Utilizador:PCruz (FOB)/Introdução à Audiologia Básica/Condução Óssea/Conceitos
Condução Óssea
editarA audição do ser humano é composta por dois mecanismos de transmissão sonora: condução aérea e condução óssea. A onda sonora é transmitida até cóclea, onde haverá a movimentação das membranas basilar e tectória do Órgão de Corti, o que ocasionará a estimulação das células sensoriais, havendo a transdução da energia mecânica em elétrica e a posterior codificação para impulsos elétricos em nível neural. A transmissão desses impulsos pelas estruturas centrais será finalizada e interpretada pelo córtex auditivo como som.
A Condução Óssea é um fenômeno complexo devido à estrutura geométrica do crânio associado ao fato de que a cabeça humana compreende pele, camada óssea e tecido cerebral.[1]
Foi comprovado cientificamente, que a cóclea é um órgão receptor independente do meio de condução do som. A resposta coclear é igual para os sons conduzidos por meio aéreo e ósseo, não sendo possível distinguir, no nível da membrana basilar, a maneira pela qual os mesmos sons foram conduzidos, comprovado pela literatura [2]. Posteriormente, esse achado foi confirmado pela análise do microfonismo coclear de frequências baixas e altas (0,25 a 15 kHz) gerados por sons transmitidos por condução aérea e óssea.[3]
Existem diferenças entre a audição por condução aérea e óssea, observadas nos potenciais de evocados auditivos tronco encefálico, por meio da análise da função latência-intensidade[4], seja focando o crescimento de sensação do som com ruído narrow band[5], seja com as emissões otoacústicas evocadas, verificando a amplitude das mesmas com o aumento da intensidade[6], sendo que essas diferenças são justificadas pelo meio de transmissão, não pela resposta coclear.
Componentes da audição por condução óssea
editarA vibração do osso temporal pode ser causada por estimulação direta (aparelho auditivo ancorado no osso), por estimulação através da pele (como no teste por condução óssea) e por uma vibração induzida pelo som conduzido por via aérea (com o crânio posicionado em um campo sonoro).
A audição por condução óssea não pode ser atribuída apenas à ação da vibração do crânio sobre os líquidos cocleares, com conseqüente estimulação do Órgão de Corti [7], mas sim a existência de componentes que contribuem de maneira conjunta para a condução óssea do som, entre os quais[7][8]:
- a inércia dos ossículos da orelha média;
- complacência da cavidade da orelha média
- efeito de compressão na cóclea
- mobilidade da janela oval
- mobilidade da janela redonda
- inércia do fluído coclear
- efeito da complacência via aqueduto coclear
. Importante salientar que, na condução óssea, também há estimulação dos sensores táteis da pele, produzindo uma sensação não auditiva que ocorre primariamente nas freqüências baixas (inferiores a 0,5 Hz).
Referências
- ↑ Stenfelt, Stefan; Håkansson, Bo; Tjellström, Anders (janeiro de 2000). «Vibration characteristics of bone conducted soundin vitro». The Journal of the Acoustical Society of America (1): 422–431. ISSN 0001-4966. doi:10.1121/1.428314. Consultado em 2 de junho de 2023
- ↑ Tonndorf, Juergen (agosto de 1962). «Compressional Bone Conduction in Cochlear Models». The Journal of the Acoustical Society of America (8): 1127–1131. ISSN 0001-4966. doi:10.1121/1.1918259. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ Wever, E. G.; Bray, Charles W. (setembro de 1936). «LX The Nature of Bone Conduction as Shown in the Electrical Response of the Cochlea». Annals of Otology, Rhinology & Laryngology (em inglês) (3): 822–830. ISSN 0003-4894. doi:10.1177/000348943604500323. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ Beattie, Randall C. (janeiro de 1998). «Normative Wave V Latency-Intensity Functions Using the EARTONE 3A Insert Earphone and the Radioear B-71 Bone Vibrator». Scandinavian Audiology (em inglês) (2): 120–126. ISSN 0105-0397. doi:10.1080/010503998420360. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ Stenfelt, Stefan; Håkansson, Bo (1 de maio de 2002). «Air versus bone conduction: an equal loudness investigation». Hearing Research (em inglês) (1): 1–12. ISSN 0378-5955. doi:10.1016/S0378-5955(01)00407-5. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ Rossi, G.; Solero, P.; Rolando, M.; Olina, M. (1988). «Delayed oto-acoustic emissions evoked by bone-conduction stimulation: experimental data on their origin, characteristics and transfer to the external ear in man». Scandinavian Audiology. Supplementum: 1–24. ISSN 0107-8593. PMID 3187394. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ 7,0 7,1 Tonndorf, J. (1966). «Bone conduction. Studies in experimental animals». Acta Oto-Laryngologica: Suppl 213:1+. ISSN 0001-6489. PMID 5934763. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ Stenfelt, Stefan; Goode, Richard L. (novembro de 2005). «Bone-Conducted Sound: Physiological and Clinical Aspects». Otology & Neurotology (em inglês) (6). 1245 páginas. ISSN 1531-7129. doi:10.1097/01.mao.0000187236.10842.d5. Consultado em 3 de junho de 2023