Práticas Corporais 2016/Aula 1

Editores Aula:

I. Tema e objetivos da aula:

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Tema: Apresentação do Programa do Módulo: Cronograma e Avaliação.

Objetivos: Demonstrar aspectos metodológicos das aulas e sua organização semestral.

II. Materiais e espaços utilizados:

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Materiais: Computador e Data Show

III. Método didático:

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A primeira parte de aula foi prática, com vivência corporal conduzida pelo professor. A segunda parte da aula foi expositiva.

IV. Descrição das atividades:

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PARTE PRÁTICA

Atividade 1 Automassagem Matinal Chinesa

Atividade 2 Os alunos fizeram um circuito de práticas de foco e permanência, com 4 estações: deitado, sentado, em pé e caminhando. Cada estação durou o período de 3 minutos.

Atividade 3 Os alunos foram divididos em dois grupos, cada grupo foi direcionado para um extremo do tatame e orientado para se emparelhar à distância. Foi sugerido que todos fechassem os olhos e caminhassem em direção ao outro grupo, com o objetivo de identificar seu par sem olhar. Após a identificação tátil, foi sugerido que observassem os movimentos rítmicos do corpo do outro, ainda de olhos fechados: batimentos cardíacos (pulso) e respiração (baixa média e alta). A ideia era atentar-se na qualidade dos movimentos rítmicos, não apenas na sua quantidade. A sugestão de comparar os pulsos e respirações também foi dada. Ao final, a dupla se abraçou e a atividade deu-se por finalizada.

PARTE TEÓRICA

O Cronograma do Módulo foi apresentado, bem como o sistema de avaliação: wiki, diários, visitas e aulas/seminários. Os grupos de wiki e seminários foram estabelecidos. Logo após o professor realizou uma introdução aos conceito de Práticas Integrativas e Complementares (PIC's) no módulo, utilizando a seguinte apresentação:

Apresentação Aula 1

V. Discussões e dúvidas dos alunos:

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VI. Temas Interdisciplinares:

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VII. Fichamento de texto:

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Cultura Contemporânea e Medicinas Alternativas: Novos Paradigmas em Saúde no Fim do Século XX (LUZ, 2005) [1]


No artigo, Madel Luz retrata a busca crescente por medicinas alternativas nas sociedades ocidentais, atribuindo isso à uma dupla crise: sanitária e médica. Embora não restrita a isto, tal crise estaria relacionada ao capitalismo vigente, mas, sobretudo, ao aumento da desigualdade social e às políticas pouco comprometidas com a saúde da população. Segundo o autor, este quadro tem resultado em sofrimento dos sujeitos, bem como onerado a economia, caracterizando um "mal-estar" coletivo. Apesar de todo esse espectro econômico, a peça principal parece ser uma transformação cultural decorrente da globalização, que ao passo que exacerba o individualismo e o consumismo, também leva a uma ruptura cultural importante, massificando os sujeitos. Entretanto, na contra-mão disso, o autor sugere que está ocorrendo um movimento a nível local de ressurgimento de aspectos relacionados à saúde e à medicina.

Ao abordar a crise da medicina, Luz ressalta os seguintes planos: ético, político, pedagógico e social. A centralidade da perda da relação médico-paciente se evidencia ao longo do texto, salientando que não se trata de uma crise na produção de conhecimento, isto é, no saber médico, mas sim na racionalidade médica, marcada pelo distanciamento do sujeito como objeto e objetivo do agir médico. A despeito da realização da conferência da Alma Ata e suas disposições, o quadro da crise agravou-se, resultando, de acordo com Luz, na procura por alternativas em saúde, as quais foram reforçadas pelo surgimento de uma "consciência ecológica".

A partir deste ponto, o autor passa a retratar a busca por medicinas tradicionais, que englobam desde a importação de práticas orientais até a retomada de medicinas populares (xamanismo e afro-indígenas). Neste cenário, Luz relata que não se tratou apenas de uma procura restrita à clientela privada, adetrando também os serviços de saúde. Para maior esclarecimento do tema, o autor diferencia três grupos de medicinas alternativas: tradicional indígena (1), de origem afro-americana (2) e derivadas de sistemas médicos complexos (3).

(1) Medicina tradicional indígena: Xamânica ou não, é um sistema de cura que considera a relação homem/natureza/cultura, na qual a desarmonia é considerada a principal causa de adoecimento e a terapêutica objetiva a restauração dessa harmonia através da fitoterapia.

(2) Medicina de origem afro-americana: Sistema de cura mais espiritualista, amparado na fitoterapia, passes espirituais e operado por pai e/ou mãe de santo.

(3) Medicina derivada de sistemas médicos complexos: Medicina tradicional chinesa, medicina ayurvédica e homeopatia.

O terceiro grupo é o de maior destaque, sendo o mais demandando, a priori por uma parcela mais jovem da população e, então, popularizando-se. Luz sugere que isso se deve à apropriação das medicinas tradicionais orientais, as quais foram reintepretadas à luz da medicina ocidental, favorecendo sua legitimação a despeito dos entraves enfrentados frente à corporação médica. Diante do distanciamento de sua função primordial (curar), o texto levanta o questionamento sobre a potência das medicinas alternativas na construção de um novo paradigma, centrado no sujeito doente.

Em relação à dicotomia na relação médico-paciente observada na comparação entre as medicinas ocidental e oriental, sugere-se que a resolutividade é proveniente da satisfação dos pacientes a partir da relação mencionada anteriormente, a qual considera a relevância das dimensões simbólica e psicológica. Para equacionar gastos e oferta de atendimento de qualidade, as medicinas alternativas se sobressaem ao dispensar o uso excessivo de recursos tecnológicos e estimular a autonomia dos pacientes. Neste panorama, a contribuição das medicinas alternativas se dá justamente por meio da atenção centrada na saúde, deslocando a atuação do médico para a promoção e prevenção primária, mas, principalmente, para a formação de um indivíduo autônomo capaz também de transformar o meio em que se insere.

Por último, o autor refere-se a um encontro entre tais medicinas, de modo que sua consolidação requer pressão política para legitimação, a qual pode ser proporcionada pelas mídias ou por movimentos sociais. Em contrapartida, é reportado o surgimento da medicina psicossomática, sugerindo uma superação do modelo hegemônico e com a primeira menção ao estresse, e também a incorporação da epidemiologia na medicina, propiciando um entendimento do adoecimento para além da biomedicina.

Madel Luz conclui que, por hora, há mais obstáculos às práticas alternativas descritas do que movimentos que favoreçam a sua legitimação, a despeito da demanda e do que é previsto por constituição. Todavia, se incorporadas nos currículos dos profissionais de saúde, sua inclusão pode proporcionar a retomada da centralidade do paciente (objeto e objetivo do agir em saúde) e da relação médico-paciente no modelo de cuidado.

VIII. Material relacionado:

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A legitimação das práticas enfrenta a censura da corporação médica, a menos que seja encarada como uma especialidade médica. [2]

O efeito das mídias na difusão de terapias alternativas: ventosaterapia e atletas olímpicos. [3]

Cientificismo. [4]

Saúde, religião e cultura: um diálogo a partir de práticas afro-brasileiras. [5]

PIC's. [6]

As contradições da promoção à saúde em relação à produção de sujeitos e a mudança social. [7]

Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas: contribuições da análise do território tecnológico do trabalho vivo em ato em saúde para compreender as reestruturações produtivas do setor saúde.

IX. Relato de um aluno na aula

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Relato feito pela mestranda Thatiane Ostolin:

Primeiramente, estar na posição de aluna novamente causa alguma estranheza, em especial, se tratando do tatame, o qual tem sido o cenário de uma nova prática na minha carreira profissional, espaço de novos encontros e no qual a minha voz se sobressai, a despeito de relações horizontalizadas ou de clientela. Apesar de minha aproximação e interesse crescente por práticas corporais das mais variadas, nunca havia sido instruída a realizar uma automassagem com intuito de despertar o corpo. Diante da minha personalidade, seja pela necessidade de controle da situação ou por mera curiosidade, confesso que fechar os olhos e apenas seguir os comandos verbais foi um desafio maior do imaginei.

Em relação à automassagem em si, me senti chamada à ação e ao movimento ao executar as fricções, principalmente, sobre braços e pernas. Já quando fomos instruídos a fazer as batidas entre os dentes, senti um grande desconforto, mas, sobretudo, ao tentar não engolir a saliva e fazer isso apenas ao final da sequência executando uma extensão de cervical. Embora não fosse o intuito relaxar, a parte mais gostosa da automassagem foi massagear as orelhas, o que me traz um grande prazer e me relaxa, além de ser algo que rotineiramente faço.

No que diz respeito à atividade 2, a sequência das estações que experimentei foi: caminhando, deitado, sentado e em pé. Sobre caminhar, senti uma forte inquietação, bem como dificuldade em realizar movimentos com lentidão que fossem coordenados, quase como se metade de mim estivesse agindo de acordo com as instruções e a outra metade, por sua vez, quisesse sair correndo a qualquer minuto. Em relação à permanecer deitado, me pareceu a estação mais rápida e a que de fato consegui focar minha atenção. Optei por permanecer com os olhos fechados, já que não havia objeção a isso, e me mantive concentrada no meu padrão respiratório. Na postura sentada, não consegui manter o olhar no horizonte, parecia informação demais para dar conta disso (pessoas passando, barulho que até então não havia notado, etc) e minha mente logo passou a se perguntar quando terminariam os três minutos. Na última estação, ao invés de prestar atenção a um ponto de minha escolha, só consegui reparar na oscilação do meu corpo, que foi aumentando com o passar do tempo. O tempo pareceu ser interminável e, conforme eu tentava focar no tal ponto, mais a atenção voltava para mim mesma e para a maneira como meu corpo estava respondendo à proposta.

Por fim, quanto à atividade 3, consegui me controlar, entregar e mantive os olhos fechados durante todo o momento, como pedido. Quando emparelhados, visualizei a pessoa que deveria encontrar, achei que seria fácil! Contudo, com a mistura dos corpos no espaço e com tantos toques vindos de todos os lados, tudo e todos em que toquei pareciam iguais e de repente pareceu tão complicado encontrar alguém. Engraçado que devo ter demorado e rodeado tanto, que quando no encontro até deu um alívio. A atenção aos movimentos rítmicos do corpo do outro em comparação ao meu foi bastante curiosa. Minha respiração era curta, porém bem tranquila e marcada por um padrão mais abdominal e coerente com isso, o pulso estava fraco e mais concentrado distante do punho. O de meu colega, em contrapartida, a respiração parecia mais evidente e de padrão costal, bem como seu pulso era mais vibrante e forte quando comparado ao meu.

X. Conclusão:

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XI. Referências Bibliográficas:

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CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982.

LUZ, Madel T.. Cultura contemporânea e medicinas alternativas: novos paradigmas em saúde no fim do século XX. Physis, Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, p. 13-43, June 1997 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73311997000100002&lng=en&nrm=iso>. access on 22 Aug. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73311997000100002.