Kaimbé
População total

1002 (Funasa, 2010)

Regiões com população significativa
Brasil
Município de Euclides da Cunha/BA.
Línguas
Português
Religiões
Católica e Evangélica
Estados ou regiões do Brasil
Brasil Região Nordeste : Bahia
situação do território
Demarcada
Grupos étnicos relacionados
---..--

Localização editar

A etnia Kaimbé localiza-se no município Euclides da Cunha.

Coordenadas: 10°30'S, 39°00'O

Veja no mapa

História editar

Os índios Kaimbé sempre ocuparam o mesmo território, sendo que ocorreu alguns episódios de expulsão por coronéis antes da década de 1980. Tais episódios ocorreram devido à localização da tribo perto da nascente da Ilha, muito importante para os coronéis na época. Em uma certa ocasião foi proposto um acordo no qual os índios receberiam sete cabeças de gado pela nascente da Ilha que brotava de sete locais diferentes na mesma nascente, mas continuariam usufruindo da aguada: Mas os índios não receberam o gado conforme o combinado, eles receberam uma cabeça de boi dentro de um saco, depois mais uma e mais uma até completar sete cabeças e quando foram cobrar o gado entenderam que foram enganados e pela primeira vez os índios kaimbé foram expulsos de suas terras e dispersos para uma área distante da nascente e outros pra outras localidades, cidades e outros estados ao longo do Brasil.

Mesmo assim, as perseguições e assassinatos continuaram por parte dos coronéis, havia a proibição do uso de sua língua nativa, além das danças tradicional (o toré e o boi-do-araçá). Os coronéis continuaram a afastar os índios ainda mais do local que lhes era conveniente, os índios tentaram retornar à região mais duas vezes, porém a violência continuou.

Em meados da decada de 1940, os índios conseguiram pressionar os brancos para obter suas terras de volta, porém elas se encontravam-se muito degradadas devido ao uso de forma errada das terras. Nos anos 80 os jovens irmãos Juvenal e Manoel e o amigo Gregório Silveira começaram um pequeno roçado as margens do rio onde no final do dia juntavam mais uns companheiros em um baba (jogo de bola ou futebol) debaixo do pau ferro da Ilha e ali eles também conversavam sobre seus direitos e discutiam maneiras de como ocupar suas terras e fazer valer as lutas dos lideres que já estavam cansados da luta, alguns já falecidos. Manoel de Alípio, Silvino, Marotinho, seu Martins, Antonio de Marta, João Dantas e Cotinha, Augustinho, Chicão, Furtuoso, José Bispo e etc.

Aconteceram muitas coisas nesses episódios e um deles foi a queima das cancelas de um posseiro onde o Caique Gregório na época praticamente abandonou o cargo com medo e então o jovem Juvenal assumiu o cargo e fez varias viagens com Marotinho, seu pai Silvino e outros parentes de outras etnias. Em 1982 houve a delimitação da área pela FUNAI mas só em 1985 três anos depois é que ocorreu o levantamento fundiário. Em 14 de janeiro de 1986 os Kaimbé foram terrivelmente expulsos da Ilha a mando do Dr. Ari Ferreira de Almeida e outros. Era meio dia quando chegaram duas caminhonetes cheias de jagunços e pistoleiros que já chegaram destruindo tudo com dois tratores de esteira e fortemente armados.

O cacique Juvenal continuou na luta para garantir os direitos de seu povo Kaimbé e conseguiram que a demarcação da terra fosse concluída em 1992 com tanto sacrifício mas o processo de desintrusão só ocorreu a partir de 1999,por causa de um conflito com os brancos, promovido pelo senhor posseiro Agilo, Claudio de Janjão e outros brancos, nesse conflito vários indios quase perdem a vida alguns sairam feridos como Mané Bracinho que levou uma pedrada na cabeça.

Hoje os Kaimbé que vivem na aldeia estão sub-divididos em três grupos sob a liderança do ainda cacique Juvenal Fernandes Kaimbé e dos irmãos Cacique Flávio Dias e Edcarlos Dias esses dois últimos defendendo mais os interesses de suas próprias famílias do que da comunidade em geral.

Temos também na Bahia os Kaimbé que moram nas cidades de Euclides da Cunha, Tucano, Ribeira do Pombal, Jandaíra, Alagoinhas, Camaçarí, Salvador e etc.

Em São Paulo temos duas lideranças Kaimbé. Van Pereira Kaimbé que nasceu e se criou na aldeia aprendendo e acompanhando de perto a história de seu povo e fazendo várias viágens de liderança junto com seu pai o velho cacique Juvenal, com seu tio José Dantas que também já foi cacique de um pequeno grupo na aldeia por um tempo, com seu Martins concelheiro velho, sua tia Gersa conselheira de costumes e tradição, Manoel de Alípio conselheiro da Ilha, Seu Avelino conselheiro da Lagoa Seca, seu tio Manoel Fernandes conselheiro da Baixa da Ovelha e etc.Temos também o jovem Alex Werá Kaimbe que nasceu e se criou em Guarulhos e hoje lidera sua familia na cidade defendendo o indio no conceito urbano.

Em São Paulo os Kaimbé estão em várias regiões a maioria parentes e amigos do Jovem Van Pereira Kaimbé: Itapecerica da Serra, Parque do Lago, Jardim Ângela, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Piracicaba, Jardim das Oliveiras, São Bernardo do Campo, Itaim Paulista, São Miguel, Jardim Brasil, Suzano, Calmon Viana e etc.

Língua editar

Os índios Kaimbés falam português juntamente com algumas palavras do tupi-guarani. Eles querem resgatar o seu idioma (Kaimbé), porém, atualmente, não existe índios que falem a língua de origem Kaimbé. Isso denota o prejuízo cultural o contato com o não índio causou aos Kaimbé que muitas vezes apanharam de reio de couro crú pra aprender o português na marra e deixar seus costumes, suas crenças e suas tradições.

A religião predominante é a católica, mas também existe muitos índios que fazem parte da religião evangélica. Todos mantêm a tradição indígena, independente da religião que fazem parte. Existe uma igreja católica e uma igreja evangélica na comunidade para satisfazer a crença de cada um. No espaço destinado a construção da creche existe um acervo de livros doados por uma família para uso comunitário, contendo livros dos mais diversos assuntos.ANAI Novamente, muitos aspectos culturais, como a religião, são influenciados pela cultura urbana brasileira, que exerce pressão nas diferenças culturais indígenas.

Aspectos Culturais editar

Tanto a língua como os costumes tribais parecem haver desaparecido. O velho Pajé foi capaz de relembrar apenas meia dúzia de palavras que, possivelmente, são de origem Kaimbé. Outras, talvez tenham origem Kiriri, ou seja, não são precisas as determinações feitas para essa tribo na questão cultural.

Medicina tradicional editar

Não foram encontrados relatos sobre algum tipo de medicina tradicional, práticas de cura por meio de um xamã, porém de acordo com o site da FUNAI em relação à saúde dos índios Kaimbés, constam algumas das seguintes informações:

- Existe 01 posto de saúde na comunidade em estado precário, necessitando de ampliação, manutenção e aquisição de equipamentos. O consultório odontológico está quebrado e não tem como atender pacientes;

- O atendimento médico é realizado duas vezes por semana, com a presença do médico, do dentista e três auxiliares – sendo que dois são da própria comunidade (01 indígena e 01 não indígena). Existem 08 AIS (sendo seis pela FUNASA e dois pelo município - ACS) e 06 AISAN (sendo 04 pela FUNASA e dois pelo município - ACS), todos são índios;

- Faltam medicamentos, há atraso na realização de exames, na entrega dos resultados dos exames e na distribuição da medicação. Ou seja, as vezes não é possível aguardar o tempo em que hoje em dia é necessário esperar o que acarreta outra forma de realizar exames ou encontrar remédios. Não há viaturas disponíveis e as famílias que podem pagar fazem locação de veículos para remoção do paciente. Alguns índios relatam que o médico só receita a medicação existente no posto de saúde, aparentando só querer fazer uso da medicação disponível no Posto. Há a discussão com a coordenação da SESAI sobre as dificuldades que a comunidade vem enfrentando. O processo de reestruturação do serviço de saúde indígena – passando da FUNASA para a SESAI - ainda está incompleto e as comunidades estão sendo afetadas;

-Há vários casos de alcoolismo na comunidade, sendo mais afetado os homens, tanto jovens quanto adultos. Além da venda de bebida alcoólica dentro da comunidade, existe, ainda, a suspeita de venda de drogas ilícitas;

-Há casos de desnutrição em crianças e idosos sedentários;

-As principais enfermidades são: dengue, verminoses, hipertensão, diabetes, cardiopatias, câncer, tosse, tuberculose, bronquite e gripe;

-Ocorre muita deficiência visual na comunidade. Nas crianças vem ocorrendo a aplicação de vitamina A, pois acredita-se que a deficiência visual pode ser conseqüência da deficiência vitamínica. Também há casos de deficiência mental, sendo os pacientes consultados na comunidade e, posteriormente, encaminhados para psiquiatria para melhor acompanhamento. Entretanto, os pacientes não costumam ir, por resistência pessoal e/ou familiar;

-Quando adoecem, os índios mais velhos fazem uso de chá caseiro junto ao tratamento médico. No entanto, os mais jovens são resistentes à utilização dos remédios caseiros, mesmo quando indicado pela equipe médica. Existem rezadeiras na comunidade;

-A comunidade aponta a necessidade de uma assistente social na equipe multidisciplinar de saúde, no sentido de realização de palestras de orientação e para pensar em projetos no âmbito da saúde."

Situação territorial editar

A aldeia dos índios Kaimbé fica em Massacará no município Euclides da Cunha. Ela possui 8.020 hectares de extenção, porém os índios afirmam que sua área original é maior, com cerca de 4 mil hectares a mais a serem demarcados e reconhecidos, abrangendo os povoados de Muriti, Soares, Cipó, Caimbé e Monte Alegre. A situação jurídica é tradicional e regularizada, porém a condição atual de sua terra é insuficiente e degradada.

Curiosidade : Infraestrutura editar

Esses trechos foram retirados do site da FUNAI para uma melhor ilustração da situação atual da aldeia do povo indígena Kaimbé.

Casas editar

Existem pouquíssimas casas de taipa nas roças. A maior parte das casas (as mais antigas) é de adobe e as casas mais novas são de alvenaria ou bloco;

Lixo editar

algumas pessoas queimam ou enterram o lixo. Na Aldeia Massacará, ainda ocorrem casos de famílias que jogam os dejetos a céu aberto, apesar de haver na comunidade um carroceiro (pago pela prefeitura) que apanha o lixo duas vezes por semana. Entretanto, o carroceiro despeja o lixo no pé da ladeira – perto do riacho e dentro da área indígena o que não adianta nada. Os moradores da Aldeia Icó queimam o lixo, pois na área não existe a coleta por parte do carroceiro, por ser mais longe do centro da comunidade e mais perto das matas. A comunidade reivindica a aquisição de um tonel grande para colocar todo o lixo das Aldeias, assim como de um transporte para levar o lixo a um destino adequado e não na localidade aonde atualmente vem sendo despejado pelo carroceiro. Informam também que a Funasa já realizou trabalho educativo junto à comunidade, porém os índios ainda resistem em praticar alguns novos hábitos;

Banheiros editar

A maioria das residências possui banheiro. Algumas casas da Aldeia Ilha não possuem, sendo assim, as fezes e a urina são destinadas ao mato. Nas residências em que existe banheiro, alguns possuem descarga e outros não. Possuem pias, porém sem água, uma vez que as casas estão em áreas elevadas e a caixa não distribui.

Energia editar

Quase todas as residências possuem energia. Falta energia na Aldeia Lagoa Seca, onde residem 36 famílias. Nesta localidade existe um poço artesiano que funciona com diesel pela falta de energia. Na Aldeia Ilha existe necessidade de extensão, que já foi solicitado e aprovado pelo Comitê Gestor. Já na localidade Saco do Mocó, na qual há apenas quatro famílias moradoras, também não há energia e o Comitê já disse que não pode instalar pela pequena quantidade de moradores, mas já aprovou a instalação de energia solar. As contas das residências são pagas pelos próprios moradores. Já nos prédios públicos as contas são pagas da seguinte forma: a) Igreja – pela própria Igreja, b) Casa de Farinha construída pela Prefeitura – pela Prefeitura, c) Casa de Farinha construída pela FUNAI – está parada pelo não pagamento das contas de energia, que era de competência dos índios, d) Escolas indígenas – era a prefeitura e com a estadualização vai passar a ser paga pelo Estado. O prédio da escola da Aldeia Icó está sem energia, porque a Prefeitura não aceita instalar sob a justificativa que o prédio é da FUNAI, e) Casa de Cultura – é a Associação quem paga, mas os índios relatam que está cada vez mais difícil realizar os pagamentos, pois as contas estão caras, inclusive, pelo fato do Posto da FUNAI estar sem energia e utilizar a da Casa de Cultura, através de uma extensão. Está havendo uma mobilização da comunidade para realizar os pagamentos de energia da Casa de Cultura, ainda há a solicitação da contribuição da FUNAI;

Telefonia editar

Não existe um telefone público na comunidade Kaimbé, localizado na Aldeia Massacará e aproximadamente vinte pessoas na comunidade possuem telefones residenciais;

Água editar

o abastecimento ocorre através do poço artesiano. Ocorre tratamento diariamente, com o uso do cloro. A água chega às residências através da canalização, a qual já está bem antiga (data de 1972) e apresenta a necessidade de reforma completa. Existe necessidade de ampliação do abastecimento de água, pois o poço não atende, diariamente, a comunidade inteira. Ou seja, em um dia o poço abastece algumas casas e no outro dia abastece outras casas. A comunidade armazena água em caixas pequenas (300L), no entanto, ainda, existem poucas pessoas que possuem tanques de cimento (abertos). Os índios apontam que a bomba quebra frequentemente e é grande a demora para consertar. Apontam que as caixas são pequenas (20 mil litros), reivindicando uma caixa maior (50 mil ou 100 mil litros). Reivindicam, ainda, a construção de açudes (barragens);

Estrada editar

as estradas são de barro e apresentam-se em péssimas condições. A Prefeitura faz manutenção somente em períodos festivos (anualmente) ou na época das eleições. Já houve a solicitação, ao Governo do Estado, de asfaltar a estrada que liga o município de Euclides da Cunha para o município de Cícero Dantas, por dentro da comunidade;

Informática editar

existem seis computadores coletivos na comunidade – todos na escola da Aldeia Massacará. Dos seis computadores, três estão instalados e funcionando em bom estado (sem internet). Já os outros três computadores não estão sequer instalados. Todos os computadores são de uso exclusivo da escola, tendo sido adquiridos através do MEC que comprou os materiais antes da construção de uma nova escola. Essa nova escola acabou não sendo construída (em razão de processo inconcluso na licitação), mas os materiais permaneceram na comunidade Kaimbé. Não houve treinamento de monitores, entretanto, sete pessoas (professores e pessoal administrativo) fizeram curso básico de informática na cidade de Euclides da Cunha – mesmo com o curso, essas pessoas não fizeram o papel de multiplicadores dentro da comunidade. A comunidade aponta que a informática e a internet possuem uma importância grande, fundamentalmente, para a facilidade de informações, elaboração de documentos, trabalhos escolares e pesquisas acadêmicas.

Fontes editar


[1] [2]