ritmo acelerado e oportunidades aparentemente infinitas, prometia uma vida melhor para aqueles dispostos a trabalhar duro. A construção civil, em particular, oferecia empregos para aqueles sem formação formal, tornando-se um ímã para os migrantes.
A jornada de um migrante do interior de Pernambuco para São Paulo é muitas vezes cheia de desafios e incertezas. A adaptação à vida na metrópole, com seu ritmo acelerado e sua paisagem urbana densa, pode ser um choque cultural para aqueles acostumados com a vida em uma comunidade rural. No entanto, apesar desses desafios, muitos migrantes de Pernambuco encontram em São Paulo a oportunidade de construir uma nova vida, de realizar seus sonhos e de contribuir para a rica tapeçaria cultural e econômica da cidade.
Nesta discussão, exploraremos mais profundamente o processo migratório dos moradores do interior de Pernambuco para São Paulo, examinando suas motivações, suas experiências e o impacto dessa migração tanto em suas vidas individuais quanto na sociedade mais ampla. A escolhida para ser entrevistada é Emanuelina da Silva, de 68 anos residente da cidade de São Paulo que possui uma riqueza de recordações de sua vivência com relatos sobre sua jornada
Durante a minha juventude, em nossa casa na zona rural, no sertão do município de Agrestina, Pernambuco cercada por plantações de cana-de-açúcar e o som constante de galinhas e cabras nas pequenas fazendas A vida era simples, mas cheia de desafios. A falta de oportunidades e a seca constante tornavam a vida difícil.
A escola era uma pequena sala de aula na vila mais próxima, a uma hora de caminhada de casa. Apesar das dificuldades, ela valorizava a educação e se esforçava para aprender tudo o que podia. Consegui aprendera a ler e escrever. Os momentos de lazer eram poucos, mas muito apreciados. Eu e meus amigos banhávamos no riacho local, contando histórias sob as estrelas e sonhavam com o que o futuro poderia trazer. Ainda não tinha completado 18 anos quando, em setembro de 1989, decidi deixar Pernambuco e me estabelecer em São Paulo.
A motivação para essa mudança foi a severa seca e a fome que devastavam Pernambuco naquele período. Muitos dos meus conhecidos da região diziam que a capital paulista era um lugar promissor, com um ritmo de vida acelerado e mais oportunidades de emprego. Em Pernambuco, as vagas de trabalho eram escassas e, quando disponíveis, geralmente eram para atividades agrícolas. Por isso, optei por me mudar para São Paulo. Com uma pequena quantia de dinheiro que consegui economizar, embarquei em uma viagem com uma carona que um conhecido de meu pai me ofereceu que durou dois dias até chegar à capital paulista.
Quando vim para São Paulo, eu não estava com a documentação completa para trabalhar, então arrumei um serviço que não precisava de carteira assinada. Depois que consegui regularizar os meus documentos, entrei em um emprego formal na área têxtil, começando como costureira, sempre me dando bem com os colegas de trabalho. Tinha a Dona Rosa que entendia que minha adaptação em São Paulo foi muito difícil, a falta que eu sentia de Pernambuco era grande, mesmo tendo o apoio dos meus colegas de trabalho e frequentando casas de amigos do nordeste. Aqui na cidade grande, o ritmo de vida era muito mais rápido em comparação com o norte da Bahia, um ritmo ao qual tive que me acostumar, aprendendo na prática.
“A diferença entre a zona rural de Pernambuco e a cidade de São Paulo é como o dia e a noite. Em Pernambuco, a vida é mais lenta, as pessoas se conhecem e há uma forte conexão com a terra e a natureza. Em São Paulo, tudo é rápido, há pessoas de todos os lugares e a paisagem é dominada por prédios altos e ruas movimentadas.”
Eu sabia que São Paulo era uma cidade grande, mas não imaginava o quanto era diferente da minha terra natal. Eu me senti perdida e assustada, mas também curiosa e esperançosa. O processo de moradia aqui em São Paulo foi muito difícil. No começo, eu fiquei hospedada na casa de uma prima Maria que já morava aqui há alguns anos. Ela me ajudou a procurar um lugar para alugar, mas os preços eram muito altos e as condições eram muito precárias. Eu não tinha dinheiro suficiente para pagar um aluguel decente, então tive que me contentar com um quarto pequeno e mal iluminado em uma pensão no centro da cidade. Lá eu dividia o banheiro e a cozinha com outras pessoas, muitas delas também imigrantes do nordeste. Os alojamentos que eu vi aqui em São Paulo não eram construídos por empresas da construção civil, mas por pessoas que ocupavam terrenos vazios ou prédios abandonados. Eles faziam as suas próprias casas com materiais improvisados, sem nenhum planejamento ou segurança. Eles viviam em situação de risco e de vulnerabilidade, pois a qualquer momento podiam ser despejados pela polícia ou pelo dono do imóvel. Eu não queria morar em um lugar assim, pois tinha medo de perder tudo o que eu tinha conquistado com tanto esforço. Eu continuei morando com minha prima por alguns meses, até que eu consegui um emprego melhor na área têxtil. Eu fui promovida de costureira para supervisora, e com isso ganhei um aumento de salário. Eu aproveitei essa oportunidade para alugar um apartamento mais confortável e mais seguro em um bairro mais tranquilo. Eu me senti mais feliz e mais realizada, pois eu estava progredindo na minha carreira e na minha vida comecei a fazer novas amizades aqui em São Paulo, tanto com pessoas do nordeste quanto com pessoas de outras regiões do Brasil. Eu aprendi a apreciar a diversidade cultural e a riqueza de experiências que essa cidade oferece. Eu descobri novos lugares, novos sabores, novas músicas, novas formas de expressão. Eu me adaptei ao ritmo de vida da cidade grande, mas sem perder a minha essência de nordestina.
“ Eu ainda sinto saudades de Pernambuco, da minha família, dos meus amigos, da minha cultura. Eu sempre mantenho contato com eles, e sempre que posso eu vou visitá-los. Mas eu também me sinto em casa em São Paulo, pois aqui eu construí a minha história, a minha identidade, o meu futuro. Eu sou uma mulher migrante pernambucana que veio para a grande metrópole de São Paulo em busca de um sonho, e que conseguiu realizá-lo com muito trabalho, dedicação e coragem.’
Conclusão
editarNeste recorte em relatar uma tragetoria-pessoal objetivo que eu tive foi escolher minha avó paterna que viveu diversas experiências que até então o momento só foram momento passageiros, a princípio ela se sentiu como se não tivesse nada para falar sobre esse processo de deslocamento entre Pernambuco e a metrópole de São Paulo, mas quando acontecia a entrevista ela lembrou de diversas informações e acontecimentos que aconteceram com ela que ao terminar a entrevista disse foi muito bom lembrar as memórias fundas que já havia sido esquecido durante com o tempo passando. A realização desse trabalho foi bastante interessante, pois foi deixado um tema bastante livre do que poderia ser trabalhado.
Bibliografia
editarNACIONAL, Arquivo. Brasilianas: Manhã na Roça (1963). YouTube. 1 de fev. de 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=47ZDL71XVoY&t=225s&ab_channel=ArquivoNacional
SÃO PAULO, Governo Estadual. Museu do Imigrante. Brasileiros na Hospedaria: "O migrante quer morar" - a presença nordestina na luta por moradia na cidade de São Paulo. São Paulo, 2020. SILVA, Glauber Paiva. A Seca do Nordeste, Práticas Migratórias e suas Representação Musicografia Jackson do Pandeiro. Revista Rural e Urbano. Recife, 2019.