Laboratórios do Comum
Local
editarDisciplina eletiva da graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Guarulhos-SP, Bairro dos Pimentas, Estrada do Caminho Velho, 333.
Professor Responsável: Prof. Dr. Henrique Zoqui Martins Parra.
contato: henrique [arroba] pimentalab.net
Período e Carga Horária
editarLocal: Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Quando: 1° semestre de 2019, 15 sessões. Quartas-feiras (vespertino e noturno)
Carga horária total: 60 horas, 4 créditos
Ementa
editarTemos investigado um conjunto de práticas que se realizam através da criação de arranjos sociotécnicos alternativos, onde uma certa produção do comum pode emergir. Essas ações dão forma ao que temos denominado "política do protótipo", portadora, simultaneamente, de um modo de conhecer e um modo de agir politicamente. Pensamos numa prática orientada para a passagem de um saber-poder governar para um saber-fazer habitar, baseada no reconhecimento da potência da situação. Interessa-nos também, analisar os processos de criação das infraestruturas e dos conhecimentos (contra-expertise) que dão forma às comunidades que lutam e produzem o Comum (um fazer-bairro, um fazer-cidade, um fazer-cuidado...). Neste percurso, partimos de um saber situado, feito de uma produção de interdependências, tecnologias de pertencimentos que entrelaçam corpos, territórios e tecnologias da informação. O programa do curso promove um diálogo teórico entre os estudos sociais em ciência e tecnologia e a sociologia política, tendo como fio condutor as relações entre o desenvolvimento de arranjos sociotécnicos e as dinâmicas de reprodução e mudança social. As composições entre tecnologia e política - tecnopolítica - são aqui compreendidas sob uma dupla articulação: tecnologias enquanto o resultado de uma construção política, mas também como portadoras de modos específicos de associação e de configurações de mundo.
Objetivos
editar- Apresentar o debate dos estudos sociais em ciência e tecnologia em torno da construção social da tecnologia e dos modos de associação e agência relativos à mediação técnica.
- Problematizar aspectos tecnopolíticos na construção dos regimes de conhecimento, no exercício do poder e nos modos de subjetivação.
- Problematizar a relação entre práticas e modos de conhecer, as tecnologias digitais e a emergência do Comum e do Transindividual.
- Investigar experiências de produção tecnopolítica alternativas.
Conteúdo Programático
editar- Sociologia da tecnologia e das relações tecnicamente mediadas.
- Investigações tecnopolíticas: cidade e infraestruturas; informatização e tecnologias digitais de comunicação; corpo; modos de conhecer.
- Laboratório do Comum e Transindividual
Metodologia de Ensino
editar- Seminários
- Aulas expositivas
- Pesquisa e laboratórios de campo
- Análise de experiências empíricas
- Produção de documentação colaborativa em plataformas online.
Avaliação processual e atividades
editar- Seminários
- Frequência (mínima 75%).
- Documentação coletiva: produção de portfolio com publicações em plataforma própria.
- Trabalho em grupo a partir de problema construído no campo de pesquisa.
Cada grupo irá desenvolver um projeto de pesquisa com vista à criação de um protótipo de um arranjo sociotécnico voltado à produção do comum no seu campo/tema de investigação. Os grupos terão de 3 a 5 pessoas e serão formados nas primeiras aulas a partir da construção de problemas comuns.
Cronograma
editarAula 1 - 27-2 - Apresentação e organização do curso
editar- apresentação da proposta teórica e prática do curso
- discussão coletiva e trabalhos em grupo
- mapeamento inicial
- construção dos acordos e modo de funcionamento do curso.
A definir:
- tecnologia de comunicação
- plataforma de documentação do semestre.
Aula 2 - 13-3 - Laboratórios do Comum e Comunidades de Afetados
editarLeitura para aula
LAFUENTE, Antonio; CORSÍN JIMÉNEZ, Alberto. Comunidades de atingidos, o comum e o dom expandido. Revista Galáxia, São Paulo, n. 21, p. 10-25, jun. 2011. http://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/view/6257
LAFUENTE, Antonio. Sentidos de um laboratório cidadão: https://pimentalab.milharal.org/2017/12/12/sentidos-de-um-laboratorio-cidadao-por-antonio-lafuente/
Complementar
LAFUENTE, Antonio. Laboratorio Sin Muros, 2008: http://digital.csic.es/handle/10261/2899
PARRA, H. Z. M.; FRESSOLI, Mariano.; LAFUENTE, Antonio. (Org.). Dossie: Ciência Cidadã e Laboratórios Cidadão/ Citizen Science and Citizen Labs (pt/en/es). LIINC EM REVISTA, v. 13, p. 1, 2017. http://revista.ibict.br/liinc/issue/view/244
Aula 3 - 20-03 - Feminismo e a Política do Comum
editarLeitura indicada
FEDERICI, Silvia. Sobre o feminismo e os comuns. Disponível em: https://www.editoraelefante.com.br/federici-sobre-o-feminismo-e-os-comuns/
Materiais complementares utilizados em sala:
Dolores Hayden: feministas materiales; tomar el poder sobre la reproducción social: casa, barrio, ciudad: https://arquitecturacontable.wordpress.com/2017/10/14/dolores-hayden-feministas-materiales/
Links selecionados: https://links.fluxo.info/bookmarks/polart/feminismo
Aula 4 - 27-03 – Potencia da situação: do governar ao habitar
editarLeitura principal:
FERNÁNDEZ-SAVATER, Amador. Do paradigma do Governo ao paradigma do Habitar: uma mudança de cultura política. https://outraspalavras.net/sem-categoria/nova-cultura-politica-paradigma-do-habitar/
Leitura complementar:
FERNÁNDEZ-SAVATER, Amador. Crisis de la presencia. Una lectura de Tiqqun. https://carnenegra.com/2015/10/03/crisis-de-la-presencia-una-lectura-de-tiqqun/
FERNÁNDEZ-SAVATER, Amador. A revolução como problema técnico. De Curzio Malaparte ao Comité Invisível. 2016. http://www.revistapunkto.com/2016/02/a-revolucao-como-problema-tecnico.html
Aula 5 - 03-04 – A produção do Comum
editarLeitura sugerida HARDT, M.& NEGRI, A. Bem Estar Comum. Rio de Janeiro: Record, 2016. Capítulos:
-De Homine 1: Razão biopolítica.
-Metamorfoses da composição do capital.
Leitura Complemenar: NEGRI, Antonio. O Comum como modo de produção. https://laboratoriodesensibilidades.wordpress.com/2016/10/28/o-comum-como-modo-de-producao-antonio-negri/
Aula 6 - 10-04 – O Comum como Princípio Político
editarLeitura indicada:
DARDOT, P. & LAVAL, C. Propriedade, apropriação social e instituição do comum. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 27, n. 1, 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0103-207020150114
LAVAL, Christian. Os usos intelectual, social e político do comum. In. BARROS,J.; COSTA, A; RIZEK,C. Os limites da acumulação, movimentos e resistência nos territórios. São Carlos: IAU/USP, 2018. Disponível em: https://share.riseup.net/#R6cqxNsHNdlJCeEm0K7k4g
Leitura Complementar
DARDOT, P. & LAVAL, C. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. São Paulo: Boitempo, 2017. (capítulos indicados)
Aula 7 - 17-04 – Pesquisa situada, vulnerabilidade e precariedade
editarLARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n°19, 2002. Disponível em: http://www.redalyc.org:9081/home.oa?cid=93572 ou : http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pd
- Oficina de Projeto e Documentação com Ana Letícia Silva.
- Avaliação coletiva da disciplina
Complementar
COLECTIVO PRECARIAS A LA DERIVA. A la deriva. Por los circuitos de la precariedade femenina: https://www.traficantes.net/sites/default/files/pdfs/A%20la%20deriva-TdS.pdf
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas - Notas para uma teoria performativa de assembleia. Ed Civilização Brasileira, 2018.
Aula 8 - 24-04 – Investigar, fazer e construir: tecnologias do comum
editarLeitura sugerida
PARRA, Henrique. Potência da situação: reticulação, protótipos e mesopolítica https://pimentalab.milharal.org/2018/12/30/potencia-da-situacao/
Complementar
MANZINI, Ezio. Quando todos fazem design. São Leopoldo: UNISINO, 2017.
ANASTASSAKIS, Zoy. Laboratório de Design e Antropologia: preâmbulos teóricos e práticos. Arcos Design. Rio de Janeiro, V. 7 N. 1, Julho 2013, pp. 178-193, ISSN: 1984-5596; http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/arcosdesign
Aula 9 - 08-05 – Corpo, Saúde, Comum
editarLeituras:
LORDE, Audre. A Transformação do silêncio em linguagem e ação. Disponível em: https://www.geledes.org.br/a-transformacao-do-silencio-em-linguagem-e-acao/
HOOKS, Bell. Ensinando a Transgredir. Capítulo: "A teoria como prática libertadora". São Paulo: Martins Fontes, 2013. Disponível em: https://pedropeixotoferreira.files.wordpress.com/2017/10/hooks_2013_ensinando-a-transgredir_book.pdf
Materiais complementares:
- O silêncio sobre o zika oprime as mulheres: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/04/opinion/1556979981_767326.html
- Sobre o ritual-celebração Kwanzaa: https://en.wikipedia.org/wiki/Kwanzaa
- TEIXEIRA, Ricardo. As dimensões da produção do comum e a saúde. Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, p.27-43, 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902015S01003
Aula 10 - 15-05 – O Comum Urbano
editarMIRAFTAB, Faranak. Insurgência, planejamento e a perspectiva de um urbanismo humano. Conferência de Abertura do IV World Planning Schools Congress, realizada no Rio de Janeiro, em 3 de julho de 2016. Tradução de Ester Limonad: https://doi.org/10.22296/2317-1529.2016v18n3p363
Complementar:
HARVEY, D. O direito à cidade. Lutas sociais, n. 29, p. 73–89, 2012. https://www4.pucsp.br/neils/downloads/neils-revista-29-port/david-harvey.pdf
Madrilonia.org. La Carta de los Comunes. Para el cuidado y disfrute de lo que de todos es. Madrid: Traficantes de Sueños. https://www.traficantes.net/sites/default/files/pdfs/La%20Carta%20de%20los%20Comunes-TdS.pdf
Aula 11 - 22-05 – Infraestruturas, tecnologias digitais e o Comum
editarCOMITE INVISIVEL. Cap.IV O poder é logístico, Bloqueemos tudo! In. Aos Amigos. Ed. N-1. 2016. Versão lusitana disponivel em: https://we.riseup.net/assets/401437/COMITE+INVISIVEL+Aos+Nossos+Amigos%2C+Crise+e+Insurrei%C3%A7%C3%A3o+%282014%29.pdf
Complementar:
BENKLER, Yochai. A Riqueza das Redes – Como a produção social transforma os mercados e a liberdade. London: Yale University, 2006. Versão em portugues em processo de tradução: Leitura sugerida capítulo 1: http://cyber.law.harvard.edu/wealth_of_networks/A_Riqueza_das_Redes_-_Cap%C3%ADtulo_1
BAUWENS ,Michel. A Economia Política da Produção entre Pares: http://p2pfoundation.net/A_Economia_Pol%C3%ADtica_da_Produ%C3%A7%C3%A3o_entre_Pares
AMADEU, Sergio (org.) A comunicação digital e a construção dos commons: redes virais, espectro aberto e as novas possibilidades de regulação. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2007.
HELFRICH, Silke (org.).Genes, bytes y emisiones: Bienes comunes y ciudadanía (capítulos selecionados)
Aula 12 - 29-05 – Laboratórios do Pós-Catástrofe
editarSTENGERS, Isabelle. No Tempo das Catástrofes. São Paulo: CosacNaif, 2015
CASTRO, E.V. & DANOWSKI, Deborah. Há um mundo por vir? Ensaios sobre o medo e o fim. Rio de Janeiro: Travessa, 2014.
Aula 13 - 05-06 – Congresso Acadêmico Unifesp
editarPropor atividade do nosso laboratório.
Aula 14 - 12-06 – Aula com Antonio Lafuente
editarESTALELLA, Adolfo; ROCHA, Jara; LAFUENTE, Antonio. Laboratorios de procomún: experimentación, recursividad y activismo. Revista Teknokultura, (2013), Vol. 10 Núm. 1: 21-48. http://revistas.ucm.es/index.php/TEKN/article/view/48053/44930
LAFUENTE, Antonio. Los laboratorios ciudadanos y el anarchivo de los comunes https://www.academia.edu/14834106/Los_laboratorios_ciudadanos_y_el_anarchivo_de_los_comunes
LAFUENTE, Antonio. Los cuatro entornos del procomun. 2007. https://www.academia.edu/22057248/Los_cuatro_entornos_del_procom%C3%BAn
LAFUENTE, Antonio & CANCELA, Mariana. Como hacer un prototipo http://laaventuradeaprender.educalab.es/documents/10184/64755/Como-hacer-un-prototipo.pdf
Aula 15 - 19-06 - Apresentação dos trabalhos realizados
editarAtividades externas programadas
editar(em processo de definição) Realizaremos algumas visitas a experiências e espaços na região metropolitana de São Paulo que estão desenvolvendo práticas relacionadas ao campo de estudo e investigação da disciplina.
As visitas serão realizadas aos sábados pela manhã.
Bibliografia
editarBibliografia inicial
editarANASTASSAKIS, Zoy. Laboratório de Design e Antropologia: preâmbulos teóricos e práticos. Arcos Design. Rio de Janeiro, V. 7 N. 1, Julho 2013, pp. 178-193, ISSN: 1984-5596;http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/arcosdesign
BENAKOUCHE, Tamara . Tecnologia é Sociedade: contra a noção de impacto tecnológico. Cadernos de Pesquisa, no. 17, Setembro 1999.
DARDOT, P. & LAVAL, C. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. São Paulo: Boitempo, 2017.
FERREIRA, Pedro. Reticulações: ação-rede em Latour e Simondon. Revista EcoPos, v. 20, n. 1 (2017): https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/view/10406/7900
HARDT, M.& NEGRI, A. Bem Estar Comum. Rio de Janeiro: Record, 2016.
LAFUENTE, Antonio; ESTALELLA, Adolfo. Modos de ciência: pública, abierta y común. In: ALBAGLI, S.; MACIEL, Maria Lucia; ABDO, Alexandre Hannud. (Org.). Open Sciences, open issues. 1ed.Rio de Janeiro: , 2015, v. 1, p. 121-142. Disponivel em: http://http/livroaberto.ibict.br/handle/1/1061 Acesso em 10/07/2017.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaios de uma antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2010.
HARAWAY, Donna. Manifesto Ciborgue. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
MARCUSE, Herbert. Algumas implicações sociais da tecnologia moderna. In: KELLNER, Douglas (Org.). Tecnologia, guerra e fascismo. São Paulo: Ed. UNESP, 1999. p. 71-104.
PARRA, H. Z. M.; FRESSOLI, Mariano.; LAFUENTE, Antonio. (Org.). Dossie: Ciência Cidadã e Laboratórios Cidadão/ Citizen Science and Citizen Labs (pt/en/es). LIINC EM REVISTA, v. 13, p. 1, 2017. http://revista.ibict.br/liinc/issue/view/244 Santos, Laymert Garcia. Politizar as novas tecnologias: o impacto sócio-técnico da informação digital e genética. São Paulo: Ed. 34, 2003.
STENGERS, Isabelle. No Tempo das Catástrofes. São Paulo: CosacNaif, 2015
WINNER, Langdon. Artefatos têm Política? (tradução Fernando Manso). “Do artifacts have politics?” In. The Whale and the Reactor: a search for limits in an Age of High Technology. Chicago: The University of Chicago Press, p.19-39.
Materiais Complementares
editarGuias - Ciência Cidadã - Como reivindicar (os Comuns): http://laaventuradeaprender.intef.es/guias/ciencia-ciudadana
Coleção Txts Inspirações
editarFERNÁNDEZ-SAVATER, Amador. A revolução como problema técnico. De Curzio Malaparte ao Comité Invisível. 2016. http://www.revistapunkto.com/2016/02/a-revolucao-como-problema-tecnico.html
LAFUENTE, Antonio. Hay que prototipar dispositivos de escucha para incorporar la complejidad (entrevista a Antonio Lafuente). http://bloginteligenciacolectiva.com/prototipar-dispositivos-escucha-incorporar-la-complejidad-entrevista-antonio-lafuente/
LAMA, José Pérez de. Revisitando a Iván Illich: convivencialidad, tecnologías, instituciones. 2015. https://arquitecturacontable.wordpress.com/2018/07/06/revisitando-a-ivan-illich-convivencialidad-tecnologias-instituciones/
ROLNIK, Suely. A hora da micropolítica. https://www.goethe.de/ins/br/pt/m/kul/fok/rul/20790860.html
STENGERS, Isabelle. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 69, p. 442-464, abr. 2018. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p442-464
HARAWAY, Donna. Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno:fazendo parentes. ClimaCom Cultura Científica - pesquisa, jornalismo e arte Ι Ano 3 - N. 5 / Abril de 2016 / ISSN 2359-4705