Memórias da resistência (2014)
Escrito por Bárbara Ferreira Martuchi
Escrito por Débora Medeiros Caccia
Escrito por Gabriella Maria Maziero Narduci
Escrito por Gabriela Bedendo Amaro
Ficha Técnica
editarTítulo do Filme: Memórias da Resistência
Ano: 2014 País: Brasil
Gênero: Documentário
Duração: 01:08:44h
Direção: Marco Escrivão
Roteiro: Marco Escrivão
Fotografia: Vitor Bolleti e Thiago Nassif
Trilha sonora: Bernardo Marques Alves e Alexandre Scarpelli
Elenco original: Entrevistados: Ex-membros da FALN – Ribeirão Preto, Ex-moradores do Crusp-SP, Ivan S., Rafaela L., Cleiton O., José Alves S., Lemes Carlos S., Tito Bellini.
Produção: Pedro Russo
Idioma original: PT- BR
Dinâmica da Narrativa
editarIdeia Inicial - História
editarO filme conta uma história. Sobre quem?
editarO filme apresenta a história por trás dos documentos e fichas perdidas do DOPS encontrados em uma fazenda abandonada no interior de SP por um estudante de História em agosto de 2007. (Bárbara Martuchi)
O documentário Memórias da Resistência, vai contar a história de documentos da ditadura
militar, especificamente do Departamento de Ordem Política e Social (DOPs) achados em
uma fazenda sobre a atuação política da guerrilha das Forças Armadas da Libertação
Nacional (FALN) e da resistência política na moradia estudantil dos alunos da USP
(CRUSP) e a entrevista e depoimento de ex-presos políticos que participaram da resistência
ao regime ditatorial que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. (Debora Medeiros)
O filme conta a história de estudantes moradores da CRUSP que foram torturados pela ditadura militar em dezembro de 68 a partir de documentos antigos do DOPS encontrados em uma fazenda na cidade de Jaborandí por um estudante de História e cortador de cana do local Cleiton Oliveira. (Gabriella Narduci)
- O documentário "Memórias da Resistência", trata-se de um retrato do período ditatorial civil-militar brasileiro, vivido nos anos de 1964 a 1985. Especificamente, em 1968, O Departamento de Ordem Política e Social - Dops, produzia relatos que documentavam seus atos, relatos esses, que foram escondidos e mantidos em sigilo por muitos anos, até serem achados em 2007 pelo Cleiton Oliveira, estudante de história, que compartilhando com seu professor trouxe à tona esses documentos. Fichamentos da atuação política da guerrilha das Forças Armadas da Libertação Nacional (FALN) e da resistência política na moradia estudantil dos alunos da USP (CRUSP), eram uns dos principais assuntos. Além disso, também é apresentado os depoimentos de ex-presos políticos que faziam parte da resistência ao regime ditatorial. (Gabriela Bedendo)
Quais são as personagens principais?
editarAs personagens principais do filme são os participantes do movimento estudantil da USP, ex-moradores do Crusp (Conjunto Residencial da USP) de 1968, e das FALN (Forças Armadas da Libertação Nacional), movimento organizado da cidade de Ribeirão Preto-SP, perseguidos políticos durante a ditadura civil militar brasileira. (Bárbara Martuchi)
Os sujeitos principais são os membros e participantes desses movimentos, que foram presos
e torturados na repressão. E que foi possível encontrá-los através dos documentos achados
na fazenda. (Debora Medeiros)
Cleiton Oliveira e os antigos estudantes membros dos movimentos em questão . (Gabriella Narduci)
- Acredito que sejam os depoentes, vítimas desse regime, que relatam subjetividades da vivência na tortura e prisões. (Gabriela Bedendo)
Qual delas mereceu a sua atenção?
editarDentre os entrevistados, me chamou atenção a Sra. Áurea Moretti, uma das lideranças das FALN. (Bárbara Martuchi)
Me chamou a atenção a história da Áurea Moretti membra atuante da FALN, que foi presa
e torturada pelo DOPs em conjunto com outros membros do movimento. (Debora Medeiros)
Mereceu mais a atenção a história de Áurea Moretti, principalmente pelos seus relatos de tortura. (Gabriella Narduci)
- O Ivan Seixas, dado a toda sua história e a forma que resistia a repressão. (Gabriela Bedendo)
Como termina o filme? O que você achou sobre ele e porquê?
editarO filme se encerra com a reflexão acerca dos documentos encontrados e o que eles representavam estando tão distantes da capital do estado, passando a noção de que as grandes influências do poder tentam fazer com que a ditadura civil militar brasileira passe despercebida na história do país. Considero que o final da obra seja bem esclarecedor, indo de encontro a gravidade dessa realidade. (Bárbara Martuchi)
O documentário termina com a indignação por parte dos envolvidos pela precarização dos
documentos encontrados e da impunidade que se segue ainda para os torturadores e
opressores do regime militar. (Debora Medeiros)
O documentário termina mostrando imagens da antiga sede do DOPS em São Paulo , atual Memorial da Resistência e o término dos relatos dos membros dos movimentos. Ao meu ver, é um final encorajador, pois te estimula a pesquisar mais sobre o período e descobrir pontos importantes que a ditadura encobriu até hoje. (Gabriella Narduci)
- O documentário percorre em seu fim, a ideia de conservação da memória, propagação da informação sobre o período ditatorial e a indagação, que mesmo após relatos do período, seus principais autores/torturadores seguem em impunidade. (Gabriela Bedendo)
Tema de Fundo - Tese
editarQuais são os temas tratados no filme?
editarO principal tema tratado no filme se dá pelo embate da organização dos estudantes frente os militares durante a ditadura, mais especificamente no ano de 1968. São abordados na obra os processos de tortura empregados contra essas pessoas, suas formas de organização, e seus impactos. (Bárbara Martuchi)
São tratados os temas presentes naqueles documentos do DOPs encontrados na fazenda, a
atuação da FALN e da CRUSP no regime militar, mais especificamente de alguns presos
políticos em 1969 participantes desses movimentos e seus depoimentos. (Debora Medeiros)
A invasão da polícia e o exército no prédio da CRUSP em dezembro de 1968, a atuação do movimento organizado em Ribeirão Preto-SP FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional) e o documento também encontrado “Manual de Subversão e Contra-subversão”. (Gabriella Narduci)
- Trata-se do recorte do período ditatorial no Brasil pelos documentos sigilosos achados, pertencentes ao DOPs, bem como, como esses documentos se complementam com os depoimentos dos atuantes na resistência ao regime. (Gabriela Bedendo)
Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?
editarO filme retoma fotografias e documentos da época para elucidar as explicações dos sobreviventes de 1968. Esse modelo de trama é dado em toda a obra. (Bárbara Martuchi)
Logo nas primeiras cenas da entrevista com o Cleiton, quando cita os documentos
encontrados já se compreende o tema de fundo. (Debora Medeiros)
Na cena em que aparece pela primeira vez os membros do movimento FALN e do jornal “O Berro" relatando acontecimentos do período, fazendo assim a ligação com os documentos encontrados na fazenda. (Gabriella Narduci)
- O tema é bem explicitado desde suas primeiras cenas. (Gabriela Bedendo)
Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?
editarA questão que foi tratada mais demoradamente se dá justamente na reflexão de o que representavam os documentos encontrados na fazenda abandonada e a quem pertenciam. (Bárbara Martuchi)
As entrevistas dos membros da FALN e moradores da CRUSP que foram presos na
repressão foi tratado mais demoradamente devido aos diversos depoimentos. (Debora Medeiros)
Os relatos de tortura, pois são intensos e necessitavam ser tratados pelo documentário de forma mais cuidadosa. (Gabriella Narduci)
- Acredito que tenha uma continuidade no assunto, analisando o problema por todo o longa. Os depoimentos dos membros da FALN e CRUSP permitem esse formato. (Gabriela Bedendo)
Os realizadores descreveram bem os protagonistas?
editarTodos os entrevistados foram descritos de maneira conforme com o que precisaria ser esclarecido para a compreensão do contexto geral da obra, de acordo com o que seria esperado, elucidando suas posições e passagens de vida. (Bárbara Martuchi)
Sim, e os próprios sujeitos também se descreveram em suas entrevistas. (Debora Medeiros)
Sim, pelo o que eles se propõem à mostrar os ex-estudantes e seus relatos são bem construídos. (Gabriella Narduci)
- Sim, já que todos representam a si mesmos. (Gabriela Bedendo)
Ritmo e Montagem – Edição
editarQual a cena ou seqüência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou? Porquê?
editarAs reflexões do final do filme me impactaram ao refletir sobre sujeitos que realmente ganharam a Anistia do Estado, uma vez que o movimento de resistência à opressão foi tratado da mesma forma que seus opressores e torturadores. (Bárbara Martuchi)
Me impactou a sequência em que nos depoimentos os entrevistados expressam suas
indignações pelo fato de os torturadores não terem recebido até hoje uma penalização e
serem absolvidos pela lei de anistia que eles próprios escreveram. (Debora Medeiros)
Novamente as cenas sobre os relatos de torturas sofridas pelos protagonistas, são impactantes pela forma que é contada e tratada quase como se fosse natural e esperado que aquilo estivesse acontecendo com eles, e como eles mesmos dizem no documentário, que a pior parte da tortura era assistir seus colegas de luta sendo torturados. (Gabriella Narduci)
- Acredito que seja nas cenas de indagação por parte dos depoentes, do como e por que, os autores das torturas e violências até hoje não possuíram suas penalidades. Os relatos das torturas são chocantes por si próprios, mas o que mais me assusta, é que apesar deles, poucas consequências foram definitivamente estabelecidas, muito menos, atitudes. Protegidos por lei que eles ditaram, que até hoje vigora. (Gabriela Bedendo)
Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas de diálogo ou de ação?
editarA própria reflexão nos diálogos acerca da realidade da defesa do Estado brasileiro com seus torturadores me deixou aborrecida. O poder optou, e continua optando, por tentar esconder essa horrível realidade da história do país. (Bárbara Martuchi)
As partes do documentário em que os ex-presos políticos descrevem as torturas e como foi
para eles esse momento foram os momentos que mais me aborreceu. (Debora Medeiros)
As cenas que me aborreciam eram as que mostravam trechos do documento “Manual de Subversão e Contra-subversão” a tamanha crueldade com que eram tratados atos anti-ditadura. Eram cenas de diálogo por ser um documentário. (Gabriella Narduci)
- O documentário, em si, tem um assunto difícil de não se aborrecer, porém, a parte que mais me incomodou foi da descrição das torturas vividas pelos depoentes. (Gabriela Bedendo)
Qual a cena/sequência que não foi bem compreendida por você? Porquê?
editarNão consegui compreender se todos os participantes sobreviventes dos movimentos chegaram a ser presos ou se alguns deles conseguiram exílio fora do Brasil. Acredito que essa questão não recebeu tanto enfoque justamente pela obra não se tratar especificamente da vida dessas pessoas, mas de o que elas representaram na época, demonstrando como aconteceram os movimentos. (Bárbara Martuchi)
O funcionamento e criação do jornal O Berro que eles citam foi o que não compreendi
muito bem. (Debora Medeiros)
Nas primeiras cenas, onde conta onde e como os documentos foram encontrados eu não havia compreendido muito bem, pois para mim o documentário toma forma ao dar voz para os membros dos movimentos, e aí sim entender o porquê do documentário existir. (Gabriella Narduci)
- Acredito que tenha compreendido as cenas com clareza, até então. (Gabriela Bedendo)
Mensagem
editarO que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Porquê?
editarA mensagem repassada pelo filme, que a tortura da ditadura ocorreu e continua ocorrendo clandestinamente é aceitável por se mostrar clara, de acordo com a quantidade de ocorrências relatadas pelas vítimas desse mesmo sistema prisional e carcerário atual. A memória da ditadura e da tortura deve ser relembrada para que ela não se repita na história da democracia. (Bárbara Martuchi)
Sim, o documentário proposto é de extrema importância por se tratar de uma parte da
história nacional que brutalmente tentam apagar dos registros documentais. (Debora Medeiros)
É aceitável, porque é bem construído e trata de assuntos que deveriam ter sido tratados a anos mas não foram pois não existia provas, até serem encontradas. (Gabriella Narduci)
- Acredito que sim, é apresentado de forma compreensível, com riqueza de detalhes e desenvolve bem o assunto. Explicitando a extrema importância da conservação da memória, do compartilhamento da história e informação. (Gabriela Bedendo)
A quem se dirige, em sua opinião, o filme?
editarO filme se dirige principalmente aos interessados em compreender de o que se tratou a realidade da ditadura civil-militar brasileira, especialmente àqueles que lutam e lutaram pela democracia e contra o terrorismo de Estado. (Bárbara Martuchi)
Em minha opinião, o filme é dedicado as pessoas que lutaram contra o regime ditatorial e
aquelas que até hoje buscam maneiras dessa história não ser esquecida. (Debora Medeiros)
Se dirige por um lado para todas as pessoas que se interessam a entender de fato o que acontecia naquele período, mas principalmente para estudantes e pesquisadores da ditadura militar brasileira. (Gabriella Narduci)
- Acredito que a todos, principalmente a nós, como brasileiros que precisamos saber nossa história, cicatrizes e heróis silenciados pela repressão, para nunca cometermos o mesmo erro. (Gabriela Bedendo)
Relação com a disciplina de História do Brasil
editarQual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do período estudado?
editarO filme Memórias da Resistência vai de encontro ao tema da disciplina História do Brasil II, ao se tratar diretamente sobre a importância da memória, antes de tudo, assunto amplamente comentado e centralizador de toda as entrevistas da obra. (Bárbara Martuchi)
O filme é de extrema importância para compreensão de como o DOPs, a guerrilha FALN, a
CRUSP eram articulados na época, os documentos encontrados e o registro deles são
fundamentais para a historiografia brasileira. (Debora Medeiros)
A disciplina vem tratando desse período da ditadura militar brasileira, portanto o documentário é esclarecedor para a compreensão do período, ele dá vida ao período que apenas imaginamos ao estudar. (Gabriella Narduci)
- O documentário trouxe uma representação desse período, com sujeitos que resistiram ao regime, e que hoje, podem nos contar seus relatos. Consigo visualizar com mais clareza os fatos apresentados nas aulas, me localizar no período estudado e a percepção da vontade de estudar mais o assunto. (Gabriela Bedendo)
Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.
editarApós assisti-lo, fui esclarecida de alguns conceitos e personagens da história do Brasil que não conhecia muito bem, como o que representavam cada uma das organizações de resistência do movimento estudantil de 1968. Acredito que a partir de então, estarei com maior preparo para receber futuras discussões acerca deste assunto. (Bárbara Martuchi)
Esse trabalho é importante para minha formação pois mostra como os registros históricos
são fundamentais para a compreensão de um período histórico e é preciso lutar pela
preservação deles. (Debora Medeiros)
A contribuição é enorme pela compreensão da importância de análise de documentos para a investigação e pesquisa de períodos históricos. (Gabriella Narduci)
- Acredito que contribui para minha formação na perspectiva da melhora do meu entendimento do tema e de uma visão mais ampla sobre documentários e sua relevância, reforçando que não é só em textos que posso buscar conhecimento. (Gabriela Bedendo)
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