Latim: Análise sintática



A análise sintática é um elemento fundamental para a leitura de um texto latino. Consiste em identificar as formas de cada palavra, delas deduzir seu sentido e, finalmente, "montar" o sentido de toda uma frase. Primeiro, analisa-se os verbos, depois os nomes.

Os nomes são as palavras nas qual procuraremos identificar gênero, número e caso. São nomes os substantivos, adjetivos e pronomes; como veremos, não existe artigo em latim.

Frases com o verbo SVM

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O verbo sum, "ser", estabelece simplesmente uma identidade entre dois termos: um deles é o sujeito e o outro, o predicativo do sujeito.


  • Ego sum Marcus.

Eu sou Marco.

Começamos a análise pelo verbo, que aqui é sum. Está na primeira pessoa do singular; seu sujeito deve estar na mesma pessoa e número; no caso, ego cumpre essa função. Então temos: eu sou. Quem, ou o quê, é o "eu" desta frase? A resposta é o predicativo do sujeito: Marcus. Portanto, "eu sou Marco".


  • Iulius est Romanus.

Júlio é um romano.

O verbo aqui é est, a terceira pessoa do singular de sum. Algo ou alguém é; procuramos o sujeito, e encontramos Iulius. Portanto, Júlio é algo ou alguém, e isso é expresso pelo predicativo do sujeito: Romanus. Não há artigo em latim; toda vez que encontramos um substantivo, portanto, devemos escolher entre o artigo definido ou indefinido do português, ou não usar nenhum dos dois.

Até agora, deixamos "Marco" e "Júlio" sem artigo; nesta frase, porém, usar o artigo indefinido também é possível. Então: "Júlio é romano" ou "Júlio é um romano".


  • Est urbs: Roma.

Há uma cidade: Roma.

Nas frases anteriores, usamos uma ordem de palavras incomum em latim. Esta, porém, é comum, e constitui um caso especial. Quando o verbo sum aparece na terceira pessoa, no começo de uma oração, significa "há, existe". Então, no caso, "há". O que há? "Vrbs", "uma cidade". Perceba que aqui, novamente, introduzimos o artigo indefinido. E "Roma"? Aqui ela está numa função sintática semelhante ao predicativo: o aposto (não confunda com "eu aposto", do verbo apostar, que tem "o" aberto). Um aposto é uma explicação, uma caracterização de alguma outra palavra. Neste exemplo: "Há uma cidade: Roma".

Frases com outros verbos

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  • Librum lego.
  • Iulium Tulia amat.
  • Marcus Romam it.

Um livro (eu) leio.
A Júlio Túlia ama.
Marco a Roma vai.

Em latim, a função sintática de um nome não depende de sua posição na frase, como em português. Ela é indicada pelo caso.

Há cinco casos principais; nas frases acima, temos dois deles. As palavras ego, Marcus, Iulius, Romanus, urbs, Roma e Tulia estão no chamado nominativo.

O nominativo é, de maneira geral, o caso do sujeito. Perceba a relação entre nominativo e a palavra nomen, "nome". O nominativo também pode ser o caso do predicativo e do aposto. Estas funções sintáticas sempre estão no mesmo caso da palavra que acompanham; assim, em Iulius Romanus est, Iulius, o sujeito, está no nominativo por ser o sujeito, e Romanus está no nominativo porque, sendo um predicativo, está acompanhando o sujeito.

Os demais nomes usados nos exemplos são librum, Iulium e Romam. Estão todos no caso acusativo. O acusativo expressa a direção da ação verbal; normalmente, isso significa que sua função sintática é a de objeto direto.


  • Librum lego.

Um livro (eu) leio.

Como sempre, começamos a análise pelo verbo. Aqui, é lego. Você verá que todos os verbos, exceto sum, têm como marca da primeira pessoa do singular a terminação O. Lego, então, é a primeira pessoa do singular de um verbo; ele significa "ler". "Eu leio"; o que leio? Para qual objeto direciono minha ação de ler? Um livro: nominativo liber, acusativo librum. Aqui, a palavra está no acusativo, porque é o alvo da ação. Então: "eu leio um livro" ou "eu leio o livro".


  • Iulium Tulia amat.

A Júlio Túlia ama.

Aqui o verbo, amat, termina com T, como est; também está na terceira pessoa do singular. Alguém ama alguém; se após identificar o verbo lermos a frase do começo, encontramos Iulium.

A terminação do acusativo é M (veja librum, acima); aqui, então, Iulium está no acusativo. Podemos ter certeza de que, na frase, Júlio não é quem ama e sim quem é amado. É o objeto, a direção da ação de amar. até por isso escrevemos, acima, "a Júlio", para não pensarmos depois que ele era o sujeito. E quem é, então? Tulia, que está no nominativo. Então: "Túlia ama Júlio".


  • Marcus Romam it.

Marco a Roma vai.

O verbo termina com T? É uma terceira pessoa do singular, então. Resta ver o significado. Assim como sum/est, este é um verbo irregular: eo/it. Significa "ir". Seu sujeito, no nominativo, é Marcus; "Marco vai". Para que direção ou destino? Romam, para Roma. "Marco vai a Roma".