Trabalho de Memória

O Encarceramento de Lula e a Memória Popular: Como a pós-verdade virou objeto de poder político para a burguesia

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Introdução

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Nas eleições de outubro de 2002, elegeu-se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-operário metalúrgico e líder sindical. Em sua quarta disputa consecutiva pela presidência da República — disputou, anteriormente, em 1989, 1994 e 1998 — , pela primeira vez na história do Brasil, Lula e tantos outros possibilitaram ao Partido dos Trabalhadores (PT) chegar à presidência. A vitória de Lula ocorreu no segundo turno contra José Serra, senador tucano e representante de uma aliança entre PSDB e PMDB, o ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso não obteve o mesmo êxito de Lula em sua busca por um novo eleitorado. O recém-chegado contingente de eleitores de Lula era composto por amplos setores da classe média, receosos em votar no candidato do PT nas eleições anteriores, naquele momento encontravam-se dispostos. A baixa popularidade do governo FHC ao final de seu mandato também prejudicou a candidatura de Serra, e não seria possível desprezar o histórico de lutas à época, ambos os acontecimentos fizeram com que o balanço eleitoral pendesse mais para a vitória de Lula.

A trajetória política de Lula não teve início, e muito menos foi seu ápice, com as eleições presidenciais de 2002 e sua posse em 2003, pelo contrário, começou muito antes, nas lutas sindicais e movimentos em torno do ABC paulista. O governo Lula representa os avanços alcançados pela democratização política e da sociedade brasileira, entretanto, esse processo é contraditório; por um lado, movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos de esquerda ganharam mais espaço para sua atuação, consequentemente, trouxeram para a disputa política atores que antes estavam ausentes, o que é importante, pois a expansão do cenário político não possuía relação com as elites tradicionais, assim a entrada de novas lideranças e partidos políticos, como por exemplo o próprio PT, criado em 1988, foram essenciais para o processo de redemocratização. Por outro lado, tanto o PT quanto Lula não eram os mesmos desde a criação do partido em 1988 até a posse do candidato em 2003. O partido deixará para trás seus ideais, não queriam mais constituir “um governo de trabalhadores” e, na prática, abandonaram o discurso de construção do socialismo que aparecia como sinal de ruptura com a democracia burguesa. Lula foi forçado a adotar medidas até então desconsideradas pelo partido, evidentemente, sem as quais não se poderia fazer política em meio a democracia dos mais ricos, o PT redirecionou seu programa político incorporando contornos de um partido social-democrata portador de um projeto neodesenvolvimentista. Em 2002, Lula exigiu liberdade de seu partido para compor alianças com partidos opostos à esquerda, algo rechaçado anteriormente, mas que agora se fez necessário, o Partido dos Trabalhadores tornou-se pragmático e reformista. Da tentativa de expandir as alianças entre esquerda e direita, aquilo que podemos chamar de conciliação entre as classes, resultou na escolha de José de Alencar, senador mineiro e grande empresário da indústria têxtil, para compor a sua chapa como candidato à vice-presidência. Ainda sim, o PT conseguiu manter uma imagem de partido ético e que associava-se aos interesses dos assalariados e dos mais pobres, não que os outros partidos hegemônicos sequer tivessem uma clara preocupação com a classe dos trabalhadores, mas certamente o PT que subiu ao poder não era o mesmo de antes.

O presente trabalho não visa discutir os feitos de Lula ou a eficiência do PT em sua atuação política nos anos entre os quais esteve no poder. Avancemos, portanto, às eleições presidenciais de 2018, que resultaram na ascensão de Jair Messias Bolsonaro ao poder. As eleições aconteceram em outubro daquele ano, as questões eram outras e dados os avanços tecnológicos trazidos pelo tempo, novos elementos foram incorporados à política. Em 2018 um neologismo surgiu para designar uma notícia fabricada, isto é, uma notícia falsa, as chamadas fake news tornaram-se o ponto central do debate público. As fake news são sinônimo do que chamamos de pós-verdade: quando as crenças e apelos emocionais do sujeito são condicionantes de sua interpretação dos fatos objetivos. A pós-verdade aumenta em complexidade o problema das notícias falsas, pois embora estejam relacionadas, a pós-verdade faz do indivíduo o portador da verdade e remete a ele, e somente a ele, apontar se algo é real ou não, independentemente de sua veracidade. Primeiro, o sujeito se depara com uma notícia falsa, produzida com fins políticos bem definidos, a saber, a promoção de Jair Bolsonaro, bem como, a desqualificação do Partido dos Trabalhadores e de Lula. Depois, interpreta a notícia por meio de suas faculdades mentais, não recorrendo a outras fontes para verificar a autenticidade da notícia; a partir disso, a sua interpretação individual passa a orientar a consciência a formular novos pensamentos fundamentados em uma base falsa, determinando, assim, concepções da realidade igualmente falsas. Nos deparamos, naquele ano de eleição de 2018, com o problema da convicção falseada dos fatos objetivos concebida pelos sujeitos individuais.

Qual é a relação entre a pós-verdade e a memória? Poderíamos pensar que a pós-verdade é um problema recente, mas o que é recente é apenas a existência deste termo para designar este fenômeno. A produção e a divulgação de notícias falsas também não é um fenômeno recente e já acontecia muito antes de 2018. O grande problema é que as notícias falsas passaram a ser amplamente divulgadas através do aparato midiático, constituindo-se como uma poderosa ferramenta política, fizeram o sujeito de vítima, sujeito esse que, mesmo antes, isolado, não poderia escapar das aparências da realidade. A consciência corrompida não poderia senão falsear toda a realidade, concebendo os fatos de ora em diante através dos olhos do dominador. A relação cara a este trabalho entre a pós-verdade e a memória é que este sujeito passou a se organizar e, mais do que isso, passou a se lembrar em conjunto.

A memória é muito mais do que uma mera lembrança, ela é constituinte da realidade objetiva, desta forma, os fatos históricos são a partir da veracidade conferida a eles no tempo,  nunca fora, porém, os sujeitos no tempo também podem fazer dos fatos o que bem querem a depender do recorte, ou seja, a depender se estamos recorrendo a memória nacional ou a memória de grupos ou a memória de um único indivíduo. Quando uma massa de pessoas passa a “se lembrar em conjunto” significa que um novo grupo foi criado, porque, primeiro, entre o confronto entre um sujeito e outro, isto é, a troca mútua entre as consciências, um confere veracidade às lembranças de outro, ambos imbuídos na falsa realidade, apenas reforçam suas próprias crenças. Convictos de que a verdade é aquela compartilhada entre os seus membros, o grupo orienta suas ações e marcha rumo ao fazer político na busca pela validação de suas crenças. Tal acontecimento, implica na dissolução e na maleabilidade dos fatos históricos concretos e atinge principalmente aqueles que estão à par de sua condição de classe ou aqueles que verdadeiramente, em seu íntimo, compartilham dos mesmos anseios dos dominantes — se é que podemos separar as duas coisas. O problema em questão é: a quem interessa a existência de falsas memórias de um fato objetivo, sabendo que esta memória poderia se tornar hegemônica, ou seja, nacional, por que é que a ilegalidade da prisão de Lula ainda remonta dúvidas? A pós-verdade fez da memória popular uma ferramenta política para a burguesia; a verdade é posta em jogo, ela se torna aquilo que o sujeito acredita que ela seja, concepção essa que se fundamenta no próprio sujeito, não fora dele, como o próprio real.

OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é resgatar a memória dos brasileiros em relação ao encarceramento do ex-presidente Lula e em seguida mostrar como a utilização de fake news e práticas de lawfare contribuíram com a prisão de Lula, o resultado das eleições e promoveram a alienação da classe trabalhadora junto com sua precarização no trabalho. Além disso, vamos descrever os motivos que levaram à prisão de Lula, junto com a manipulação feita pelo juiz Sérgio Moro com a finalidade de promover a si próprio. O intuito aqui é comparar os relatos que foram feitos pelos entrevistados com os acontecimentos da história e ver o ganho político que a direita teve após o julgamento.  

ARGUMENTAÇÃO:  Hoje as notícias que recebemos atingem um público imenso seja pelas mídias convencionais (Globo, Estadão, etc..) ou pelos grupos em redes sociais devido a ampliação da tecnologia, e poderíamos pensar que assim elas iriam contribuir com a facilidade no acesso à informação e pesquisa, porém, na realidade isso acontece de maneira muito complexa. As mídias convencionais têm o poder de transmitir os acontecimentos como bem entenderem, podem aumentar ou diminuir a gravidade de um acontecimento dependendo dos termos usados ao dar uma notícia. Antes de tudo, devemos ter em mente que essas mídias são empresas, ou seja, não são neutras, possuem interesses econômicos e políticos, e se preocupam principalmente com seus lucros. Diante disso, para além de apenas transmitirem os acontecimentos, são também partes interessadas nos acontecimentos e em como se repercutem, ou seja, a grande mídia auxilia na constituição do próprio acontecimento, promove o engajamento e o posicionamento do público. Em seguida, vamos mostrar alguns desses exemplos.

Durante sua vida, Marinho foi responsável pelo maior canal de comunicação no Brasil e na América latina, a rede Globo. Por certo, não é de se esperar outra atitude dele se não a de aumentar sua influência e seu poder e uma de suas atitudes foi usar o seu jornal para fazer diversas críticas junto a Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas. Logo após o suicídio de Vargas, a população apedrejou a sede do jornal no Rio de Janeiro e então ele decidiu que seria favorável a todos os governos. Anos depois foi abertamente a favor do golpe de 64, manipulou o debate entre Fernando Collor e Lula em 1989, deixando favorável à imagem de Collor. Já sabemos os resultados catastróficos que esses dois eventos deixaram na classe trabalhadora, portanto, seriam neutras as notícias que são dadas por esses monopólios?

O artigo Violência em acontecimentos políticos: jornalismo e Lawfare no caso Lula (CARVALHO e FONSECA, 2019), defende a ideia de que os acontecimentos envolvendo o processo do ex-presidente foram violentos, entretanto, quando se parece ter respaldo, fundamentos jurídicos e bases éticas, perde-se a noção de que foi violento. A condenação, prisão e proibição da candidatura para as eleições de 2018 foram acontecimento que, como exposto anteriormente, tiveram as mídias como aliadas ao posicionamento de alguns agentes da Polícia Federal e do Poder Judiciário, diversos juristas denunciam que os acontecimentos que culminaram na prisão de Lula tiveram motivações mais políticas do que jurídicas, principalmente quando se leva em consideração que em 2018 Lula era o candidato que estava a frente em todas as pesquisas de intenção de voto.

Todo o espetáculo começa com a condução coercitiva de Lula para depoimento na Polícia Federal em março de 2016, a mídia transformou o que deveria ser a tomada de um depoimento em um show que chegou a interromper a programação matinal da Rede Globo. A decisão por condução coercitiva já evidencia a violência do processo, pois, a condução coercitiva é realizada somente quando o investigado resiste ou não comparece ao depoimento, no caso do ex presidente não houve sequer uma primeira intimação, portanto, ele não havia resistido ou não comparecido, essa ação gerou algumas polêmicas e o ministro do Superior Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello fez críticas ao Moro por isso. Sérgio Moro defende desde o início a máxima publicidade midiática da Lava Jato como método para angariar apoio público, esse fato foi notado pelo próprio Lula que criticou Moro por, em sua condenação, citar mais vezes matérias jornalísticas do O Globo do que testemunhas.

Outro grande espetáculo midiático foi o dia da prisão do ex presidente, anunciaram (sem provas) que Lula resistiu à prisão, mais tarde no mesmo dia a GloboNews corrige a notícia dada, mas, do ponto de vista comercial ocorreu algo inédito, de acordo com dados trazidos no volume um da biografia de Lula escrita por Fernando Morais (2021) no dia da prisão de Lula a GloboNews conseguiu assumir a liderança da TV paga, a biografia ainda nos mostra que Lula nunca considerou não se entregar mesmo que o povo que estava do lado do fora do sindicato gritasse para que ele resistisse e pessoas próximas a ele o tivesse pedido o mesmo.

Apesar da inexistência de provas irrefutáveis Moro condenou Lula em primeira instância a uma pena de nove anos e seis meses, posteriormente a pena foi aumentada para doze anos e um mês, essa decisão contrariou o Comitê de Direitos Humanos da ONU que recomendava a aceitação da candidatura de Lula, por enxergar que ainda não estavam esgotados todos os recursos jurídicos que ele tinha direito, a não aceitação da decisão da ONU repercutiu no Brasil com mais ênfase em mídias não convencionais e jornais alternativos, a grande mídia pouco mencionou o fato.

O artigo mencionado anteriormente conclui que a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva contribuiu decisivamente para eleição de Bolsonaro e beneficiou particularmente Sérgio Moro, que aceitou se tornar ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.

Outro aspecto relevante que envolve essa questão é que há a crença numa suposta “justiça verdadeira”, ou seja, apesar de se realizar a crítica em como o direito e a justiça agiram criminalmente em relação a Lula (e em outros casos), também se tem a crença de que essas mesmas instituições são justas e neutras, como se estivessem acima das violências e opressões, apesar de historicamente a violência se expressar também juridicamente e estruturalmente, como se o direito pudesse ser ou fosse em algum momento autônomo em relação a dominação de classe.

Conforme o artigo A prisão de Lula e a crença na “justiça verdadeira”: reflexões sobre o lugar do direito na reprodução da sociedade de classes (2018) escrito por Ana Lia Vanderlei de Almeida, essa problematização não se trata em negar como as lutas de classes podem influenciar e possibilitar em avanços jurídicos, entretanto, não se pode se perder em ilusões, o direito como está posto relaciona-se diretamente com a sociedade capitalista em que vivemos, em última instância e em momentos de intensificação e crises políticas servem à classe dominante e é usada por esta para fazer valer seus interesses.

Agora que foram expostos alguns dos exemplos sobre a suposta neutralidade dos veículos de grande mídia, partiremos para o outro ponto, a veracidade das notícias.

Desenvolvimento

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As fake news e a pós-verdade como consequência da pós-modernidade.

“A fake news, assim, não se trata apenas de uma informação pela metade ou mal apurada, mas de uma informação falsa intencionalmente divulgada, para atingir interesses de indivíduos ou grupos (RECUERO; GRUZD, 2019). Portanto, a finalidade das fake news é falsear a realidade e o resultado disso são inúmeras notícias com algum contexto concreto mas manipulado de acordo com o benefício que se pretende obter por quem compartilhou ou por quem fez a divulgação.

Como consequência, hoje temos que lidar com uma crise nas coisas que são noticiadas e retornar em debates que já foram superados, como por exemplo a eficácia das vacinas, se a terra é redonda ou não, dentre outros. Recentemente, um dos temas que mais receberam informações falsas foi no campo da política durante as campanhas eleitorais, que é resultado da falta de política pública no combate às fake news e que também são resquícios das desinformações das eleições de 2018. Aliás, a direita ganhou muito mais força com a prisão do Lula e as falsas informações dadas sobre ele na época:

Ao reclamar do preço da carne, lembre-se que Bolsonaro é só o presidente. Os donos dos frigoríficos são os filhos do Lula” - 73.000 compartilhamentos no facebook.

“Vídeo da ‘mamadeira de piroca’ compartilhado por um perfil chamado jean amaral - 3,7 milhões de visualizações e mais de 95 mil compartilhamentos.”

“Dos 31 itens que compõem uma lista de ‘grandes feitos’ do governo Bolsonaro em menos de sete meses, 14 (ou 45%) trazem informações falsas, imprecisas, contraditórias e exageradas, além de realizações de administrações anteriores.”

Todas essas notícias rodaram a internet e contribuíram com difamação em cima de Lula e do Partido dos Trabalhadores ( PT). Da mesma forma, a grande mídia fez o mesmo: Sem dúvida a Veja foi uma das que mais conspiraram com essas capas chamativas e difamatórias, mas um fato curioso sobre essa capa é que em abril de 2022 Delcídio do Amaral foi condenado a indenizar Lula em 10 mil reais, pois não teve comprovação a acusação feita  por ele durante a delação premiada. Certamente, essa notícia não foi capa da Veja.

Após o alarde das grandes mídias sobre o ex-presidente e o seu partido, a imagem dele foi resumida ao processo da Lava Jato e tornando seu sujeito envolto da “pós- verdade”.

Pós-verdade (post-truth) tem relação com, ou denota circunstâncias em que fatos objetivos têm menos influência na formação da opinião pública do que apelos a emoções ou crenças[1]. Significa negar evidências, os fatos, e interpretar a partir de um próprio ponto de vista, sem critérios objetivos. O que voga mais são os sentimentos, do que qualquer concepção de racionalidade. O ideal e a veracidade tornaram-se cada vez mais enfraquecidos, a favor do emocionalismo moderno. (D’ANCONA, 2018).

Portanto, hoje fica difícil falar sobre a figura do Lula sem cair em um grande moralismo e sem tocar no tópico “corrupção”.  Longe de tratá-lo como santo mas não nos deixamos nos levar por esse apelo moral, principalmente porque existe a “presunção de inocência” que traz a ideia de que todo acusado só pode ser considerado culpado depois de esgotados todos os recursos processuais, lembrando que o ex-presidente foi condenado na segunda instância, junto a outros diversos problemas que surgiram com a operação lava jato:

Outros sinais veementes de parcialidade no caso tríplex são: a atribuição direta de fatos em tese criminosos a investigado ou réu, ainda que a pretexto de informação; a divulgação ilegal do conteúdo de conversas telefônicas interceptadas; a participação em lançamentos de livros com conteúdo manifestamente contrário ao investigado ou réu a participação em eventos de natureza empresarial ou política, com manifestações contrárias a investigado ou a réu sem contar, naturalmente, a declaração do presidente do Tribunal Regional da 4a Região,  de que a sentença era “irrepreensível”, tão logo ela foi proferida. (A, RAFAEL, p.61, 2018) .

Ou seja, por todos esses e outros motivos, o juíz Sérgio Moro foi considerado “incompetente” o que consequentemente resultou na liberdade de Lula. Em consequência disso, vemos que a “verdade” agora não tem mais uma ligação com o real (por exemplo o lula ter sido solto por conta de todos os erros da lava jato) mas está associada ao que seriam as “muitas verdades”, a depender da ótica que o próprio espectador usa, que as julga diante de sua própria visão e não das evidências. Tal situação representa concretamente o advento da pós-modernidade e seu efeito sob a ótica da política e das notícias.

“nega a existência de uma realidade objetiva, independente da percepção humana, argumentando que o conhecimento é filtrado pelo prismas de classe, raça, gênero e outras variáveis. Ao rejeitar a possibilidade de uma realidade objetiva e substituir as noções de perspectiva e posicionamento pela ideia de verdade, acabou consagrando o princípio da subjetividade”. (KAKUTANI, 2018, p.56).

Além disso, a direita passou a utilizar essa noção também, se tornando algo comum entre eles o pensamento de que não havia problema em ser conservador, que eram apenas contra os “maus” costumes da modernidade e que isso se tratava apenas de opiniões pessoais, não manipuladas, e, que diante disso ninguém poderia contrariar, devido ao fato de ser considerado um construto social. Enquanto isso, Jair Bolsonaro já ganhava holofotes sendo o principal representante dessa nova onda de conservadores, e liberais e claro, da burguesia que após o golpe contra a dilma, já conseguiram se articular para aprovar a reforma da previdência; reforma do teto de gastos; reforma trabalhista;  a reforma do ensino médio. Destaca-se, em resumo eles responsabilizavam o PT e principalmente o  Lula como os culpados de toda a “bandidagem” no país  e por fim eram contra a hegemonia das grandes mídias, em especial a rede globo.

Conclusão

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Como já mostrado ao longo da argumentação a mídia teve uma posição decisiva na prisão do Lula e na opinião que se formou acerca do ex-presidente, o ódio que grande parte da população sente pelo ex-presidente é em partes culpa da mídia que foi conveniente a parcialidade de Sergio Moro. Pode-se dizer que um dos resultados mais desastrosos que essa prisão nos trouxe foi a eleição de Jair Messias Bolsonaro e seu governo genocida, a grande crise que vivemos atualmente, com seus apoiadores depredando o STF e outros patrimônios se relacionam intimamente com a imagem extremamente negativa que se formou na opinião pública em relação ao Lula, ao PT e a esquerda de um modo geral, notadamente, as fake news patrocinadas por empresas e por Bolsonaro também se tornam centrais nesse cenário. Historicamente a mídia burguesa nos mostra que não está ao lado do povo, tendo apoiado a ditadura em 1964, o golpe que tirou a primeira presidenta democraticamente eleita e a prisão de Lula, uma das maiores figuras políticas que o país já teve, só evidencia isso e esse cenário tende a se agravar com a não responsabilização por meio dos “erros” cometidos por esses veículos, pois, futuramente coisas semelhantes tendem a ocorrer, como a história nos mostra.

Dificuldades Encontradas

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Uma das dificuldades foi entender as partes que tinham carater maís jurídicos,entender a sentença do juíz sergio moro e todo o corpo de instituições judiciárias que contribuiram com o processo. Além disso, os artigos que trabalham com uma linguagem de programação e analisam as fake news na internet também são complexos mas conseguem ampliar bastante o conhecimento em relção ao assunto.

Entrevistas

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Perguntas:

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1 - O que você entende por esquerda?

2 - O que você entende por direita?

3 - A partir de quando vc se identificou como alguém de direita/esquerda?

4 - Como você enxerga a prisão do lula?

5 - Acha que teve alguma relação a prisão dele com as eleições  ?

6 - Por que ele foi preso?

7 - Como ele participou desse esquema de corrupção ? (Caso a pessoa fale que foi o pt com o maior esquema de corrupção)

8 - Você acha que a lava jato ajudou o país a combater a corrupção?

9 - Por que vc acha que o lula foi solto anos depois ?

10 - Qual a sua opinião sobre isso?(lula solto)

11 - Pra você, o que valida se uma pessoa é culpada ou não?

12 - O que vc acha do fim da operação lava jato ?

13 - por onde você se informa sobre política e qual critério vc usa pra tomar um informação como falsa ou verdadeira

14 - qual opinião vc tinha sobre o lula ao fim do seu último mandado e qual passou a ter pós lava jato

Respostas

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1) entendo por esquerda uma escolha. Tomar partido em uma luta política, e a esquerda sendo o lado de um mundo mais justo e menos desigual que combate a exploração do homem pelo homem.

2) Por direita entendo tomar partido do outro lado da luta. Ao invés de pensar em um bem estar social, levar em conta somente os interesses privados independentemente das consequências geradas por isso.

3) Me indentifiquei como alguém de esquerda a partir do momento em que fui “empurrado” por algumas pessoas com quem convivia. Me chamavam de esquerdista sem eu ter muita noção do que era. A partir de então comecei a me interessar e entendi que realmente eu era.

4) A prisão do lula aconteceu quase que paralelamente ao despertar do meu interesse por política. Na época não tive tanta noção do que estava acontecendo, mas hoje tenho convicção de que foi uma prisão política por interesses de um grupo seleto da população brasileira.

5 - Acho que sim

6 - Eu acho que ele foi preso pra não disputar as eleições, mas oficialmente foi por corrupção

7 - ele foi acusado de usar dinheiro de proprina pra comprar um triplex no Guarujá.

8 - não acho que ajudou a combater a corrupção.

9 - O lula foi solto pq foram descobertas falhas no andamento do seu processo, que acabou até sendo invalidado

10 - Acredito que ter uma figura como o Lula com direitos políticos novamente causa um enorme impacto, talvez até na própria autoestima da população.

11 - Acredito que a lei responde aos interesses de uma classe que dispõe do aparato estatal

12 - Acho Que o fim da operação lava jato foi bom, mas agora o foco tem que ser em descredibilizar as mentiras que foram disseminadas por ela

13 - Normalmente acompanho pelas redes sociais, tomo cuidado para escolher as fontes pra não acabar em fake News, pra isso vejo quem também acompanha e fico atento as notícias mais duvidosas, pesquisando também em outras fontes.

14 - Em 2010 tinha apenas 7 anos, então não tinha qualquer opinião formada sobre o lula, mas acompanhando mais recentemente tenho convicção de que o Lula é um dos maiores símbolos políticos da história do país.

Referências Bibliográficas

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KAKUTANI, Michiko. A morte da verdade.  Rio de Janeiro: Instríseca, 2018.

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