Wikinativa/Apolimas-araras

Introdução editar

Com uma população de 135 pessoas morando nas localidades Pedreira, Assembléia e Jacamim, além de outras pessoas espalhadas pela região, esse povo luta pelo reconhecimento étnico e pela conquista de sua terra.[1]

História editar

O nome Apolima-Arara tem origem na mistura étnica a que esse povo foi submetido ao longo da história. Formado por indígenas das etnias Chama, Amoaka, Santa Rosa, Arara e Jaminawa, além da miscigenação, o nome faz referência a uma localidade no Peru onde teriam morado algumas dessas pessoas, entre elas o Sr. Thaumaturgo de Azevedo, um dos mais idosos do povo e a pessoa com quem o CIMI manteve os primeiros contatos em 1999, quando os Apolima-Arara resolveram se mostrar à sociedade não-indígena e reivindicar os seus direitos.

Em agosto de 2000 a FUNAI divulgou o relatório de identificação do povo confirmando o seu reconhecimento como sendo indígena e indicando que, por esta razão, precisariam ser assistidos pelo órgão indigenista oficial. A partir daí se intensificou a luta pelos seus direitos, principalmente o direito a terra.

Os Apolima-Arara não possuem escola diferenciada nem professores indígenas. No entanto, há, no rio Amônea, próximo à área onde mora boa parte da população, uma escola cuja professora mantém boas relações com a comunidade. Não possuem agentes de saúde indígenas e a assistência à saúde é feita no posto da cidade de Marechal Thaumaturgo ou, esporadicamente, pela FUNASA, através de convênio com a UNI.

Residem em áreas de terras pertencentes ao Exército brasileiro, à reserva extrativista e em um assentamento do INCRA. Alguns desses indígenas conquistaram lotes no assentamento Amônea e ali praticam a agricultura de subsistência. Apesar da proximidade com a cidade, mantêm vivas as tradições, inclusive o artesanato. Quando tem excedente de produção, a comercialização é feita diretamente com os consumidores em Marechal Thaumaturgo. Não há nenhum projeto implantado ou em fase de implantação junto a esse povo. Alguns moradores do assentamento conseguiram financiamento com o BASA, mas nada que possa ser considerado como um investimento direto e planejado.

Posto que estão em áreas separadas, próximas à cidade e sob influência de não-índios, os Apolima-Arara estão praticamente impossibilitados de caçar. A pesca só é realizada durante o verão e apenas para o consumo. A base da alimentação desse povo é a macaxeira, natural ou em forma de farinha. Também da macaxeira fazem a caiçuma, bebida muito apreciada por todos e consumida durante as festas e reuniões.

Consideram-se católicos, mas praticam a pajelança e rituais próprios. Há uma separação entre o pajé e o curandeiro. O curandeiro normalmente utiliza o conhecimento das ervas e rezas “milagrosas” enquanto o pajé, que se mantém em segredo, atua no restrito meio espiritual, não realizando curas, mas orientando para uma boa vida espiritual, aconselhando e fazendo previsões.

A família é patrilinear, obedecendo ao costume dos ribeirinhos e seringueiros da região. Tradicio-nalmente praticavam a poligamia, mas atualmente os casamentos são monogâmicos e o núcleo familiar é formado pelo pai, a mãe e os filhos. A relação com a comunidade é extrafamiliar, por isso o roçado, bem como toda a produção, embora tenha a participação eventual da comunidade, se dá no restrito meio da família nuclear. Os nomes pessoais são dados pelos pais, quase sempre em português, e lembram nomes de antigos seringalistas e patrões. Não é raro encontrar várias pessoas com o mesmo nome e sobrenome.

Os Apolima-Arara têm tido constantes conflitos com parceleiros do INCRA e com a administração municipal, que não querem que a área reivindicada se torne terra indígena. Segundo dados do INCRA, o Projeto de Assentamento Amônea possui 26.000 ha, sendo que boa parte não está cumprindo a função de regularização fundiária, mas destinada ao Parque Nacional da Serra do Divisor. A outra parte, pertencente ao Exército brasileiro, está destinada à construção de um “quartel” para pelotão de fronteira. No entanto, não há nenhum pronunciamento oficial do Exército a esse respeito e nem indícios de que tal quartel venha a ser construído.

Estudos mais aprofundados sobre esse povo têm sido feitos pelo CIMI e, acredita-se que, com a conquista da terra, o povo voltará à sua organização tradicional, favorecendo o estudo e a conseqüente compreensão do modo de vida e da cultura do povo.[2]

Idioma editar

Basicamente todos falam a língua materna, além do português, e há casos em que se fala o espanhol e também o Ashaninka. Predomina, no entanto, a língua Pano, falada principalmente pelos Arara e Jaminawa que fazem parte da composição étnica do povo.

Ligações externas editar

(Tentamos contactar o UOL para o fornecimento de imagens, porém sem sucesso)

Imagens podem ser encontradas em: IMG1 IMG2


Referências