Introdução ao Budismo/História do Budismo



A história do Budismo desenvolve-se desde século VI a.C até o presente, começando com o nascimento de Siddhartha Gautama, o Buda histórico. Durante todo este período, a religião evoluiu à medida que encontrou diferentes países e culturas, acrescentando ao fundo indiano inicial elementos culturais oriundos do Helenismo, bem como da Ásia Central, do Sudeste asiático e Extremo Oriente. No processo, o Budismo alcançou uma expansão territorial considerável ao ponto de influenciar de uma forma ou de outra quase todo o continente asiático. A história do Budismo caracteriza-se também pelo desenvolvimento de vários movimentos e cismas, entre os quais se encontram as tradições Theravada, Mahayana e Vajrayana entre diversas outras.

A origem do Budismo: Siddhartha Gautama

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Príncipe Siddhartha. Gandhara, século 2-3. Musée Guimet, Paris.

Sidarta Gautama ou Siddhartha Gautama (em sânscrito सिद्धार्थ गौतम, transl. Siddhārtha Gautama, em páli Siddhāttha Gotama) foi um príncipe que viveu por volta de 563 a.C. até 483 a.C., no reino de Śākya — que hoje em dia seria parte da fronteira do Nepal com a Índia. Gautama era seu nome de família, que significa "a melhor vaca", e Siddhartha é uma junção do sânscrito Siddhi ("realização", "completude", "sucesso", "liquidação de um débito") e Artha ("alvo", "propósito", "meta"). Pode ser traduzido como "Aquele cujos objetivos são alcançados" ou ainda "Aquele que cumpriu a meta a que se propôs (na sua vida)".

Tendo levado uma vida pautada pelo luxo sob a protecção do seu pai, o rei de Kapilavastu (território mais tarde integrado no Império Magadha), Siddharta casou-se ainda jovem com Yassodhara, com quem teve um filho que foi chamado Rāhula ("obstáculo", em sânscrito). No entanto Siddharta tomando conhecimento das realidades do mundo, concluiu que a vida é sofrimento e aos 29 anos, decidiu deixar a vida palaciana para viver como um asceta na floresta. Praticou meditação e severas austeridades por 6 anos até que, aos 35 anos de idade, teve uma experiência religiosa à qual deu o nome de iluminação. A partir daí passou a ser conhecido como o Buda (Buddha, título honorífico em sânscrito que significa "Aquele que sabe", ou "Aquele que despertou"), mais especificamente como Buddha Śākyamuni ("o sábio dos Śākya").

 
Siddharta como asceta. Gandhara, século 2-3. Museu Britânico.

Viveu até os 80 anos de idade, transmitindo seus ensinamentos e conquistando uma grande legião de discípulos, monges ou leigos (sem ordenação monástica). Gautama foi contemporâneo de Mahavira com o qual, segundo fontes religiosas e históricas, travou alguns diálogos como opositores.

A sua relutância em nomear um sucessor ou em formalizar a sua doutrina levaria à formação de vários movimentos nos quatrocentros anos seguintes. Em primeiro lugar surgiriam as escolas do Budismo Nikaya, das quais só sobreviveu o Theravada, e mais tarde o Mahayana.

O Budismo primitivo

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Antes do patrocínio real de Asoka, o budismo parece ter sido um fenómeno marginal, pouco se conhecendo dos seus primeiros tempos. Dois importantes concílios tiveram lugar, embora o que saiba deles baseie-se em fontes posteriores.


O Primeiro Concílio Budista (século V a.C.)

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As cavernas Sattapanni de Rajgir serviram como local do Primeiro Concílio Budista.

O primeiro concílio budista ocorreu em Rajagriha pouco tempo depois da morte de Buda, sob o patrocínio de Ajatasatru, imperador de Magadha, tendo sido presidido por um monge chamado Mahakasyapa. O concílio tinha como objectivo registar os ensinamentos orais do Buda (sutra) e codificar as regras monásticas (vinaya). A Ananda, primo de Buda e seu discípulo, foi pedido que recitasse os discursos do Buda e outro discípulo, Upali, recitou as regras da vida monástica. Estes dois elementos constituem a base do cânone pali, referência de ortodoxia em toda a história do budismo.

O Segundo Concílio Budista (383 a.C.)

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O Segundo Concílio Budista foi convocado pelo rei Kalasoka, tendo decorrido em Vaisali, na sequência de conflitos entre escolas tradicionais do Budismo e um movimento de interpretação mais liberal conhecido como os Mahasamghikas. Para as escolas tradicionais, o Buda tinha sido um ser humano que alcançara o estado de iluminação e este poderia ser facilmente alcançado pelos monges seguindo as regras monásticas. Para os Mahasamghikas esta perspectiva era demasiado individualista e egoísta, propondo como verdadeiro objectivo o atingir do estado de budeidade. Tornaram-se proponentes de regras monásticas menos rígidas, que pudessem apelar a um maior grupo de pessoas.

Os Mahasamghikas seriam rejeitados durante o concílio, tendo estes se fixado durante vários séculos no noroeste da Índia e na Ásia Central, como mostram as inscrições Kharoṣṭhī datadas do século I d.C. encontradas perto do rio Oxus.

O proselitismo de Ashoka

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Ficheiro:Ashoka2.jpg
Rei Ashoka

O rei máuria Ashoka converteu-se ao Budismo após a conquista brutal que empreendeu do território de Kalinga (hoje Orissa), no este da Índia. Arrependido dos horrores provocados pelo conflito, o rei decidiu renunciar à violência e propagar a religião budista construindo estupas e pilares nos quais se apela à renúncia de toda violência contra as pessoas e os animais.

Este período corresponde à primeira expansão do Budismo para fora da Índia. De acordo com os pilares e as placas deixados por Ashoka ("Éditos de Ashoka"), foram enviados missionários a vários territórios situado a oeste, como o reino greco-bactriano. É também possível que estas missões tenham alcançado o Mediterrâneo, segundo inscrições em pedras deixadas por Ashoka.

O Terceiro Concílio Budista (c. 250 a.C.)

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O Terceiro Concílio Budista foi convocado por Ashoka em Pataliputra (Patna) por volta de 250 a.C., tendo sido presidido pelo monge Moggaliputta. O objetivo do concílio era tentar reconciliar as diferentes escolas budistas, purificar o movimento budista de facções oportunistas atraídas pelo patrocínio real e estabelecer as viagens de missionários budistas para todo o mundo.

O cânone pali (Tipitaka; em sânscrito Tripitaka, "os três cestos"), que compreende textos de referência do Budismo tradicional e que se considera ter sido transmitido pelo Buda, foi formalizado nesta ocasião. É composto pela doutrina (Sutra Pitaka), pela disciplina monástica (Vinaya Pitaka) e por um novo corpo de textos de carácter filosófico (Abhidharma Pitaka).

As tentativas de Ashoka de purificar o Budismo acabaram por produzir uma rejeição de movimentos budistas emergentes. Após 250 a.C., a escola Sarvastivada (rejeitada pelo Terceiro Concílio, segundo a tradição Theravada) e a escola Dharmaguptaka tornaram-se influentes no noroeste da Índia e na Ásia Central até a época do império dos Kushana nos primeiros séculos da era comum. A escola Dharmaguptaka caracterizava-se por acreditar que o Buda era um ser que estava separado e acima da comunidade budista, enquanto que a escola Sarvastivadin acreditava que o passado, o presente e o futuro coexistiam ao mesmo tempo.

O mundo helenístico

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Proselitismo budista nos tempos do rei Ashoka (260–218 AC).

Alguns do editos de Ashoka revelam o seu esforço em difundir o Budismo pelo mundo helenístico, que na época formava um espaço coeso que ia da fronteira da Índia à Grécia. Os editos mostram um claro entendimento da organização política do mundo helenístico: os nomes e a localização dos principais monarcas da época são indicados. Os monarcas helenísticos Antíoco II do reino Selêucida, Ptolomeu II Filadelfo do Egipto, Antígono Gonatas da Macedónia, Magas de Cirene e Alexandre II de Épiro são apresentados como alvos da mensagem budista.

Para além disso, de acordo com as fontes em pali, alguns dos emissários de Asoka eram monges budistas de origem grega, o que revela intercâmbios culturais entre as duas culturas.

 
Inscrição bilingue em grego e aramaico pelo rei Ashoka em Kandahar. Museu Cabul (clique na imagem para tradução completa em inglês).

Não se sabe até que ponto estes contactos podem ter sido influentes, mas alguns autores apontam para a existência na época de um certo sincretismo entre o pensamento helenístico e o budismo. É conhecida a existência de comunidades budistas em cidades do mundo helenístico como Alexandria e apontam-se influências do Budismo Theravada na ordem dos Therapeutae.

Expansão asiática

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Roda da Lei criada pelos Mons (Dharmachakra), arte de Dvaravati, c.século 8.

Nas regiões a este do subcontinente indiano (aquilo que corresponde atualmente ao Myanmar), a cultura indiana viria a influenciar o povo Mons. Este povo teria sido convertido ao budismo por volta de 200 a.C. graças à influência proselitista de Ashoka, antes do cisma entre o budismo Mahayana e o budismo Hinayana. Os templos budistas Mon mais antigos têm sido datados como pertencentes a um período entre o século I e o século V da era comum.

A arte budista dos Mons foi influenciada pela arte indiana do período Gupta e pós-Gupta, tendo o seu estilo maneirista se difundido pelo sudeste asiático em resultado da expansão do reino Mon entre os séculos V e VIII. A tradição Theravada espalhou-se pela região norte do sudeste asiático sob influência Mon até o século VI, quando começou a ser substituída pela tradição Mahayana.

O Budismo teria chegado ao Sri Lanka no século II a.C. devido à ação de um dos filhos de Ashoka, Mahinda, que por ali teria passado acompanhado por mais seis homens. O grupo teria convertido o rei Devanampiya Tissa e muitos nobres. Foi nesta época que foi construído o monastério de Mahavihara, centro da ortodoxia cingalesa.

A perseguição da dinastia Sunga

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A dinastia Sunga (185-73 a.C.) surgiu em 185 a.C., cerca de cinquenta anos depois da morte de Ashoka. Após ter deposto o rei Brhadrata (último representante dos Máurias), o militar Pusyamitra Sunga conquistou o trono. Sunga era um Brâmane ortodoxo que alegadamente era hostil ao Budismo, o qual teria perseguido. Segundo relatos, ele teria destruído mosteiros e mandado matar monges. Em locais como Nalanda, Bodhgaya, Sarnath e Mathura, grande parte dos mosteiros budistas teria sido convertida em templos hindus.

Interação greco-budista (século II a.C. - século I a.C.)

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Estátua greco-budista, uma das primeiras representações de Buddha, século 1-2, Gandhara.

Nas regiões a ocidente do subcontinente indiano, existiam reinos gregos na Báctria (norte do Afeganistão) desde o tempo da conquista de Alexandre Magno em 326 a.C. Cronologicamente, surgiria primeiro o reino dos Selêucidas e mais tarde o reino greco-bactriano (a partir de 250 a.C.).

O rei greco-bactriano Demétrio I invadiu a Índia até Pataliputra em 180 a.C., tendo estabelecido um reino indo-grego que duraria em partes do norte da Índia até o século I a.C..

O rei indo-grego Menandro I (rei entre 160-135 a.C.) teria se convertido ao Budismo. As moedas deste rei apresentam a referência "Rei Salvador" em grego e por vezes desenhos da "roda do Dharma". Após a sua morte, a honra de partilhar os seus restos mortais foi disputada pelas cidades que governou, tendo sido os seus restos colocados em estupas. Os sucessores de Menandro inscreveram a fórmula "Seguidor do Dharma" em várias moedas e retrataram-se realizando a mudra vitarka.

A interacção entre a cultura helenística e budista pode ter tido alguma influência sobre a evolução do Mahayana, pois esta tradição apresenta uma perspectiva filosófica e um tratamento do Buda como um deus que faz lembrar os deuses gregos. É também por esta altura que surgem as primeiras representações antropomórficas de Buda.

A ascensão do Budismo Mahayana

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Expansão do Budismo Mahayana entre os séculos 1-10 EC.

A ascensão do Budismo Mahayana a partir do século I a.C. está relacionada com as complexas mudanças políticas ocorridas no noroeste da Índia. Os reinos indo-gregos foram gradualmente aniquilados e a cultura destes absorvida pelos Citas e mais tarde pelos Yuezhi, fundadores do Império Kushana (12 a.C.).

Os Kushanas apoiaram o Budismo e um quarto concílio budista seria mesmo convocado pelo imperador Kanishka por volta do ano 100 a.C. em Jalandhar ou em Caxemira. Esta concílio está associado à emergência do Budismo Mahayana e à separação deste da tradição Theravada, que não reconhece a validade do concílio, o qual denomina como "concílio dos monges heréticos".

Kanishka teria juntado quinhentos monges em Caxemira, liderados por Vasumitra, para editar o Tripitaka.

Esta nova forma de Budismo caracterizava-se por tratar o Buda quase como um deus e pela ideia de que todos os seres possuem uma natureza de Buda.

A partir de então e no período de alguns séculos, o Budismo Mahayana floresceu e espalhou-se a este, da Índia ao sudeste asiático e em direcção à Ásia Central, China, Coreia e Japão (em 538).

Índia

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Após o fim do Império dos Kushanas, o Budismo floresceria na Índia durante a dinastia dos Guptas (séculos IV-VI). Vários centros do saber Mayahana seriam criados, como Nalanda no nordeste da Índia, que se tornaria umas das universidades budistas mais importantes durante vários séculos, com mestres conhecidos como Nagarjuna. O estilo gupta de arte budista tornou-se influente à medida que a religião se difundiu do sudeste asiático à China.

No século VII, o Budismo indiano começou a entrar em decadência em consequência das invasões dos Hunos Brancos e do Islão. No entanto, teria um renascimento durante a época do império Pala, entre os séculos VIII e XII.

Um dos acontecimentos mais marcantes na decadência do Budismo indiano ocorreu em 1193 com a destruição de Nalanda por povos túrquicos islâmicos liderados por Muhammad Khilji. No final do século XII, após a conquista islâmica do baluarte budista de Bihar, os budistas deixaram de ser uma presença significativa na Índia. Para o desaparecimento do Budismo também contribuiu o revivalismo hindu expresso através da escola Advaita Vedanta e no movimento Bhakti.

Apesar de ter nascido na Índia, o Budismo é hoje praticado em pontos isolados do país.

Centro e Norte da Ásia

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Ásia Central

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A Ásia Central esteve sob influência do Budismo provavelmente deste o tempo do Buda. Segundo uma lenda preservada em pali (a língua da tradição Theravada), dois irmãos mercadores da Báctria, Tapassu e Bhallika, visitaram o Buda e tornaram-se seus discípulos. Quando regressaram à Báctria construiram templos dedicados ao Buda.

A Ásia Central era, já há muito tempo, o ponto de encontro entre os mundos chinês, indiano e persa. Durante o século II a.C., a expansão da Dinastia Han para o ocidente fez com que entrassem em contacto com as civilizações helenísticas da Ásia. Depois disso, a expansão do Budismo para o norte levou à formação de comunidades e de reinos nos oásis da Ásia Central. Algumas cidades da Rota da Seda era compostas praticamente por estupas e mosteiros budistas, sendo provável que um dos seus objectivos seria acolher os viajantes entre este e ocidente.

O Budismo na Ásia Central entrou em declínio com a expansão do islão no século VII. Os muçulmanos não consideraram os budistas como "Povos do Livro" e consequentemente não os toleraram.

Bacia de Tarim

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A região oriental da Ásia Central (Xinjiang, Bacia de Tarim) tem revelado ricas obras de arte budista (pinturas murais, esculturas, objectos rituais...), que mostram influências helenísticas e indianas.

A Ásia Central parece ter desempenhado um importante papel na difusão do Budismo para o oriente. Os primeiros tradutores das escrituras budistas para o chinês eram naturais da Ásia Central (da Pártia, Sogdiana ou de Kushan). Os monges budistas da Ásia Central e do Extremo Oriente parecem ter estabelecido contactos culturais significativos, como mostram os frescos da Bacia de Tarim.

É provável que o Budismo tenha chegado à China por volta do século I d.C., vindo da Ásia Central (algumas tradições falam também de um monge budista que teria visitado o país no tempo de Asoka).

A introdução oficial do país à religião data de 67 d.C. com a chegada dos monges Moton e Chufarlan. Em 68, sob patrocínio imperial, eles estabeleceram o Templo do Cavalo Branco, que ainda existe hoje em dia, perto da capital imperial Luoyang. No final do século II, uma próspera comunidade budista existia em Pengcheng (actualmente Xuzhou).

Os primeiros textos conhecidos do Budismo Mahayana são traduções em chinês realizadas pelo monge Lokaksema em Luoyang, entre os anos de 178 e 189 d.C.. Os objectos mais antigos que se conhecem relacionados com o Budismo na China são "árvores de dinheiro", datadas de cerca de 200 d.C., reflectindo o estilo de Gandhara.

O Budismo na China floresceu no início da dinastia Tang. Esta dinastia caracterizou-se de início por uma forte abertura em relação a contactos com o estrangeiro, tendo se verificado entre os séculos IV e XI várias viagens de monges budistas chineses à Índia. A capital da dinastia, Changan (actualmente Xian), tornou-se um importante centro de pensamento budista. A partir dali, o Budismo chegaria à Coreia.

No entanto, no fim da dinastia Tang, as influências exteriores passaram ser mal encaradas. Em 845, o imperador Wuzong proibiu todas as religiões "estrangeiras" (Cristianismo nestoriano, Zoroastrismo e Budismo), com o objectivo de apoiar o Taoísmo. Ao longo do território, o imperador mandou confiscar os bens budistas e destruir templos e mosteiros.

Apesa disso, o Budismo Chan e o Budismo Terra Pura prosperaram durante alguns séculos. O Budismo Chan foi bastante importante durante a era da dinastia Sung, tendo os seus mosteiros funcionado como grandes centros do saber.

Hoje em dia, a China possui uma das mais importantes colecções de arte budista do mundo.

Coréia

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O Budismo chegou à Coreia em 372 d.C., quando embaixadores chineses visitaram o reino de Koguryo, trazendo consigo textos e esculturas. O Budismo viria a florescer na Coreia, em particular na sua forma Seon (Zen) a partir do século VII. A partir do século XIV, com o início da dinastia confucionista Yi o budismo seria discriminado e praticamente erradicado, com excepção do movimento Seon.

Japão

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O Buda de Kamakura (1252).

O Japão tomou contacto com o Budismo no século VI, quando monges coreanos viajaram até às ilhas levando consigo escrituras e obras de arte. No século seguinte o estado japonês adoptaria o budismo como religião oficial.

O facto de estar situado no fim da Rota da Seda faria com que o Japão preservasse muitos aspectos do budismo numa época em que este começava a desaparecer na Índia, Ásia Central e China.

A partir de 710 vários templos e mosteiros seriam construídos em Nara, entre os quais o pagode de cinco andares ou o templo de Kōfuku-ji. Sob patrocínio real seriam realizadas inúmeras estátuas e pinturas. A criação de uma arte budista japonesa ocorreria durante os períodos Nara, Heian e Kamakura.

Sudeste asiático

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Durante o século I d.C., o comércio na parte terrestre da Rota da Seda tendeu a restringir-se devido à ascensão no Médio Oriente da Pártia, um inimigo de Roma. Ao mesmo tempo, entre os Romanos crescia a procura por produtos de luxo de origem asiática. Esta procura reaviveu os contactos por mar entre o Mediterrâneo e a China, funcionando a Índia como intermediária. A partir desta altura, graças aos contactos comerciais e até mesmo intervenções políticas, a Índia passaria a influenciar o sudeste asiático. Rotas comerciais uniam a Índia com a Birmânia, com o sul e o centro de Sião e com a sul do Camboja e do Vietname.

Durante mais de mil anos a influência cultural da Índia foi um factor de unidade cultural entre os países da região. As línguas pali e sânscrita, o budismo Theravada e Mahayana, o bramanismo e o hinduísmo foram transmitidos à região através de contacto directo e de textos literários como o Ramayana e o Mahabharata.

Entre o século V e o século XIII, o Sudeste asiático conheceu impérios poderosos e tornou-se bastante activo nas tradições artísticas e arquitectónicas budistas. Dado que a influência vinha por via marítima a partir da Índia estes países acabariam por adoptar a tradição Mahayana.

Império Serivijaia

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O marítimo Império Serivijaia, centrado em Palimbão na ilha de Sumatra, Indonésia, adoptou o budismo nas suas formas Mahayana e Vajrayana por ordem dos soberanos Sailendra.

Este império difundiu a arte budista durante a sua expansão no sudeste asiático. As várias estátuas de Bodhisattvas que se encontram por toda a região datadas deste período caracterizam-se por um grande refinamento e sofisticação técnica. Um importante legado deste período é o templo budista de Borobodur, em Java, a maior estrutura deste tipo do mundo, cuja construção iniciou-se em 780.


Império Khmer (séculos IX-XIII)

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Entre os séculos IX e XIII o império Khmer, de religião budista Mahayana e hindu, dominou a maior parte da península do sudeste asiático. Sob o domínio Khmer, mais de novecentos templos budistas foram construídos no Camboja e na Tailândia. Angkor foi o centro deste desenvolvimento, com um complexo de templos e organização urbana capaz de suster um milhão de habitantes. Um dos reis Khmer mais importantes, Jayavarman VII, construiu grandes estruturas budistas em Bayon e Angkor Thom.

Na sequência da destruição do Budismo Mahayana na Índia no século XI, o budismo Mahayana entrou em declínio no sudeste asiático, sendo substituído pelo budismo Theravada difundido a partir do Sri Lanka.

Emergência do Budismo Vajrayana (século V)

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O Budismo Vajrayana, também conhecido como Budismo tântrico, surgiu em primeiro lugar no este da Índia entre os séculos V e VII d.C.. É por vezes visto como uma escola do Mahayana ou chamado como "terceiro veículo" do Budismo. O Vajrayana é uma extensão do Budismo Mahayana no sentido em que não oferece novas perspectivas filosóficas; em vez disso, introduz novas técnicas (upaya ou "métodos eficazes"), entre as quais se incluem o recurso às visualições e às práticas de ioga. Muitas das práticas do Budismo tântrico derivam também do bramanismo.

Os primeiros praticantes do Budismo Vajrayana eram homens que viviam nas florestas à margem da sociedade (mahasiddas), mas por volta do século IX o Vajrayana já se tinha introduzido em centros da tradição Mahayana. À semelhança do que sucedeu com os outros Budismos da Índia, o Vajrayana entrou em decadência com as invasões islâmicas do século XII. Esta forma de Budismo existe ainda hoje no Tibete, onde foi introduzido no século VII.

O renascimento do Budismo Theravada

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Expansão do budismo Theravada do século 11 EC.

A partir do século XI, a destruição do Budismo no subcontinente indiano, provocada pelas invasões islâmicas, levou ao declínio da tradição Mahayana no sudeste asiático. Uma vez que as rotas continentais pela Índia estavam comprometidas, desenvolveram-se novas rotas marítimas entre o Médio Oriente e a China que passavam pelo Sri Lanka. Em consequência, o Budismo Theravada acabaria por se difundir pela Ásia.

O rei Anawrahta, fundador do império birmanês, adoptou o Budismo Theravada como religião oficial. Este facto geraria a construção de milhares de templos budistas na capital, Pagan, entre os séculos XI e XIII. Cerca de dois mil deles ainda permanecem de pé. O poder dos Birmaneses decaiu com a ascensão dos Thai e com a tomada da capital pelos Mongóis em 1287; apesar disso, o budismo Theravada continua a ser a principal religião na Birmânia até hoje.

O Budismo Theravada foi também adoptado pelo recém-formando reino tailandês de Sukhothai por volta de 1260. Durante o período Ayutthaya (séculos XIV-XVIII) o budismo seria reforçado como religião, tornando-se parte integrante da sociedade tailandesa.

Na áreas continentais, a tradição Theravada continuou a sua expansão para a Laos e o Camboja no século XIII. No entanto, a partir do século XIV, nas regiões costeiras e nas ilhas do sudeste asiático cresceu a influência do islão, que se expandiu para a Malásia, Indonésia e na maior parte das ilhas até as Filipinas.

Contudo, desde os anos sessenta, o Budismo tem conhecido um renascimento na Indonésia devido em parte às políticas de Suharto que recomendavam aos indonésios a adopção de uma das cinco religiões tradicionalmente praticadas na Indonésia: Islamismo, Protestantismo, Catolicismo, Hinduísmo ou Budismo. Hoje em dia, estima-se que existam cerca de dez milhões de budistas na Indonésia, sendo grande parte deles de ascendência chinesa.

Expansão do Budismo no Ocidente

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Mapa da população budista atual, em números absolutos: em vermelho, países com elevado número de budistas; em rosa, países com número mediano de budistas

Após os encontros entre o Budismo e o Ocidente representados na arte greco-budista, um conjunto de informações e lendas sobre o Budismo chegaram ao Ocidente de maneira esporádica. Durante o século VIII, as histórias Jataka budistas foram traduzidas para o siríaco e o árabe como Kaligag e Damnag. Uma biografia do Buda foi traduzida para o grego por João de Damasco, acreditando-se que tenha circulado entre os cristãos como a história de Josafat e Baarlam. No século XIV, Josafat seria declarado santo pela Igreja Católica Romana.

O próximo contacto directo entre o Budismo e o Ocidente aconteceu na Idade Média quando o monge franciscano Guillaume de Rubrouck foi enviado como embaixador à corte mongol de Mongke pelo rei Luís IX de França. O encontro aconteceu em Cailac (actualmente no Cazaquistão), tendo o monge julgado que os budistas seriam cristãos perdidos.

O Budismo começou a despertar um interesse no público ocidental no século XX, após o fracasso de projectos políticos como o Marxismo. Nos anos 1970, o interesse pela realização pessoal substituiu os projectos políticos que visavam a mudar a sociedade. Neste contexto, o Budismo tem experimentado uma forte poder de atracção devido entre outros factores à falta de deidade e a uma certa centralidade da experiência individual.

Resumo

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  • A história do Budismo desenvolve-se desde século VI a.C até ao presente, começando com o nascimento de Siddhartha Gautama, o Buda histórico.
  • Durante todo este período, a religião evoluiu à medida que encontrou diferentes países e culturas, acrescentando ao fundo indiano inicial elementos culturais oriundos do Helenismo, bem como da Ásia Central, do Sudeste asiático e Extremo Oriente.
  • O fundador do Budismo foi Sidarta Gautama, um príncipe indiano que viveu por volta de 563 a.C. até 483 a.C., e sistematizou as quatro verdades nobres e o caminho óctuplo.
  • A sua relutância em nomear um sucessor ou em formalizar a sua doutrina levaria à formação de vários movimentos nos quatrocentros anos seguintes. Antes do patrocínio real do rei Asoka, o budismo parece ter sido um fenómeno marginal, pouco se conhecendo dos seus primeiros tempos.
  • O primeiro concílio budista ocorreu em Rajagriha pouco tempo depois da morte de Buda r tinha como objetivo registrar os ensinamentos orais do Buda (sutra) e codificar as regras monásticas (vinaya).
  • O segundo concílio budista foi oriundo dos conflitos entre escolas tradicionais do budismo, que pregavam que a iluminação poderia ser obtida via regras monásticas, e um movimento de interpretação mais liberal conhecido como os Mahasamghikas,que propunha como verdadeiro objetivo o atingir do estado de budeidade, através de regras menos rígidas.
  • O rei máuria Ashoka converteu-se ao Budismo após a conquista brutal que empreendeu na Índia. O rei tornou-se um grande incentivador e propagador do budismo e de viagens missionárias da religião.
  • O terceiro concílio budista foi convocado por Ashoka e tinha o objetivo de tentar reconciliar as diferentes escolas budistas, purificar o movimento budista de facções oportunistas atraídas pelo patrocínio real e estabelecer as viagens de missionários budistas para todo o mundo. O cânone pali, que compreende textos de referência do Budismo tradicional e é considerado ter sido transmitido pelo Buda, foi formalizado nesta ocasião.

Bibliografia e referências

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Específico

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