Nhunguara
População total

439 pessoas

Regiões com população significativa
Vale do Ribeira (ao sul do estado de São Paulo)
Línguas
Português
Religiões
Católicos e Evangélicos

Nhunguara é o nome de uma comunidade reconhecida como remanescente de quilombos em 2001 pelo Itesp. Está localizada no Vale do Ribeira - SP entre os municípios de Eldorado-SP e Iporanga. Atualmente a comunidade é composta por 439 pessoas, suas terras ainda não foram legalizadas (mesmo após serem reconhecidos como remanescentes de quilombos) e por isso enfrentam dificuldades, já que fazendeiros desejam ter a posse da terra e a agricultura (principalmente as plantações de feijão, a mandioca, o milho, o arroz, a batata-doce, a cana e o cará) é uma de suas principais atividades da comunidade.[1][2]



Localização

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Parte das terras da comunidade de Nhunguara está inserida no município de Eldorado-SP e parte no município de Iporanga. Faz limite com a comunidade de André Lopes e dentro do Mosaico do Jacupiranga. O acesso se dá pela estrada SP 165, que liga Eldorado-SP a Iporanga. Nhunguara está localizada a aproximadamente 40 km do centro da cidade de Eldorado-SP e a 30 km do centro de Iporanga.[1][2]

Coordenadas -24.543688,-48.408905

Veja no mapa[3]

História

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A terras que hoje são ocupadas pela comunidade são resultado da expansão territorial que grupos de negros do entorno, como Ivaporunduva e São Pedro (Antiga Lavrinha). Famílias como os Maia, os Vieiras e os Dias foram as que mais se envolveram no processo de expansão. O patriarca dos Vieiras teria se fixado na região (durante a guerra do Paraguai) e acabou se deslocando para a São Pedro. os Dias têm origem nas terras de Ivaporunduva. Em 1830 alguns dos descendentes da família Vieira já ocupavam a região de Nhunguara, iniciando a expansão territorial sobre algumas áreas que posteriormente formou a comunidade de André Lopes e por isso a história de ambas as comunidades está ligada por relações sociais e de parentesco. No período de 1882 outros grupos, como os descendentes da família Morato de Almeida, se estabeleceram na área. Nhunguara foi a comunidade negra que liderou na região a produção de arroz, porcos, farinha de mandioca e aguardente de cana, aproximadamente até a década de 50 do século passado.[1][2]

Resistência a fazendeiros

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Em 2001 a comunidade foi reconhecida oficialmente como remanescente de quilombos, embora, até o momento, a situação fundiária da área não tenha sido resolvida. Esta situação vem gerando constantes conflitos entre os quilombolas e os fazendeiros que exercem atividades agropecuárias na área.[1][2]

População

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A população levantada é de 312 pessoas, das quais, aproximadamente, 49% são do sexo feminino e 51% do sexo masculino. Contudo, tem-se uma população residente estimada de 439 pessoas e menos da metade da população tem idade acima de 30 anos.[1][2]

Economia

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Os benefícios do governo são as fontes de renda mais presentes no orçamento familiar, apontados por até 47 das 69 famílias entrevistadas, como no caso da Renda-Cidadã. A venda da banana é a principal fonte de renda para muitas famílias e trabalho como de diarista,e a venda de artesanatos também presentes no orçamento familiar de forma complementar e o extrativismo diminuiu, mas ainda é uma opção de trabalho.[1][2]

Infra-Estrutura

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Muitas das casas da comunidade estão localizadas ao longo das estradas, onde também estão as escolas e igrejas. As demais são mais distantes. As águas de pia da cozinha como as de banheiro são despejadas nos cursos d´água próximos. A água para consumo é oriunda de minas e pequenos córregos existentes no território, como os da Pedra, do Jacu, da Saruva e do Monjolo. O lixo produzido nas casas é queimado ou enterrado. Na maioria das casas há luz elétrica. Metade das famílias tem em casa uma televisão e um rádio, enquanto que menos da metade possui geladeira. Há um telefone público e um via rádio que é mantido pela própria comunidade. Embora em quase todas as casas exista fogão a gás, para cozinhar a maioria das famílias utiliza a lenha proveniente das áreas abertas para a roça, onde ficam os restos de madeira. A comunidade também possui um galpão de maquinário, dois viveiros de mudas de palmito, uma piladeira de arroz, um caminhão e maquinário para beneficiamento de mandioca. Estima-se que, mensalmente, em média 47 pessoas da comunidade se desloquem até Eldorado ou Iporanga para uso dos serviços de saúde, bancários, aquisição de gêneros alimentícios e outros não mencionados. A comunidade recebe atendimento médico semanal no posto de saúde existente, contando também com um agente de saúdee atendimentos que requerem cuidados hospitalares, o atendimento é feito no hospital de Eldorado, ou no Hospital Regional em Pariquera-Açú. Duas escolas na comunidade oferecem o Ciclo I do Ensino fundamental. Os jovens que querem cursar o Ensino Médio deslocam-se para as escolas estaduais localizadas na comunidade de André Lopes, no bairro de Itapeúna e na cidade de Iporanga.[1][2]

Cosmologia e Religiosidade

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O catolicismo e o evangelismo são as religiões presentes na comunidade, sendo uma igreja católica e quatro evangélicas (Congregação Cristã do Brasil, Assembléia de Deus, Casa de Oração e Ministério de Belém).[1][2]

Aspectos Culturais

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As manifestações culturais são pouco praticadas, sendo apenas citadas as festas juninas e o dia 12 de outubro. Em algumas ocasiões são realizadas festas para arrecadação de fundos para a associação. O fandango é a atividade cultural mais citada daquelas que não são mais realizadas.[1][2]

Conhecimento tradicional

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Os conhecimentos tradicionais dos integrantes da comunidade Nhunguara estão diretamente ligados a agricultura, e principalmente as técnicas manuais de plantio de feijão, a mandioca, o milho, o arroz, a batata-doce, a cana e o cará e o palmito pupunha, cultura introduzida recentemente na comunidade. Algumas pessoas fazem artesanato de taquara, cipó, taboa, madeira e há uma citação para palha de milho.[1][2]

Situação territorial

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Em 2001 a comunidade Nhunguara foi reconhecida como remanescente de quilombos, mas as terras nas quais os integrantes da comunidade se encontram ainda não foram legalmente passadas a eles o que tem gerado conflitos com fazendeiros que desejam a posse das terras.[1][2]


Referências

Ligações externas

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