Wikinativa/Julia Issa (vivencia Guarani 2019 - SMD - relato de experiência)

Durante a viagem, pudemos realmente imergir dentro do modo de vida indígena Guarani. Os aprendizados foram os mais diversos, elencando primeiramente a forma como a população indígena vê a raça humana integrada a natureza, e não separada. Muitas vezes eles falavam sobre “pensamentos/problemas da cidade” e acredito que isso se relaciona diretamente com essa perca/distanciamento que o urbano provoca desta noção de “totalizada” ou de fazer parte de um todo, que seria o que eles chamam de mãe-natureza. Isso também fica claro pelo respeito que eles têm com outros seres, tanto animais quanto plantas; outro ponto divergente da nossa cultura urbana-ocidental e impacta diretamente na questão ambiental, como geração de lixo e etc. Lá também pudemos observar o valor dado para o ócio. O momento da cachoeira foi um momento de diversão, que fazia parte da vivência, e que por eles também é cultuado. “A hora de trabalhar e de descansar”. Dentro do estilo de vida capitalista somos incentivados a produzir a todo momento, e quem não se enquadra dentro deste padrão, como estudantes e pessoas desempregadas são vistas como “vagabundos”. Sendo que a ociosidade também faz parte de nossas vidas, o tempo para refletir, para se divertir e também o para produzir. Por fim, é importante ressaltar como a disciplina com esta vivência contribui para o que foi discutido em aula sobre o relativismo cultural. O aprendizado com culturas diferentes, mesmo que haja choque; e não seguir o padrão colonialista de incorporar os seus valores culturais como “certo” e o diferente “errado”. Durante a viagem, senti que fomos lá para aprender, mas principalmente para trocar. Uma troca na qual ambas as partes eram beneficiadas e podiam aprender umas com as outras. Fato essencial para se pensar políticas públicas dentro de um contexto de imensa multiculturalidade como o Brasil.