Temperaturas Paulistanas/Planejamento/Brasilândia/Turma C

PLANEJAMENTO

editar

1. O distrito Brasilândia

editar

- História

editar

Na década de 1930, chácaras de cana de açúcar foram convertidas em lotes residenciais. O comerciante Brasílio Simões liderou a obra da Igreja de Santo Antônio no bairro, por isso o nome Brasilândia – distrito que abriga famílias de classe média a alta.

O distrito sofreu modificações com o passar do tempo e com o desenvolvimento da cidade; os sítios antes existentes viraram loteamentos regulares. Nessa mesma época, meados de 1940, a prefeitura preocupava-se com a beleza e o saneamento do centro da cidade e empenhou-se em reformas, como o alargamento das ruas e demolição de cortiços. Devido a isso, algumas pessoas foram obrigadas a deixar suas casas no centro, já que os imóveis que resistissem à demolição teriam seus aluguéis aumentados.

Foi assim que muitas famílias nessa situação deixaram o centro e passaram a morar na Brasilândia. No meio dessas famílias, ainda havia famílias vindas do interior, procurando melhoria de vida. O distrito recebeu um enorme fluxo de migrantes do nordeste do país nas décadas de 1950 e 1960. Atualmente, a classe B e C vêm dominando a região – que também concentra 21% da Classe A paulistana.

O trânsito no local é bastante complicado devido à falta de grandes avenidas no distrito. A baixíssima infraestrutura junto ao grande fluxo de veículos pesados que abastecem o comércio e transportes coletivos têm tornado suas ruas principais intransitáveis em horários de pico. A chegada do metrô ( Linha 6 - Laranja), prevista para 2020, tem como objetivo, além de interligar de maneira mais rápida e eficaz a população da Brasilândia ao centro da cidade, melhorar esse cenário. Outro problema existente no distrito é o tráfico de drogas.

- Dados sobre o distrito

editar

Área aproximada: 21,0 km².

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do distrito da Brasilândia, atualmente, é de 0,769, considerado um nível médio. Mas, a região não é homogênea, ou seja, muitos bairros passam longe de ter uma estrutura considerada mediana, entretanto, são ‘cobertos’ na análise de dados pelos bairros de alto poder aquisitivo, que em sua maioria estão localizados na região da Freguesia do Ó. Por isso, a discrepância entre as duas regiões nos quesitos: instituições de saúde, alternativa para transporte público, saneamento básico, segurança e taxas de mortalidade/natalidade.

- Mapa de vulnerabilidade

editar

O “Mapa da vulnerabilidade social e do déficit de atenção a crianças e adolescentes no Município de São Paulo” foi realizado em acordo entre o CEM-CEBRAP e a Secretaria de Assistência Social, SAS-PMSP e pretende detectar as condições de carência social através da distribuição de determinados tipos socioeconômicos pelo espaço a ser estudado - no caso a Brasilândia.

Analisando o Mapa de vulnerabilidade da Brasilândia, é possível notar que na região da Freguesia do Ó há a presença mais forte do grupo “Privação muito baixa”, o que revela que tal região é ocupada por pessoas com melhores condições de renda e escolaridade e sem tantas crianças. No entanto, nota-se também que, nesta mesma região - mais próxima à Marginal Tietê -, também está presente o grupo “Baixa privação e idosos”, que ocupa o terceiro lugar em condições socioeconômicas e apresenta mais idosos em comparação ao outro grupo também presente, apresentando pouca presença de crianças e jovens e, apesar de ter um elevado grau de escolaridade (sendo os chefes de família em sua maioria alfabetizados), ele é menor em comparação ao primeiro grupo. Essa mesma região é ainda bastante ocupada pelo grupo “Média-baixa privação e idosos”, com maior concentração de chefes mulheres e mais idosos, ¼ deles possuindo no máximo 8 anos de escolaridade.

Subindo no mapa, percebemos que a região do bairro da Brasilândia começa a ser tomado por cores mais quentes, como o laranja, o vermelho (em menor quantidade), amarelo e pela cor verde. Isso significa que na região estão presentes os grupos: “Alta privação e jovens” (caracterizado pela presença de chefes jovens, com baixos níveis de renda; apenas 25% deles possuem ensino fundamental completo – este grupo está, geralmente, presente em áreas mais periféricas); o grupo “Alta privação e adultos” (caracterizado por chefes adultos de baixa renda e escolaridade, com grande concentração de crianças e forte presença de adolescentes; do grupo “Média privação e adultos” (que apresenta características próximas às médias observadas, com exceção dos rendimentos, que são inferiores aos observados para o total do município) e do grupo “Alta privação” (que possui os piores indicadores do município de São Paulo, com maior concentração de crianças, grande concentração de jovens e baixa idade média do responsável; seus indicadores de escolaridade são também os piores.)

O distrito da Brasilândia é bastante heterogêneo e notamos que, quanto mais longe da Marginal Tietê e, consequentemente, do centro, piores são os níveis de escolaridade e renda, além de concentrar mais jovens e crianças.Os mais idosos e com maiores rendas e escolaridade estão mais concentrados no bairro da Frequesia do Ó. O que é bastante curioso é que, bem próximo à Marginal Tietê, quase no distrito da Casa Verde (área que predominam cores como azul claro, azul e rosa), há, excepcionalmente, uma mancha vermelha, o que indica uma alta privação. De acordo com o contato feito com uma moradora do bairro da Freguesia do Ó, no local manchado de vermelho existe um conjunto habitacional, o que pode explicar a excepcional alta privação.

- O que um morador da Brasilândia acha sobre o distrito?

editar

Segundo Pedro Ciqueira, funcionário público e morador do bairro da Brasilândia há 57 anos, a região sofre com o estereótipo de ser um bairro galgado na violência, mas ele ressalva, que, “a falta de segurança é um reflexo do abandono por parte dos governantes. Nossa população, praticamente, não tem opções de lazer e as escolas estão ‘sucateadas’. Por isso, infelizmente, uma parcela dos jovens se rendem ao mundo das drogas”, afirma Pedro.

Sobre o sistema de educação do distrito, notamos que as escolas publicas e estaduais não comportam a quantidade de jovens, que estão em idade escolar. As escolas particulares, por sua vez, possuem mensalidades altas – média de R$1.400 reais entre os anos de ensino fundamental e médio -, o que impossibilita a entrada de jovens com um menor poder aquisitivo.

Entretanto, nos últimos oito anos, os governos estaduais e municipais realizaram algumas melhorias que beneficiaram, principalmente, os jovens. Projetos como Fabrica de Cultura, Circo Escola, pista de skate e Escola da Família preencheram os momentos de ócio com atividades educativas, esportivas e culturais. Baile funk, Escola de Samba Rosas de Ouro e os bares da matriz também são frequentados por moradores do distrito da Brasilândia e de outros lugares de São Paulo.

2. Pontos para aplicação do questionário

editar

No início de 2014, o projeto da linha laranja do metrô, que vai ligar o distrito da Brasilândia ao distrito da Liberdade, foi aprovado pelo Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckimin, e, finalmente, saiu do papel para as ruas da cidade. Atualmente, as obras estão na fase de desapropriação de imóveis e fundamentação da parte estrutural. Por isso, os cinco pontos, onde serão aplicados os questionários, estão localizados nos arredores das futuras estações.

Conforme o mapa abaixo, da estação da Freguesia do Ó até a Brasilândia - que integrará a estação ao novo hospital da região -, escolhemos os pontos: Residências, que ficam ao lado do Seminário, na Vila Albertina, no qual, segundo o Mapa de Vulnerabilidade Social apresenta um dos indicies mais baixos de privação e com um elevado poder aquisitivo, mas que não sofreu com as desapropriações; Largo do Clipper, próximo à Avenida João Paulo, um dos principais centros de comércio da região, onde padaria, escola de idioma, estacionamento, franquia de marca de chocolate, entre outros foram desapropriados; Largo da Itaberaba, assim como no Largo do Clipper, é um reduto comercial, porém, com a presença de trechos residenciais - que também foram demolidos; Na Vila Cardoso, a barbearia do Mauro será o quarto ponto de aplicação da pesquisa e, por fim, o Sacolão, que fica na mesma calçada da estação e do hospital da Brasilândia, já que o mesmo concentra os moradores de todo o distrito.

Os pontos foram escolhidos visando o público plural, que reside naquela região, e o propósito da nossa análise será de verificar o impacto da construção e desapropriação das obras do metrô, além de, outras questões urbanas que acometem a área, como a concepção do Hospital da Brasilândia, por exemplo. Optamos por regiões com diferentes tipos econômicos, sociais e culturais para aumentar o campo de percepção sobre os pontos abordados por parte dos moradores.

Imagens da linha 6 - Laranja do metrô

http://i605.photobucket.com/albums/tt138/rcaterina/SSC/mapa-satelite-l6.jpg

http://i605.photobucket.com/albums/tt138/rcaterina/SSC/estacoes-l6.png

3. Responsabilidades e cronograma

editar

- Atribuição de responsabilidades

editar

Idas ao local:

Finais de semana - Ana Carolina Pinheiro e Letícia Furlan

Dias da semana - Ana Clara, Natália Koyama e Gabriel Manzo

Elaboração das perguntas do questionário: 3 perguntas (em média) elaboradas por cada membro do grupo

Aplicação do questionário - todos os integrantes do grupo

Filmagem/fotografia/áudio - Ana Clara

Decupagem, redação e revisão dos textos - Ana Carolina, Letícia, Lygia, Natália e Gabriel (de acordo com a disponibilidade de cada um)

Plataforma Wikiversidade: Todos os integrantes terão livre acesso para postar, porém a Ana Clara, em específico, ficará responsável por essa função.

Os textos e/ou modificações serão feitas por meio do Google Drive.

- Cronograma

editar

17/08 e 18/08 - Ida ao local (Ana Clara, Natália e Gabriel)

20/08 e 21/08 - Ida ao local (Ana Carolina e Letícia)

Entre o dia 20 até o dia 23 - Elaboração do questionário

22/08 e 23/08 - Ida ao local e, se possível, já aplicar as perguntas do questionário (Ana Clara, Natália e Gabriel)

27/08 e 28/08 - Ida ao local e aplicar as perguntas do questionário (Ana Carolina e Letícia)

30/08 - Publicar os resultados do questionário na planilha

31/08 - REUNIÃO DO GRUPO: Análise dos dados do questionário, início da elaboração das entrevistas de profundidade e da pauta da reportagem

02/09 - Ida ao local (todos os integrantes)

06/09 - Entrega da análise do questionário, entrevistas de profundidade e pauta da reportagem

10/09 - Ida ao local (Ana Carolina e Letícia) e realização das entrevistas

13/09 - Ida ao local (Ana Clara, Natália e Gabriel) e realização das entrevistas

16/09 - Edição dos materiais (reportagens, vídeos, seleção de fotos, etc.)

19/09 - Finalização de todo o material

20/09 - Publicação da reportagem com foto, áudio e vídeo.

*As datas de visita ao local serão ajustadas de acordo com a disponibilidade de cada integrante do grupo.

4. Temas abordados na pesquisa

editar

O trajeto linha 6 - Laranja do metrô passa pelo distrito da Brasilândia nas estações Freguesia do Ó, João Paulo I, Itaberaba, Vila Cardoso e Brasilândia. Uma construção dessa magnitude atinge tudo que está ao seu redor, influenciando diretamente na vida e no cotidiano dos seus moradores locais. Sendo assim, pretendemos abordar temas relacionados à mobilidade urbana, a desapropriação, ao superfaturamento de obras públicas, a parceria público-privada, ao papel do Estado na constituição da infraestrutura, a expectativa dos moradores para o término das obras, a mudança na rotina dos moradores e a localização das estações.

5. Referências bibliográficas

editar

http://censo2010.ibge.gov.br

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/freguesia_brasilandia/historico/index.php?p=142

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=841116

http://www.fflch.usp.br/centrodametropole/584

Integrantes

editar

Ana Clara Giovani

Ana Carolina Pinheiro

Gabriel Manzo

Letícia Furlan

Lygia Ribeiro

Natália Koyama

PESQUISA

editar

Questionário

editar

1) Nome:

2) Idade

(  ) até 19 anos

(  ) 20 a 29 anos

(  ) 30 a 39 anos

(  ) 40 a 49 anos

(  ) 50 a 59 anos

(  ) mais de 60 anos

3) Ocupação

(  ) Estudante

(  ) Empregado em uma empresa privada ou ONG

(  ) Empregado em uma instituição pública

(  ) Autônomo

(  ) Comerciante

(  ) Desempregado

(  ) Aposentado

4) Com qual gênero você se identifica?

( ) Feminino

( ) Masculino

( ) Outro

5) Etnia:

(  ) Branco

(  ) Negro

(  ) Pardo

(  ) Indígena

(  ) Oriental

(  ) Outros

6) Você se identifica com qual religião abaixo:

(  ) Catolicismo

(  ) Protestante

(  ) Budismo

(  ) Espiritismo

(  ) Umbanda

(  ) Candomblé

(  ) Judaísmo

(  ) Outra(s). Qual(is):

( ) Nenhuma

7) Mora com quantas pessoas?

(  ) Sozinho

(  ) 1

(  ) 2

(  ) 3

(  ) 4

(  ) 5

(  ) mais

8) Qual é a renda mensal de sua família:

(  ) até 1 salário mínimo (R$ 880,00)

(  ) mais de 1 até 3 salários mínimos (R$ 880,01 até 2.640,00)

(  ) mais de 3 até 6 salários mínimos  (R$ 2.640,01 até 5.260,00)

(  ) mais de 6 até 9 salários mínimos (5.260,01 até 7.920,00)

(  ) mais de 9 até 12 salários mínimos (7.920,01 até 10.560,00)

(  ) mais de 12 salários mínimos (acima de 10.560,01)

9) Qual o seu nível de escolaridade:

(  ) nenhum

(  ) ensino fundamental completo

(  ) ensino fundamental incompleto

(  ) ensino médio completo

(  ) ensino médio incompleto

(  ) ensino superior completo

(  ) ensino superior incompleto

(  ) pós-graduado

(  ) outro. Qual:

10) Você mora em apartamento ou casa?

( ) apartamento

( ) casa

11) Este imóvel é:

(  )  própria

(  )  alugada

(  )  imóvel cedido, usufruto, ocupação ou assemelhados

(  ) hotel, pensão, quarto, república ou assemelhados

(  ) outro. Qual:

12) Você trabalha/estuda no mesmo distrito em que mora?

(  ) Sim

(  ) Não

13) Como você se desloca para os afazeres diários:  (Pode escolher mais de uma alternativa)

(  )Ônibus

(  )Metrô

(  )Trem

(  )Carro

(  )A pé

(  )Taxi/Uber

(  ) Bicicleta

14) Se você utilizasse carro, mas tivesse uma estação de metrô próxima a sua casa, optaria pelo metrô?

(  ) Sim

(  ) Não

15) Você utiliza a ciclovia? Se não, por quê?

(  ) Sim

(  ) Não

16) O que você acha das opções de transporte público na região. Porque?

(  )Ótima

(  )Boa

(  )Regular

(  )Ruim

(  ) Péssimo

17) Para você a construção do metrô é:

(  )Ótima

(  )Boa

(  )Regular

(  )Ruim

(  ) Péssimo

18) Você utiliza algum AMA ou hospital do distrito?

(  ) Sim

(  ) Não

19) Se sim, como avalia o atendimento e a infraestrutura?

(  )Ótima

(  )Boa

(  )Regular

(  )Ruim

(  ) Péssimo

20) O que você acha da localização do Hospital da Brasilândia?

(  )Ótima

(  )Boa

(  )Regular

(  )Ruim

(  ) Péssimo

21) Quais dos tópicos abaixo você acha que deve ser explorado pelo próximo prefeito dentro do distrito da Brasilândia? (Pode escolher mais uma alternativa)

(  ) Habitação

(  ) Segurança

(  ) Educação

(  ) Transporte

(  ) Lazer e cultura

(  ) Saúde

(  ) Outros. Especifique:

22) Você já sofreu algum tipo de violência urbana?

( ) Sim. Qual?

( ) Não

23) O que você mais gosta no local onde mora?

( ) Localização

( ) Opções de lazer

( ) segurança

( ) Vizinhança

( ) Comércio

( ) Outro. Qual?

24) O que mudou na sua região de 4 anos para cá?

25) O que permaneceu o mesmo?

26) Quais dessas opções você acha que é deveria ser de responsabilidade do Estado?

(  ) Nenhuma

(  ) Transporte

(  ) Saúde

(  ) Educação

(  ) Segurança

(  ) Habitação

(  ) Todas

27) Você acha que deveriam existir parcerias público-privadas para construção de infraestrutura?

(  ) Sim

(  ) Não

28) Você acha que o metrô ficará pronto até 2020, prazo estipulado?

(  ) Sim

(  ) Não

29) Com a construção do metrô residências e comércios foram demolidos. O que você acha das desapropriações?

(  ) Necessária para viabilizar a obra.

(  ) Desnecessária sendo que a obra poderia passar por vias pouco habitadas.

(  ) Necessária, mas as indenizações devem ter um valor equiparado ao dos imóveis da região.

(  ) Desnecessária, ninguém deveria deixar a sua casa por conta de obras públicas.

30) Você conheceu alguém ou frequentava algum estabelecimento que foi desapropriado?

(  ) Sim

(  ) Não

31) Você acha que o metrô vai aumentar o fluxo no comércio da região?

(  ) Sim

(  ) Não

32) O que você acha da cidade de São Paulo como um todo?

Você aceitaria dar uma entrevista para a próxima etapa do projeto? Se sim, por favor, preencha os campos abaixo:

Nome completo:

Endereço:

Telefone/Celular:

E-mail:

Obrigado pela colaboração!

Respostas

editar
<
Idade(5) até 19(1) 20-29(6) 30-39(3) 40-49(10) 50-59(16) mais de 60
Ocupação(5) Estudante(7) Empregado em empresa privada/ONG(1) Empregado em instituição pública(10) Autônomo(11) Comerciante(0) Desempregado(5) Aposentado
Gênero(15) Feminino(26) Masculino(0) Outro
Etnia(25) Branco(7) Negro(7) Pardo(0) Indígena(2) Oriental(0) Outro
Religião(24) Catolicismo(5) Protestante(0) Budismo(5) Espiritismo(0) Umbanda(0) Candaomblé(0) Judaísmo(7) Nenhuma(0) Outra
Mora com(7) Sozinho(4) 1(10) 2(11) 3(7) 4(2) 5(1) mais de 5
Renda(1) 1(13) 1-3(9) 3-6(2) 6-9(4) 9-12(4) mais de 12
Escolaridade(1) Nenhum(3) Ensino fundamental completo(8) Ensino fundamental incompleto(4) Ensino médio completo(8) Ensino médio incompleto(8) Ensino superior completo(8) Ensino superior incompleto(2) Pós-graduadoOutro
Apto/Casa(9) Apartamento(33) Casa
Situação do imóvel(43) Próprio(6) Alugado
Trabalha/estuda no destrito(27) Sim(11) Não
Deslocamento(17) Ônibus(4) Metrô(0) Trem(20) Carro(8) A pé(4) Taxi/Uber(0) Bicicleta(1) Moto
Com o metrô, pararia de usar o carro(27) Sim(12) Não
Ciclovia(4) Sim(36) Não
Transporte público na região(4) Ótima(8) Boa(12) Regular(5) Ruim(13) Péssimo
Metrô é(28) Ótima(8) Boa(3) Regular(2) Ruim(1) Péssimo
AMA/Hospital(16) Sim(23) Não
Infra(2) Ótima(5) Boa(4) Regular(0) Ruim(2) Péssimo
Hospital da Brasilândia(5) Ótima(8) Boa(2) Regular(3) Ruim(3) Péssimo
Próximo prefeito(9)Habitação(16) Segurança(17) Educação(8) Transporte(16) Lazer e Cultura(24) Saúde(2) Outros
Violência urbana(19) Sim(22) Não
Gosta(22) Localização(4) Opções de lazer(2) Segurança(17) Vizinhança(11) Comércio(3) Outro
Mudou/4anos(3) Transporte(2) Índice populacional(1) Hospital da Brasilânida(20) Nada(3) Trânsito(1) Queda no comércio(2) Violência(1) Moradia(2) Metrô(1) Melhorou o atendimento no comércio(2) Comércio
Permaneceu(1) Ausência de comércio(1) Violência(1) Transporte(1) Ausência de escola(5) Tudo(1) Infra(1) Água(1) Assalto(1) Sacolão(1) Cachorro na rua
Responsabilidade(1) Nenhuma(4) Transporte(8) Saúde(6) Educação(7) Segurança(1) Habitação(25) Todas
PP(35) Sim(6) Não(1) Talvez
2020(13) Sim(30) Não
Desapropriação(4) Necessária(26) Necessaria/indenização(3) Desnecessária(9) Desnecessária/outras vias
Conhecido(31) Sim(12) Não
Comércio (36) Sim(4) Não(1) Depende
SP/todo(29) Amo/sou(2) Péssimo(3) Caótica(6) Carente de serviço público

Modernização na Brasilândia: a vida das famílias desapropriadas com as obras da Linha 6 do metrô

editar

Chão de terra, casas conjuntas: a vida antes da desapropriação

 
Seu Batata e Sílvio foram criados no distrito desde crianças

Ganhava quem dava a volta no quarteirão primeiro. Cláudio compensava as pernas curtas com sua leveza. Quando foi fazer a volta na esquina, tropeçou e começou a rolar no chão. Um amigo disse que parecia uma batata. O apelido pegou e ninguém o conhece por Cláudio. “Quando abri a oficina, tinha colocado ‘Oficina autoelétrica do Cláudio’. O povo passava na frente perguntando quem era Cláudio. Aí resolvi mudar pra Batata mesmo.” Há 55 anos, Batata jogava futebol na frente da sua casa, na Estrada do Sabão, e quando chovia não havia carro que subisse aquela ladeira. Até 2015, na mesma rua, o futebol unia os moradores do bairro como se fossem família. Por mais de 25 anos a oficina foi o ponto de encontro dos jogadores da Mocidade Paulista e do Estudante, que tomavam banho e depois ficavam bebendo uma cerveja e conversando por horas. Um dos companheiros do Seu Batata era Sílvio, que foi apresentado como o “melhor enfermeiro da região”. Com quase 30 anos de diferença, a semelhança se encontra na barriga de chopp e o boné na cabeça. Seu Batata, branco, com cabelo, bigode e cavanhaque também brancos. Silvio, negro, sem cabelo, sem bigode e sem cavanhaque.

 
Na casa nova, Dona Iracema e o seu neto João

“Quando mais um casava, a gente construía mais uma casinha no quintal”. As ruas ainda eram de terra. Iracema e seus irmãos passavam o dia todo brincando nelas. Foram longos e bons tempos em uma casa grande na Freguesia do Ó, dividida por toda a família. Hoje, Iracema tem os cabelos grisalhos, 4 filhos e 15 netos. Negra, com uma pele lisa. Seus dentes chamaram atenção de tão perfeitos. Era bastante monossilábica, respondia o necessário e nada mais. Em 2012: “Tava em casa, quando bateram palma, fui atender lá. Um advogado. Tava dando a notícia de que o metrô ia passar.”

 
A casa 67 antes da demolição, na Rua Amália

 O chão de terra batida, que ficava entre as duas calçadas da Rua Amaro Domingues, era o espaço perfeito para a bola correr e encontrar os pés descalços de Zilda, que brincava com os amigos na frente de sua casa, em 1958, no bairro Itaberaba. “Lembro da minha mãe costurando no canto da cozinha e o meu pai abrindo aquele portão com estacas de madeiras ao chegar do trabalho”, recorda a menina de cabelos loiros, na altura dos ombros, com o corpo esguio e a estatura mediana. A jovem Zilda cresceu, casou e não mudou. O número 67 continuou sendo a sua casa, mas agora com o marido e o filho. A cozinha agora é de móveis planejados, o portão de metal e um dos cômodos virou um estúdio de música para o filho único do casal. “Precisávamos de um espaço para a minha irmã morar, já que ela recebe apenas um salário mínimo. Por isso, fizemos uma casa no quintal pra ela e outra casa nos fundos para alugar”, explicou Zé Carlos, que descreve a casa como se morasse lá há 57 anos, como sua esposa.

As histórias e lembranças vividas em boa parte da Brasilândia chegaram ao fim para essas pessoas quando, em 8 de maio de 2012, o Governo do Estado de São Paulo publicou o decreto nº 58.025 em que informava a desapropriação de 400.407 m², 406 imóveis, sendo 52 são terrenos vagos, 214 residenciais e 140 comerciais, para a construção da Linha 6 Laranja do metrô, que ligaria a zona norte ao centro da cidade.

Depois do primeiro anúncio, vieram mais etapas. O ajuizamento das desapropriações foi feito, peritos e engenheiros avaliaram as condições de cada imóvel e, teoricamente, todos os moradores deveriam receber indenizações compatíveis ao valor real e de mercado de suas casas. Na prática, não funcionou bem assim. Iracema, Zilda, suas famílias e vizinhos tiveram que correr atrás de uma série de declarações para conseguirem levantar 80% do valor depositado em juízo pelo Metrô. Já o Seu Batata, que tinha um imóvel alugado, foi um dos que não tiveram nem como entrar com um acordo. Mesmo assim, sem um reembolso garantido para todos e após toda a burocracia, a data da desapropriação foi agendada.

A desapropriação: luta, imóveis desocupados e lares vazios

Em 29 de abril de 2015, Seu Batata tira o alambrado que tanto se orgulhava de ter feito e deixa a oficina. “Eu olhava praquele banheiro que todo mundo construiu junto, um levou a pia, o outro a torneira, outro o chuveiro. Tudo indo embora”. Quando a construção do metrô foi confirmada, muitos advogados começaram a passar de porta em porta oferecendo seus serviços. Uma delas foi Valéria Valentino. “Na época, a gente tava desesperado, não sabia o que fazer, aí a gente achou que pagando uma advogada as coisas sairiam mais rápido”. O próprio Batata não precisou dos serviços da advogada porque o imóvel da oficina era alugado. A advogada sugeriu que entrassem com uma ação no Usucapião. Sílvio gastou todo o dinheiro que não tinha para tentar uma melhor avaliação de seu imóvel. “Até hoje não recebi nenhum centavo. A advogada só sabe falar que tem que aguardar. O juiz deu o número do nosso processo, nois fica entrando lá [no site] pra ver mas nois não entende nada. Nunca sai. Ai nois liga pra ela e ela fala ‘Ah, tem que aguardar’.”

Iracema encarou a desapropriação com outros olhos. “Foi difícil pras pessoas que não tavam esperando, não tavam acostumadas.” Primeiro, advogados passavam dando a notícia das desapropriações, depois os assistentes sociais chegavam para conversar. Iracema sempre esteve muito conformada já que “pobre não ganha de rico não.” A notícia chegou em 2012 e no ano passado ela e sua família se mudaram. O dinheiro, ela não achou justo, deu para uma casa em Caieiras, onde não se adaptou. Então começou a pagar aluguel para continuar no lugar que criou os filhos.

 
A casa 67 depois da demolição

Domingo, 8 agosto de 2014, na casa família Casagrande, a campainha tocou. Era uma oficial de justiça com a ordem de desapropriação. Foi o último churrasco em família. Zilda e Zé Carlos já moravam em outra casa. Em 2010, as perfurações já eram realizadas nas proximidades da Avenida Itaberaba, mas os moradores, não imaginavam que aquele boato que rodava pelo bairro realmente sairia do papel: a obra do metrô chegou. Foram dois anos em meio a escritórios de advocacia, três avaliações da casa feita por peritos diferentes, alguns encontros de moradores e reuniões com representantes do metrô. A luta não parava, eles queriam um valor justo pela indenização. “Uma coisa que você pode anotar aí, é que o processo [de desapropriação] feito pelo Estado é desumano. Pois, você primeiro tem que sair da casa, pra depois eles te pagarem, entendeu? ”.No dia 20 de agosto de 2015, o casal entregou a casa para a concessionária.

Em 13 de abril de 2015, as obras da Linha 6-Laranja finalmente começaram. A Avenida Otaviano Alves de Lima foi o primeiro lugar a ser escavado. As estações irão preencher 15,3 quilômetros subterrâneos. A empresa responsável por toda a gestão da obra é a Move São Paulo." São R$ 4,5 bilhões em investimento privado, R$ 4,5 bilhões em investimento público, e as desapropriações por nossa conta [Governo do Estado]. Pagamos R$ 500 milhões já depositados de desapropriações na Linha 6. A obra tem que estar operando até 2020", comentou o governador Geraldo Alckmin em 2015, em uma matéria divulgada no portal da Secretaria dos Transportes Metropolitanos. Até o final do mesmo ano, a STM realizou o pagamento de mais de R$ 680 milhões em desapropriações para a futura linha.

O percurso entre Brasilândia e São Joaquim, que era feito em 90 minutos, passará a ser feito em 23 minutos, segundo os gestores da obra. A velocidade vai chegar à zona Norte da cidade.

Mudança: o trem vem chegando, as famílias vão partindo

 
"Quando me perguntam onde estou agora...Eu nem sei o que responder", diz Seu Batata.

Seu Batata agora faz alguns trabalhos pequenos, na sua casa mesmo. “É mais triste agora, eu passo aqui 5, 6 vezes por dia. Venho pegar minha neta, paro o carro ali, fico olhando e fico pensando ‘será que é verdade?’, fico vendo o tapume na minha frente e saber que eu podia tá ali.” Sílvio mora de aluguel, duas ruas ao lado. “Eu nunca mais passei aqui, dali eu nunca mais desci pra cá, vim agora com vocês. ”.

A família de Iracema se separou. Se antes todos eram vizinhos de porta, agora são longos os telefonemas para matar a saudade. No entanto, ela não disse, em momento algum, que sente saudade da antiga casa. “Fiz o que tinha que ser feito”.

“Nós tínhamos condições financeiras para pagar um advogado, comprar uma casa para o nosso filho e para minha irmã, mas e quem não tinha?”, questiona Zé, com sua pasta de plástico transparente sobre suas pernas longínquas e finas. Eram tantos papéis, gravações, documentos e CDs com vídeos das visitas dos oficiais de justiça ali dentro, que ele nem sabia ao certo qual era o último órgão que ele havia mandado um e-mail reclamando. Mesmo com um discurso racional e sem nem ter nascido naquela casa, Zilda garante que o esposo sofreu muito mais. Ela descreve a casa recordando das lembranças, poucas coisas ditas são materiais. ”Não tenho muito apego pelas coisas, mas sinto muito por conta das histórias que vivi naquela casa”. Já o Zé, aparentemente, usa os dados e requerimentos como escudo das suas sensações, mas ao tirar os óculos ele comenta: “passar pela Rua Amaro e não ver o número 67 dói”.

As obras da Linha 6 Laranja do metrô foram paralisadas no dia 5 de setembro pela Move São Paulo devido a dificuldades com o financiamento de longo prazo. Junto ao BNDES e com o governo de São Paulo, a concessionária busca "alternativas para o reequilíbrio da parceria público-privada de implantação da linha 6-laranja de metrrô". O Governo Estadual declarou que já aplicou R$ 1,6 bilhão na obra, sendo desse total R$ 694 milhões para as obras e R$ 979 milhões para as desapropriações e, portanto, cumpre sua parte do contrato, anunciou ainda que tomará medidas cabíveis contra a concessionária que já declarou que, apesar da paralisação das obras, os processos de indenização seguem normalmente.  Até o momento já foram investidos R$ 2,7 bilhões na linha e ao menos 370 imóveis já foram desapropriados e demolidos. A obra, que tinha previsão de término para 2018, já fora prorrogada para 2021 e agora deve atrasar mais ainda.

No meio do barro e da poeira, algumas paredes com azulejo e porta papel higiênico ainda estão de pé, provando que o lugar já fora habitado, já teve vida. Quem sabe daqui a dez, vinte, trinta anos, terá novamente. Mas uma vida com pressa, sem identidade, uma vida que vem e vai e que lota os trens nos horários de pico.


 
"Sem amor, uma casa é só moradia De afeto vazia, tijolo e teto, fria Sobre chances, é bom vê-las Às vez se perde o telhado pra ganhar as estrelas Tendeu?" Emicida





Áudio bruto das entrevistas

editar
Entrevista Batata e Sílvio
Entrevista José Carlos e Zilda
Entrevista Iracema e João
Matéria sobre a Matriz - Radiojornalismo