Os índios Cadiuéu ou Kadiweu são descendentes dos famosos Mbaya-Guaicurus, conhecidos como índios guerreiros. Hoje, sua principal atividade é a criação de gado, a agricultura de subsistência, caça, pesca e artesanato, destacaram-se pela força e resistência, imposta aos espanhóis e portugueses, na região da bacia do Paraguai na época da colonização do Brasil.

Grupo ? Arthur, Thiago, Beatriz, Gustavo, Giovanna
Autora Beatriz Yuri Akamine
Cadiuéus
População total

1.346 (Funasa, 2009)

Regiões com população significativa
Porto Murtinho/Bodoquena
Línguas
Guaicuru
Religiões


Localização

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A população Kadiwéu se divide entre quatro aldeias: A aldeia maior, Bodoquena, localiza-se no nordeste da Terra Indígena, ao pé da Serra da Bodoquena, vizinha à aldeia Campina, que fica já no alto daquela serra. A aldeia Tomázia localiza-se no sul da Terra Indígena. Também no sul encontra-se a aldeia São João. Habitam esta última aldeia principalmente índios Terêna e remanescentes de Kinikináo. Algumas famílias Kadiwéu vivem ainda em pequenos grupos afastados da Terra Indígena, onde criam pequeno gado.

Mapa Interativo

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Veja a localização aproximada

História

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Conhecidos como "ìndios Cavaleiros do Pantanal" famosos por terem sido ótimos guerreiros, foram a única "horda" sobrevivente dos Mbayá. Viviam do saque e do tributo sobre tribos vizinhas. Os capturados em guerra, preferencialmente crianças e mulheres, eram incluídas nesta sociedade sob a categoria de "cativos", ou "gootagi" na língua Guaicuru, essa prática era comum porque as mulheres da tribo Cadiuéu não geravam filhos ou tinham apenas um no final do seu período fértil. Escolheram lutar pelo Brasil na Guerra do Paraguai, assim tiveram suas terras reconhecidas, embora até hoje não estejam inteiramente sob a posse dos índios.

Conflitos com Fazendeiros e Posseiros

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Os problemas fundiários foram constantes em sua história, em 1983 aproximadamente 1.900 posseiros ocupavam a Terra Indígena, a imprensa divulgou muito esses conflitos que ainda continuam nos dias de hoje. A terra de 160 mil hectares, disputadas entre os índios e fazendeiros está avaliada em R$ 640 milhões, conforme um dos produtores da região de conflito. A disputa milionária envolve 30 pecuaristas e 1,3 mil indígenas e se estende por 31 anos, quando a reserva de 538,5 mil hectares foi homologada pelo Governo Federal, esses dados foram retirados de uma reportagem do jornal local de Mato Grosso do Sul em 2012.

Língua

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Os Cadiuéu/Kadiwéu pertencem a família linguística dos Guaicuru, outras tribos também adotam essa língua como os Toba, Emók, Mocoví, Abipón, Payaguá, povos Chacos que se não forem extintos, residem no Paraguai ou Argentina. Alguns velhos, mulheres e sobretudo crianças falam apenas sua língua nativa. Entretanto um bom número dentre os Cadiuéu conseguem se comunicar facilmente utilizando a língua portuguesa.

Cosmologia e Religiosidade

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Quando um índio morre na aldeia, é convocado um enlutado para que este corte seu cabelo e mudar o seu nome, pois um Kadiwéu recebe um nome quando nasce e outro quando perde um parente próximo, essa escolha de enlutado pode ter uma relação de parentesco ou não.

Os Kadiwéus possuem um grande orgulho em ter participado da Guerra do Paraguai, tanto é que possuem rituais que faz referências à guerra, Navio é um deles, um longo ritual que narra os episódios da guerra e como os índios lutaram bravamente, preenchido também com danças masculinas e femininas, além de músicas, jogos e apresentações cujos acessórios são máscaras e pinturas no corpo para deixá-los irreconhecíveis.

Aspectos Culturais

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Muito admirados pelo trabalho que realizam com o barro, principalmente no que se refere à decoração das peças produzidas,são feitos desenhos geométricos com cores, obtidas por minerais e vegetais da região. A modelagem é tarefa predominantemente feminina, como é de costume nas tribos indígenas. As mulheres dedicavam-se à pintura corporal e facial, cuja disposição era também por elementos geométricos, e esses desenhos eram uma característica hierárquica sobre a "horda", podemos ver também cânticos das mulheres velhas, nas músicas dos tocadores de flauta e tambor, e nas danças coletivas.

Festa da Moça

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Um ritual que submete meninas da tribo a passarem dois dias em reclusão, onde pisar no chão ou olhar para animais é proibido, tendo uma dieta controlada e rigorosa. Ao final é usado um pano vermelho com adereços típicos, para que outra mulher da aldeia pressione sua barriga e assim suas características serão assimiladas pela menina.

Pinturas corporais

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As pinturas corporais da tribo são bastante conhecidas devido à sua elaboração bem trabalhada e à sua preservação ao longo dos anos. São compostas por formas orgânicas e geométricas. Quando são feitas no modelo geométrico, apresentam certa regularidade. Já a forma orgânica é trabalhada de maneira complexa e singular.

A precisão dos traços é inigualável. Os índios utilizavam os próprios corpos como telas, onde a pintura se ajusta à forma corporal, se encaixando perfeitamente em cada curva e adquirindo qualidade tridimensional.

Apesar de não existir uma linha reta nos desenhos, a forma como são produzidos causa uma simulação visual de que possuem simetria, quando na verdade são todos assimétricos. Isso os torna atraentes. Assim como o fato de possuírem naturezas ilusórias e formas ambíguas, permitindo que a cada olhar seja feita uma análise diferente do desenho. A inquietude presente nos traços faz parecer que não há um planejamento visual, o que ajuda na criação de um ambiente de sonhos.

A maioria das pinturas se apresenta na forma orgânica, trabalhadas de modo suave e harmônico, permitindo que ao olhar para a figura, seja passada uma sensação de tranquilidade. O olhar e os desenhos conversam de forma perfeitamente articulada, proporcionando o bem estar visual.

Medicina tradicional

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Quais sãos as formas de conhecimento ancestral relacionados neste item? Quais são as plantas principais e métodos utilizados pelos pajés para as curas de males físicos e espirituais.

Situação Territorial

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Depois de quase meio século tentando resolver problemas das terras, começaram a testar um sistema onde os índios cuidam do gado dos fazendeiros vizinhos e ficam com a metade dos bezerros que nascer em suas terras. Durante a experiência, os Kadiwéus foram transformados em pequenos pecuaristas, legalizados perante instituições financeiras e sanitárias, eles alegavam mostrar aos outros que índio é trabalhador e sabe das coisas.

Ligações externas

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Cerâmica Cadiuéu

Bonito Ecological

Tristes trópicos

Índios kadiwéus retomam terras de reserva no MS

Referências bibliográficas

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GUILHON, M.; OLIVEIRA, C.F. Artigo sobre as Pinturas Corporais Kadiwéu. Disponível em: <http://www.dad.puc-rio.br/dad07/arquivos_downloads/28.pdf>

Povos Indígenas no Brasil. Disponível em <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kadiweu>

Kadiwéus - Demografia. Disponível em <http://www.portalbonito.com.br/cultura/tribos-indigenas/kadiweus-demografia>