Uma introdução ao uso e necessidades dos Grupos de Pesquisa com as ferramentas WikiEducação na Wikiversidade
INÍCIO | RELATÓRIO | PLANO DE ENGAJAMENTO |
Acesse o relatório de metodologia do plano de engajamento dos Grupos de Pesquisas:
A educação é um aspecto central nas plataformas Wikimedia e a difusão do conhecimento é um dos seus objetivos mais importantes, sobretudo na Wikipédia, onde as páginas são as primeiras a serem acessadas por milhões de estudantes e jovens em processo de formação, ao realizarem pesquisas escolares (no Brasil, cerca de 82% dos usuários de 09 a 17 anos realizam pesquisas na internet para trabalhos escolares)[nota 1]. Reconhecendo o potencial dos projetos como ferramentas pedagógicas, o Grupo de usuários Wiki Movimento Brasil (WMB)[nota 2] dispõe de uma área de Educação e Difusão Científica que tem como missão: planejar e executar projetos educacionais e científicos com a comunidade Wikimedia, construindo e fortalecendo parcerias com instituições e educadores; promover o uso de projetos Wikimedia contra a desinformação e fomentar uma cultura científica aberta no Brasil.
Nessa pesquisa abordaremos características gerais da Wikiversidade, seus recursos e possibilidades de uso para o fortalecimento de uma comunidade em prol do conhecimento livre, mas também alguns desafios para atingir esse propósito. Apresentaremos um panorama geral da situação dos Grupos de Pesquisa Científica no Brasil, bem como a ausência de uma infraestrutura que dê suporte para alocação de recursos e construção de uma comunidade de pesquisadores em prol de uma ciência aberta. Conectaremos esses dois pontos com o contexto de riscos à liberdade acadêmica e do conhecimento livre pela dominação das tecnologias digitais por grandes corporações privadas. Explicitaremos a metodologia adotada com o uso de questionários e entrevistas semi-estruturadas, bem como avançaremos com considerações que apontam para as oportunidades e potencialidades para o fortalecimento da cultura científica com a utilização da Wikiversidade como repositório para os Grupos de Pesquisa no país.
Wikiversidade
editarEsse tópico destaca o papel da Wikiversidade como espaço para hospedagem de cursos, Grupos de Pesquisa Científica e materiais educacionais gratuitos. Além disso, explora a utilização crescente de plataformas wiki na educação, destacando os benefícios da wiki-pedagogia para promover o aprendizado colaborativo e a democratização do conhecimento. A Wikiversidade é apresentada como um recurso educacional aberto que estimula a cooperação e a ciência aberta, permitindo o acesso equitativo à informação científica e promovendo o letramento midiático e informacional. O texto aborda ainda o potencial da Wikiversidade para abrigar Grupos de Pesquisa Científica e desafia a comunidade a aproveitar plenamente as oportunidades oferecidas por essa plataforma.
A Fundação Wikimedia é uma organização sem fins lucrativos que mantém diversos projetos wiki[nota 3], nos quais a internet é usada como plataforma de interação e participação entre os usuários, entre esses projetos colaborativos está a Wikiversidade, que possibilita a hospedagem de cursos, Grupos de Pesquisa Científica (GPC) e materiais educacionais gratuitos, permitindo tanto um espaço para desenvolvimento de atividades educacionais, quanto a facilitação para contatos, projetos e disponibilização dos resultados de pesquisa. De modo geral, a Wikiversidade objetiva ser um ambiente livre e aberto para educação em todos os níveis, usando a tecnologia wiki para promoção do aprendizado. Este pode se dar pelo desenvolvimento e hospedagem livre de materiais educacionais (planos de aulas, guias, vídeos, ensaios etc.), pela promoção de espaços para a atividades de aprendizado e de comunidades de aprendizagem, assim como para auxiliar projetos e grupos de pesquisa e hospedar os resultados das investigações[1].
A Wikiversidade é um projeto independente que teve sua aprovação e fase inicial de implementação em 2006 e está em funcionamento em 17 idiomas, sendo que a Wikiversidade Lusófona foi aprovada como projeto independente em 2008. Como outros projetos da Fundação Wikimedia, a Wikiversidade adota uma licença livre com o intuito de que as leis de direitos autorais (copyright) não limitem o trabalho criativo e cultural, nem restrinjam a disponibilidade de acesso. Assim, a Wikiversidade pode ser considerada um Recurso Educacional Aberto (REA). Como destacado em sua página principal, “Um princípio fundamental da Wikiversidade é o conhecimento livre e colaborativo. Ou seja, o conteúdo produzido deve ser de autoria própria ou compatível com uma licença livre de direito autoral. Além disso, não há impedimento prévio à edição das páginas por qualquer interessado, esperando-se respeito à construção comum.”
A Wikiversidade constitui-se, assim, como um projeto wiki para a criação e uso de materiais de ensino de forma livre, propiciando um ambiente de aprendizagem e pesquisa colaborativo e aberto, em que qualquer pessoa pode participar no processo educativo. Dessa forma, busca democratizar o acesso a conteúdos educacionais através do aproveitamento das tecnologias wiki em atividades pedagógicas (também conhecidas por wiki-pedagogia). Dentre as características que justificam o uso da wiki-pedagogia listam-se seu potencial de apropriação compartilhada e construção participativa do conhecimento, bem como a variedade de estratégias de aprendizado, fortalecendo ensino-aprendizagem colaborativo, “aprender-a-aprender”, transmutando e flexibilizando dinamicamente os papéis entre educadores e educandos, apontando para o modelo de participação pública, em que conecta-se no mesmo nível, através da comunicação dialógica, especialistas e público, que podem trabalhar de modo colaborativo, em rede, sobre um determinado tema. Além disso, inserem as atividades realizadas num contexto global, indo muito além da sala de aula, tendo impactos diretos na sociedade.
A área de educação tem utilizado de forma crescente plataformas wiki para a hospedagem de conteúdos colaborativos em projetos educacionais, através do uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) e de práticas pedagógicas e métodos que estimulem a colaboração. De acordo com Miranda[2], “a utilização da tecnologia wiki na educação possibilita participar na definição do modo como o conhecimento pode ser organizado. Permite a estudantes, professores ou pesquisadores colaborar na elaboração de projetos coletivos e compartilhar os resultados de seus estudos e pesquisas. Promove a democratização da informação e do conhecimento. Nesta metodologia, a pesquisa e o ensino podem ocorrer concomitantemente.”.
Wikiversidade e Ciência Aberta
editarUm ponto essencial é como a Wikiversidade tem o potencial de estimular a cooperação entre várias partes interessadas no contexto da ciência aberta, com vistas a reduzir as lacunas digitais, tecnológicas e de conhecimento. A ciência aberta, como indica a UNESCO[3], demonstra-se mais rápida na resolução dos desafios globais, possibilitando que informações, dados e resultados científicos sejam mais amplamente acessíveis, com a possibilidade de participação ativa da sociedade. Conforme recomendação da UNESCO para Ciência Aberta (no documento acima citado), “(...) práticas científicas mais abertas, transparentes, colaborativas e inclusivas, aliadas a um conhecimento científico mais acessível e verificável, sujeito a escrutínio e crítica, é um empreendimento mais eficiente que melhora a qualidade, a reprodutibilidade e o impacto da ciência e, portanto, a confiabilidade das evidências necessárias para a tomada de decisões e políticas robustas, assim como para o aumento da confiança na ciência (...)”.
Desse modo, através das tecnologias wiki, pode-se ativar a ciência aberta e promover um acesso mais equitativo à informação científica, auxiliando no compartilhamento de conhecimento, dados e informações científicas, ampliando a colaboração e capacidade de tomada de decisões embasadas na ciência, fortalecendo a qualidade e liberdade (de produção e acesso) do conhecimento. Outro aspecto fundamental é o desenvolvimento, através das ferramentas de wiki-pedagogia, de letramento (ou alfabetização) midiática e informacional, destacando não apenas o acesso à informação, mas o processo de entender, organizar e avaliar criticamente as informações e suas fontes, assim como, as funções da mídia.
O WMB, em consonância com sua missão e objetivos, tem como uma de suas metas para o ano de 2024 o lançamento de uma campanha para melhor abrigar os Grupos de Pesquisa Científica na Wikiversidade. Nessa plataforma já é possível compartilhar materiais que possam ser distribuídos em licença livre, como esquemas, transparências, slides, apresentações, atas de reuniões e discussões, debates, textos etc., bem como criar e personalizar as páginas, além de sistematizar todo o conteúdo pertinente à proposta educacional como bibliografias, cronograma, links, orientações aos estudantes e arquivos multimídia (desde que tudo esteja em licença livre). Contudo, o atual uso dessa plataforma pelos Grupos de Pesquisa está muito aquém - quantitativa e qualitativamente - das potencialidades existentes para organização e fomento do ecossistema do conhecimento livre.
Grupos de Pesquisa Científica no Brasil
editarNeste tópico é feita uma análise mais detalhada dos Grupos de Pesquisa Científica (GPC) no Brasil, destacando sua importância no contexto da pesquisa e da formação de pesquisadores. Apresenta dados do último censo realizado pelo CNPq, abordando o número de grupos, instituições envolvidas, pesquisadores e linhas de pesquisa. Ressalta o papel dos GPC no desenvolvimento da pesquisa colaborativa e na formação de novos pesquisadores, destacando sua importância na aquisição do habitus científico e na renovação do campo acadêmico.
Os Grupos de Pesquisa Científica (GPC) no Brasil têm sua emergência e fomento estreitamente relacionado ao conjunto da legislação e recomendações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a Pós-Graduação, incluindo os Planos Nacionais de Pós-Graduação, sendo que, contemporaneamente, os Grupos de Pesquisa Científica já se consolidaram à Pós-Graduação, assim como às demais atividades docentes universitárias[4].
De acordo com o último censo do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGPB), realizado pelo CNPq em 2023, no país existem 42.852 Grupos, em 587 Instituições, com 156.386 Linhas de Pesquisa, envolvendo 247.455 Pesquisadores (e, destes, 168.028 pesquisadores doutores)[nota 4]. O Sudeste é a região com o maior número de Grupos de Pesquisa registrados no DGPB (15.703), respondendo por 36,7% do total nacional, seguido pela região Nordeste (11.769 ou 27,5%), Sul (8.935 ou 20,9%), Centro-Oeste (3.238 ou 7,6%) e Norte (3.211 ou 7,5%). Na distribuição das pessoas pesquisadoras por sexo, até o ano de 2008 havia uma leve predominância masculina (51%), ocorrendo o aumento de pessoas pesquisadoras identificadas ao sexo feminino em 2023 (52%). No tocante a faixa etária de pesquisadores, observa-se mais de metade da concentração de pesquisadores (51%) entre as idades de 35 a 49 anos, sendo a faixa etária de 40-44 anos correspondente a 19%, 35-39 anos por 17% e 45-49 anos por 15%. Os últimos vinte anos tiveram um crescimento significativo dos GPC, sendo que de 2021 a 2023 foram criados 7.832 (18,3%), de 2018 a 2020 (8.789 ou 20,5%), e de 2015 a 2017 (6.693 ou 15,6%). Na divisão por grande área do conhecimento, as Ciências Humanas correspondem a 23,8% dos GPC com 10.184, seguida pelas Sociais Aplicadas com 6.863 (16%), Ciências da Saúde com 6.314 (14,7%) e Engenharias e Computação com 4.973 (11,6%). Entre as cinco áreas predominantes, Educação (4.909 GP ou 11,5%), Direito (1.981 ou 4,6%), Administração (1.615 ou 3,8%), Medicina (1.375 ou 3,2%) e Química (1.362 ou 3,2%). Se observarmos por setor de aplicação da linha de pesquisa, as cinco mais numerosas: Educação; Pesquisa e desenvolvimento científico; Atividades profissionais, científicas e técnicas; Atividades de atenção à saúde humana; Saúde humana e serviços sociais.
Em que pese as especificidades de funcionamento em cada campo acadêmico e área do saber, os Grupos de Pesquisa Científica constituem-se como essenciais ao desenvolvimento da pesquisa e à formação de pessoas pesquisadoras no país, destacando-se sua importância no desenvolvimento da pesquisa colaborativa. Os Grupos de Pesquisa são espaços fundamentais para a aquisição do habitus científico[nota 5], servindo como uma espécie de “estratégia de sucessão” que possibilitaria a formação e renovação de novos pesquisadores[5], ao colocar em contato direto na e pela pesquisa, investigadores com diferentes graus de experiência[6].
Justificativas
editarNeste tópico, você encontrará uma análise das justificativas para o uso da Wikiversidade como plataforma para os Grupos de Pesquisa Científica no Brasil. São destacados o baixo uso atual da Wikiversidade por esses grupos e a fragmentação do uso de ferramentas de empresas privadas, contrastando com a falta de um espaço digital específico para hospedar os GPCs. A discussão se estende para a importância da disponibilização ampla e gratuita do conhecimento, especialmente em um contexto de questionamento sobre a apropriação e uso de dados pessoais por grandes plataformas digitais. São explorados temas como a defesa da liberdade acadêmica, a democratização do acesso ao conhecimento, questões éticas e políticas relacionadas ao controle de dados e à disseminação de desinformação. Além disso, são apresentadas as vantagens do uso de ferramentas wiki para promover a colaboração, a transparência e a construção coletiva do conhecimento.
Um primeiro ponto a ser destacado é o relativo baixo uso da Wikiversidade por Grupos de Pesquisa no Brasil, o que se apresenta como um desafio e, também, como oportunidade, pois apesar de termos quase 43 mil Grupos cadastrados no diretório do CNPq, apenas 63 constavam na página de pesquisas da Wikiversidade. Contudo, não é que exista um espaço digital que hospede os Grupos de Pesquisa Científica do país, ao contrário, cada Grupo faz uso de distintas e fragmentadas ferramentas de empresas privadas, com sistemas fechados e falta de transparência no uso de dados, por vezes com cobrança de valores para o uso de determinadas funcionalidades e serviços “premium”. Assim, defendemos que a Wikiversidade se apresenta como um espaço que pode atender essa demanda, fornecendo não apenas um repositório (hoje inexistente) para a produção, prestação de contas e memória dos Grupos de Pesquisa Científica, mas, além disso, fomentar a construção e conexão de uma comunidade de conhecimento livre, com recursos de tecnologias abertas e digitais para educação, fortalecendo o conhecimento livre e a liberdade acadêmica.
A disponibilização do conhecimento de forma ampla, livre e gratuita, além de se constituírem como política de transparência das boas práticas acadêmicas e científicas, cobra relevância num momento em que as grandes plataformas digitais (Big Techs) estão sendo questionadas pelo uso de dados pessoais para atender aos interesses de empresas privadas. Sendo tema recorrente em várias instâncias, da ONU aos Estados nacionais, a criação de políticas de regulação dessas grandes plataformas, com o desenvolvimento de novas diretrizes e políticas que enfrentem questões sensíveis e urgentes como segurança de dados, respeito à privacidade, regulamentação das ditas Inteligências Artificiais (IA), o controle à desinformação digital, entre outros temas que chegam a colocar em risco a democracia[7].
Levando em consideração o papel social das Instituições de Ensino – especialmente para esse estudo, os Grupos de Pesquisa – e a relação com a tecnologia em dimensões culturais e suas repercussões econômicas e sociais no contexto de países desiguais como o Brasil, e boa parte dos países de língua lusófona, que vivem na periferia (também) do desenvolvimento tecnológico, acaba por ter forte impacto político a adoção de ferramentas de acesso livre e coletivo, que permitem explorar variadas possibilidades de se pensar a técnica, como é o caso do uso dos recursos wiki.
Logo, ao invés de centralizar materiais didáticos em drivers proprietários de empresas que podem usar os dados para fins não divulgados ou em páginas de plataformas que vendem esses dados e anúncios para lucrar com o conteúdo disponibilizado de forma gratuita por seus usuários, o uso das páginas da Wikiversidade (e das ferramentas do ecossistema wiki de forma mais ampla) contribui para a reunião de conteúdo livre, gratuito e de qualidade na internet em português, fortalecendo o movimento em prol do conhecimento livre e a construção de equidade social, recontextualizando a tecnologia moderna, o que pode contribuir para a construção de novos futuros tecnológicos[8].
Para Morozov, as plataformas tecnológicas globais deixaram de ser vistas de modo inofensivo, defensoras de uma transparência universal e, cada vez mais, são percebidas como agentes políticos, um bloco poderoso, com interesses mercantis ocultos, lobistas e projetos de dominação mundial, emaranhando geopolítica, finança global, consumismo desenfreado e acelerada apropriação corporativa de nossas questões mais íntimas. A tecnologia vem se mostrando, conforme Ronaldo Lemos[8], em desdobramentos distópicos, uma força de atomização, que dissolve o coletivo em individualidades cada vez menores e particulares, que podem ser capturadas por interesses específicos, bem financiados e organizados. O autor reforça que, para não recair num tipo de determinismo, que coloca um papel subalterno da humanidade à técnica, precisamos de outro paradigma e estado mental, reforçando o humanismo e o Iluminismo, permitindo sonhar além dos limites impostos pelo atual contexto da sociedade digital, que aparece como consequência do mundo em que vivemos. Nesse sentido, não devem ser ignorados os riscos da plataformização das ciências, o que viola a liberdade acadêmica, pois associa o conhecimento a base de dados fechados, impossibilitando o acesso a eles. Além disso, Morozov aponta que um dos problemas complexos e sistêmicos da comunicação digital contemporânea vem a ser a velocidade e facilidade de disseminação de notícias falsas, o que torna mais imperiosa a divulgação de conhecimento confiável e de qualidade em plataformas de acesso livre e massivo, e o potencial das ferramentas Wiki como difusão, especialmente de conhecimento científico é reconhecida mundialmente.
Letramento midiático e informacional: defesa da liberdade acadêmica e de expressão
editarNo sentido de defesa da liberdade de expressão e da privacidade do usuário, cabe destacar que a Wikimedia concede percentuais relativamente baixos – em comparação com outras empresas – de solicitações de informações de seus usuários. Segundo relatório da Fundação Wikmedia, enquanto o LikedIn teve 845 solicitações e concedeu 540 (64%), Google 201.201 solicitações, concedendo 168.960 (80%); a Meta recebeu 271.692 solicitações, concedendo 208.931 (76,9%); já a Wikimedia recebeu 41 solicitações, tendo concedido 3 (7,3%). Sendo que no Brasil não foi concedido nenhuma solicitação (de duas solicitadas). O que demonstra a importância da liberdade de expressão e de dados, defesa da privacidade do usuário, contra a censura e ameaças ao conhecimento livre, como valor essencial para o movimento Wikimedia.
É certo que as mídias têm um papel a cumprir na democracia, e não podemos escapar de sua ubiquidade e de todas as formas de tecnologias de informação e comunicação, tampouco do papel que elas desempenham em nossa vida pessoal, econômica, política e social. Assim, conforme documento da UNESCO sobre alfabetização midiática e informacional e o currículo para formação de professores[9], novas formas de competências, isto é, conhecimentos, habilidades e atitudes são necessárias para que as pessoas efetivamente participem nas sociedades da informação e do conhecimento, e possam usufruir das liberdades fundamentais e da capacidade de autoderminação e desenvolvimento. O papel da qualidade, fiabilidade e disponibilidade da informação se faz decisivo, pois irá balizar as capacidades de escolhas e de ações (ibidem), o que se relaciona ao usufruto dos direitos fundamentais à liberdade de expressão e à informação, expressos no Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos[nota 6]. Diante desse quadro, ganha relevância a necessidade da alfabetização midiática e informacional, como forma de expandir o movimento pela educação cívica, proporcionando aos cidadãos o empoderamento e as competências necessárias para o pleno exercício desses direitos. Isso tem confirmado que o letramento midiático e informacional está se tornando cada vez mais importante para o ensino e a aprendizagem, pois os cidadãos precisam interpretar e entender as informações que recebem, usando-as de maneira crítica.
Para os Grupos de Pesquisa o uso das redes de comunicação colaborativas constitui aspecto central, já que quando alicerçadas no emprego de Tecnologia da Informação – enquanto recurso dinâmico na produção e troca de conhecimentos e no suporte à formação de redes de interação – é capaz de facilitar a relação entre os pesquisadores, possibilitando o desenvolvimento de um enfoque colaborativo, superando barreiras de tempo e espaço e reduzindo distorções na troca de informação. Diante desse entrelaçamento de Tecnologia de Informação e Comunicação Colaborativa (TICC), como mecanismos que aproximam o repertório compartilhável de recursos, os Grupos de Pesquisa podem dinamizar suas práticas[10].
Em decorrência da arquitetura e filosofia do conjunto de plataformas que compõem o sistema wiki, podemos aventar possibilidades plausíveis de desenvolvimento de práticas com características mais autogestionárias. Tal perspectiva poderá ser potencializada em organizações e Grupos de Pesquisa que se caracterizem por terem uma gestão participativa, que fazem uso de práticas de gestão que valorizam maior autonomia e efetivo envolvimento nas decisões[11], ou que constituem espaços flexíveis, descentralizados e dinâmicos e que valorizam as interações de seus integrantes[12], o uso desses mecanismos de gestão possibilitados pela Wikiversidade podem ser facilitadores tanto na comunicação e na realização de tarefas conjuntas[13], quanto na interação entre os componentes. Com a Wikiversidade, assim, é possível a criação de um ambiente virtualizado de colaboração em que a estruturação dos Grupos de Pesquisa ocorra através do trabalho conjunto de seus membros, dividindo e criando repertórios compartilhados de recursos e uma série de práticas comuns no decorrer do tempo, formando e engajando uma rede em que o conhecimento é integrado, compartilhado e construído coletivamente.
Wikiversidade e o conectivismo
editarConfigura-se, assim, um dos pilares potenciais do uso das ferramentas wiki na educação, o “conectivismo”, que visa remover as barreiras para a educação - sejam de ordem acadêmica, econômica ou de exclusividade sobre uma informação - efetivando o uso dos REA baseada em direitos de propriedade comuns (commons). O conectivismo, ao combinar abordagens de educação aberta e ensino a distância com teorias de rede, permite o desenvolvimento de um processo educativo colaborativo, possibilitando trocas de informações por meio de conexões em rede (seja por parte de educadores e estudantes, ou de consolidação de uma comunidade colaborativa de aprendizagem de Grupos de Pesquisa Científica que tenham linhas de investigação aderentes, por exemplo). Pedagogicamente, o conectivismo associado a tecnologia wiki para o aprendizado, permite a promoção de um sentido coletivo e de responsabilidade com a construção e promoção do conhecimento, pois esse é construído na perspectiva de aprender fazendo e na avaliação por pares[1].
Dentre os principais recurso de TICC para o suporte às interações de pessoas reunidas em comunidades como os Grupos de Pesquisa[14], se evidenciam as relações assíncronas, participação individual, cultivo da comunidade e publicação, além de repositórios de documentos, espaços de interação e armazenamentos, ferramentas de coordenação e recuperação de informações.
Nesse sentido, as ferramentas wiki – enquanto sistemas de informação abertos – podem ser ferramentas em prol da liberdade de expressão, do conhecimento livre, do pluralismo, da informação referenciada, do diálogo e da tolerância intercultural, contribuindo para o fortalecimento do ambiente democrático, de uma cultura cívica e para os pilares da boa governança (que sustentam-se na transparência, prestação pública de contas e participação cidadã). Conforme o documento já citado da UNESCO, para alfabetização midiática e informacional, um exemplo de aprendizagem colaborativa vem a ser o trabalho compartilhado em um espaço wiki, pois auxiliam no “aumento da participação dos cidadãos na mudança social, econômica e política, ao permitirem maior acesso à informação e ao conhecimento, à liberdade de expressão, à boa governança e à participação nos processo democráticos”, criando uma cultura participativa na qual as pessoas adquirem e envolvem-se ativamente na produção e distribuição da informação. A perspectiva é que se possa fomentar e consolidar, através de uma abordagem conectivista, uma comunidade de aprendizagem pelos Grupos de Pesquisa Científica ao explorarem as ferramentas colaborativas e abertas dos softwares wiki em suas páginas hospedadas na Wikiversidade.
Metodologia
editarO tópico "Metodologia" descreve o processo de pesquisa realizado para investigar a integração dos Grupos de Pesquisa Científica com a Wikiversidade como plataforma de acompanhamento e organização de suas atividades. A metodologia incluiu revisão bibliográfica especializada, entrevistas e o uso de questionários. O texto fala também acerca dos resultados revelados pela pesquisa como os desafios apontados pelos GPCs, as de melhorias nas ferramentas de comunicação e fomento à comunidade de pesquisadores.
O propósito dessa pesquisa é fornecer subsídios para melhor compreensão para que Grupos de Pesquisa Científica abracem a Wikiversidade (enquanto plataforma) como estrutura de acompanhamento do que ocorre nas atividades do Grupo, servindo para organização de textos, leituras, encontros, materiais, construção de memória, transparência e prestação de contas à sociedade etc. Nesse percurso, também buscamos identificar alguns limites da Wikiversidade para atingir esse propósito, bem como suas potencialidades (existentes e a serem construídas).
Para essa pesquisa foi feita revisão bibliográfica especializada, entrevistas e a utilização de questionário, sendo que a confecção e o envio destes foi separado em Grupos de Pesquisa que não utilizavam a Wikiversidade (inicialmente selecionamos aleatoriamente o número de 20 grupos da base de dados do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq) e, num outro recorte, o mapeamento e o envio de e-mail para todos os 63 grupos que já tinham uma página na Wikiversidade, além de mensagem na Esplanada (canal de comunicação pública na Wikiversidade) – com o intuito de entender quais os formatos de uso da Wikiversidade, quais tipos de informações estavam acessíveis e quais as principais necessidades dos GPC.
Contudo, a taxa de retorno de ambos os recortes foi extremamente baixa, fazendo com que mais um disparo de mensagens fosse realizado, aumentando a amostra da base de dados do CNPq para 60 Grupos e, posteriormente, para mais 200, ainda assim, devido ao continuado baixo retorno, optamos por utilizar técnica de entrevista semiestruturada, com entrevistas via chamada de vídeo (com duração média de uma hora), o que se mostrou uma decisão acertada, visto que propiciou incremento qualitativo nas informações, permitiu explorar especificidades e, através das conversas, ampliar o horizonte das necessidades, limites e possibilidades de uso. Assim, aplicou-se método misto de pesquisa, abarcando tanto aspectos de estudos quantitativos, quanto dos estudos qualitativos[15].
De todo modo, o elemento comum para ambos os recortes – de quem já usou ou continuava usando e aqueles que não usavam a Wikiversidade – foi compreender, essencialmente, quais as necessidades dos GPCs e de apreender o que poderia ser aperfeiçoado para usarem regularmente a plataforma da Wikiversidade. Os questionários e os grupos focais serviram para melhor compreensão desse contexto.
Paralelamente a essas enquetes, a equipe de Educação e Difusão Científica e a de Tecnologia do WMB passaram a reunir-se continuadamente para o desenvolvimento dos primeiros passos do produto propriamente dito, isto é, a construção de ferramentas tecnológicas que permitiam novas funcionalidades para a página dos Grupos de Pesquisa na Wikiversidade e, também, ocorrem reuniões quinzenais com a direção do WMB para alinhar os passos e etapas a seguir.
Questionário e entrevista semiestruturada para os GPC que não utilizam a Wikiversidade
editarPara o questionário das Necessidades dos "Grupos de Pesquisa Científica e a Wikiversidade", inicialmente foi realizada investigação e seleção dos grupos de pesquisa científica no Diretório do CNPq, extração de informações acerca dos líderes, e seus respectivos e-mails para envio do questionário. As respostas que obtivemos apontaram para diversidade nas áreas de pesquisas: Paleografia, História Social da Cultura Escrita e Filologia; Linguística/ Aquisição da Linguagem; Psicologia; Odontologia; Engenharia Sanitária. Do Grupos de Pesquisa Científica que obtivemos retorno, (33,3%) possuíam até 15 membros, e os demais se dividiram com grupos de até 7 pesquisadores, 20, 25 e 30 membros.
Entre os respondendes, 83,3% não conheciam a Wimedia e suas ferramentas para educação, tampouco a Wikiversidade, sendo que 16,7% já tinham conhecimento tanto das ferramentas da Wikimedia como já faziam uso da Wikiversidade.
No quesito das funcionalidades essenciais de uma ferramenta de compartilhamento, os respondentes apontaram repositório de arquivos (83%), de materiais (66,7%), de discussão (50%) e de anotações e catalogação de recursos (ambos com 33,3%). Dentre os maiores desafios enfrentados pelos Grupos de Pesquisa para manter, catalogar e compartilhar seus recursos, está a limitação pelo alto valor cobrado pelas empresas e os preços exorbitantes para publicação de resultados. Também foi questionado aos GPC quais as principais necessidades em termos de compartilhamento e de recursos. As respostas apontaram a carência de espaços para trocas de experiências e de ideias, bem como de um local para abrigar as atividades e produções dos membros dos GPC e, ainda, ter que difundir a produção científica, permitindo maior visibilidade (nacional e internacional) e, também, aumentar as possibilidades de construção de redes mais amplas de pesquisa. Dentre os materiais que mais frequentemente precisariam ser catalogados e compartilhados estariam as publicações científicas, protocolos e resultados de investigação, divulgações de participação em eventos, publicações em periódicos e ebooks, vídeos de conferências, de palestras e de cursos, além de material técnico e didático.
Nesse sentido, a Wikiversidade se destaca como uma ferramenta de REA com grande potencialidade de atender a essas demandas, visto ser um repositório livre e aberto, permitindo também – com a melhora de sua infraestrutura – a geração de uma comunidade de pesquisa com poder social para liberdade acadêmica, por sua características web colaborativa e conectivista. Desse modo, o aperfeiçoamento da infraestrutura da Wikiversidade, para abrigar os Grupos de Pesquisa Científica, poderia aprimorar a comunicação científica aberta como modo de apoiar a divulgação do conhecimento científico não apenas para acadêmicos de outros grupos e campos de pesquisa, mas, de modo mais amplo, para tomadores de decisão e para o público em geral.
Um ponto que merece atenção é a viabilidade de integração de ferramentas com outras plataformas, como CAPES, Diretório de Grupos do CNPq, Scielo e, mesmo, outras bases de publicações e patentes ou, ainda, perfis de redes sociais. Esses pontos talvez sejam mais delicados, pois esbarram em questões políticas de privacidade e segurança, além de vinculação com empresas pouco transparentes e incompatibilidade de infraestruturas.
Questionário e entrevista semiestruturada para os GPC que já utilizaram a Wikiversidade
editarNo caso do questionário destinado à "Experiência dos Grupos de Pesquisa Científica no uso da Wikiversidade", ou seja, de GPC que já tinham páginas na Wikiversidade, procedemos a uma análise de todas as páginas e coleta das informações para o envio de e-mails, além de deixar uma postagem na Esplanada com o link para o questionário. Constatamos diversidade considerável nas culturas, objetivos, tempos de uso e, ainda, na construção do desenho das páginas e disposição das informações. Uma das impressões é que ocorreu aumento considerável na época da Pandemia de Covid-19, provavelmente em decorrência da necessidade de soluções de integração online, sendo seguido pela não manutenção das páginas com o retorno das atividades presenciais nas Instituições de Ensino.
Apontou-se, também, a redução no uso da plataforma da Wikiversidade porque surgiram outras fontes de informação, como os sites institucionais dos projetos, o que reforça o diagnóstico que para a Wikiversidade ter um uso mais amplo quantitativamente, se faz necessário que suas potencialidades qualitativas e de recursos de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e de Recursos Educacionais Abertos (REA) sejam melhor abordados e desenvolvidos, indo além de uma simples página de divulgação e espelhamento. Possivelmente, para usos que aproveitem melhor os recursos da plataforma, se mostra necessário, também, a realização de comunicação mais assertiva, apresentando os recursos, perspectivas de usos e experiências exitosas para a comunidade acadêmica, assim como abordar as interações da Wikiversidade com outras plataformas Wikimedia, como Commons e Wikidata, permitindo, entre diversas outras funcionalidades, fazer listagens do que é publicado, carregar arquivos multimídias, fazer dashboard sobre os Grupos de Pesquisa para gerenciar dados e informações, coletar e disponibilizar dados estruturados etc.
Entre os principais objetivos dos Grupos de Pesquisa Científica terem feito uma página na Wikiversidade, nos pareceu ser a de espelharem informações que já existiam em outras páginas (fora do ambiente Wiki), servindo mais como elemento de divulgação dos grupos de extensão e pesquisa. Ainda que algumas respostas apontaram o propósito de documentar os trabalhos que estavam sendo desenvolvidos e de fomentar a cultura livre. A plataforma, de acordo com as respostas do questionário, era usada sobretudo para repositório de materiais.
Foram apresentadas algumas dificuldades – por parte de estudantes – na utilização da plataforma, sobretudo de acesso, navegação e uso das ferramentas, essa questão foi melhor compreendida nas entrevistas qualitativas, pois boa parte dos estudantes acessavam a Wikiversidade pelo celular (smartphones), tendo uma experiência bem mais limitada. Esse é um ponto essencial – de acesso à conectividade no país – que será retomado no tópico final das "Considerações". Outro ponto de dificuldade apresentado foi a disciplina para manter a documentação dos projetos atualizada.
Entre sugestões, foram elencadas a necessidade de melhora nas ferramentas de comunicação entre as várias interfaces da Wikiversidade, o que facilitaria o uso dos estudantes, principalmente os que nunca tiveram proximadade com atividades de alimentação de um banco de dados; além de um maior fomento à comunidade de pesquisadores (em entrevista, esse aspecto foi novamente levantado, havendo a sugestão da criação de uma newslatter ou boletim, que ajudasse a comunidade a ficar mais integrada com as questões e novidades envolvendo a Wikiversidade), para que exista maior interação entre os Grupos e pessoas.
Cabe ressaltar que ambos os formulários foram elaborados seguindo as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), para garantir a segurança e a privacidade dos dados pessoais das pessoas participantes.
Entrevistas online semiestruturadas
editarPara a realização dessas entrevistas foi efetuado contato prévio, por e-mail, de modo a agendar o dia e horário para a efetiva realização. Os dados colhidos com as entrevistas foram tratados via técnica de análise de conteúdo.[16] O empenho foi no sentido de uma consulta para captar e oferecer uma visão geral das percepções de usabilidade, dificuldades, razões para possível descontinuidade de uso e sugestões, com vistas a qualificar os Grupos de Pesquisa a um maior uso de uma ampla gama de recursos da Wikiversidade na realização de suas atividades.
Um dos aspectos gerais relatado na entrevista foi uma característica bastante presente em muitos Grupos de Pesquisa (sobretudo no campo das Ciências Humanas), de existir mais formalmente do que ativamente como um articulador de pesquisas. Existindo grande dificuldade de se galvanizar estritamente como um articulador de pesquisas, não que seus membros não tenham pesquisas vinculados ao grupo, mas ficam muito individualizadas, com pouca organicidade dentro do grupo, com baixa vivência intelectual coletiva interna, dificuldade de compartilhar bases epistêmicas em conjunto, caracterizando-se mais como trabalhos individuais que se agregam. Essa perspectiva é corroborada pela literatura da área, como aponta Mainardes[17], no caso da Ciências Humanas, os Grupos de Pesquisa, não poucas vezes, configuram-se mais como espaços de estudos e discussão, com as pessoas participantes desenvolvendo seus projetos individualmente, ou muitos Grupos de Pesquisa valendo-se dos seus encontros para atividades de orientação coletiva. Em que pese isso, existem mobilizações de esforços contracíclicos, que usam de ferramentas e repositórios online (notadamente do Google e Microsoft, para textos, artigos e livros no Google Drive; Google Meet ou Microsoft Team para reuniões dos grupos de pesquisa e convidados etc.), ainda que não fique clara qual a ingerência sobre os dados coletados pelas Big Tech, ou mesmo a necessidade – sazonal – de pagamento para aumentar a capacidade de armazenamento de arquivos ou outra funcionalidade.
Numa perspectiva mais específica, relacionada a experiência de usabilidade dos Grupos de Pesquisa Científica com a Wikiversidade, algumas questões destacadas foram a construção de redes e interações, por exemplo, com a possibilidade de inclusão na página do GPC da funcionalidade (já existente na Wikipédia – ver figura 1) de uma tag ou “userbox”, que indique os interesses de pesquisa (para além da indicação da grande área do conhecimento, o que acaba por ser muito amplo e, por vezes, sem uma ligação direta com as questões que ocupam determinado Grupo), assim, pode-se fomentar a construção efetiva de contatos e redes com interesses mais particulares de investigação, reunindo todos os Grupos a partir de uma predefinição.
Essa primeira versão (1.0) do diagrama da página de Grupos de Pesquisa da Wikiversidade, encontra-se em processo de mudança e transformação, graças as sugestões e questões levantadas nas entrevistas.
A partir de uma primeira avaliação crítica, o diagrama foi modificado, incluindo-se as tags (ou infocaixa) e excluindo a temporalidade do que é/foi estudado e das bolsas e recursos, por uma questão de limitação tecnológica dessas funcionalidades por não serem automatizadas, o que exigiria uma peridiocidade regular de revisão e edição para transportar os conteúdos de um tópico para outro.
Outro ponto relevante é a disponibilidade de um espaço para acervo de produções do próprio grupo, incluindo local para repositório de relatórios finais de Iniciação Científica (IC) que já são aceitos em formato de vídeos curtos, mas não possuem um local em que sejam disponibilizados abertamente para consulta, do mesmo modo, pode-se inserir Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC), Dissertações e Teses que, ainda que possam estar disponíveis digitalmente para acesso nos sites das bibliotecas das Instituições de Ensino, não costumam ser disponibilizadas em licenças livres (creative commons), o que faz com que possamos insidir diretamente no reposicionamento das políticas de licenciamento de pesquisas que são realizadas com recursos públicos.
Temos, então, a transposição da ideia do diagrama para um primeiro esboço de página na Wikiversidade, já com a inclusão da infocaixa com a área de estudo do Grupo de Pesquisa. A perspectiva é que possam ser incluídas infocaixas personalizáveis de acordo com a linha de pesquisa do GPC, permitindo uma efetiva conexão entre todos os Grupos que compartilhem de uma mesma problemática de pesquisa, construindo não apenas um canal de comunicação entre os grupos, mas a possibilidade de uma comunidade de aprendizem livre, permitindo que cada grupo acesse as informações dos demais. A UNESCO, destaca a “crescente importância dos processos científicos coletivos executados pelas comunidades de pesquisa com o uso da infraestrutura de conhecimento compartilhado para avançar em agendas de pesquisa compartilhadas que abordam problemas complexos”, com essa funcionalidade na Wikiversidade, espera-se, com isso, incentivar maior conectividades entre os GPC e pessoas envolvidas, misturando gerações de pesquisadores de diversas áreas interessadas, numa comunidade de aprendizagem livre.
Reconhecendo as diferenças regionais e disciplinares, de temas de pesquisas e de condições de realizá–las, tendo como pilar a liberdade acadêmica, corroboramos a recomendação apresentada pela UNESCO, de que a Ciência Aberta pode melhor “orientar o trabalho científico para a solução de problemas socialmente relevantes, Reconhecendo que a ciência aberta não deve apenas fomentar um maior compartilhamento do conhecimento científico exclusivamente entre as comunidades científicas, mas também promover a inclusão e o intercâmbio de conhecimento acadêmico originário de grupos tradicionalmente sub-representados ou excluídos (como mulheres, minorias, indígenas, acadêmicos de países menos favorecidos e línguas com poucos recursos) e contribuir para reduzir as desigualdades no acesso ao desenvolvimento científico, às infraestruturas e às capacidades entre diferentes países e regiões”, tal qual já é feito pelo trabalho do Grupo de Usuários do Wiki Movimento Brasil com parceiros em Instituições de Ensino, que apenas de 2023 para cá, já fomentou mais de 20 atividades em 10 estados brasileiros e no Distrito Federal. A construção de uma nova infraestrutura na Wikiversidade deve, assim, levar em consideração que as ferramentas devem ser adaptadas às circunstâncias locais, às necessidades dos usuários e às exigências das comunidades de pesquisa.
Considerações
editarNas "Considerações" é abordada a evolução do acesso à internet no Brasil, destacando melhorias significativas, mas ressaltando as persistentes desigualdades. Também discute a falta de uma plataforma que agregue os Grupos de Pesquisa Científica e a subutilização da Wikiversidade para propósitos além de repositório de informações. Sugere que melhorias na infraestrutura da Wikiversidade poderiam contornar algumas dessas dificuldades, facilitando a colaboração e a disseminação do conhecimento científico e destaca as potencialidades da Wikiversidade para promover a interação entre os GPCs, a criação de redes de pesquisa e a construção de uma comunidade de conhecimento mais colaborativa. Enfatiza, ainda, a importância de uma abordagem comunitária para abordar os desafios enfrentados por pesquisadores no Brasil, com ênfase na liberdade acadêmica e na cooperação.
É certo que o Brasil tem melhorado no acesso à conectividade de qualidade, mas ainda existem abismos num país de tamanho continental e dos mais desiguais do mundo. Em 2008, apenas 34% das pessoas no país tinham algum tipo de conexão à internet, sendo que, atualmente o índice chega a 84% da população com mais de 10 anos de idade. Contudo, é enganoso pensar que o país atingiu a quase “universalidade” de conexão com a rede. É necessário pontuar a qualidade, viabilidade de buscar informações verificadas na internet, uma conexão que permita estudar, trabalhar, acessar vídeos etc. A conectividade nacional é, tal qual o país, marcada pela desigualdade. Para a grande maioria da população brasileira a conexão com a internet é onerosa, limitada e lenta. Conforme uma das maiores pesquisas sobre como as pessoas no país se conectam à rede, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, apenas 22% têm uma conexão com poucas limitações, enquanto para 57% a conectividade é pouco significativa, com planos de baixa velocidade e dados limitados.
Isso se reflete nas desigualdades de possibilidades de uso, sobretudo para setores sociais que acessam a internet quase exclusivamente via telefones celulares. Enquanto no estado do Pará a taxa da população com qualidade de acesso é de 8%, no Rio de Janeiro sobe para 19%, o que significa a metade do estado de São Paulo, com 38%. As discrepâncias no acesso à internet se reproduzem em recortes etários, de gênero, étnicos e de rendimentos. As pessoas brancas (32%) têm quase o dobro de acesso à internet de qualidade do que as pessoas negras (18%); a desigualdade persiste no recorte entre homens (28%) e mulheres (17%); pessoas com idade entre 35 e 44 anos (35%) têm melhor qualidade de acesso à internet do que crianças (16%) e idosos (8%). Nas faixas de rendimento, as de D e E possuem apenas 1% de boa qualidade de conexão, enquanto a faixa de consumo A detém 83% de melhor conectividade.
O Brasil é do tamanho e complexidade de um continente, com estrutura desiguais de educação, e a grande maioria dos Grupos de Pesquisa Científica ao usarem recursos de empresas privadas, acabem por ter limitações, tanto de infraestrutura quanto da finalidade dos dados gerados, que passam a ser de propriedade de interesses privados. A falta de uma plataforma que agregue os GPC é em si um problema e limitador da pesquisa no país. Ainda assim, e apesar da carência e demanda por plataformas livres e gratuitas que sirvam como organização de material e memória, espaço de transparência e boa governança, difusão de produção, conexão e troca entre Grupos de Pesquisa Científicas, no Brasil a maioria das páginas da Wikiversidade são utilizadas apenas como um simples repositório de ementas e programas de aulas presenciais, pouquíssimos são os Grupos de Pesquisa que usam a plataforma para algo além de um caráter descritivo. As próprias potencialidades de uso como Recursos Educacionais Abertos (REA) para a construção de Cursos Online Abertos e Massivos (MOOCs), baseados não apenas no professor como detentor do conhecimento (xMOOC) a ser transmitido aos estudantes, mas priorizando a conectividade e interatividade (cMOOC) são extremamentes escassos (ainda que existentes, como os de Introdução ao Jornalismo Científico e Introdução à Audiologia Básica).
Desenvolver a infraestrutura da Wikiversidade
editarComo apontado, acreditamos ser possível que a Wikiversidade, com o desenvolvimento de uma nova infraestrutura, contornar – em partes – algumas das principais dificuldades levantadas nesse documento, qual seja, a de fazer ciência no Brasil, decorrente da falta de recursos e de infraestrutura, que limitam a construção de uma comunidade científica aberta, mais conectada e colaborativa e da difusão livre e massiva do conhecimento produzido.
Essa pesquisa – em que pese a baixíssima taxa de retorno – destacou elementos que são demandados pela comunidade científica no país, alguns desses pontos podem ser operacionalizáveis com algumas melhorias no uso e na infraestrutura da Wikiversidade, já outras demandas apontam para uma infraestrutura inexistente e que pode ser desenvolvida na Wikiversidade, como modo de reforçar o compromisso com a agenda de abertura da ciência e liberdade do conhecimento, baseada na integridade da informação e em recursos educacionais abertos.
Percebe-se, portanto, que as ferramentas da Wikiversidade facilitam operacionalizar ações que envolvem comunicação, colaboração e coordenação de tarefas, além do desenvolvimento de boas práticas acadêmicas de transparência e protocolos que permitem registros fotográficos, de notas, atas e o histórico do percurso e aprendizado dos Grupos de Pesquisa e, ainda, a publicização dos resultados das pesquisas e de suas produções, como eventos, publicações etc.
Enquanto mecanismo de interação, a Wikiversidade oferece aos Grupos de Pesquisa Científica não apenas a propriedade de libertação do tempo e espaço, superando distâncias e impeditivos de ordem geográfica, mas agrega-se à diversos componentes para efetivar a interação, tanto interna – ao lado de outras modalidades agrupadoras como seminários, reuniões, eventos – quanto com o público externo – somando aos eventos, publicações, produções acadêmicas, notícias de imprensa e divulgação científica, sendo uma potente possibilidade de difusão do saber construído e acumulado pelos Grupos de Pesquisa Científica extrapolando as fronteiras universitárias, com o adicional de permitir acúmulo da memória e trajetória histórica do grupo, bem como a criação de protocolos e boas práticas que podem perdurar para além da provável rotatividade que é característica básica de muitos GPs.
Outro elemento de destaque da Wikiversidade, enquanto ferramenta interativa, vem a ser a possibilidade de contatos e criação de redes com outros grupos e pessoas interessadas no assunto e tema estudado no GPC, sobrepujando distâncias e ofertando visibilidade nos cenários nacional e internacional. Os Grupos de Pesquisa, entendidos assim como comunidades de prática e comunidades epistêmicas (para além de entidades organizacionais formais), ajudam-se mutuamente, compartilhando informações sobre seus interesses de pesquisa e determinadas por suas perguntas investigativas.
A defesa da construção de uma infraestrutura que seja capaz de atender as demandas dos Grupos de Pesquisa Científica se dá pela perspectiva de construção de práticas pedagógicas de compartilhamento de conhecimento em ambiente digital livre. Apesar dos limites e dificuldades da Wikiversidade para usos pedagógicos, sobretudo de infraestrutura, ela possui muitas potencialidades para atender esse objetivo.
Cabe destacar que esse é um estudo em construção e que essa primeira versão apresenta algumas limitações, como ter tido uma taxa muito baixa de retorno de resposta dos questionários, fazendo-se necessária certa generalização a partir das respostas obtidas, o que não deve refletir com precisão a grande diversidade das características dos Grupos de Pesquisa Científica do Brasil, visto que os dados não são estatisticamente significativos e que não conseguimos abarcar, sequer, a pluralidade de áreas de conhecimento, muito menos de linhas de pesquisa. Outro ponto é que apenas um número limitado de perguntas foi realizado, e muitas delas de caráter quantitativo, dificultando captar as percepções dos membros dos GPC em relação aos usos das Tecnologias de Informação, Conhecimento e Comunicação. Portanto, mais pesquisas devem ser conduzidas, ainda que esperamos que este relatório possa servir como elo para aprofundar as investigações e aprofundar os debates.
De todo modo, os limites dessa pesquisa devem ser colocados num aspecto mais amplo do “estado da arte” das produções e investigações sobre os Grupos de Pesquisa, o que conforme Lópes-Yáñez & Altopiedi[18], apesar de existir uma quantidade crescente de estudos enfatizando a importância dos GP como unidade de análise, esses estudos concentram-se no nível macro ou micro, existindo poucos estudos sobre o âmbito meso, ou seja, o enfoque se dá mais nos planos institucional e individual, faltando maiores dados sobre as condições de trabalho para os grupos, suas dinâmicas sociais e relações estabelecidas entre os participantes, o que vem a ser particularmente útil para a proposta aqui encaminhada.
A Wikiversidade é potencialmente a infraestrutura básica para fomentar uma comunidade livre de Pesquisa Científica no Brasil
editarComo direcionamento futuro dessa pesquisa, e como modo de atingir suficiente grau de confiabilidade para generalizações, faz-se necessário ampliar o escopo quantitativo e qualitativo, de modo a permitir estudos comparativos, o que significa, também, a necessidade da existência de um número maior de estudos sobre o funcionamento dos Grupos de Pesquisa nas diferentes áreas e nos diversos campos acadêmicos. Como bem sugerido por um wikimedista na “Esplanada” (como resposta ao questionamento dessa pesquisa), que o Wiki Movimento Brasil discuta, planeje e organize essa atividade publicamente na própria Wikiversidade, de forma que outres usuáries possam contribuir ativamente às ações e ao seu direcionamento, numa práxis coletiva do fazer e refletir na própria comunidade da Wikiversidade, sendo o resultado de esforços de construção da comunidade, o que é fundamental para sua sustentabilidade no longo prazo.
Aqui reside um ponto central, que significa que parte da solução dos problemas apontados se apresenta como uma solução comunitária, de apropriação comunitária cidadã, distinta da relação comercial de consumidor-empresa. A Wikiversidade é regida por uma lógica colaborativa em que a inovação é possível desde que seja parte de uma agenda comunitária. As lacunas de conhecimento em como aproveitar as tecnologias digitais abertas para potencializar o aprendizado e a pesquisa científica precisam ser abordadas coletivamente, por meio da cooperação de todas as partes interessadas no ensino, na democracia e na boa governança, para assim pode fazer julgamentos e decisões informadas.
Daí a necessidade de formar uma comunidade como poder social para fomentar a liberdade intelectual e acadêmica. O fato dos pesquisadores utilizarem majoritariamente as empresas privadas de TICC se apresenta como um problema porque o modo como as plataformas comerciais são montadas é instrumental, definidos para necessidades pragmáticas e visando a apropriação de lucro, não para comunidades de trocas ou o bem comum. Hoje, os Grupos de Pesquisa Científica não possuem uma infraestrutura conectivista eficaz para a efetivação de fato das comunidades de trocas e, portanto, de comunidades como poder social que garanta a liberdade acadêmica. As webs colaborativas, como a Wikiversidade, têm o “conectivismo” como característica central, mas para suprir essa necessidade de comunidade como poder social para a liberdade acadêmica é preciso a construção de uma infraestrutura com essas finalidades, que pode estar na Wikiversidade, enquanto plataforma aberta e coletiva de conhecimento livre.
A escolha da Wikiversidade para abrigar o trabalho dos Grupos de Pesquisa Científica, portanto, justifica-se pelos diversos fatores apontados nesse texto, dos já existentes às virtualidades possíveis, enquanto compartilhamento de conhecimentos e construção da identidade; como um processo educativo colaborativo que integra inovação e as Tecnologias de Informação e Comunicação; como local de publicização dos resultados e do processo das pesquisas de modo transparente; como construção de memória através de um repositório de práticas; como conexões e formação de redes de pesquisadores estruturando uma comunidade de aprendizagem livre; permitindo que educadores e estudantes integrem e fortaleçam uma plataforma que atua em prol do conhecimento livre, gratuito e amplamente acessível, sendo que um dos poderes sociais reconhecidos de uma plataforma como a Wikiversidade é a liberdade acadêmica. Esperamos que futuras melhorias na interface, infraestrutura e usabilidade possibilitem o aumento quantitativo e qualitativo dos usos da Wikiversidade, revertendo a baixa colaboração na área da pesquisa e divulgação científica do Brasil, auxiliando na construção de comunidades de aprendizagem livres e colaborativas.
Notas
- ↑ Daniela Costa, no Seminário Educação Digital e Currículo na Educação Básica, ocorrido em 2024. Acessível aqui
- ↑ Conforme o documento de Estratégia, O Wiki Movimento Brasil (WMB) é uma associação brasileira sem fins lucrativos afiliada à Fundação Wikimedia. Fundado em 2013, o WMB busca, entre outros objetivos: ampliar, qualificar e diversificar o conteúdo e a comunidade nos projetos da Wikimedia, em especial a Wikipédia; e apoiar a atuação de organizações sociais no ecossistema do conhecimento livre.
- ↑ As wikis são softwares livres e colaborativos de edição que possibilitam modificações irrestritas em seus códigos de programação e conteúdo, elas estão geralmente licenciadas de maneira aberta (commons), o que inibe sua conversão para softwares proprietários. “O termo wiki é utilizado para definir o software colaborativo que cria coleções de páginas interligadas formando um hipertexto ou uma hipermídia. A iniciativa wiki tem como principal objetivo democratizar o acesso a conteúdos educacionais, servindo como repositório de aulas, artigos, boas práticas e experiências. A wiki é um termo utilizado para definir um site da Web que contém páginas que podem ser editadas por qualquer visitante, a depender da sua configuração” (In: Abegg, I; Bastos, F; Müller, F. 2010. Ensino-aprendizagem colaborativo mediado pelo Wiki do Moodle. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 38, p. 205-218, set./dez. 2010. Editora UFPR).
- ↑ A série histórica pode ser conferida aqui.
- ↑ Conforme Bourdieu e Wacquant (In.: Bourdieu, P; Wacquant, L. 2012. Una invitación a la sociología reflexiva. Siglo Vintiuno), o trabalho do pesquisador é tanto um modus operandi como, também, um habitus, que consiste em traduzir questões de nível altamente abstratas para operações científicas totalmente práticas, e o domínio dessa arte se dá pela prática realizada entre pesquisadores de diferentes graus de experiência.
- ↑ “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de opinar livremente e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras”.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 Dieb, D; Peschanski, J; Paixão, F. (2021). O uso da Wikiversidade no ensino do jornalismo científico: abertura, colaboração e conectivismo. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, Belo Horizonte, v.14, n.1, e24935, 2021.
- ↑ Miranda, M; VILLELA, E. (2012). Tecnologia Wiki, educação científica e gestão da informação em um projeto transversal sobre sexualidade no ensino médio. Anais do 10º Congresso Internacional da Rede Unida Suplemento Revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação. Interface (Botucatu), supl. 1, 2012.
- ↑ UNESCO (2021). Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta. Disponível aqui: unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000379949_por/PDF/379949por.pdf.multi. Acessado em 19/04/2024.
- ↑ Mainardes, J. (2021). Panorama dos grupos de pesquisa de política educacional no Brasil. Jornal de Políticas Educacionais, 15, 1-25.
- ↑ Morosini, M. C. (2008). Grupos de pesquisa no Brasil: A perspectiva do campo científico. In C. L. Broilo; M. I. Cunha (Orgs.), Pedagogia universitária e produção do conhecimento (1a ed., p. 83-104). EDIPUCRS.
- ↑ .Pereira, G. R. de M.; Andrade, M. da C. L. de. (2008). Aprendizagem científica: Experiência com grupo de pesquisa. In L. Bianchetti; P. Meksenas (Orgs.), A trama do conhecimento: Teoria, método e escrita em ciência e pesquisa (p. 153-168). Ed. Papirus.
- ↑ Morozov, E. Big Tech – A ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
- ↑ 8,0 8,1 Hui, Y. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
- ↑ Wilson, C; Tuazon, R; Akuempong, K; Cheung, C; (2013). Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação de professores. Brasília: UNESCO, UFTM, 2013.
- ↑ Dornelas, J.S.; Ferraz, I.N. (2015). Repertório compartilhado de recursos em comunidades virtuais de prática: um estudo dos mecanismos de interação, organização e controle em grupos de pesquisa científica. Revista Organização e Sociedade, Salvador, v. 22 – n. 72, p. 99-122, Jan. – Mar. 2015.
- ↑ Valladares, A.; Leal Filho, J. G (2003). Gestão contemporânea de negócios: dimensões para análise das práticas gerenciais à luz da aprendizagem e da participação organizacionais. Revista FAE, v. 6, n. 2, p. 85-95, 2003.
- ↑ Tomaél, M. I.; Alcará, A. R.; Di Chiara, I. G (2005). Das redes sociais à inovação. Ciência da Informação, v. 34, n. 2, p. 93-104, 2005
- ↑ Vilaça, L. E. N. (2007). Determinação de fatores facilitadores para a construção da confiança nas interações virtuais 2007. 177 f. Dissertação (Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação). Brasília, DF: Universidade Católica de Brasília, 2007.
- ↑ Strauhs, F. R. (2003). Gestão do conhecimento em laboratório acadêmico: proposição de metodologia, 2003. 480 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 2003.
- ↑ Creswell, J. (2010). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Bookman, 2010.
- ↑ Bardini, L. (1997). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
- ↑ Mainardes, J. (2021). Panorama dos grupos de pesquisa de política educacional no Brasil. Jornal de Políticas Educacionais, 15, 1-25.
- ↑ López-Yáñez, J.; Altopiedi, M. (2015). Evolution and social dynamics of acknowledged research groups. High Education, 70, 629-647.