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Os Iranxe também são conhecidos como Irantxe, estão localizados em Mato Grosso-MT e segundo dados da FUNASA-2010 sua população é de 379. Manoki é como se autodenominam os índios mais conhecidos como Irantxe, cuja língua não tem proximidade com outras famílias lingüísticas. Sua história, contudo, não é muito diferente da maioria dos índios no Brasil: foram praticamente dizimados em decorrência de massacres e doenças advindas do contato com os brancos. Em meados do século XX, a maior parte dos sobreviventes não viu alternativa senão viver em uma missão jesuítica, responsável por profunda desestruturação sócio-cultural do grupo.

Localização editar

Os Manoki (Irantxe e Myky) localizam-se em duas Terras Indígenas no oeste do Estado do Mato Grosso, ambas pertencentes ao município de Brasnorte: a TI Irantxe, na região do rio Cravari, e a TI Myky, às margens do rio Papagaio. A primeira possui seis aldeias: Paredão, Recanto do Alípio, Perdiz, Asa Branca, Treze de Maio ou Aldeia do Maurício e a maior delas, Cravari [dados de 2003].

Veja no mapa

História editar

As primeiras informações referentes aos Irantxe datam de 1910 e foram registradas pelo Marechal Rondon. Por volta da década de 40, reduzidos por massacres cometidos por seringueiros, conflitos com povos vizinhos e doenças, os Irantxe, em sua maioria, se dirigiram para a missão de Utiariti.

O número de habitantes chegou a ser de 52 pessoas e na maioria masculina. Em 1968, estimulados pelos missionários jesuítas de Utiariti, os irantxe deixaram a missão de Utiariti e se estabeleceram na atual T.I. Irantxe. O crescimento populacional voltou a crescer devido principalmente aos casamentos intertribais o que, por outro lado, prejudicou o uso cotidiano da língua nativa. Atualmente os Manoki somam por volta de 250 pessoas.

língua editar

Sua língua não tem proximidade com outras famílias lingüísticas, sob o comando dos missionários e com a utilização intensiva da mão de obra indígena, e os índios foram segmentados em grupos de mesmo sexo e faixa etária, supervisionados por um mestre (padre ou irmã, conforme o sexo) em todas as suas atividades. Eram proibidos de falar a própria língua e os casamentos interétnicos entre os Irantxe, Pareci e Nambikwara eram incentivados.

Cosmologia e Religiosidade editar

As atividades econômicas tradicionais são intrinsecamente ligadas a atividades rituais, tais como as festas do período da seca e as do período das chuvas, com duração de aproximadamente um mês cada.

Os mais velhos lembram que quando viviam em seu território tradicional, além das roças familiares, havia roças especiais acompanhadas de ritos de iniciação dos meninos, associados às flautas sagradas (as masculinas são chamadas de Yetá e as femininas de Nadipu) de uso exclusivo dos homens. Ainda hoje, de dia eles as tocam na casa das flautas - que fica fora da aldeia e é escondida pela vegetação - e de noite no pátio das aldeias. É proibido às mulheres e crianças vê-las, evitando-se até mesmo fazer menção à sua existência. Dizem que quando esta interdição é quebrada, a mulher acaba sendo morta pelo poder das flautas. As crenças e os ritos associados a estas flautas constituem o cerne de sua religião e de sua visão de mundo.

Quando iniciados nos ritos das flautas, os meninos de 12 a 14 anos eram apartados dos outros moradores da aldeia, passando semanas na casa das flautas aprendendo os segredos dos homens e os ensinamentos para a vida adulta. Deviam ser sérios, não brincar, serem respeitosos e jejuarem. Na época da derrubada (na estação seca), ofereciam uma roça a alguma mulher, dizendo a ela que eram as flautas que faziam a roça. E todos os homens auxiliavam os iniciandos na derrubada e plantio, tocando as flautas à noite. Quando a roça estava pronta ofereciam-na à mulher escolhida, que passava a cuidar dela. Os meninos voltavam então para a aldeia enfeitados e pintados, já homens. Quando a roça passava a produzir, a mulher chamava as outras para que os alimentos fossem distribuídos entre todas as famílias. A última festa de iniciação na TI Manoki foi realizada por volta de 1995, segundo informação dos índios.

Aspectos Culturais editar

Cada família costumava fazer uma roça perto da aldeia, de meio a dois hectares, consorciada com mandioca brava, milho fofo, batata doce, cará, batata, feijão costela, feijão fava, araruta, urucum, algodão, amendoim e outras espécies. Posteriormente incorporaram a mandioca mansa, a cana-de-açúcar, o milho duro, o arroz e o feijão guandu.

De acordo com o levantamento realizado em 2000 pela OPAN, calcula-se que o total de terras já utilizadas pelo sistema de roça tradicional na TI Manoki não ultrapassa 500 hectares, constituídos exclusivamente de mata ciliar, que tem solo mais fértil. Contudo, de 70 a 80% do solo da terra indígena apresenta acidez elevada e fertilidade baixa. Nos outros 20 a 30% da área, os solos são ainda mais pobres e inadequados ao tipo de plantio tradicional dos Manoki.

A caça, a pesca e a coleta também têm apresentado resultados cada vez piores em função do aumento da antropização regional e das características do modelo de ocupação centrado na derrubada da cobertura vegetal para monoculturas ou pastos e no uso intensivo de agrotóxicos. As emas, siriemas e perdizes diminuíram drasticamente. A coleta de frutos silvestres (por exemplo, o pequi), ainda é praticada, principalmente pelas mulheres e crianças. As roças tradicionais continuam a ser realizadas, algumas vezes (cada vez mais raras) acompanhadas dos ritos tradicionais. Porém, há uma crescente saída dos homens mais jovens para trabalhar em fazendas do entorno, ocasionando uma reorganização do padrão tradicional de divisão de trabalho e da composição das unidades de produção. Nesse quadro, o abandono gradativo e forçado de suas práticas agrícolas promove também a impossibilidade da transmissão destas práticas para as novas gerações, assim como dos rituais e conhecimentos associados.

Além do trabalho nas fazendas, outras fontes de renda são o artesanato (cocares, redes de algodão ou de tucum, colares etc.). comprado pela Funai ou vendido pelos índios em visita a cidades, e a venda de pequena produção de farinha e de mel, num projeto assessorado pela OPAN. Mas, segundo o levantamento feito pela OPAN em 2000, a maior parte do dinheiro que circula nas aldeias provém das aposentadorias (eram 13 pessoas recebendo um salário mínimo) e dos salários dos professores (4 professores indígenas no conjunto das aldeias) e agentes de saúde (7 agentes indígenas no conjunto das aldeias).


Situação territorial editar

Desde sua criação pelo decreto presidencial de 1968, quando foi homologada com 46.790 ha, os limites da Terra Indígena Irantxe foram questionados. Em 1971, quando repercutiram as notícias sobre a existência de um grupo isolado (ver "O caso dos Myky"), os Irantxe-Manoki passaram a reivindicar novos limites para suas terras na direção desses "arredios". Contando com apoio dos jesuítas, a ampliação foi parcialmente feita em 1977. Mas esses limites só foram homologados em 1990 para, logo em seguida, serem novamente contestados pelos índios. Em 1991, por fim, procuram em Cuiabá o antropólogo Darci Luiz Pivetta solicitando ajuda para reaver seu território histórico. Foi verificado que o local da atual TI Irantxe corresponde a uma área de cerrado tradicionalmente ocupada pelos Paresí, que destoa ecologicamente do seu habitat original, constituído pelas áreas florestadas à direita do Rio Cravari e à esquerda do Rio do Sangue. Em 1968, os Manoki receberam do governo federal uma terra fora de sua área de ocupação histórica, cujas características ambientais inviabilizaram o uso tradicional dos recursos. Destino um pouco diverso teve os Myky, grupo manoki que se manteve isolado da sociedade nacional até 1971. Desde então, passaram a sofrer igualmente as conseqüências do cerco da especulação imobiliária em seu território. Atualmente ambos grupos estão reivindicando a ampliação de suas terras.


Fontes editar

Fonte: Instituto Socioambiental | Povos Indígenas no Brasil , <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/iranxe-manoki>, Acessado em: 03/06/2013.

Fonte: A amazônia, os índios e eu: notícias & outras correspondências, http://malinche.wordpress.com/2006/08/21/o-povo-irantxe-manoki/, Acessado em: 10/06/2013

Referências externas editar