Sociologia (RTVI)/2021/Trabalho semestral/Grupo 4


Relato individual

editar

Nesta seção, cada integrante do grupo deve expor em até cinco linhas o que realizou no trabalho. Isso deve ser feito por cada estudante individualmente, tomando cuidado para estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não conseguirei verificar a edição

  1. 21000457 Beatriz: Transcrição da entrevista
  2. 21000702 Caio: Transcrição da entrevista
  3. 21000439 Eduardo: Colocou as informações na wikiversidade e publicou
  4. 21000848 Felipe: Edição do áudio
  5. 21000476 Luiza: Entrevista e intermédio com entrevistada

Publicação de texto do grupo

editar

Nesta seção, um integrante do grupo deve publicar o texto da história de vida recolhida pelo grupo, seguindo as instruções do trabalho. Esteja logado. Lembre-se: o texto deve ter 6.000 caracteres no máximo. Também dê acesso ao termo de cessão de direitos assinado, eventualmente carregado num drive.

P/1: Boa tarde, estamos gravando no dia 24 de maio de 2021

R: Meu nome é Yukiko Yamaguchi Tame, tenho 62 anos, nasci em uma província chamada Kumamoto, no Japão, e essa é minha apresentação.

P/2: Conta um pouquinho da sua história de vida, como você chegou aqui?

R: Meus pais vieram para o Brasil quando eu tinha nove meses de idade, foi uma viagem longa de navio até o Brasil, foram quase dois meses. Eu fui a última filha que nasceu no Japão, e viemos em quatro filhos para cá, eu sendo a quarta filha. Chegamos em junho de 1959 no Brasil, e depois ainda tive mais dois irmãos que nasceram aqui, então somos no total de seis irmãos.

P/1: E como foi essa viagem? Alguma história que sua mãe te contou?

R: A história que minha mãe conta é que como ela decidiu vim para o Brasil e o meu pai era o único filho homem de sua família, então ele que deveria seguir a sua família, e como ele decidiu acompanhar a minha mãe, acabou sendo deserdado da família dele. Então, minha mãe conta que só vieram com as roupas do corpo mesmo, e como era uma viagem muito longa, nesse trajeto algumas pessoas morreram e então eram jogadas ao mar esses corpos, e também como eram muitas famílias eles acabavam criando eventos para entretenimento mesmo né? E como meus pais não tinham dinheiro para fazer fantasia para esses eventos, minha mãe usava a criatividade, usava panelas, vassouras, essas coisas, acabava enfeitando meus irmãos para participar desses eventos e no fim eles ganharam o prêmio. Isso é o que marcou pra mim, essa história, e também o fato de minha mãe desconhecer o que poderia encontrar aqui no Brasil e então no caminho ela recolhia todas as sementes do que ela comia e guardava na meia porque ela falava: “A gente vai para um lugar que tem terra pra plantar, então pelo menos espero que fome a gente não passe.” Muitas vezes ela não sabia do que eram as sementes né?

P/1: E por que ela decidiu vim pra cá?

R: Na verdade, a gente só sai de um lugar, geralmente, porque tá ruim né? E então a esperança de encontrar alguma coisa melhor e o Japão era um Japão sofrido pela guerra, se tinha muita fome, e como meu pai era o único filho homem, a sogra da minha mãe tinha um ciúme doentio da minha mãe. Dizem que sogra judia muito de nora né? Então imagine em uma família dessa que ele era o único filho homem, então minha mãe sofria muito nas mãos dela. Acho que também foi uma maneira de se afastar desse domínio da sogra e poder ter um pouco mais de liberdade com seus filhos. Então acho que esse foi o outro motivo da vinda para o Brasil, na esperança de uma vida melhor e para se afastar do domínio da sogra.

P/1: E como era sua relação com seu pai? Com a família dele?

R: Na verdade, até eu entender o motivo de tudo isso, que foi grande parte da minha infância e da minha adolescência, foi uma relação bastante difícil. Porque como eu acabei tendo dentro do meu círculo de amizades quase todos brasileiros, era muito diferente a família brasileira da família japonesa, e a gente via os pais abraçarem seus filhos, e na época lembro de uma amiga que pedia benção e beijava a mão do pai, eu achava aquilo tão... né? E então a relação ficou bem mais difícil por conta até da situação familiar no sentido do meu pai, ele... acho que já devia ter uma certa tendência desde o Japão, mas chegando aqui no Brasil a situação ficou de um jeito que ele não esperava, encontrar tanta dificuldade, e geralmente a gente acha que homem quando encontra dificuldade e não sabe enfrentar ou ele foge de casa ou acaba indo pra bebida né? E foi o que aconteceu com meu pai, ele acabou se tornando realmente um alcoólatra e tendo todas as consequências familiares e financeiras que isso acaba causando. Então desde criança eu sempre presenciei, eu e meus irmãos, sempre presenciamos muitas brigas homéricas, de os vizinhos sempre chamarem a polícia, pra levar o meu pai pra passar uma noite até a bebida passar. Eram violências bem marcantes pra crianças né? Eram situações onde você vê a sua mãe sendo agredida de uma forma tão violenta que ela não escuta direito de um lado do ouvido e também tem um braço todo quebrado em formato de “S”, de agressão mesmo. Você fica pensando, vendo os pais das minhas amigas, tantos pais ótimos, e eu tenho que conviver com uma pessoa assim. Então era muito difícil ter a compreensão daquela situação. Então éramos filhos muito revoltados com a situação. E até por conta disso, meu pai vivia bêbado, minha mãe trabalhava muito e não tinha tempo para dar atenção pros filhos. Até pela dificuldade deles de falar português, tínhamos que fazer tudo sozinhos. Por exemplo, a escola que você queria estudar. Eles nunca foram pro colégio, não entendiam, então era sempre nossos irmãos mais velhos que cuidavam da gente nessa parte. Então acabamos crescendo com esse tipo de liberdade pra escolher as coisas, sabe? Mas como eu disse, até você entender de verdade o fundo de tudo isso, depois que você realmente entende o porquê as pessoas são assim, é uma certa gratidão e compaixão pela pessoa. Acho que a gente tem esse aprendizado, de você entender que você estar em uma relação assim é porque ou você tem alguma coisa a ensinar pra aquela vida, ou aquela vida tem alguma coisa pra te passar também né?

P/1: Qual acha que foi a maior lição que aprendeu?

R: A lição que eu aprendi? É que a gente nunca deve perder a esperança. Acho que sempre, em qualquer situação, ela pode ser mudada. É uma coisa que também tento passar para minha filha, porque como ela ainda tem 21 anos só, muita coisa ainda vai vir; mas sempre falo: “ que nem sempre aquilo que é ruim dura para sempre e também nem sempre o que é bom, dura para sempre.” Porém que a gente sempre tende a ter esperança, uma frase que guardo: “o inverno nunca falha em se tornar primavera”. Então isso dá uma esperança muito grande. Acredito que é essa lição que aprendi ou que meu pai me ensinou, com a vida dele, a ser uma pessoa que tem empatia também com o sofrimento das outras pessoas, justamente porque você também sofreu; então consegue entender o sofrimento das outras pessoas. Acho que é esse legado que meu pai passou e na verdade hoje a gente tem, pelo menos procura ter, esse sentimento de que se realmente eu não tivesse tido uma família nessa condição, acho que eu não teria buscado essa profundidade na vida.

P/1: Se pudesse voltar no tempo e dar um conselho pra si mesma. Qual seria?

R: Acho que deveria ser mais solta, talvez. Acho que essas coisas acabam deixando a gente bastante reprimida. Então acho que eu seria mais solta, sabe? Daria mais vazão ao que eu tinha vontade mesmo de fazer; mas então, acho que não tenho muito arrependimento. Uma porque, como falei para você, acho que o que sou hoje é resultado da minha vivência no passado. Então, não tenho como me arrepender. Mas talvez esse único ponto que sinto é esse de viver mais livremente, sabe? Do que ficar muito presa só aos deveres. Acho que seria isso a minha, vamos dizer, meu conselho pra mim mesma. Viva mais! Sinta mais! Sabe, era esse né! Mas como falo sempre acho que começa daqui pra frente. O que a gente não consegue mudar. Tenho buscado fazer isso a partir de agora.

Só mais uma mensagem que sinto assim que foi o que marcou, talvez a minha juventude, o que me impulsionou, a buscar um, vamos dizer, a fazer esse trabalho que eu faço, fui estudar fisioterapia, porque eu sempre quis, sempre me senti bem ajudando as pessoas. Achei que era um campo que pudesse atuar fazendo isso. Para poder estudar, nunca fui nada… era um obstáculo. Pois eu tinha/tenho uma mãe que sempre me dá muita força para eu ir atrás; porque a gente sempre fala que a ponte que liga o sonho à realidade, é o esforço. Então, lutei muito para me formar na faculdade e depois fui para o Japão também buscar minhas raízes, além de estudar...

P/1: Então voltou para o Japão?

Depois que terminei a faculdade fui para o Japão estudar. Bom, achei que foi muito bom, porque foi lá que encontrei meu príncipe… meu príncipe encantado. A gente se conheceu lá, casamos lá e é assim uma pessoa com a mesma filosofia de vida que a minha, com os mesmo objetivos de vida e hoje, assim a gente trabalha realmente fazendo alguma coisa que possa… que esteja beneficiando as pessoas. Acho que esse é o ponto importante que faz a gente ir todo dia ir trabalhar e orar também para que a gente possa, realmente, atender naquilo que as pessoas estão buscando da gente, do nosso tratamento. Então, cada dia é um… como fala? Uma gratidão eu poder exercer esse trabalho e, vamos dizer assim, cumprir a minha missão como ser humano. É isso que eu queria passar.

Portanto, é nunca ter medo das adversidades. É o que eu aprendi também, sabe? Que a gente pode, realmente, com amor transformar qualquer adversidade. Criar valor naquilo que a gente não acha que tem valor. Acho que é isso que faz você sentir essa empatia. Muitas vezes a gente acha assim que, passamos por alguns sofrimentos para justamente saber a força que você tem dentro de você; e como você falou agora, também possa inspirar outras pessoas. Você ser vitorioso, não é uma vitória só sua. É uma vitória que também inspira o outro. Acho que isso também faz parte.

Publicação de texto da pessoa entrevistada

editar

Nesta seção, um integrante do grupo deve publicar o texto redigido pela pessoa entrevistada, seguindo as instruções do trabalho. Esteja logado.

Meu nome é Yukiko Yamaguchi Tame. Nasci em Kumamoto, Japão. Tenho 62 anos, casada com Massaiti e mãe de Vitoria Miwa de 21 anos.

Na juventude não conseguia me imaginar casada. Vivendo junto com outra pessoa, todos os dias, lidando com as alterações de humor minhas e do outro. Ter de prestar conta de meus atos, dividir momentos que às vezes vc queria só para si, enfim, toda a ordem de dificuldades que um relacionamento entre duas pessoas diferentes que convivem juntas geram. Além de não ter tido na infância um modelo referência de família harmoniosa.

No entanto, quando você encontra alguém com quem queira viver, aprende que é preciso dialogar constantemente e de coração aberto. Colocar regras, acordos, ter cumplicidade, acreditar e cultivar sempre o sentimento que fez quererem ficar juntos. E assim, com amor, humor, companheirismo, já se passaram 33 anos de contínua construção.

A dificuldade em engravidar me proporcionou muitos questionamentos: por que quero filho? É para ser mais feliz? É para como casal sermos mais unidos?

Enquanto estava em dúvida, deixava para o Universo resolver essa questão. Mas foi somente quando desejei do fundo do coração ser mãe, é que tomei as rédeas e parti para a ação.

E depois de 11 anos nasceu a Vitoria Miwa. Uma filha linda, inteligente, sensível e companheira. Que nos desafia diariamente a sermos pessoas melhores e educar para deixar uma pessoa melhor também para o mundo.

Massaiti e eu trabalhamos com acupuntura. Além de tratar outras patologias, fazemos tratamento com foco em infertilidade.

Podemos compreender e sentir empatia com cada casal que nos procura.

Hoje, acredito que nada é por acaso, nenhuma adversidade é a toa. Inclusive o fato de eu mesmo ter tido dificuldade em ser mãe posso com isso incentivar e inspirar outras pessoas. E no fim acho que é isso, ultrapassarmos as adversidades para nos tornarmos mais fortes e para podermos nos encorajar mutuamente.

Carregamento de áudio de entrevista

editar

Para esta etapa, vocês precisarão carregar o áudio no Wikimedia Commons e publicá-lo aqui na Wikiversidade. Necessariamente o arquivo de vocês deverá estar num formato livre, por exemplo o mp3. Os vídeos abaixo servem de instrução para carregar e usar os áudios (os vídeos foram feitos para imagens, mas é o mesmo procedimento para áudios). Façam esta etapa seguindo as instruções do trabalho. Esteja logado.

https://drive.google.com/file/d/1DbXkgxSo9X8Zgepo2_0r9wKjZBjJlXBU/view?usp=sharing

Selfie da pessoa entrevistada

editar

Nesta seção, um integrante do grupo deve publicar o link para uma selfie da pessoa entrevistada, seguindo as instruções do trabalho. Pode ser o link de um drive com a imagem. Esteja logado.

Opcional: fotografia da pessoa entrevistada

editar

Nesta seção, um integrante do grupo pode eventualmente publicar o link para uma selfie da pessoa entrevistada, seguindo as instruções do trabalho. Pode ser o link de um drive com a imagem. Esteja logado.