Práticas Corporais 2015/Aula 2
Editores Aula 2: Beatriz e Caroline
I. Tema e objetivos da aula:
editarTema: Educação Física e Saúde Coletiva. Paradigmas em Saúde e doença. Racionalidade Médica.
Objetivos: Início do sutil trabalho de "olhar pra si" com práticas corporais que proporcionam experiências diferentes daquelas que estamos culturalmente habituados, e a partir do estranhamento esbarra-se com a possibilidade de sentir, conhecer e entender a proposta das mesmas.
II. Materiais e espaços utilizados:
editarMateriais: Os materiais utilizados foram um saco de bexiga e um colchão para a aula prática, e um projetor na segunda porção da aula.
Espaços: Para que fosse possível a realização dessa aula, foi necessário a delimitação de um espaço meramente confortável, sendo este localizado na sala de Ginástica do Clube Saldanha da Gama, onde o mesmo conta com um tablado de tatame.
A segunda parte da aula foi ministrada na sala 104, na unidade da Ponta da Praia.
III. Método didático:
editarA aula foi ministrada em dois momentos, sendo o primeiro deles aula prática e o segundo uma breve discussão teórica.
Aula Prática:
- Conversa inicial;
- Automassagem (Criar um mapa - A automassagem trás consigo um roteiro, de onde veio e pra onde vai);
- Caminho mais curto para se levantar;
- Estudos de postura, vetor, centro, respiração e esforço - incluindo exercícios de concentração individuais e atividades em grupo;
- Breve conclusão.
A aula foi direcionada pelas instruções do professor, ora práticas/visuais ora somente verbalizadas.
Aula Teórica:
- Apresentação dos textos por Beatriz e Caroline, dupla responsável pela leitura obrigatória da semana e breve discussão sobre as questões levantadas; (Educação Física e Saúde Coletiva (LUZ, 2007); Cultura Contemporânea e Medicinas Alternativas: Novos Paradigmas em Saúde no Fim do Século XX (LUZ, 2005);
- Exposição do conteúdo teórico relacionado a aula prática, feita pelo professor.
IV. Descrição das atividades:
editarAutomassagem
1 - Massagem de ativação
É uma prática realizada ao acordar e muito diferente dos métodos de massagens conhecidas como "Massagens de Sedação ou Relaxamento".
Essa prática é inclusive, uma das opções para a realização dos diários de prática, que deverão ser realizados por 15 dias diferentes do horário de aula.
- Os alunos foram orientados pelo professor a espalharem-se pelo tatame sem estar sobretudo muito próximos um dos outros.
1) TRONCO
1 - Posicionados em decúbito dorsal, os alunos foram instruídos pelo professor a colocar a mão esquerda (porção mais carnosa) sobre o osso esterno de maneira a realizar uma espécie de encaixe.
2 - Com os dedos da mão esquerda estendidos sobre o peitoral direito e a mão direita posicionada sobre a mão esquerda, inicia-se um movimento de leve pressão sobre a região. Feito isso, a mão deve deslizar até aproximadamente quatro dedos abaixo do umbigo, entretanto a subida deveria ser aérea, ou seja, sem contato com a pele.
- Este movimento deve ser realizado por nove vezes, com prioridade na fricção e tensão, de modo a causar vermelhidão na pele, pois este é considerado um ponto fundamental para a geração de calor e energia, além de ser o centro de equilíbrio do corpo.
3 - Massagear em torno do umbigo
- Homens: Inciar com a palma da mão esquerda embaixo, massageando primeiro no sentido anti-horário e depois no sentido horário. Homens iniciam com círculos menores e gradativamente expandem o movimento.
- Mulheres: Iniciar com a palma da mão direita embaixo, massageando primeiro no sentido horário e depois no sentido anti-horário. Mulheres iniciam com grandes movimentos e caminham para círculos menores.
*Foi permitido pelo professor a opção de fechar os olhos durante a prática da mesma, mesmo sendo preferivelmente realizá-la com os olhos abertos de acordo com as práticas corporais chinesas.
2) CABEÇA
1 - Inicia-se com um movimento de esfregar uma mão sobre a outra durante aproximadamente 15 segundos, na intenção de gerar calor. Feito isso, pousa-se uma mão sobre cada olho (utilizar a palma da mão, pois é a região com mais superfície de contato e consequentemente que produz maior quantidade de calor em relação aos dedos).
2 - Com as pontas dos dedos voltadas para a cabeça prossegue a massagem no couro cabeludo, podendo ser realizada na região frontal, occipital e laterais do crânio, neste momento, a massagem pode ser comparada ao movimento de esfregar os cabelos durante o banho.
3 - Inicia-se o movimento de puxar o cabelo da raiz e deslizar o couro cabeludo sobre o crânio, que também pode ser realizado em todas as regiões do crânio, desde que seja finalizado na porção lateral para dar continuidade a sequência que posteriormente será realizada nas orelhas.
4 - Com as mãos em formato de "pinça" deve-se percorrer a partir do lóbulo, todo perímetro da orelha e aos poucos inciar o movimento de puxar, projetando quase que uma ampliação de cada orelha.
5 - Dando continuidade a sequência, com os dedos indicador e médio, neste momento, devem estar posicionados na região lateral da narina em posição de "Bang-Bang", realizando massagens circulares.
- Este é um ponto extremamente importante, e pode ser encontrado facilmente, pois geralmente quando pressionado gera dor e desconforto.
6 - A sequência da massagem foi realizada na boca em três movimentos.
- O primeiro deles foi mastigar trinta e seis vezes, na intenção de produzir e acumular saliva, já que neste momento esta ainda não pode ser engolida.
- O segundo movimento, conhecido como "Dragão revolve os mares", nada mais é do que passar a língua entre os dentes incisivos e os lábios, mantendo a boca fechada. Este movimento deve ser realizado de seis a nove vezes para cada lado.
- Por fim, o terceiro implica em engolir a saliva acumulada em três deglutições, objetivamento a extensão da coluna cervical, projetando a cabeça para trás.
3) MEMBROS SUPERIORES
1 - Com as mãos espalmadas, iniciar movimento de fricção uma sobre a outra, como se estivéssemos lavando as mãos, esfregando uma na outra e entre os dedos também.
2 - O movimento de fricção continua, priorizando certo tônus que deve caracterizar a automassagem de ativação, desta vez sobre a porção lateral do rádio, seguido da ulna em nove repetições.
- Essa sequência deve ser realizada nos dois braços, um de cada vez, sempre seguindo o caminho do punho ao cotovelo.
4) MEMBROS INFERIORES
1 - Com as mãos em formato de concha, o movimento de fricção continua nos membros inferiores, começando pela fíbula seguido da tíbia, sendo que ainda em decúbito dorsal, devemos achar a maneira mais confortável para a realização deste movimento.
*Geralmente apoia-se uma perna sobre a outra, ou mantem-se os dois pés paralelos apoiados no chão. Esse posicionamento deve respeitar a condição física e a limitação individual.
- Essa sequência deve ser realizada nas duas pernas, uma de cada vez.
2 - No pé, a massagem é feita sobre um ponto considerado interligado ao coração, na base do hálux, onde é o ponto de apoio da base do pé. A massagem deve ser realizada com o centro da mão em cem movimentos circulares rápidos e vigorosos no sentido horário.
3 - Por fim, ainda em decúbito dorsal, agora com os pés paralelos apoiados no chão/colchão, deve se realizar a extensão de joelho, como se fossem chutes projetando o calcanhar para o teto. Esse movimento deve ser realizado cada vez em uma perna, com aproximadamente 8 repetições para cada lado.
Vídeos: Automassagem Automassagem Automassagem Automassagem Automassagem Automassagem Automassagem Automassagem Automassagem Automassagem
O caminho mais curto para se levantar
A segunda atividade basicamente buscava o caminho mais curto para se levantar, com o mínimo gasto de energia possível, saindo da posição fetal, deitados no chão até a posição vertical, ou seja, em pé.
Estudos de postura, vetor, centro, respiração e esforço
1 - A atividade foi realizada em grupo, organizado em uma roda. O primeiro jogo consistia na execução de exercícios posturais. A proposta era realizar uma leve inclinação do corpo para trás, neste momento a ideia era se conscientizar de que o corpo individual passava a inexistir sozinho e o grupo precisava agir com um só corpo. Depois de algumas tentativas sem êxito, a instrução foi modificada, então primeiro deveríamos inspirar e depois realizar a inclinação. Após esse ajuste, os resultados foram melhores.
Outros ajustes como auto identificação de erros e dificuldades, além dos ajustes físicos e motores como a questão do tônus muscular, centro de equilíbrio e sustentação (calcanhares e joelhos) foram feitos para melhorar a qualidade da atividade, e os resultados foram positivos.
2 - Ainda em roda realizamos outro exercício postural, agora de contração dos músculos do períneo, mais especificamente o esfincter, e foi sugerido pensar em um trabalho de equilíbrio a partir deste exercício. Feito isso, a instrução era a realização da inclinação agora para frente, primeiro sem pensar na contração trabalhada no exercício anterior e depois ativando a região do períneo. Essa atividade foi realizada apenas com os braços estendidos e mãos encostadas, centralizando a força/equilíbrio na palma da mão dos colegas ao lado.
3 - Feito isso, agora com os braços entrelaçados por cima do ombro do colega ao lado e com o tempo de inspiração e expiração, cada um apoiar no outro, deveria elevar a perna a cada tempo. Ou seja, tirar o pé do chão enquanto inspira e retornar o pé ao chão enquanto expira.
4 - Outro exercício proposto era ainda em círculo, agora um de costas pro outro. Deveríamos sentar um no colo do outro, caminhar juntos e levantar juntos. Depois de algumas quedas e tentativas sem êxito, conseguimos realizar o exercício.
5- Os alunos foram divididos em duplas e a ideia era de um tomar a pulsação do outro, com a mão no punho e outra no pescoço. Noutro momento de olhos fechados, a dupla deveria andar pelo tatame, e em silêncio, encontrar um ao outro.
6 - Por fim a última atividade de respiração foi realizada com uma bexiga.
- Primeiramente a bexiga foi colocada entre a camiseta e a pele para que a bexiga não deslizasse e caísse, além de provocar uma pressão sob o abdômen e abaixo do umbigo.
*Respirar e perceber como a bexiga ajuda a perceber o próprio movimento respiratório de cada um.
- Sem as bexigas os alunos foram instruídos a por as mãos sobre as costelas e perceber a contração dos músculos respiratórios. E por fim fizeram a respiração alta, que ocorre no peito próximo a clavícula, cruzando os braços sobre o peito e uma das mãos sobre a clavícula. Os alunos colocaram as mãos na lateral do corpo e identificaram novamente a respiração mais natural. - Na sequência da atividade a bexiga foi apoiada em regiões diferentes do corpo, como lombar e cervical, e esses deslocamentos foram importantes para a percepção da alteração do padrão respiratório quando em diferentes pontos e ativações musculares.
V. Discussões e dúvidas dos alunos:
editarAs discussões foram breves e positivas em relação a aula, pois os alunos ficaram intrigados em conhecer algo que nunca haviam experimentado. Em relação as dúvidas, foram voltadas para posicionamento correto em relação as instruções do professor, uma vez que os alunos se mantinham de olhos fechados nas atividades.
VI. Temas Interdisciplinares:
editarA compreensão dessas práticas partindo do estranhamento do próprio corpo nos permite conhecer nossa forma viva. Utilizando-se do exercício de manter estado de consciência corporal e até mesmo propriocepção, podemos pensar como exemplo, momentos da aula que exigiram conscientização da localização de certo músculo, ou movimento realizado pela respiração ou pulso. Dessa maneira, podemos relacionar a primeira parte da aula com macro e microssistemas estudados principalmente em disciplinas do eixo biológico, como MAC e MTS. Além dos sistemas, ainda pensando em racionalizar movimentos, e executá-los de maneira correta, relacionamos ainda módulos como biomecânica e cinesiologia.
Julgamos importante também estabelecer uma ponte entre essas práticas alternativas e a atuação de nós, profissionais de Educação Física, na área da saúde, que mesmo passando por uma reconstrução de conceitos e metodologia de trabalho, ainda necessita de muita humanização e espaços para a execução de práticas que não estejam necessariamente vinculadas a prevenção ou tratamento de doenças. Acreditamos que seria interessante a articulação do presente módulo com o eixo Trabalho em Saúde, uma vez que é partir dele que temos a possibilidade de expandir práticas diferenciadas no campo de trabalho em saúde.
VII. Fichamento de texto:
editar“Com que corpo eu vou?” (Kehl, 2002) Diretrizes do NASF; Política Nacional de Humanização.
CORPO IMAGEM – corpo que tem sido visto como uma roupa, exibido para sociedade em troca do reconhecimento de inclusão e aceitação social, saúde, felicidade, status e simbolização de uma auto estima reduzida aos padrões da indústria da forma.
CORPO SENSÍVEL – representação da vida biológica, corpo funcional, aquele que sente o toque, experimenta as sensações causadas pela emoção. Aquele corpo que vive em contínua troca com o mundo, um corpo que pensa e existe.
CULTURA DO CORPO E CIÊNCIAS BIOMÉDICAS – O corpo vem sendo colocado pela indústria da forma cada vez mais como um modelo de felicidade, status e beleza. O culto ao corpo sarado e modificado esteticamente a partir de intervenções cirúrgicas está massacrando a funcionalidade e o corpo sensível em troca de admiração e materialização de um produto que nada mais é que um corpo vivo (ou morto, dependendo de como se olha para esta questão), que é vendido pela indústria da beleza e da “saúde” como a solução de todos os problemas.
“A cultura do corpo não é a cultura da saúde, como quer parecer. É a produção de um sistema fechado, tóxico, claustrofóbico. Nesse caldo de cultura insalubre, desenvolvem-se os sintomas sociais da drogadição (incluindo o abuso de hormônios e anabolizantes), da violência e da depressão. Sinais claros de que a vida, fechada diante do espelho, fica perigosamente vazia de sentido.” (Kenl, 2002)
O texto propõe uma desconstrução do corpo automático, que age de acordo com os estímulos da sociedade. Nós constantemente recebemos esses estímulos e continuamos a agir sem pensar em como desacelerar ou se manter em equilíbrio com a mente. As aulas do módulo propõem essa desconexão da rotina diária e novas construções de um corpo sensível, onde somos instigados a pensar com o corpo e ativar regiões e sensações que normalmente não ativaríamos.
Perguntas sobre o texto
1. O que representa seu corpo representa para você?
2. Qual relação pode ser estabelecida entre o corpo descrito no texto e o momento de desconstrução dos conceitos de saúde dos últimos tempos?
3. Por que a cultura do corpo atual não pode ser generalizada como cultura da saúde?
VIII. Material relacionado:
editarIX. Relato de um aluno na aula
editarRelato feito pelo aluno Felipe Falcoski
A experiência corporal apresentada pelo módulo, me trouxe grande curiosidade em estar em contato com diferentes práticas integrativas de introspecção e conscientização de si próprio. Como dito nesta aula, cada vez mais fugimos do contato corporal e consequentemente perdemos um equilíbrio entre nossos sentidos, sendo que a visão está se limitando, a audição está se poluindo, o olfato está diluído, o paladar, viciado e o tato, desaparecendo.
Particularmente, acredito o ápice desta prática foi atingido nos momentos de respiração e sensibilização, ao perceber a pressão da bexiga em diferentes regiões, bem como a autoconfiança gradual adquirida ao apoiar-se no balão sem que ele estoure.
Passamos uma vida com preocupações exteriores e esquecemos de cuidar, limpar e acima de tudo conhecer o interior de nosso templo, nosso corpo.
X. Conclusão:
editarSe pudéssemos resumir esta aula em uma palavra, esta então seria Experimentações, pois, nada mais do que esta palavra define o que se foi vivenciado. Experimentar o corpo, experimentar sensações, experimentar espaços do corpo num espaço externo, experimentar energias, experimentar e experimentar. Além disso tudo, estranhar o que é novo para nós, o que não nos é passado de pai para filho, como de fato algo que não nos é cultural é extremamente interessante, como por exemplo a própria produção de energia pelo nosso corpo. Entretanto, são práticas que necessariamente nos obrigam a estar em contato com o corpo e nossa kinesfera ou em outras palavras, num equilíbrio entre corpo, mente e energias que nos cercam externamente.
O medo de experimentar as práticas se diluiu com as atividades em grupo, dessa maneira entender as posturas e se atentar aos aspectos essenciais para a realização dessas práticas foram fundamentais.
Pode-se identificar como a vida se manifesta no corpo a cada movimento, sendo estes internos ou externos.
XI. Referências Bibliográficas:
editarCom que corpo eu vou? (Kehl, 2002) Educação Física e Saúde Coletiva (LUZ, 2007)
Cultura Contemporânea e Medicinas Alternativas: Novos Paradigmas em Saúde no Fim do Século XX (LUZ, 2005)
XII. Crítica sobre a documentação da aula 16
editarAvaliação do Professor do Caderno Colaborativo Aula 4
editarNOTA 7,0 (AVALIAÇÃO EM 23/11)
A avaliação do caderno será feita conforme os seguintes critérios e valores:
1) apresentar as leituras obrigatória e complementar em sala de aula, comentá-las e destacar os seus principais conceitos (1,5/2,0)
2) postar a leitura para a turma na wikiversidade e inserir perguntas e comentários pertinentes que a relacionam com as aulas (1,25/2,0)
3) registrar a aula daquele dia, utilizando-se recursos multimídia e postá-la na wikiversidade (1,75/2,0)
4) aprofundar pesquisa sobre o tema da aula e inserir links para publicações de slides, áudio, vídeo e redes sociais (1,5/2,0)
5) revisar a aula publicada pelo grupo anterior ao seu e fazer comentários (0,0/1,0)
6) cumprir o prazo de uma semana para realizar todas as etapas, ou seja, publicar tudo até a aula seguinte (1,0/1,0)
comentários do professor
Wikiversidade com registro detalhado e objetivo. Sugiro revisar a ortografia do texto (substituir osso externo por osso esterno); inserir links que tenham relação com a aula, como o link da massagem matinal chinesa https://www.youtube.com/watch?v=3hoWKy_MPjY; inserir registro de vídeo da aula (fica mais agradável e didático para quem quiser ter acesso à aula); e aprofundar os comentários dos textos, sobretudo em relação ao conteúdo das aulas. Observação: o ítem 5 (revisar a aula) só poderá ser realizado no final do semestre.