Wikinativa/Luana Marani Sacillotto (vivencia Guarani 2016 - relato de experiência)
Nome: Luana Marani Sacillotto N°USP:9360304
A visita à aldeia Guarani Rio Silveira em Bertioga foi uma experiência única em minha vida, chegamos à aldeia no dia vinte e oito de novembro, e logo de chegada algo me surpreendeu demais o espirito coletivo das crianças em nos ajudar com as bagagens e também na montagem das barracas, todas as crianças sorridentes e amorosas muito diferentes das crianças que estamos acostumados, o primeiro impacto com essas crianças começou então nas brincadeiras, assim pude ver de perto a paz, a calma, e a alegria que essas crianças traziam, nenhuma falava alto, elas dividiam e respeitavam o tempo dos amigos nas brincadeiras, o espirito de coletividade foi visto também em todas as refeições que fazíamos em conjunto, sempre respeitando a quantidade para que todos pudessem comer sem faltar a ninguém, na noite de sexta feira ficamos em volta de uma fogueira conversando com as crianças que mais uma vez se mostraram solidárias e muito amigas.
No sábado fizemos uma trilha, e neste momento posso tirar algumas conclusões sobre como nós visitantes que estávamos lá trazíamos conosco a falta de empatia e coletividade. Ao fazer uma trilha levo comigo não só um momento de contemplação da natureza, mas também um significado muito grande de companheirismo e coletividade não deixando nenhum companheiro para trás, infelizmente meu grupo ficou perdido na mata e mais uma vez levei a lição que coletividade falhou nesse momento entre nós estudantes que estávamos lá. Na noite de sábado tive a primeira experiência na casa de reza foi um dos momentos mais importantes e impactantes da imersão para mim, consegui sentir a energia do lugar, com os cantos e falas do Pajé. No Domingo ficamos todos juntos e mais uma vez pudemos ter o prazer de frequentar a casa de reza que dessa vez trazia uma energia diferente, mas muito boa, em todas as noites ficávamos na fogueira conversando com as crianças e eram naqueles momentos e nos pequenos detalhes que íamos nos conhecendo mais e eu ia quebrando os meus pré- conceitos sobre a cultura deles como exemplo de uma noite em que um índio começou a cantar funk e aquilo me trouxe um estranhamento pré-concebido, após uma reflexão vi que todos eles tinham acesso a tecnologia e que isso era normal no mundo globalizado em que vivemos, de todos os modos a cultura deles ainda estava lá. Além das crianças que me chamaram muito a atenção, a figura do Pajé e das mulheres também me fez refletir; o Pajé principalmente pela sua energia excepcional e o cuidado com toda aldeia e com nós que lá estávamos e as mulheres que mostraram um grande empoderamento nos cantos.
Por fim, essa imersão mudou a minha vida e minha forma de ver o mundo, nós vivemos em um mundo capitalista e individualista, percebi o quanto falta coletividade, empatia e compaixão entre as pessoas. E espiritualmente voltei fortalecida, quebrei pré-conceitos e levo comigo uma frase que um amigo disse na casa de reza: “na aldeia podemos ser felizes com os pés na terra e com a simplicidade” e isso me traz um significado imenso que perdemos á muito tempo, nós perdemos o afeto com as pessoas, cada dia que passa nos tornamos mais estranhos uns aos outros, naqueles poucos dias que passei lá eu reinstaurei minha fé na humanidade, de ajudar o próximo e que sim conseguimos ser feliz com o simples, a materialidade externa não preenche o que nós humanos chamamos de amor.