Sociologia e Comunicação/Estudo 4

“É na sociologia de Bourdieu, contudo, que o conceito de distância social ganha importância analítica. Em sua visão espacial da sociedade, Bourdieu compreende o espaço social como formado por relações de proximidade e separação que são, antes de mais nada, relações hierárquicas. (...) a proximidade no espaço físico permite que a proximidade no espaço social produza todos os seus efeitos facilitando ou favorecendo a acumulação desses mesmos recursos e, mais precisamente, permitindo aproveitar continuamente encontros ao mesmo tempo casuais e previsíveis que garantem a frequência a lugares bem frequentados”

(adaptado de BOURDIEU, Efeitos do lugar.In: Miséria do Mundo)


“O espírito não utiliza o corpo, mas se faz por meio dele. Meu corpo … é meu ponto de vista sobre o mundo. O corpo é nosso meio geral de ter um mundo”

Maurice Merleau-Ponty (A estrutura do comportamento)


“Fabiano estava silencioso, olhando as imagens e as velas acesas, constrangido na roupa nova, o pescoço esticado, pisando em brasas. A multidão apertava-o mais que a roupa, embaraçava-o. De perneiras, gibão e guarda peito, andava metido numa caixa, como tatu, mas saltava no lombo de um bicho e voava na caatinga (...) Era como se as mãos e os braços da multidão fossem agarrá-lo, subjugá-lo, espremê-lo num canto de parede. Olhou as caras em redor. Evidentemente as criaturas que se juntavam ali não o viam, mas Fabiano sentia-se rodeado de inimigos, temia envolver-se em questões e acabar mal a noite.”

(Graciliano Ramos. Vidas Secas p.75)


“Gostaríamos que ficasse claro aqui que não estamos discordando do papel da Escola enquanto instituição que é responsável pelo ensino da norma padrão, o que discordamos é a forma como, muitas vezes, isso acontece. A fim de valorizar (ou supervalorizar) a norma padrão veiculada na escola, há um total desrespeito por outros falares e um desconhecimento (ou pseudo desconhecimento) da diversidade linguística do Brasil. O que se verifica, de fato, é que essa é mais uma questão de cunho político e social do que propriamente lingüística... A voz da criança é “silenciada” quando sua linguagem é identificada e avaliada como “escolarmente não rentável”, devendo ser esquecida e substituída pela linguagem ‘escolarmente rentável’ (norma padrão).”

(adaptado de Tânia M.N. de Lima Câmara. Os Antropônimos em Machado de Assis)