Wikinativa/Arte em camisetas (Vivencia Guarani 2018

Introdução

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A disciplina optativa ACH3787 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais VI é oferecida anualmente na Escola de Artes Ciências e Humanidades, com o objetivo de aproximar os alunos das questões indígenas. A saída de campo para a Aldeia Guarani Rio Silveiras é uma das atividades que auxiliam os participantes a superar aos poucos a visão etnocêntrica pré concebida a fim de que se formule um pensamento crítico. Nesta visita à comunidade indígena, os alunos, separados em grupos, realizam atividades diversas planejadas por eles em sala de aula. A primeira chuva de ideias foi feita em sala de aula, com auxílio do Professor Jorge e dos monitores da Disciplina, que possuem mais experiência sobre o que seria possível, ou não, de ser realizado na Vivência. A lousa ficou cheia de propostas e muitas delas tinham a ver com intervenções artísticas com propósito mais utilitário aos indígenas. Dentre as propostas, levantou-se o questionamento a respeito do reconhecimento da identidade indígena com as roupas recebidas como doação à comunidade.

Proposta do Grupo:

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Nas reuniões que se seguiram, o grupo foi composto pelos alunos interessados em participar da atividade, e as ideias começaram a ser desenvolvidas. A partir do debate de produzir oficinas diferentes com a utilização e valorização dos materiais que se encontrassem lá, surgiu a ideia de realizar uma oficina de customização de camisetas para as crianças e jovens da aldeia, baseado na afirmação da cultura presente, utilizando técnicas de upcycling de tecidos, carimbos feitos a mão com tubérculos e folhas de plantas, estêncil realizado com materiais reciclados como raio-x, bem como, o grupo possuía interesse em aprender desenhos ou palavras da simbologia indígena para o desenvolvimento da atividade. Planejou-se aproveitar as roupas que eram doadas para a tribo com a finalidade de adicionar a própria identidade a elas que seriam utilizadas pelos indígenas que, inicialmente, era o único público alvo. Os materiais a serem levados foram pensados da melhor maneira para que o acúmulo de lixo e o seu descarte tivessem o mínimo de impacto possível na comunidade ou que pudessem ser reciclados. Além disso, pensou-se, também, em criar um certo retorno financeiro daquela atividade para o núcleo no qual seria realizado durante a vivência, sendo: separar e estampar algumas camisetas, arrecadadas pelas doações, de forma padronizada para vender na universidade e destinar o dinheiro aos indígenas ali presentes

Preparos antes da Vivência:

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Com a viagem cada vez mais próxima, as ideias começaram a ser mais aprofundadas, e articuladas. Divulgamos nas redes sociais e posicionamos um cartaz explicativo sobre a atividade que pedia a contribuição com camisetas na entrada do restaurante da universidade. Além disso, cada membro do grupo, com ajuda dos monitores, recolheu doações de roupas no geral, materiais de costura e tintas para tecido durante os encontros da disciplina disponibilizados para isso e em atividades extraclasse. Houve também a arrecadação de chapas de Raio-X para a produção de modelos de estêncil e, reunidos, bolamos frases de luta e imagens que conversassem com a cultura indígena. Em casa, cada membro do grupo preparou os estêncils para facilitar o desenvolvimento da atividade, garantir que no momento houvesse um conforto e tranquilidade para a sua realização e dar início a produção criativa de cada participante da oficina. Conforme se planejava como adquirir e transportar, ou até mesmo como confeccionar os materiais, ocorreu o desapego de algumas ideias iniciais que não seriam tão rentáveis como, por exemplo, o carimbo de tubérculos. A compra de tinta para tecido e tesouras foi feita com a com verba do Projeto de Extensão, ministrado pelo Professor Jorge Machado. Alunos de Têxtil e Moda nos ajudaram com empréstimo de Réguas, Tesouras, Carimbos e Pincéis e demais materiais. Alguns dias antes da viagem, nos encontramos para separar as doações, fazendo uma triagem nas roupas que estavam em boas condições para serem utilizadas nesta oficina.

Durante a viagem:

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Ao chegar na aldeia a noite numa quinta-feira, dia 11, muito chuvosa toda a turma teve que trabalhar em conjunto para agilizar o descarregamento de toda a bagagem, que envolvia tanto os pertences pessoais quanto os materiais de todas as oficinas, ocorrendo um armazenamento não selecionado de tudo que estava ali presente. Devido a isso, as roupas que seriam destinadas a doação se misturaram com as camisetas selecionadas pelo grupo e os materiais recolhidos para o desenvolvimento da oficina de customização, tendo tudo o mesmo destino que as primeiras. O fato ocorrido causou uma certa insegurança no grupo que, encontrando apenas alguns poucos materiais e camisas, decidiu estender o convite da oficina aos alunos ali presentes pela disciplina convidando-os a utilizarem a camiseta produzida para a visita à Aldeia do Jaraguá como produto para a atividade, como solicitar, também, que os indígenas levassem suas roupas que tivessem o interesse de customizar, já que era de conhecimento que o que havia ficado ali disponível não seria o suficiente.

O momento do workshop:

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Local escolhido

O grupo não possuía um local pré-definido para a realização da atividade, sabendo que ficaria a critério do desenrolar das circunstâncias também a hora em que seria feita, porém, devido a chuva incessante que perdurou por toda a viagem, foi aconselhado e permitido utilizar a casa de reza para tal, onde a acomodação dos participantes foi feita no chão com o auxílio de alguns colchonetes dispostos já ali.

Participantes

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Como, inicialmente, o grupo havia pensado que o maior interesse seria de um público alvo mais jovem, ocorreu uma feliz surpresa e satisfação ao perceber que indígenas de todas as idades, ainda que não passassem de 20 pessoas aproximadamente, se aproximavam e se acomodavam para participar do workshop proposto.

Dinâmica

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A atividade se desenvolveu de forma espontânea, os materiais foram colocados no chão para que ficasse acessível e convidativo à todos, e as poucas camisetas restantes das que o grupo havia separado para a oficina foram distribuídas entre os presentes. Felizmente alguns participantes acataram ao pedido feito e trouxeram suas próprias camisetas para serem customizadas, e assim demos início a oficina. O grupo se dividiu auxiliando os participantes, ensinando-os a usar alguns dos materiais, como carimbos, estêncil e até mesmo folhas colhidas na própria aldeia. A intenção da atividade era trazer para as roupas doadas uma identidade, para que as peças de roupas fossem mais uma forma de se expressarem e afirmarem a cultura e a luta do povo indígena. Sendo assim, a oficina se transformou em um espaço para cada um se manifestar da maneira que quisesse, com o auxílio dos materiais trazidos e das técnicas ensinadas.

Materiais

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  • Camisetas usadas
  • Tinta para tecido
  • Pincéis
  • Stencil em raio-x
  • Carimbos de EVA
  • Folhas
  • Tesouras

Produtos

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Por fim todos os participantes conseguiram finalizar suas camisetas a tempo. O material que poderia ser doado foi deixando a cuidados da aldeia para que continuem a atividade em novas roupas. Conseguimos notar que a maioria das customizações feitas representavam a luta e a imagem do povo guarani, sendo utilizando as frases pré montadas nos estêncils como “Guaraní é Luta” e “Demarcação já” ou através de pinturas de imagens de índios e elementos da natureza, reforçando a intenção da oficina de trazer para a roupa identidade.

Considerações sobre melhorias:

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O grupo acabou se desenvolvendo bem no decorrer do trabalho mas, devido a alguns acontecimentos inesperados, a atividade acabou não saindo como o esperado. A sacola com as camisetas para atividade estavam em um canto separadas das de doações, mas acabou sendo confundida com as doações e distribuídas pela aldeia, o que poderia ser evitado se tivesse sido devidamente guardada com os materiais ou comunicado aos moradores da aldeia. Apesar disso, o grupo acabou conseguindo aproveitar algumas camisetas estampadas que sobraram. Outra questão que acabou não saindo como o planejado, foi a participação da Juliene Darin, que se prontificou a ajudar com a atividade, mas quando chegou não nos encontrou na Aldeia e foi embora, o que poderia ter sido evitado se atividade fosse realizada mais cedo, o que seria inviável devido a programação das atividades da disciplina. Por fim, alguns materiais foram deixados na aldeia para que as atividades fossem continuadas, caso fosse o desejo da comunidade, no entanto, a comunicação disso aos indígenas também não foi muito bem realizada. De qualquer forma, o grupo conseguiu se sair bem e realizar a atividade mesmo com os contratempos e a chuva na tarde de sábado.