I-Temas e objetivo da aula editar

O tema da aula foi o jogo, porém sua análise, relacionando-o então com o texto "O brincar: construindo um conceito" , o objetivo por sua vez era relacionar os conceitos explicitados no texto com os jogos que eram desenvolvido no decorrer da aula.

II-Materiais e espaços utilizados editar

Materiais: Algumas cadeiras (para realizar o jogo do viúvo), e pedaços de pano (para jogar a cobra cega).

Espaços: Pista de dança do Clube de Regatas Saldanha da Gama.

III-Método didático editar

Aula prática do Módulo "FAFE´S II: JOGOS", é uma aula mais descontraída em que todos os alunos participam efetivamente, jogando os jogos que lhes são propostos sem deixar de lado a base conceitual que temos, visto que utilizamos os jogos para explicitar conceitos teóricos na prática.

IV-Apresentação do texto " Brincar construindo um conceito" Eliza Santa Roza editar

No início da aula apresentamos brevemente o texto "Brincar construindo um conceito" , por questão de tempo
apresentamos muito brevemente o texto, farei aqui um breve resumo, dando ênfase em conceitos-chave, que mais tarde serão relacionados com as atividades
exercidas em aula.
A autora começa nos mostrando a definição de brincar no dicionário, que dentre muitas definições temos uma que
auxilia muito a comparação que ela faz posteriormente entre jogar e brincar, nesta, o primeiro fica como algo mais
definido, pois alguns autores já o subdividiram em categorias, como jogos de azar, vertigem, competição e mimica,
como fez Callois em sua clássica definição; temos por sua vez o segundo como algo muito abrangente, a definição em
questão vem do dicionário Aurélio Buarque de Holanda que é " divertir-se infantilmente", sendo assim, podemos concluir
que toda vez que se joga se brinca, mas nem sempre o contrário é verídico. Após a comparação, Roza nos mostra que mesmo
os conceitos sendo diferentes nos mais diversos aspectos, temos algo que os une, este elo é o fenômeno do ludismo,
a palavra ludico deriva do latim ludus, que é uma palavra de significado muito amplo compreendendo jogos de regras,
competições, recreação, dentre outros tal fenômeno nos mostra uma união entre os dois conceitos.
A autora parte para uma tentativa de responder "o que é brincar?", começa citando Huizinga, que diz em sua obra que
a brincadeira é uma atividade universal, esta ideia de Huizinga foi/é amplamente aceita no mundo acadêmico. A grande
questão era a ideia de considerar o jogo como algo instintivo, como algo biológico, alguns autores como Callois eram
adeptos dessa ideia, Huizinga por sua vez, acreditava que o jogo era algo muito mais que biológico, considerando-o um
traço cultural, pois nem a intensidade nem a o poder de fascinação do jogo podem ser analisados por meio de uma análise biológica.
Roza, nos mostra também a diferença entre os termos "fantasia" e "imaginação", o primeiro sendo uma atividade imaginativa,
e o segundo como uma "fantasia desenfreada", como algo puramente mental capaz de relacionar representações.
Após a diferenciação entre "fantasia" e "imaginação", Roza aponta as características formais do jogo, aproximando-o
do conceito de fenômeno lúdico de Huizinga. Roza inicia sua comparação, explicitando o carater de liberdade encontrado
no jogo, que pode ser considerado um fenômeno lúdico. O jogo também pode ser caracterizado como uma "válvula de escape"
da vida, uma fuga em certo ponto, e que só pode acontecer com uma finalidade "egoísta" do prazer que ela traz. O jogo é
uma atividade não-séria, que absorve o jogador ao máximo, seria como um hiato da vida cotidiana, sem nenhum interesse
material ou imediato. O jogo tem um "espaço e tempo" definido, ele possui um início, uma duração e um fim, este podendo
ser previamente estipulado ou partindo do lúdico. O jogo tem regras, esta é outra característica, o jogo pode ser considerado
um "estado de perfeição", e esse só é possível devido às regras. Pode-se considerar o jogo como uma atividade que o tempo
todo as regras são tensionada pelos jogadores, essa tensão intimamente ligada ao acaso ( Alea ) é intrínseca ao ato do jogo, e testa
o jogador em vários aspectos, como o psicológico e o técnico por exemplo.
Usando essas características dos jogos Huizinga desenvolve sua tese à respeito do jogo como a base da civilização apontando
o lado lúdico de costumes sagrados, ritos religiosos, culturas arcaicas, e com base nisso supõe que talvez o jogo seja um
precursor da cultura, como se o jogo fosse o "átomo" da civilização, realmente tudo fosse um jogo. Huizinga estudava várias
culturas, analisando-as como um grande emaranhado de informações que lhe servia de variáveis, porém o jogo é analisada como uma
constante nas mais diversas culturas. Ao identificar as características do jogo, Huizinga fez um paralelo com a cultura desde a
antiguidade, dizendo que esta manifesta-se como jogo, a cultura não é um jogo, porém a sua manifestação o é. Citamos Huizinga,
sempre pela perspectiva de Roza, já que o lemos à partir desta autora.



V-Descrição das atividades editar

  • Pega-pega: Jogo onde uma pessoa é o "pegador", tem como objetivo encostar em outra pessoa que torna-se o novo pegador. No decorrer do jogo existiram variações , como por exemplo pega-pega do animal ( onde as pessoas imitavam animais para pegar as outras ) , depois 2 pessoas como pegadores , depois todos tinham que ficar com apenas 1 pé no chão , ou seja , foi ocorrendo gradativamente uma sofisticação do jogo .
  • Cada macaco no seu galho: Novamente o "pegador" tem como objetivo encostar nas outras pessoas, porém, as pessoas podem se defender subindo umas nas outras e assim tornam-se "impegáveis", quando todos os participantes estiverem imunes, o "pegador" grita : "CADA MACACO NO SEU GALHO", depois disso, as pessoas descem e o jogo recomeça.
  • Batatinha frita um, dois, três: Um jogador contra todos, chamaremos o jogador sozinho de "js", o "js" fica de costas para as outras pessoas que estão longe dele, o objetivo das "pessoas" é alguém pegar o "js", porém, ele tem um "poder" no jogo, que é "paralisar as pessoas" toda vez que ele diz: " batatinha frita um, dois, três!" ele se vira para as pessoas, as observa afim de ver alguma pessoa se mexendo, caso veja essa pessoa volta para o início.
  • Cabra cega: O jogo consiste em uma ou mais pessoas como as "cabras cegas", cegas porque são vendadas e tem que "pegar" as outras pessoas que não estão vendadas.
  • Jogo do viúvo: Uma pessoa é o "viúvo" no jogo, o jogo é realizado com cadeiras formando um círculo para que o "viúvo" tenha campo visual para piscar para os jogadores que estão sentados. O "viúvo" pisca para os sentados, os sentados por sua vez, tem que levantar rapidamente e sentar na cadeira que está na frente do "viúvo". O jogador que está de pé atrás dos jogadores sentados, tem como objetivo segurar a pessoa que está sentada na sua frente. Se algum jogador sentar na frente "viúvo", o jogador que fica "sem par" é o novo "viúvo".


VI-Conclusão editar

A partir do discutido acima podemos concluir na questão entre o que é jogo e o que é brincadeira, um ponto muito delicado para ser discutido
visto que existem inúmeras vertentes afim de responder tal pergunta.
Existe um ponto comum entre o jogo e a brincadeira, este muito bem apontado por Roza, o fenômeno do ludismo, que por ser muito abrangente
engloba ambos conceitos.
O conceito de brincar e as mais diversas análises do jogo em nossas vidas, geram uma série de reflexões, como por exemplo, será que as relações
que temos uns com os outros são um jogo, como diria Sartre? Ou será que oscilamos entre o "estado de jogo" e um estado de "não jogo", como diria Henriot?
E até que ponto devemos "tensionar" as regras do jogo da vida?
Os jogos dados em aula são predominantemente de Ágon, ou seja, um jogo de competição, mas em parte de Alea, pois o caráter aleatório está presente nos
jogos de pega assim como na maioria deles.
Outro ponto importante, talvez o mais importante é entender o jogo como algo que veio antes da cultura, logo o jogo transcende a barreira de ser somente
regras e torna-se objeto de estudo mais profundo, pois o jogo quando analisado sob o ponto de vista de Huizinga, é algo mais complexo que somente um conjunto
de regras. O fenômeno lúdico talvez seja mais "crucial", pois abrange muitos outros aspectos da cultura.