Wikinativa/Katarine Rosa de Oliveira (vivencia Guarani 2018 - relato de experiência)

Introdução

A disciplina optativa ACH3787 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais VI, ministrada pelo Professor Jorge Machado propõe a discussão aprofundada sobre as questões dos povos indígenas, desde a sua cultura, até os entraves históricos e políticos que os envolvem. Tivemos a oportunidade de ouvir indígenas que vieram até a sala de aula para contar sobre sua luta nos tempos difíceis de demarcação de terra e direitos fundamentais. Não só isso, mas também aprendemos sobre plantas medicinais, e como a indústria se apropria desse conhecimento, de forma a mercantilizar, além de ouvir um pouco sobre suas histórias, músicas e espiritualidade. E por fim, tivemos duas vivências, a primeira no Pico do Jaraguá e a segunda no Rio Silveiras.

  • Vivência - Aldeias Tenondé Porã e Yvy Porã (Pico do Jaraguá)

No pico do Jaraguá por ser de fácil acesso para as pessoas que moram em São Paulo, por conta do transporte público, foi uma experiência mais rápida, passamos o dia na aldeia. Mas não tivemos tanto contato assim com os indígenas que moravam lá, o que talvez fora o que mais senti falta, porque estes estavam em suas atividades normais, e apenas alguns estavam no local no qual ficaríamos para ajudar a construir a casa de reza deles. A casa de reza para a cultura Guarani é um dos locais mais importantes, porque é o momento em que todos se reúnem e partilham suas histórias, questões políticas e praticam sua fé. Por isso estar contribuir com a construção da casa de reza e entender seu significado para esse povo, com certeza foi o momento alto da vivência. Tivemos contatos maiores com as crianças, que são desinibidas e acostumadas e pareciam acostumadas a puxar assunto com os visitantes, para brincar ou apenas conversar mesmo. Aconteceu algo triste, mas curioso, quando conhecemos um garoto, que depois de um tempo de tempo de conversa pediu para que pudéssemos atravessar com ele até o outro núcleo (possuía uma estrada entre os núcleos) e ficamos sem entender, porque ele parecia grande o suficiente para atravessar a rua, mas logo depois ele disse ‘’por favor, estou com medo’’ e perguntamos o porquê, e logo ele disse que foi por conta que uma vez ele e a irmã mais nova estavam andando por ali e um homem saiu do mato e pegou sua irmã, mas ela conseguiu escapar. Então vemos que as vulnerabilidades que eles passam no dia a dia.

  • Vivência na Comunidade Guarani Rio Silveiras

Essa vivência fora um pouco mais longa, entretanto não fui com o grupo, fui sozinha de ônibus no outro dia, então a minha aventura começou no próprio transporte, porque desci na estrada da praia de Boracéia e fui andando cerca de 40 minutos até chegar no primeiro núcleo, com as minhas bolsas e a lama do chão. Nesse momento já comecei a perceber como seria a vivência, cercada de simplicidade e desafios. Nessa vivência estava no grupo da padaria, no qual nos preparamos para levar receitas variadas que pudessem complementar a dieta alimentar deles, como geleias de mocotó, diversos pães, iogurte, bolos, entre outros. Entretanto, todo nosso planejamento foi frustrado com diversas questões, no qual contamos mais no relatório do grupo. Então em meio a chuva e as frustrações de não ter dado certo como planejamos a padaria, tive experiências também como brincar com as crianças de corda, conversar bastante com uma criança, ela contou sobre sua família, que tinha 3 irmãos, sendo que o pai morava com os meninos grandes, e ela morava com a mãe e o outro irmão mais novo, e achei curioso porque eles eram um casal segundo ela, mas estavam vivendo de um modo diferente do que estamos acostumados, mostrando ainda mais questões culturais. Comecei a conversar com ela na tenda onde vendia artesanato, ela disse que não era a mãe que fazia, ela apenas vendia, quem fazia eram as avós. Tive várias outras atividades, como contar história para as crianças e produzir camisetas personalizadas, entretanto não houve tantos indígenas participando, e talvez por conta da divulgação e da chuva.

  • Conclusão

Com isso, fecho dizendo que alcancei minhas expectativas em relação a matéria cursada, gostaria apenas de ter tido mais coragem, e oportunidades de conversar e viver mais de perto dos guarani, entender a realidade e a cultura deles é essencial para nos tornar mais humanos e lutar pelas pautas deles. Pautas que devem ser nossas!