Protocolo GeoNarrar

Protocolo Geonarrar

O presente texto pretende estabelecer um protocolo que sirva como referência de um percurso comum para processos de produção de narrativas ciberaudiovisuais espaciais georreferenciadas1 - ou, de modo condensado, de Geonarrativas. Com ele - e por seu método participativo de elaboração -- esperamos proporcionar a confluência de esforços de ensino, pesquisa e extensão, (em contextos acadêmicos, comunitários locais, escolares e de movimentos cívicos) interessados no uso democratizante de arranjos geonarrativos.

Nossa exploração preliminar do campo bibliográfico sobre a produção, difusão e apreciação de discursos indexados a lugares exibe uma prática com vertiginosa diversidade de campos de conhecimento e de ofícios profissionais. Porém, partindo de premissas críticas sobre as experiências narrativas e urbanas (Benjamin, 1985; Negt; Kluge, 1993; Lefebvre, 1968; Santos, 1997; Mann, 2004), é inevitável perceber uma clivagem na produção de consolidações de saberes a partir de relatos de experiência local: a quem aproveita? Que agências coletivas são instauradas nos atos geonarrativos?

Constatamos que na maioria das abordagens sobre geonarrativas, a coleta, concentração e consolidação das informações é tarefa quase exclusiva de especialistas; e que seu processo de interpretação tende a ocorrer para benefício de agentes institucionais hierárquicos, ou seja, estrategistas e tomadores de decisões empresariais e governamentais. São raros os arranjos de produção e de pesquisa que atribuem agência aos “informantes nativos”; e ainda mais escassas, os que os mobilizam para se constituirem como sujeitos coletivos para si, agentes das mudanças no sentido e no uso dos espaços urbanos.2 O projeto GeoNarrar visa infletir os recursos retóricos dos suportes e retóricas mediáticas para tornar amplamente acessível (ou mesmo uma forma emergente de arte popular) a produção de representações políticas cívicas, cibertextuais dinâmicas, concernidas ao uso espaço urbano, através de estratégias não hierárquicas de mobilização coletiva. Além disso, visamos criar uma coalizão entre instituições capaz de prover segurança de dados e autonomia informacional aos públicos participantes, garantindo sua soberania e responsabilidade política sobre os conhecimentos que venham a produzir.

Definições

Este projeto parte de algumas definições de base:

Geonarrativas são cibertextos verbo-audiovisuais documentários de acesso não linear cujos segmentos textuais são vinculados a posições geográficas determinadas. (Aarseth, 1997; 1994; Neves, 2012; 2015)

Cibertexto é um texto de acesso não linear cujos segmentos, estrutura e interface são modificáveis pela interação dos usuários. (Aarseth, 1994; 1997)

Podemos caracterizar o Geonarrar, como ação de pesquisa e extensão, a partir de três dimensões:

  • Em termos semiótico-textuais, o projeto visa desenvolver retóricas mediáticas que combinem

(a) cibertextualidade dinâmica — isto é, textualidades não-lineares, interativas, imersivas, e cujo conteúdo, estrutura e relação com o apreciador é indeterminada, por ser construída de modo participativo

(b) investigativismo (ou "ciência aberta"): produção de conhecimento cientificamente consistente através da coleta, organização e interpretação de evidências através da promoção da participação do público auto-organizado instruído por especialistas (Parra, 2013; );

(c) ludicidade/gamificação — organização lúdica das práticas de mobilização capaz de minimizar a referência a autoridades centrais, usando, por um lado, a emulação lúdica ("jogos reais") para catalisar o engajamento espontâneo e, por outro (dos "jogos ideais") a visibilidade reciproca entre os participantes como indutora de interpretações poéticas de temas e protocolos de ação compartilhada.2

  • Na dimensão comunicativo-estratégica, a Plataforma GeoNarrar é projetada para ser apropriada civicamente como ferramenta para a comunicação estratégica de auto-mobilização coletiva urbana. Mais especificamente: para a produção, por cidadãos (politicamente ativos eou interessados em poéticas conceituais) e organizações (coletivos informais e instituições, especialmente, as da sociedade civil autônomas) de argumentos narrativos (textos e imagens visuais e acústicas) indexados (através de georreferenciamento) à lugares no espaço urbano articulados à práticas de mobilização coletiva / representação política de interesse democratizante (inovação democrática, ação cívica direta instituinte).
  • Na dimensão organizacional, o projeto visa instaurar um arranjo inter-institucional e interdisciplinar promotor de inovações de métodos e tecnologias de comunicação e informação que torne amplamente acessível e convidativo à sociedade civil da Região Metropolitana de Belo Horizonte desenvolver, publicar e usar geonarrativas como ferramenta de mobilização coletiva capaz de instaurar identidades coletivas metropolitanas, através de ações garantidoras (formal e praticamente) do "direito à cidade".3

Princípios

Representações políticas são o fundamento para quaisquer ações coletivas coordenadas. Elas não apenas criam entes que agem e falam em benefício de um coletivo que busca alcançar objetivos. Sem representaçẽos políticas, os sujeitos individuais não se perceberiam membros de uma coletividade, nem estabeleceriam entre si assuntos e interesses comuns. Representações políticas são catalisadoras da constituição dos agentes coletivos e da dramatização pública de situações problema presentes nas experiências individuais e particulares. Nem todas, porém, podem ser ditas “democráticas”, pois sua emergência pode mobilizar relações autoritárias, onde o público é alienado da própria ação sobre o mundo, em favor da idealização de líderes e fetichização de referências identitárias. Representações políticas democráticas são aquelas em que há uma ação conjunta da politéia3 gerada pela vindicação recorrente, recursiva e recíproca de pretensões à representação4, performadas pelos objetos de representação (os representados, a “constituência”, os públicos, o público), pelos sujeitos (candidatos a representantes) e pelos contextos (em geral, assembléias) nos quais se decide que essa representação legítima. (Ober, 2007; Saward, 2010; Montanaro, 2012)

Quaisquer textos que alcancem circulação ampla, regular, e endereçados de modo ao mesmo tempo pessoal e anônimo tem a capacidade de promover a emergência de representações políticas, desde sujeitos individuais humanos até ambientes de interação (dos próprios textos até locais de concentração massiva). Por isso, diz-se que a construção de arranjos de representação textual temporalmente vinculados é uma “poética de criação de mundos” (Warner, 2002). As geonarrativas, por serem indexadas temporal e também espacialmente, constituem-se, por isso, ferramentas especialmente privilegiadas para a transformação da relação entre os sujeitos na experiência urbana.

Partindo-se do princípio da “quase-performativamente” da representação política, considera-se que, nos atos comunicativos de manifestação de pretensões, a representação política: (a) instaura uma relação entre objetos e sujeitos da representação; (b) estabelece os temas ou fenômenos para os quais essa representação política seria pertinente; e (c) atualiza a relação entre sujeitos, objetos e temas e instâncias institucionais de vindicação das pretensões à representação política. Para a perspectiva de representação política que adotamos, não há uma distinção última entre arranjos de representação política e aqueles implicados em ações de mobilização coletiva, já que por definição, toda representação politica emerge e atua como fulcro de uma relação entre um coletivo que se torna concernido a um um conjunto de temas objeto, visando intervir em ambientes de tomada de decisões. (Disch 2009; 2011; 2012; 2014)

Representações políticas são agências coletivas instauradas a partir de arranjos de representação, compostos por outras representações políticas. Esses arranjos são organizados a partir de configurações mais ou menos habituais, conjuntos de representação que dispõem aos agentes políticos (coletivos e individuais, orgânicos eou artefatuais ) composições e estruturas recorrentes.

Através do uso de artefatos retóricos, ocorre uma distribuição dos processos de cognição (incluindo as dos juízos éticos) e praxes entre instâncias componentes de ontologias heterogêneas. A cartografia dos arranjos de representação deve incluir não apenas pessoas individuais humanas, mas também recorrências comportamentais coletivas trans-individuais e mediadores materiais “inanimados”. (Bardone; Magnani)

A concepção da cognição e (logo) a moralidade como processos distribuídos conduzem-nos a presumir que não somente ações morais possam ser empreendidas sem a necessidade de agentes morais; ela permite articular a prefiguração política (no sentido de antecipação, experimentação, ensaio) de relações sócio-culturais e político-econômicas entre agentes. O uso político-prefigurativo de arranjos de representação, assim como o desenvolvimento de artefatos de representação, pode ter um sentido democratizante, ou seja, contribuir para (a) ampliar o campo dos assuntos de interesse coletivo acessíveis à deliberação pública. (b) aumentar a quantidade e a diversidade de agentes envolvidos nos processos de tomada de decisões; (c) melhorar a qualidade dos processos de tomada de decisão (em termos de veracidade dos conhecimentos convocados para consideração comum, de franqueza em termos de exposição dos interesses e desejos e de reconhecimento entre os agentes envolvidos no processo)

Com esse propósito, as geonarrativas são arranjos artefatuais de representação coletiva que vinculam o uso de textualidades audiovisuais não-lineares participativas a processos de apropriação urbana pública dos espaços. Boa parte das investigações e aplicações que envolvem geonarrativas orientam a coleta de informação e a produção de inferências válidas a respeito delas, no sentido da concentração de poder-saber em instâncias de tomada de decisão de arranjos institucionais hierárquicos, ou seja, administrações governamentais, corporativas e empresariais. Raramente seu uso ocorre em arranjos em que os agentes da sociedade civil, que fornecem os dados empíricos, sejam, no processo de produção de geonarrativas, auto-organizados como protagonistas do processo de investigação; mais raramente ainda, como instâncias de tomada de decisão a respeito de situações-problema percebidas através dos arranjos.

O uso democratizante das geonarrativas -- horizonte normativo que guia a elaboração desse protocolo -- pode ser definido pela orientação dos arranjos de representação em que elas estão presentes com os propósitos de

(a) auto-organização político-econômico e sociocultural de coletivos cujos interesses comuns podem emergir a partir do uso comum e público do espaço urbano;

(b) desenvolvimento de estratégias contra-vigilância ou “subvisão” (“Sousveillance”) articuladas à dinâmicas de universalização do acesso da sociedade civil à tecnocracia (Mann; Nolan; Wellman, s/d);

(c) distribuição do poder tecnocientífico gerado na consolidação de circuitos públicos de interpretação de índices (ou “moveis imutáveis” recombináveis superponíveis e condensáveis com ganhos de inteligibilidade e poder, ref. Latour 2015).

Derivado e contributivo para o efetivo alcançamento desse uso democrático, o projeto GeoNarrar afirma sua definição como tecnologia e cultura libre -- seguindo e genalizando os princípios das licenças libres5 -- e como prática de ciência aberta.

Geonarrativas - mapa da estrada

Diagnóstico de público e tema

Identificação de necessidades por grupos locais ou temáticos e ou construção de grupos hipotéticos a partir de temas ou localidades, coleta dialógica de demandas vinculadas à interesses de ressignificação pública/urbana dos espaços-tempo metropolitanos.

Deliberação com os grupos acerca das condições de atendimento a necessidades e demandas diagnosticadas com o uso de arranjos geonarrativos de representação política / mobilização coletiva

Preparação da estratégia de mobilização coletiva:

Deliberações sobre, e desenho das...

  • Interfaces comunicacionais-informáticas (uso de métodos de tradução intersemiótica nas definições de desenho do arranjo transmediático / comunicação integrada)
  • Interfaces institucionais (com organizações sociais; agências de planejamento urbano (especificamente a Agência Metropolitana); universidades e centros de pesquisa; poder legislativo, parlamentos e mandatos; sistema de justiça, tribunais, ministério público; empresariado local e com atividades nas localidades; imprensa, comunicação massiva e plataformas de redes sociais)
  • Governança democrática interna (autogestão) e externa (accountability pública, através do conselho curador da Plataforma GeoNarrar)
  • Métodos de mobilização: promoção de visibilidade pública, para que beneficiários possam participar; promoção de pertencimento, comunalização e reflexividade, para que participantes possam propor; propiciamento de confiança e co-responsabilização, para que propositores possam ter seus encargos divididos e, eventualmente, possam passar a outras geonarrativas.

Produção

Coleta / produção experimental dos “textos desencadeadores”: segmentos narrativos geo-referenciados (depoimentos, imagens et al.) → Revisão dos métodos de mobilização

Prototipagem / ajustes das interfaces ao usuário (mídias locativas, desktop, mass-media) usando os textos desencadeadores

Divulgação experimental / regular visando a adesão dos “participantes desencadeadores” → Revisão dos métodos de mobilização

Experimentos com / manejo de sistemas de recompensas (p. ex. Participação em decisões, retribuições colaborativas ou economico-solidárias, reconhecimento público) com os participantes desencadeadores → Revisão dos métodos de mobilização

Consolidação

À medida em que o ciclo de produção (coleta - manejo da interface - revisão de métodos de mobilização] se estabiliza, deve haver o desenvolvimento das interfaces institucionais.

É imperioso que a participação coletiva no arranjo geonarrativo seja correspondida pela assertividade prática -- societária, econômica e institucional. A geonarrativa deve estabelecer processos e protocolos para catalisar e canalizar a ação cívica sobre os sistemas institucionais (governamentais, empresariais e societários) concernidos pelos públicos e temas.

A geonarrativa deve criar condições para sua governança colegiada, com participação predominante de membros do público concernido.

O coletivo propositor deve tornar economicamente sustentável a geonarrativa.

A geonarrativa deve fazer esforços redobrados em relação à segurança dos dados e ao controle coletivo de interesse democrático sobre das agregações de dados, mantendo-se sob escrutínio público.


Projeto Plataforma GeoNarrar

Este projeto de extensão visa desenvolver uma plataforma permanente de comunicação e informação para a construção de geonarrativas, aqui entendidas como camadas argumentativo-narrativas vinculadas a lugares, percursos e territorialidades pertinentes ao espaço urbano da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Produzidas com a participação (em níveis variados) de um público externo, as geonarrativas visam catalisar processos inovação democrática (Saward, 2001a; 2001b) de representação política e de mobilização coletiva.

Concretamente, sua eficácia está em instituir um público concernido e mobilizá-lo para enviar contribuições, participar da gestão dos cibertextos e utilizar as informações agregadas como meio de ação política e matéria de expressão poética. Conforme o interesse dos participantes e do público concernido, a interface da geonarrativa pode permitir que os segmentos textuais sejam georreferenciados usando os recursos de geoprocessamento dos dispositivos de computação móvel como filtro para acesso às imagens e textos, para que os usuários recebam informações vinculadas à posição geográfica onde se encontram. Da mesma maneira, as geonarrativas podem receber novos segmentos verbo-audiovisuais georreferenciados do público usuário, a partir da presença deles em lugares determinados. A interação com o material agregado na geonarrativa pode ser muito variada, indo desde o acesso direto aos arquivos sobre um mapa até a interface gamificada, recursos de imersividade, e acesso através de realidade aumentada.

Projeta-se, como atividade inicial, a realização de um laboratório experimental. Seu propósito é consolidar métodos de produção e dar visibilidade aos protótipos desenvolvidos por acadêmicos e ativistas do "Direito à Cidade". Além de compartilhar conhecimentos técnicos especializados, a oficina busca criar vínculos entre uma variedade grande de sujeitos vinculados a ações coletivas sobre urbanidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A oficina prevê três fases: formativa, de desenvolvimento orientado de projetos e a etapa final, de consolidação econômico-política da geonarrativa. A etapa formativa será composta por módulos a partir dos quais os participantes terão oportunidade de construir a fundamentação de seus projetos:

  • Documentário e retóricas indiciárias - Revisão crítica da história das retóricas documentárias (enfatizando a ressurgência e supressão da polifonia, não linearidade/imersividade e produção pelo público); conjuntos retóricos das poéticas indiciárias ("modos documentários"); experimentação e desenvolvimento de jogos de improvisação e proposições poéticas, usando verbais, pictográficas, audiovisuais e algorítmico-ambientais.
  • Performance em espaço urbano e outras poéticas de imersão ambiental
  • Narratividades não-lineares, imersivas e participativas; realidade aumentada; argumentos de games e docugames georreferenciados
  • Código: fundamentos de programação; desenvolvimento de adaptações a plataformas existentes (mashups); planejamento de produção de código (para aplicativos móveis, georreferenciamento e realidade aumentada)
  • Psicogeografias, promoção de viagens no espaço-tempo metropolitano e desenvolvimento de turismo local
  • Fundamentos de organização: autogestão, gestão participativa e economia solidária; mobilização coletiva
  • Mapeamento estratégico do ordenamento institucional da gestão e planejamento urbano: paisagem institucional e práticas de intervenção formal ("advocacy") nos sistemas administrativos, parlamentares, judiciários, empresariais e comunitários.

(Há uma outra versão de programação para uma oficina-piloto...)6

Na etapa de desenvolvimento orientado, os protótipos desenvolvidos na primeira etapa ganharão acesso público, e os coletivos desenvolvedores irão formalizar vínculos com pessoas, grupos locais e organizações visando dar sustentabilidade aos processos de mobilização em torno da transformação do sentido dos lugares e percursos (tornando-os publicamente acessíveis e relevantes). Ao mesmo tempo, serão testados os limites técnicos, e dimensionadas as exigências concretas de infraestrutura tecnológica para a perenização das ações geonarrativas.

Na terceira etapa, com os coletivos geonarrativos desenvolvendo suas ações de maneira consolidada, serão feitos esforços de organização do conselho curador, formados por pesquisadores, representantes de cada uma das organizações parceiras do projeto e de cada ação geonarrativa. Este colegiado deverá se auto-normatizar visando uma atuação sistemática de mobilização cívica para a consolidação do projeto Geonarrar como plataforma institucional e comunicativa. Nessa fase, deverão ser desenvolvidos os procedimentos regulares de encaminhamento estratégico de informações e demandas coletivas nos sistemas institucionais (acadêmicos, parlamentares, executivos, judiciários, mediáticos, sindicais e empresariais).

Percurso de proposição, instauração e consolidação das geonarrativas na Plataforma GeoNarrar

I um “argumento geonarrativo” pessoal ou coletiva vaga, oriundo de agentes comunitários, ativistas, pesquisadores ou estudantes...

II seria transformada em projeto com plano de viabilização e equipe.

III Este projeto seria desenvolvido experimentalmente como uma geonarrativa-piloto,

IV recebendo suporte e consultoria da plataforma até que o arranjo alcance sustentabilidade (pelo uso público, por viabilidade econômica, por vinculações políticas).

V O arranjo geonarrativo consolida-se quando passa a ser continuamente desenvolvida com apoio da AG, para que seus publicos alcancem o maior grau de autonomia em termos do controle do artefato de auto-mobilização.

VI Mesmo tendo alcançado sustentabilidade e se consolidado como espaço discursivo de representação política e mobilização, a AG atuará como interface para sua accountability, responsabilizando-se pelo seu uso democratizante, e de seus saberes e recursos. A Agência Geonarrativa deverá promover e defender os projetos democrática e economicamente frutíferos (economicamente no sentido distributivo, principalmente); e bloqueando iniciativas perigosas ou danosas para os públicos envolvidos.

VII Os proponentes e participantes de geonarrativas, assim como as instituições parceiras e a AG, atuariam na adesão de novos participante e projetos.

Escolhas tecnopolíticas:

  • Serviço de georreferenciamento de segmentos textuais: https://www.ushahidi.com/
  • Serviço de publicação e compartilhamento de segmentos textuais audiovisuais: https://vimeo.com/
  • Plataforma de compartilhamento de textos verbais extensos: http://www.wikidot.com/ e https://medium.com/
  • Rede social ativista: https://we.riseup.net/

Sugestão: explicitar os eixos, detalhar cada um separadamente

O projeto se divide em três eixos:

Pesquisa: Aportes teóricos para se pensar às Geonarrarativas

  • Discussão sobre Representações políticas arranjos de representação política e mobilização coletiva. (Disch 2009; 2011; 2012; 2014). A hipótese é a de que não há distinção última entre arranjos de representação política e mobilização coletiva.
  • Discussão sobre a relação entre artefatos retóricos e distribuição dos processos de cognição (incluindo as dos juízos éticos). A hipótese é a de que a cartografia dos arranjos de representação deve incluir não apenas pessoas individuais humanas, mas também recorrências comportamentais coletivas trans-individuais e mediadores materiais “inanimados”. (Bardone; Magnani). Há também a hipótese da cognição e (logo) a moralidade como processos distribuídos.
  • Desenvolvimento e consolidação do conceito de geonarrativa como arranjos artefatuais de representação coletiva que vinculam o uso de textualidades audiovisuais não-lineares participativas a processos de apropriação urbana pública dos espaços.

(Cada tópico acima renderia no mínimo, um artigo)

-> Em termos institucionais e inter-institucionais: Grupo de pesquisa. Grupo de pesquisa sério precisa de produção bibliográfica. O ideal é chamar gente com potencial de produção.

-> Uma meta interessante seria organizar um evento sobre o tema.

-> Um meta alta porém alcançável seria organizar um livro sobre o tema

Extensão Geonarrar: plataforma, oficinas e comunidades

O projeto de extensão geonarrar visa construção de ferramentas para a comunicação estratégica de auto-mobilização coletiva urbana.Partindo do princípio de que o uso político-prefigurativo de arranjos de representação, assim como o desenvolvimento de artefatos de representação pode ter um sentido democratizante, ou seja, contribuir para

(a) ampliar o campo dos assuntos de interesse coletivo acessíveis à deliberação pública.

(b) aumentar a quantidade e a diversidade de agentes envolvidos nos processos de tomada de decisões;

(c) melhorar a qualidade dos processos de tomada de decisão (em termos de veracidade dos conhecimentos convocados para consideração comum, de franqueza em termos de exposição dos interesses e desejos e de reconhecimento entre os agentes envolvidos no processo),

Dessa forma o projeto propõe inovações de métodos e tecnologias de comunicação e informação que torne amplamente acessível e convidativo à sociedade civil da Região Metropolitana de Belo Horizonte desenvolver, publicar e usar geonarrativas como ferramenta de mobilização coletiva capaz de instaurar identidades coletivas metropolitanas, através de ações garantidoras (formal e praticamente) do "direito à cidade".

O projeto se divide em:

Construção de uma plataforma online

Os resultados esperados do projeto visam promover o uso democratizante das geonarrativas marcados por

(a) auto-organização político-econômico e sociocultural de coletivos cujos interesses comuns podem emergir a partir do uso comum e público do espaço urbano;

(b) desenvolvimento de estratégias contra-vigilância ou “subvisão” (“Sousveillance”) articuladas à dinâmicas de universalização do acesso da sociedade civil à tecnocracia (Mann; Nolan; Wellman, s/d);

(c) distribuição do poder tecnocientífico gerado na consolidação de circuitos públicos de interpretação de índices (ou “moveis imutáveis” recombináveis superponíveis e condensáveis com ganhos de inteligibilidade e poder, ref. Latour 2015).

Acho que aqui, depois de consolidado como projeto, caberia procurar parcerias internas (UFMG) e externas (UEMG, PUC, Movimentos populares, etc).

Possibilidades:

Escola de Arquitetura (vc conhece o povo lá?)

Departamento de História (povo que trabalha com Ditadura)

Escola de Design da UEMG (Tem gente trabalhando com cartografias afetivas da Lagoinha)

Ensino Geonarrar:

Disciplinas na Graduação:

  • Introdução às geonarrativas
  • Representação politica artefatual
  • Semiótica e Retórica: abordagem pragmaticistas

Palestras:

Disciplinas na Pós Graduação:

(há possibilidade? Em parceria, colaboração ou algo assim?)

Sugestão de links

https://mappinggm.org.uk/people/

https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0218590

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Locatelli, S M; Turcios, S; LaVela, S L (2015) Optimizing the Patient-centered Environment: Results of Guided Tours with Health Care Providers and Employees

Lynch, Kevin (1959) The Image of the City

Nold, Christian (s-d) Emotional Cartography

Massey, Doreen B. (1994) Space, place, and gender

Monte-Mór, R L M (2005) - A questão urbana e o planejamento urbano-regional no Brasil

Monte-Mór, R L M (2006) O que é o urbano no mundo contemporâneo

* Museu da Pessoa

* Oficinas Luminárias

* PDDI-RMBH-Produto-6 Volume-4

Santos Junior, Orlando A et al. (orgs) (2017) Políticas públicas e direito à cidade : programa interdisciplinar de formação de agentes sociais

Sletto, B ; Munoz, S ; Strange, Sh M. ; Donoso, R E. ; Thomen, M (2010) El Rincon de los Olvidados: participatory GIS, experiential learning and critical pedagogy in Santo Domingo, Dominican Republic.(Report)

Sui, Daniel; Elwood, Sarah; Goodchild, Michael (2013) Crowdsourcing Geographic Knowledge - Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice

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* Video Nas Aldeias

Whitelaw, M (2002) “Playing Games with Reality= Only Fish Shall Visit and interactive documentary”

1Em inglês, correntemente, esse artefato retórico é designado pela locução “Spatial Video Geonarrative” (sigla “SVG”).

2 Uma dessas exceções, que nos inspirou a desenvolver este projeto, é o trabalho do LUMEs - Lugares de Urbanidade Metropolitana, desenvovida por acadêmicos da UFMG. <http://www.arq.ufmg.br/site/v2/extensao/projetos-de-extensao/lumes-rmbh-lugares-de-urbanidade-metropolitana-na-rmbh/>; <http://www.rmbh.org.br/arquivos_biblioteca/PDDI-RMBH-Produto-6%20Volume-4.pdf>

3 Termo aristotélico, designando o conjunto dos membros da polis (cidadãos e não cidadãos) e também dos corpos coletivos, usado aqui como tradução mais proxima do inglês “polity”.

4 Conceito elaborado por Saward (2010), “representative claims”. Designa o ato de expressão de um agente ou conjunto de agentes, vindicando agir e se expressar no lugar de um coletivo, a respeito de assuntos determinados. O termo visa abordar processualmente a representação política, como uma sequência de transformações da representação ao longo de seu questionamento por coletivos e em ambientes variados. Ou seja, tratando-a como politossemiose.

5 Tecnologias libres são aquelas que são geradas por conhecimentos cujos proprietários dos direitos autorais determinam que estes conhecimentos e produtos derivados não poderão ser apropriados privadamente, deverão estar acessíveis para estudo, permitirão a produção de obras derivadas e terão suas autorias reconhecidas.

6Os participantes serão conduzidos a desenvolver projetos de argumentações eou poéticas narrativas não lineares espaçotemporalmente indexadas; conforme o progresso desses desenvolvimentos, será indicada sua participação em cada uma das diversas oficinas formativas (abaixo, ítens a-z); a orientação coletiva dos projetos será a atividade persistente. As atividades são desenhadas de modo híbrido, presencial e não presencial, envolvendo trabalhos coletivos e pessoais; em geral, projeta-se manter atividades de leitura e apreciação constantes, encontros presenciais semanais regulares e, esporadicamente, atividades imersivas de longa duração. São elas:

(a) História e críticas do audiovisual e ciberaudiovisual documentário, artefatos de mobilização cívica, arte participativa e poéticas espaço-interacionais;

(b) teorias críticas geográfico-urbanísticas: psicogeografia, epistemologia da viagem, produção de espaço, direito à cidade;

(c) poética e design de narrativas ergódicas, desenvolvimento de narrativas ergódicas espaçotemporalmente indexadas;

(d) design de interação para arranjos artefatuais de representação coletiva;

(e) fundamentos de programação, técnicas de diagnóstico e especificação de sistemas informáticos; estratégias de organização de dados;

(f) estratégias de comunicação para mobilização e auto-mobilização coletiva;

(g) história oral, produção de histórias de vida;

(h) conservação de patrimônios urbanísticos imateriais; (i) cine-etnografia e antropologia visual;

(j) análise estratégica de processos administrativos, jurídicos e empresariais da região metropolitana, associados à uso e ocupação do território e do tempo da população;

(k) direitos autorais, licenças e inovações no direito sobre bens simbólicos e imateriais; estratégias de segurança jurídica para projetos de mobilização críticos;

(l) Teorias e técnicas de administração e organização para trabalho colaborativo, cooperativas e organizações auto-gestionárias.