Wikinativa/Ivaporunduva

O quilombo do Ivaporunduva é a comunidade mais antiga do Vale do Ribeira. Ela possui cerca de 3 158,11 ha (hectares) de extensão e 80% de sua área ainda é coberta por Mata Atlântica. A comunidade possui uma população de 308 pessoas, sendo 80 crianças, 195 adultos e 33 idosos. Eles sobrevivem principalmente através do cultivo de roça: arroz, mandioca, milho, feijão, verduras e legumes para uso próprio, já a sua renda é obtida principalmente através da produção de banana orgânica, artesanato e turismo. A maioria das casas é feita de alvenaria onde algumas delas mantém a tradição original sendo feitas de pau a pique.

Os quintais das casas chegam a medir em média 250 metros quadrados e neles são cultivados plantas frutíferas (laranja, abacate, limão, banana, etc), hortaliças e plantas medicinais. [1][2]

Localização editar

 
Visualização do quilombo às margens do rio Ribeira de Iguape.

A comunidade quilombola Ivaporunduva está localizada em Eldorado/Iporanga, na estrada SP 165, às margens do Rio Ribeira de Iguape[1], limitando-se com outras cinco comunidades quilombolas: São Pedro , Pedro Cubas, Sapatu, André Lopes e Nhunguara.

Coordenadas -24.563287,-48.392368.[3]

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História editar

Origem editar

A origem do quilombo Ivaporunduva teve seus primórdios no século XVI, onde uma proprietária de terras e escravos chamada Maria Joana faleceu sem deixar herdeiros, ficando a terra para seus escravos. Isso ajudou na formação do quilombo, pois a partir disso outros negros que fugiam de suas fazendas passaram a se refugiar no local.

Ivaporunduva é a comunidade mais antiga do Vale do Ribeira. Tornou-se um povoado durante o século XVII, mesmo antes do surgimento de Xiririca (antigo nome da cidade de Eldorado), por causa do ouro encontrado na região por dois irmãos, Domingos Rodrigues Cunha e Antonio Rodrigues Cunha junto a um grupo de 10 escravos. Em decorrência da crise na exploração de ouro da região, a maior parte dos mineradores foi para Minas Gerais, no entanto alguns escravos permaneceram na região e formaram uma comunidade. As primeiras famílias foram as de Francisco Marinho e Salvador Pupo. Somente em 1994, foi criada a Associação Quilombo de Ivaporunduva.


Formação editar

Os habitantes, que permaneceram, faziam mutirões para a roça, construção de casas, criar e manter os caminhos ao redor da comunidade. Sobreviviam basicamente dos alimentos que plantavam, como arroz, feijão, milho, mandioca, batata doce, cana, café, abóbora, banana, nhame, cará, taiá (semelhante ao nhame), etc. Utilizavam a técnica de pau-a-pique, utilizando o barro, madeira, cipós e capim do próprio local. Quando caçavam, usavam o laço, mondeo (espécie de armadilha armada para prender animais), bodoque, arapuca e despique (Armadilhas para pássaros). Seu vestuário era simples, normalmente eles usavam uma espécie de camisolão para o dia-a-dia, e somente vestiam roupas mais elaboradas para ir as missas realizada na igreja da comunidade. Para conseguir outros tipos de produtos como tecidos, querosene, sal, entre outros que são utilizados no cotidiano da comunidade, eles negociavam através de um intermediário, que era um fazendeiro de café da região.[4]


Cultura editar

Inicialmente, a cultura do quilombo era a cultura africana, pois seus primeiros membros eram escravos trazidos da África. Ao longo dos anos, o quilombo do Ivaporunduva, através do contato com a cultura ocidental portuguesa, modificou parte da sua cultura. Hoje por exemplo, a religião adotada no quilombo é o catolicismo. Mas ainda existem partes da cultura africana que são encontradas no quilombo, como é o caso da técnica de pau-a-pique.

O patrimônio mais importante para a comunidade de Ivaporunduva é a Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Ivaporunduva. Essa Capela é o mais antigo edifício religioso existente no Vale do Ribeira. No seu registro ela é datada de 1791, porém os habitantes dizem que foi construída entre 1630 e 1690. Sua construção foi demorada pelo fato dos negros da região terem deixado de serem escravos no mesmo espaço de tempo.[5]

"Em 1972, a capela foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), passando a ser reconhecidamente um patrimônio social da Humanidade. Atualmente, ainda há cultos na capela toda semana e missas uma vez por mês (André Murtinho, 2010)."[5]

PETAR editar

Com a criação do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira)com decreto de 1958, não só a comunidade Ivaporunduva mas todas comunidades do Vale do Ribeira foram prejudicadas. Em 1983, o governo do Estado delimitou o parque, e implementou as restrições que impediam diversas atividades das comunidades e inviabilizavam a criação de animais e o plantio. Devido a criação do PETAR as comunidades até hoje são impedidas de exercerem algumas atividades que auxiliariam suas economias, além de perderem parte de suas terras e viver com incerteza continuar na área, o que fez muitas das famílias irem para as cidades.[5]

Organização editar

 
Artesanato utilizando fibras de bananeira.

Desde 1994, ano em que foi fundada, a comunidade foi se desenvolvendo em torno da Associação Quilombo de Ivaporunduva. A comunidade é dividida em grupos que totalizam cinco, são chamados Grupos de Trabalho (GTs) e estão ligados à associação, mesmo sendo da mesma comunidade cada grupo desenvolve uma atividade diferente. Os grupos são divididos em: os GTs Banana, Artesanato, Manejo Florestal, Turismo e o grupo da fábrica de beneficiamento de banana. As ONGs (Organizações Não-Governamentais) que atuam na comunidade, segundo alguns membros do quilombo, são: Eaacone, Moab, CEPCE, e as Pastorais da Igreja Católica, já as governamentais são: Itesp, Fundação Florestal, Prefeitura de Eldorado, Incra, Seppir, e Funasa.

Na comunidade existe um núcleo de residências e benfeitorias, que eles denominam vila ou centro da comunidade. Além das casas, nesse núcleo está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a escola de ensino fundamental, a sede da Associação, o posto de saúde, a Casa do Artesão e a praça da comunidade ( muito utilizadas para encontro, festas e para o lazer dos habitantes). O campo de futebol está localizado cerca de 300 metros distantes da comunidade. Algumas outras benfeitorias podem ser encontradas ao longo das estradas que passam pela comunidade, como, por exemplo, a Pousada de Ivaporunduva, que é utilizada como centro de visitantes, o galpão de processamento de ervas medicinais e a unidade de processamento de banana, que ainda está em processo de consolidação. Algumas casas da comunidade ainda utilizam a fossa negra (buraco no chão onde são depositados dejetos). A água utilizada em sua maioria tem origem em minas d’água próximas da comunidade e é trazida através de canos e mangueiras. A água suja que foi utilizada nas pias e no banheiro é lançada ou nos quintais ou nos córregos d’água que se encontram próximos da moradia. A coleta de lixo é semanal, porém a maior parte é queimado. O lixo orgânico é utilizado no quintal para alimentar os animais. Muitos já possuem fogão a gás (mas ainda é utilizado o fogão a lenha em alguns lares) e mais da metade das moradias já possuem televisão e rádio. O transporte se da principalmente pelo transporte coletivo que leva as pessoas através de linhas de ônibus que interligam Eldorado e Iporanga à comunidade. Além do ônibus coletivo, há também o ônibus escolar, que possui dois horários. Em alguns casos mais raros o carro da associação transporta os habitantes do quilombo.

 
Viveiro com mudas de palmito

Os edifícios e equipamentos coletivos utilizados pela comunidade são: A fábrica de beneficiamento de banana, que está na sua fase final de construção, o galpão de artesanato para confecção comunitária, normalmente utilizando fibra de bananeira nas confecções , o campo de futebol, o galpão de armazenagem de banana, o telecentro (possui acesso à internet e 8 computadores), a pousada, os Euterpe edulis (viveiro de mudas de palmito), a residência de tratamento de plantas medicinais, um carro, um caminhão, máquinas de costura, um motor de popa, uma maquina fotográfica, uma máquina de pilar arroz e uma moto. Com isso podemos notar claramente como o quilombo é uma sociedade comunitária, pois grande parte de seus pertences podem ser utilizados por todos os membros da comunidade.

A maioria dos habitantes que saem do quilombo normalmente tem como destino a cidade de Eldorado ou Iporanga. Em Eldorado, costuma-se fazer compras e usar os serviços públicos disponíveis, como a Santa Casa de Saúde ou os bancos. Cerca de 100 pessoas mensalmente saem de Ivaporunduva em direção a Eldorado e 15 para a cidade de Iporanga.[2]

Saúde e Educação editar

No quilombo há certa preocupação com a educação. Mesmo sendo obrigadas a se deslocar alguns quilômetros, muitas crianças do quilombo continuam a estudar chegando até mesmo a cursar o ensino superior. Na comunidade existe uma escola de ensino fundamental que leciona desde a pré-escola até a 4º série. A partir da 5º série até o ensino médio os jovens se deslocam cerca de 6 km, até a Escola Estadual Maria Antonia Chules Princesa, localizada em André Lopes, com transporte público fornecido pela cidade de Eldorado. Em torno de 11 jovens cursam o ensino superior, de forma que a maior parte encontra-se residindo fora do quilombo (em São Paulo ou Itatiba, no Estado de São Paulo). Porém alguns desses jovens cursam ensino superior à distância e por isso não precisam morar fora, continuando a residir na comunidade.

A maior parte dos exames e tratamentos de saúde são realizados no hospital de Eldorado ou no Hospital em Pariquera-Açu e no quilombo existe um posto de saúde que atende os habitantes semanalmente.[2]

Cosmologia e Religiosidade editar

As religiões presentes no quilombo de Ivaporunduva são essencialmente cristãs, católica e a evangélica sendo a primeira a mais difundida. Suas comemorações festivas mais populares são a Festa da Padroeira Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Festa de São Sebastião e outras comemorações sociais ao longo do ano.[2]

Festa de São Sebastião editar

É uma festa organizada pelo quilombo no dia 20 de janeiro. A organização é feita por um grupo de voluntários que se apresentam ao final da festa, e durante o ano ficam responsáveis por planejar e produzir o que for necessário para a nova realização do evento no próximo ano, os membros desse grupo de voluntários são chamados de festeiros. A festa é realizada na igreja da comunidade. Inicialmente é feita uma reza, na qual os mais velhos contam a história de São Sebastião, em seguida, reza-se o terço e canções religiosas são cantadas, após isso, inicia-se uma procissão que sai da igreja e contorna a praça do quilombo carregando um andor e o mastro do santo, que por fim é colocado na frente da capela. Voltando à igreja, conclui-se a reza do terço e o grupo de voluntários que realizarão a festa do próximo ano é apresentado. Então, é feita a “medida da fita” (um símbolo de proteção para o santo até o ano seguinte), os devotos trazem pedaços de fita que serão medidos na imagem, caso seja para o pescoço a fita deverá ter o comprimento da cabeça ao pé da imagem, caso seja no braço o comprimento deverá ser o da cintura. Aproximando-se do fim da festa, um café que foi organizado pelo grupo voluntário é oferecido aos presentes com alimentos típicos da região, como: mandioca, cuscuz, beiju, batata doce, pães caseiros, entre outros e variando de acordo com o planejamento do grupo organizador. E por fim, é realizado um baile que pode chegar até às 8 horas da manhã, onde aproximadamente à meia noite é servido outro café.


Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos editar

É uma das festas mais importantes para a comunidade por se tratar da padroeira da comunidade, sendo realizada no fim de semana mais próximo do dia 12 de outubro (Dia de Nossa Senhora Aparecida, considerada padroeira do Brasil). O evento mobiliza toda a comunidade que segue a coordenação dos representantes da igreja. Alguns dias antes se inicia um mutirão para a preparação da festa. Um grupo é formado para arrecadar prendas como alimentos, dinheiro ou brinquedos, outros grupos são formados para montar as barracas, organizar o churrasco, realizar a divulgação do evento nas regiões próximas (normalmente nas comunidades vizinhas e na cidade de Eldorado), etc. A festa começa com uma missa de origem africana à tarde. Os móveis da igreja são retirados para criar espaço suficiente para que todos possam participar das canções e dança que são realizadas. Durante essa missa, seguindo a cultura africana, é realizada uma oferenda que é levada ao altar por um grupo de pessoas vestidas com roupas típicas da África; essa oferenda é formada por terra, água, plantas, e pratos tradicionais produzidos na comunidade que após abençoados pelo celebrante serão servidos para todos os presentes como num gesto de comunhão. Com o término da missa, inicia-se o funcionamento das barracas, com alimentos, bebidas e jogos (como bingo). Por volta das 23 horas toca-se forró, que se estende até a manhã do outro dia. Esse evento conta com ampla participação dos membros da comunidade como também com membros de outras comunidades e visitantes de diversos lugares.[1]

Aspectos Culturais editar

 
Área de plantação de bananas no quilombo.

O quilombo de Ivaporunduva consegue fundir desenvolvimento e preservação cultural à sua cultura, tornando-os modernos sem esquecer suas raízes. Exemplos disso é o interesse pelo estudo, onde as crianças chegam a se deslocar 45km até a cidade de Eldorado onde receberão ensino, e o Telecentro Comunitário, com acesso à internet, que contém oito computadores, e além de trazer inclusão digital para todos os habitantes, auxilia na gestão da associação, facilita pesquisas escolares, traz entretenimento, ajuda na comunicação e nos serviços em geral.[4] Porém, mesmo com a assimilação de um pouco da cultura urbana a comunidade ainda preserva sua religiosidade, vista na devoção à sua santa padroeira Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, e seus costumes, como a técnica de pau-a-pique que tem origens africanas.

Costumes editar

 
Fibras de bananeira utilizadas para artesanato.
 
Telecentro localizado no interior da comunidade.

Os quilombolas de Ivaporunduva tem uma vida simples. Hoje, a maioria vive em casas de alvenaria, mas ainda existem alguns que mantém a tradição e moram em casas de pau-a-pique ou sapê. A maior parte do território de Ivaporunduva é composta por bananais, que é sua principal fonte de renda. Aproximadamente são 120 mil pés de banana que chegam a produzir 600 caixas semanalmente. Eles utilizam um sistema cooperativo para a divisão do lucro.

Logo estará em funcionamento uma fábrica para produzir diferentes tipos de bananas como a banana-passa, banana frita, balas e doces. Junto com a Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, este projeto pretende melhorar a renda e aumentar a qualidade de vida. Além disso, o projeto tem como foco a preservação e conservação do ambiente, no qual os produtos terão certificação social e orgânica.

Os habitantes ainda esperam o término de uma pousada, que está sendo construída com recursos do Estado de São Paulo, no intuito de atrair visitantes para a comunidade. Um dos benefícios é que estudantes de escolas e universidades terão mais tempo para explorar melhor o local, divulgando melhor a região e através disso gerar mais renda para a comunidade.

Outro costume e fonte de renda no quilombo é o artesanato, que além de trazer renda é uma forma de expressão cultural dos habitantes. Aproximadamente 20 artesãos vendem suas peças na região, e expõem suas obras em universidades e exposições de arte. Um exemplo de projeto é o "Revelando São Paulo"".[6]

Festas juninas editar

Nos dias de Santo Antonio, São João e São Pedro, são realizadas festas juninas no quilombo. Elas são organizadas por um grupo chamado de “festeiros” (voluntários responsáveis por organizar as festas durante um ano). A festa junina em Ivaporunduva é bastante semelhante à festa junina comum, com quadrilha e com alimentos típicos da festa, como quentão e pipoca. Durante à tarde, eles realizam a leitura de um trecho do evangelho da bíblia, onde as pessoas podem comentar e relacionar com a história do santo, então o terço é rezado e realiza-se uma procissão carregando o mastro, a bandeira e o andor com o santo. Após o término da procissão o mastro é erguido em frente à igreja, fazem-se saudações ao santo e soltam alguns fogos de artifício. Depois os festeiros servem um café que marca o encerramento da faz, podendo ser estendida com um baile ao som de forró durante o resto da noite.[1]


Conhecimento tradicional editar

 
Exemplo de casa feita de pau-a-pique.

O quilombo do Ivaporunduva ainda preserva parte da cultura africana, é da cultura africana que veio o conhecimento das ervas que eles utilizam em seus remédios, os métodos para fazer a vasilha de barro ou madeira, a taipa (usada na construção do fogão a lenha), simpatias e orações religiosas, fazer mutirões, plantar, objetos como o pilão, a casa de pau-a-pique com o chão de barro amassado, a gamela, a cobertura de sapê para as casas, etc. Segundo o líder da comunidade a casa de pau-a-pique é um dos principais aspectos da cultura africana que foi adotado no quilombo, ele diz:[7]

"O negro quando fugiu do trabalho escravo ele fez a casa de pau-a-pique por que foi o que ele achou disponível, a madeira, o barro, o cipó, o capim, isso aí é uma arquitetura que ele já trouxe de lá pra cá e tem até hoje."[7]

Desde o início da comunidade sempre existiu um forte senso de comunidade e os mutirões se tornaram uma das principais características do quilombo, sempre que vão organizar algum evento como festas eles realizam mutirões como uma forma de organizar o trabalho. Os mutirões nunca deixaram de fazer parte da cultura de Ivaporunduva e hoje costuma ser realizados em diversas atividades como para abertura de roça, colheita, varação de canoa (transportar a canoa do local onde foi feita na mata e levar até a margem do rio), barreação de casas (preencher com barro as paredes das casas de pau-a-pique), etc.[1]

Situação territorial editar

Em 1988 foi criada a constituição cidadã, e um dos seus artigos transitórios estabeleceu que “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.”

Com a descoberta deste artigo os membros do quilombo Ivaporunduva começaram uma longa disputa na justiça para ter seus direitos. Em 1994 a comunidade foi a primeira do Vale do Ribeira a tentar conseguir a regulamentação de suas terras com uma ação judicial. E através do Escritório de Advocacia Luiz Eduardo Greenhalgh S/C iniciaram sua luta para ter suas terras regulamentadas.

O andamento da ação foi bastante lento na Justiça Federal de São Paulo e somente no final de 2008 a ação foi vitoriosa no Tribunal Federal da 3º Região em São Paulo. Com isso a comunidade quilombola de Ivaporunduvaa foi a primeira comunidade do Vale do Ribeira a ter suas terras reconhecidas legalmente.

No dia 01/07/2010 os representantes da Diretoria da Associação dos Remanescentes do Quilombo de Ivaporunduva, assinaram o registro de suas terras no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Eldorado, tornando o território definitivamente legalizado. [8]

Benedito Alves da Silva, 50 anos, um dos moradores do quilombo, explica que a comunidade viveu isolada durante muito tempo e que, desde a década de 1970, lutou pela regularização de suas terras.

"No estado de São Paulo, nós fomos a primeira comunidade que teve coragem de entrar na justiça e pedir que o governo reconhecesse nossa comunidade e nos desse o título".

Afirma Silva, que também é membro da coordenação da Associação Quilombo de Ivaporunduva e faz parte da Comissão Estadual Quilombola e da Equipe de Articulação das Comunidades Negras do Brasil.[6]

Com o fim do processo de titulação do território de Ivaporunduva, as outras comunidades do Vale, renovam suas esperanças de ter seus territórios reconhecidos e registrados em cartório.


Referências

  • As imagens utilizadas, referentes ao quilombo, foram retiradas do documento "Agenda Socioambiental de Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira" elaborado pelo Instituo Sócio Ambiental e são de autoria de Felipe Leal /ISA.

Ligações externas editar

Revelando São Paulo

Trabalho de Márcia Cristina Américo sobre o quilombo Ivaporunduva

Tese a respeito da educação nos quilombos do Vale do Ribeira

MOAB - Movimento dos Ameaçados por Barragens

Trabalho de Rosamaria Sarti de Lima Ramos sobre a escolaridade nos Quilombos do Vale do Ribeira

Vídeo sobre a comunidade Ivaporunduva