Tecnopolíticas e Democracia no Antropoceno
Projeto Inicial
editarGrupo de Estudos e Pesquisas: Tecnopolíticas e Democracia no Antropoceno
Local: Instituto de Estudos Avançados e Convergentes (IEAC) da Universidade Federal de São Paulo
Áreas do conhecimento envolvidas: Ciências Humanas, Artes, Ciências Ambientais, Engenharias e Tecnológicas
Resumo
editarDiante da tripla crise que enfrentamos – epistêmica (mutações no regime de verdade), política (erosão das instituições democráticas) e socioambiental (crise climática) – pretendemos investigar algumas trajetórias de criação e desenvolvimento sociotécnico relacionadas aos desafios de transição societal face à urgência climática do Antropoceno. Reconhecendo a forte agência dos arranjos sociotécnicos e a maneira como a inovação tecnocientífica tem influenciado e governado os modos de vida contemporâneos, este grupo de trabalho está interessado em investigar a hipótese da diversidade cosmotécnica como expressão de inovações democráticas situadas, capazes de imaginar e promover rotas de bifurcação tecnológica diante do colapso civilizatório e socioambiental em curso.
Objetivo
Promover linhas de investigações interdisciplinares e inovação metodológica no campo das humanidades ambientais e tecnológicas que contribuam para o fortalecimento de uma cultura tecnopolítica democrática orientada pelas urgências socioambientais no Antropoceno.
Período de atuação previsto: fevereiro de 2024 a dezembro de 2025
Integrantes
editarAcácio Augusto Sebastião Jr. (Unifesp - EPPEN) http://lattes.cnpq.br/9298810663986704
Adalton José Marques (Univasf - C. Sociais) http://lattes.cnpq.br/4640452160891026
Alana Moraes (IBICT - UFRJ) http://lattes.cnpq.br/7263979800586570
Allan Yu Iwama de Mello (UFPB;GEADAPTA) http://lattes.cnpq.br/9927877895574494
Beatriz Macchione Saes (Unifesp, Eppen) http://lattes.cnpq.br/1398739259827371
Cristiano Cordeiro Cruz (ITA) http://lattes.cnpq.br/1089138259797038
Fernanda Glória Bruno (UFRJ) http://lattes.cnpq.br/0010160208417370
Guilherme Moura Fagundes(USP) http://lattes.cnpq.br/8537919362993958
Gustavo Lemos Picanço (Unifesp - PPGCS) http://lattes.cnpq.br/0785467988320836
Henrique Zoqui Martins Parra (Unifesp - EFLCH) http://lattes.cnpq.br/8314245614310718
Joana Barros (Unifesp - Inst. das Cidades) http://lattes.cnpq.br/6338475521035220
José Aravena Reyes (UFJF) http://lattes.cnpq.br/5810758186292477
Kidauane Regina Alves (Unifesp - ISS) http://lattes.cnpq.br/8705689261375962
Maria Fernanda Novo (USP) http://lattes.cnpq.br/2774460864332815
Marina Guzzo (Unifesp Inst. Saúde e Sociedade) http://lattes.cnpq.br/5559657064845007
Renzo Taddei (Unifesp - Inst. Ciências do Mar) http://lattes.cnpq.br/3956613911250399
Rodrigo Firmino (PUCPR) http://lattes.cnpq.br/1468237540261340
Salvador Schavelzon (Unifesp - EPPEN) http://lattes.cnpq.br/7147194844622470
Silvana A. Pires Leodoro (Unifesp - PPGCS) http://lattes.cnpq.br/4389261416128777
Delimitação teórica do problema
editarPassados três anos da eclosão da Pandemia de Covid-19, nosso maior assombro diante da crise sanitária já não é a percepção dos agenciamentos que a produziram, mas sim a dura constatação da nossa incapacidade coletiva de fazer parar a locomotiva do progresso, como interrogava Bruno Latour acerca dessa possibilidade nas primeiras semanas da pandemia (2020). Ainda que aquele primeiro momento da pandemia, em diversos países, tenha sido marcado por uma desaceleração na atividade econômica e pela adoção de medidas de isolamento social, o “novo normal” foi rapidamente se infiltrando nos discursos e práticas cotidianas, intensificando tendências que já estavam em curso. A expansão dos arranjos cibermediados em diversos domínios da vida; a crescente financeirização e o extrativismo em suas diversas expressões; a adoção de medidas securitárias por governos, tudo para garantir que nosso modo de vida seguisse fluindo sob as novas condições intrapandêmicas (Parra, 2022).
O Tecnoceno é uma forma de caracterizar a dominância de um certo arranjo tecnocientífico e político no interior desse período geohistórico que vem sendo denominado de Antropoceno/Plantationoceno/Capitaloceno. A partir de meados do século XX, em especial com a emergência da virada cibernética e a expansão da fronteira energética, observamos a “Grande Aceleração” da confluência entre a monocultura tecnocientífica, o capitalismo financeirizado e informacional, a militarização e a atualização de regimes extrativistas.
Face a essa crescente tecnicização do mundo existem formas de vida que dependem de uma pluralidade técnica e relacional que resistem à ordem tecnopolítica dominante. São expressões de imaginários e práticas tecnológicas que apontam para outras cosmotécnicas, valores, racionalidades e normatividades contra-hegemônicas que dão forma a tramas sociotécnicas dissidentes.
No plano das políticas tecnológicas e econômicas, frequentemente os discursos e práticas de desenvolvimento industrial, fomento à inovação científica e tecnológica ou mesmo a promoção da soberania nacional no âmbito tecnológico, partilham de uma concepção sobre as tecnologias da informação e comunicação digital em que elas são compreendidas como artefatos neutros axiologicamente e cuja adoção, em suas configurações sociotécnicas dominantes, são justificadas como inexoráveis para o equacionamento eficiente de problemas empíricos. Modelos de inteligência artificial aplicada à saúde, educação ou à gestão pública; estratégias de plataformização digital; formas de automação no mundo do trabalho; tecnologias corporativas da semente ao prato na agricultura; tecnologias smart nas cidades e formas de transição energética para minimizar os impactos socioambientais; são concebidas sob uma certa cosmotécnica e adotadas como soluções unívocas em contextos heterogêneos, graças à escalabilidade dos processos de simplificação e redução socioecológica.
No Tecnoceno a monocultura tecnocientífica, a hegemonia cibernética e o capitalismo financeirizado, confluem sob uma razão orientada para a redução da vida a recursos exploráveis, atuando pela conversão do mundo às forças de tecnicização, abstração e extração. Mbembe, em seu livro mais recente, reflete sobre essa convergência: “a transformação da humanidade em matéria e energia é o projeto final do brutalismo” (MBEMBE, 2021, p.19). Yuk Hui pensa a modernização como um processo de sincronização global, no qual diferentes tempos históricos convergem para um mesmo eixo temporal. Neste processo, alguns conhecimentos serão priorizados em função da sua capacidade de fortalecer as dinâmicas econômicas e políticas. Na acepção de Hui, essa seleção é realizada e materializada através da disseminação e adoção de certas tecnologias, portadoras de formas de conhecer e racionalidades específicas (HUI, 2020).
Nesse sentido, iniciativas tecnopolíticas contra-hegemônicas estão em conflito com as epistemologias dominantes. Trata-se, portanto, de questões situadas na tríplice fronteira entre os modos de conhecimento, as formas da política e as formas técnicas de organização societal. Deparamo-nos, portanto, com os desafios relativos à atual crise de legitimidade e autoridade do sistema de expertise (científica e política) de nossas instituições. Diante desses conflitos, compreender o entrelaçamento dessas dimensões, seus limites e as encruzilhadas jurídico-políticas inauguradas pelos modos de composição sociotécnicos (em especial com as tecnologias informacionais digitais) é um desafio fundamental para o enfrentamento da atual Guerra de Mundos.
Se quisermos reagir às perspectivas de autoextinção global, precisaremos retornar a um discurso cuidadosamente elaborado sobre localidades e a posição que o humano ocupa no cosmos. Para que isso seja possível, precisamos antes de tudo rearticular a questão da tecnologia e ser capazes de conceber uma multiplicidade de cosmotécnicas - e não apenas duas (a pré-moderna e a moderna) (HUI, 2020, p. 89).
Ao acompanhar alguns conflitos tecnopolíticos podemos visualizar como a existência de outras formas de vida dependem de uma pluralidade técnica, onde a produção de conhecimentos e a criação tecnológica são compreendidas de forma situada e corporificada. O local importa, o corpo importa, a posição do humano num cosmos importa, bem como os efeitos de sua ação. Uma prática política ontológica não é só uma nova forma de descrever um velho problema; ela é sobretudo uma forma de redesenhar a conflitualidade a partir de um outro diagrama de forças que ativa outros possíveis e futuros, outros imaginários tecnológicos (Parra, 2022).
Como transformar os enredamentos tecnopolíticos, a racionalidade econômica e seu padrão de eficiência inscritos na arquitetura dos arranjos sociotécnicos; como alterar a distribuição de poder que está materializada nas tecnologias que infraestruturam nossa vida contemporânea? Como imaginar outros horizontes tecnológicos e promover outros regimes de sensibilidade e outras formas de saber?
No contexto de crescente tecnicização da vida contemporânea, os grandes arranjos sociotécnicos e os artefatos tecnocientíficos adquirem forte agência sobre o governo de nossas existências. Nem o desenho dos projetos técnicos, sua implementação e os efeitos societais de suas adoções estão submetidos a processos democráticos efetivos. Partimos da hipótese de que as configurações tecnopolíticas dominantes atualizam formas extrativistas de conhecimento, valor e recursos, com regimes de poder, modos de conhecimento e regimes de subjetivação que dão forma ao que denominamos hegemonia neoliberal cibernética. Todavia, essas dinâmicas convivem com modos de apropriação e criação tecnológicas alternativas, capazes de promover ações de contra-poder e modos de ação política que resistem aos poderes dominantes de expropriação. Quais as tensões e sentidos que a noção de autonomia e soberania tecnológica adquire diante de fenômenos como o colonialismo digital e as formas atualizadas de extrativismo (cognitivo, bens naturais, energético, informacionais)?
Como problemática estruturante nos perguntamos tanto sobre a configuração dos regimes tecnopolíticos de saber-poder neoextrativistas como o que poderia ser uma perspectiva tecnopolítica decolonial que percorra as reflexões alternativas às imaginações do “progressismo” e do “solucionismo tecnológico” que apresentam-se como horizonte da governamentalidade do capitalismo pós-pandêmico.
Portanto, retomar a possibilidade de imaginar, conhecer e experimentar a emergência de outras composições sociotécnicas é fundamental para que possamos ampliar os repertórios sobre as distintas formas de coexistir, reconhecendo outros modos de produção de conhecimentos, racionalidades e normatividades técnicas que apontam para outros critérios de eficiência societal. A afirmação de uma diversidade cosmotécnica, nessa perspectiva, é inseparável da urgência cosmopolítica como invenção e radicalização democrática.
Referências:
HUI, Yuk. Cosmotécnica como Cosmopolítica. In. Tecnodiversidade, São Paulo: Ed.UBU,2020.
LATOUR, Bruno. Onde aterrar? 1.ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
MBEMBE, Achille. Brutalismo. São Paulo: N-1, 2021.
PARRA, Henrique Z.M. Da tecnopolítica às lutas cosmotécnicas: dissensos ontoepistêmicos face à hegemonia cibernética no Antropoceno. In. KLEBA,J. ; CRUZ,C.; ALVEAR, A. (org). Engenharias e outras práticas técnicas engajadas : diálogos interdisciplinares e decoloniais. Campina Grande: EDUEPB, 2022.
Linhas de ação do Projeto
editarPossíveis temas para os workshops
- Inteligência Artificial e Colonialidade Epistêmica.
- Transição energética, novas fronteiras do regime extrativista agrominerário e conflitos socioambientais.
- Imaginários sociotécnicos, produção de futuros e sociedade de controle.
- Governo algorítmico, poder simulacional e erosão democrática.
- Biotecnologias, melhoramento humano e formas de racialização tecnomediada.
- Conflitos pela terra e novos arranjos tecnológicos.
- Tecnologias forense, poder preditivo e militarização.
- Mineração e financeirização: da terra aos dados.
Impactos científicos e sociais previstos
- Fomento à cultura tecnopolítica democrática.
- Estabelecimento de um grupo de pesquisa interdisciplinar na Unifesp relacionado ao campo das Humanidades Ambientais e Tecnológicas.
- Desenvolvimento de metodologias experimentais e colaborativas de pesquisa.
- Criação de estratégias de comunicação e divulgação científica.
- Contribuição para elaboração de novos parâmetros na elaboração e análise de políticas públicas no campo da inovação tecnológica relacionada aos desafios da crise climática.
Trabalhos científicos previstos
- Elaboração de artigos científicos e dossiês temáticos.
- Elaboração de podcasts.
- Infográficos e materiais audiovisuais
- Realização de colóquios.
Plano de Trabalho
- Reunião mensal de pesquisa do grupo dinamizador.
- Reunião bimensal com convidados (da Unifesp e outras instituições) no formato de workshops.
- Realização anual de um Laboratório experimental de transição sociotécnica, reunindo pesquisadores, artistas, organizações da sociedade civil, ativistas e movimentos sociais.
Metodologia
- Elaboração de agenda comum de pesquisa: seminários de pesquisa e formação.
- Constituição de rede acadêmica e extra-acadêmica de pesquisadores, artistas, organizações da sociedade civil e gestores.
- Criação de plataforma web para documentação e comunicação do projeto.
- Práticas experimentais de pesquisa - laboratórios situados
Ações previstas
- Seminários e workshops públicos.
- Registro, documentação e difusão dos materiais produzidos.
- Elaboração de documentos (ensaios propositivos).
- Realização de laboratório situado de transição sociotécnica.
- Elaboração de um projeto de pesquisa-extensão que aponte para a constituição de um novo laboratório intercampi.
Cronograma
editar1. Encontro Inaugural - 17 de abril de 2024
editarReunião Hibrida - 17/04 - 15:00 as 17:00hs Local Fisico: Sala de VideoConf da Proec no Predio da Reitoria-Unifesp Local Virtual:
Atividade Preparatoria
A partir do texto inicial do projeto, cada um de nós deverá escrever 1-2 parágrafos, não mais do que uma página, sobre as ressonâncias e confluências entre o texto do projeto e suas questões/interesses atuais de pesquisa. Dito de forma simples, quais são suas atuais inquietações teóricas/políticas, suas urgências face aos problemas enunciados no projeto Tecnopolíticas e Democracia no Antropoceno?
O objetivo é que através desses fragmentos possamos nos conhecer um pouco mais e também cartografar o que nos anima. Esses pequenos textos poderão ser enviados como um email para a lista que criamos.
2. Seminário Escalabilidade - 1 de julho de 2024
editarPost: https://tecno.pimentalab.net/archives/77
Neste encontro propomos um diálogo entre nossas pesquisas e estudos a partir do tema “ESCALABILIDADE”.
A escalabilidade aparece como um conceito fundamental na formação projetual da engenharia; ela é um tema central na geografia e na relação tempo-espacial histórica; na sociologia a relação entre agencia-estrutura, micro-macro e os modos de associação e ação institucional e política, na antropologia a escalabilidade tem sido problematizada em sua forma epistêmica e politica de redução da socio-bio-tecno-diversidade; na filosofia e na teoria política a escalabilidade é um problema central na relação entre o desenho instituicional, o espaço, os atores e os não-atores que que dão forma à comunidade política. O capitalismo como maquina codificadora transescalar na plantation, na produção fabril, a computação, a monocultura tecnocientífica, as fronteiras…
Alternativamente ao modelo da escalabilidade homogeneizante, como poderíamos realizar outros modelos de eficiência societal baseadas na proliferação da diferença no interior do sistema? E se ao invés da simplificação ecológica da plantation computacional, fôssemos capazes de criar outras de formas de colaboração na produção de conhecimento tecnocientífico, que promovam as alianças que amplificam e sustentam mundos mais diversos?
Uma condição fundamental para isso ocorrer indica para a retomada da localidade e a capacidade de autodeterminação (situada, coletiva e democrática) sobre as infraestruturas de nossas vidas. Noutras palavras, uma autonomia tecnológica relacional amparada na interdependência entre aqueles (humanos e não-humanos) que produzem uma comunidade política. Ao invés da soberania imunitária (das rígidas fronteiras entre o dentro e o fora, do amigo-inimigo) e da autossuficiência (do indivíduo, na nação, da empresa), investir na produção do vínculo. A prática da diversidade cosmotécnica é também uma cosmopolítica.
Algumas questões disparadoras:
Como o poder tecnopolítico em sua articulação com o mercado-finanças adquire um poder translocal numa escala planetária, ensejando novas formas de colonialidade epistêmica e extrativismo (valor, tempo, energia, recursos)?
Como imaginar, desejar, pensar a experimentação tecnopolítica fora do problema de escalabilidade? Ou, como produzir uma mudança sociotécnica que sustente as formas de vida que desejamos defender, criando formas de reticulação (estruturação emergente) que sejam respostas situadas à diversidade cosmotécnica?
Como pensar as tensões entre as instâncias política de deliberação-ação: nível local-estado-planeta? Nas discussões sobre “soberania tecnológica” há um debate sobre os limites da noção de soberania (estado-centrica) e como reconhecer e praticar outras formas de autogoverno em sua relação com os territórios.
Como a concepção e decisões sobre projetos tecnológicos respondem a lógicas e racionalidades que conflitam com capacidade efetiva de deliberação democrática sobre seus efeitos e modos de adoção?
Quando: 1 de julho de 2024 das 15:00 as 17:00
Webinário virtual
Link para pasta com textos inspiradores sobre o tema: https://drive.google.com/drive/folders/1euwpRNqmIDXvvGVeD8fg-4IY2-966dVd?usp=sharing
3. Seminário Horizontes tecnopolíticos: ontoepistemologias para reproducir a vida - 02 de agosto de 2024
editarPost: https://tecno.pimentalab.net/archives/111
Seminário organizado junto ao Laboratório de Experimentações Tecnopolíticas da Coalização Direitos na Rede.
Convidada: Paola Ricaurte: pesquisadora do Departamento de Mídia e Cultura Digital do Tecnológico de Monterrey, professora associada do Berkman Klein Center for Internet & Society (Universidade de Harvard) e cofundadora da Tierra Común, uma rede de acadêmicos, profissionais e ativistas interessados em decolonialidade e dados. A conversa, chamada “Horizontes tecnopolíticos: ontoepistemologias para reproducir a vida”, trará questões que Paola tem se debatido hoje, como feminismos latino-americano, extrativismos, colonialismo, modos de existência e práticas de conhecimento.
4. Seminário Técnicas do Vivo - 27 de agosto de 2024
editarPOST: mais informações, resumo da apresentação e biografia do convidado: https://tecno.pimentalab.net/archives/97
Convidado: Federico Testa - University of Bristol
27 de agosto às 17hs Local: Sala reuniões ProPGPQ – 2 andar, Reitoria Unifesp Avenida Sena Madureira, n.1500, São Paulo.
Quais são as possibilidades que uma compreensão do ser vivo como agente técnico abre no nosso presente enquanto terreno marcado pela politização do vivente e pela normalização e regulação da vida de indivíduos e populações (humanos e não-humanos)? Se não há vida além das normas que a informam e, no nosso contexto histórico, das dinâmicas de apropriação e governo do vivo através de normas saturadas por imperativos biopolíticos, como uma reflexão sobre as técnicas vitais poderia nos auxiliar a constituir novas possibilidades resistir às normas do biopoder? Como poderiam as noções do vivente enquanto agente técnico e o aparato conceitual canguilhemiano que sublinha os fundamentos vitalistas da tecnologia nos auxiliar na tarefa de “abrir” a reflexão biopolítica para os problemas e crises do presente (como a questão ambiental e climática, ou a do lugar e persistência de modos de vida que se caracterizam como outros em relação às formas dominantes de apropriação da matéria e da vida postos em funcionamento pelo capitalismo moderno ocidental)?
Link para texto base do seminário – Técnicas vitais e tecnologias do vivo/vivente face à biopolítica: https://tecno.pimentalab.net/wp-content/uploads/2024/07/federico-testa-capitulo-livro.pdf