Wikinativa/Piratapuia
Os Piratapuia, também reconhecidos como Waíkana ou por outros nomes como Pita-tapuya, Piratapuyo ou Piratuapuia, são um povo indígena de língua da familia Tukano.[1]
Piratapuia | |||
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População total | |||
1.833 | |||
Regiões com população significativa | |||
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Línguas | |||
Tuc(k)ano | |||
Religiões | |||
Estados ou regiões do Brasil | |||
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situação do território | |||
Registrada | |||
Grupos étnicos relacionados | |||
Piratapuyo, Wanano, Sirano, Maku |
Localização
editarOs piratapuias habitam no noroeste do estado do Amazonas (no médio Papurí, no baixo Uaupés e em seus afluentes), áreas indigenas do alto, médio e baixo Rio Negro e nos municípios de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro e na Colômbia.[1]
História
editarHoje, o que conhecemos sobre a história e a origem do povo piratapuia são os dados obtidos pela tradição oral. De acordo com a lenda da tribo o povo piratapuia é descendente de um ancestral chamado Keney e foram criados por um ser mitológico chamado Wanali Hõãkhi. Wanali Hõãkhi sentindo-se só, com a fumaça de seu cigarro soprou o espírito do criador de gente, colocou o espirito em cuias e as tampou. Com o passar do tempo, nasceram pequenos peixes dentro das cuias. Assim surgiu a denominação étnica Waíkhana que significa "peixe gente", por esse motivos os piratapuias se tornaram conhecidos por "homens peixes"..[2]
Língua
editarA linguagem piratapuya é falado no estado brasileiro do Amazonas, nas terras indigenas do Rio Negro. Essa língua recebeu influencia de outras línguas indígenas, muito de seu vocabulário vem do Wanano e do Tucano. A mistura das línguas indigenas ocorre por conta das relações entre as tribos existentes no noroeste do estado do Amazonas, como no caso de casamento, por exemplo, tucanos consideram o casamento com alguém do mesmo grupo algo incestuoso, assim há a ocorrencia de casamentos entre membros de uma tribo e outra. A língua Tucana engloba, além da limguagem piratapuya, outras 15 línguas, dentre as quais o Tukano propriamente dito. O fato da língua Tucana ser usada por diversas tribos menores, fez com que ela fosse empregada como língua franca, permitindo a comunicação entre povos com línguas paternas bem diferenciadas e, em muitos casos, não compreensíveis entre si. Em algumas situações o Tucano passou a ser mais usado do que as próprias línguas locais, estima-se que cerca de 20 mil pessoas falem o Tucano.[1]
Aspectos Culturais
editarO povo piratapuia (waíkhana) é formado por vários clãs, ou seja, grupos de parentes. O primeiro grupo é o de Keney, que viveu num lugar chamado Kainpá. Segundo a história da tribo, este se comportou como “o cabeça” (líder) e veio puxando o resto do grupo. Com ele estavam seus irmãos menores, Busanönö, Wehetaha-dari e Weheta-daa.Estes se espalharam nas áreas proximas das margens dos Rios Macucu e Papuri. Fundaram seu território definitivo, abrangendo os quatro grupos, sendo os dois principais o Ti Wamisimia, o Ti Ba’na e o Yenkisimia. Na estruturação dos clãs, quando se pertence a primeira familia, que é do irmão mais velho, o indivíduo será mais respeitado, manterá mais elevada sua posição hierárquica, e terá mais poder nas decisões para a construção da família. Mas os indígenas tradicionalmente são criados para conviverem com outras pessoas, quer seja em pequenas famílias (núcleo familiar) ou em grandes famílias (comunidades, etnias).[2]
Casamentos e festas
editarDe acordo com a cultura da tribo, membros da mesma etnia são considerados uma família e os casamentos tradicionalmente tinham que ser com as mulheres de outras etnias, o que explica os múltiplos contatos interétnicos tradicionais. Os parentes se casavam com pessoas com as quais antes não tinham contato. O critério que prevalece nestes casamentos é o “amor”, deixando de lado o critério étnico-parental. Atualmente, muitas mulheres preferem casar com gente desconhecida e não indígena. Por esse motivo muitos membros da etnia deixam de falar suas línguas de origem.Na região do médio Rio Negro são poucos os que ainda sabem língua piratapuia que é falada apenas pelos idosos de algumas famílias. A língua tucana é falada na maioria das vezes por crianças de filhos de pai piratapuia e mãe tucana devido a mãe só falar a língua tucana.O português é língua falada por todos os indígenas e é utilizada na comunicação com os não-indígenas. Como tradição, anos atrás, cada etnia tinha obrigação social e econômica de ajudar outros povos, através do sistema de trocas ou ainda em festas de oferendas (Festa de Dabucuri).Entre os enfeites usados detacam-se os mahapoari que pode ser colocados nas pernas, tornozelos, como braçaletes e como brinco, e que também são usados por outras etnias. Os instrumentos utilizados em cerimônia são: a cuia do ipadu (patu), banco (kumunó) e o Yaií (dois bastões um maior e outro menor). Todo esse material era usado por Keney, para dançar e alegrar com os irmãos menores. Keney, como irmão maior,era a pessoa que planejava e organizava a vida e o bem estar de seus irmãos e era muito respeitada sua decisão. Atualmente não é tão valorizada esta tradição do passado que se está esquecendo.[2]
Alimentação
editarA alimentação é baseada na agricultura de subsistência. Consomem-se derivados da mandioca (farinha, maçoca, tapioca, beijú). Consomem-se frutas como banana, açaí, pupunha, castanha, abacaxi, batata doce, cará, cana e as chamadas “frutas do mato” regionais como uixi, ucuqui, inajá, tucumã,cucura. Preparam-se carnes de galinha caipira, peixe e às vezes carne de caça (tatu, porco do mato, cutia, paca).[2]
Situação territorial
editarOs piratapuias vivem no noroeste do estado do Amazonas (no médio Papurí e no baixo Uaupés) e em alguns territórios da Colômbia. Muitos índios migraram e passaram a viver em áreas indigenas do alto, médio e baixo Rio Negro e nos municípios de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro. A migração ocorreu principalmente para Santa Isabel do Rio Negro, que hoje possui uma população formada por 90% de indígenas de diferentes etnias. Alguns dos motivos da migração foram: as possibilidades de trabalho em empresas extrativistas (período do ciclo da borracha), a grande quantidade de peixes na região e a possibilidade de estudo para os filhos. No caso do povo piratapuia tambem ocorreu pelo estimulos de missionários (jesuítas, carmelitas, salesianos).[2]
Garimpeiros no Rio Negro
editarNa última década do século XX ocorreu uma invasão garimpeira na calha do rio Negro. Isso gerou impactos socioambientais,como a introdução de um grande numero de pessoas de outros locais do Brasil, que resultou no aumento de entrada de bebidas alcoólicas e substâncias psicoativas, degradação dos canais naturais de navegação, aumento da violência, encarecimento dos preços dos alimentos e demais produtos de primeira necessidade, prostituição e contaminação do rio por mercúrio. O objetivo dos garimpeiros era encontrar ouro, mas suas ações acabaram prejudicando as populações indigenas locais. Para conter a invasão, várias instituições (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), o IBAMA, a Polícia Federal e a Prefeitura Municipal de Santa Isabel do Rio Negro) se uniram para expulsar os garimpeiros do Rio Negro, o que acabou ocorrendo em 1993. Para garantir a preservação sócio-político-cultural das populações indigenas, houve a mobilização para discutir a identificação, demarcação e homologação daquelas terras, para que as comunidades indígena tivessem garantia constitucional dos seus direitos.[2]
Ligações Externas
editarhttp://www.proel.org/index.php?pagina=mundo/amerindia/macro_tucano/tukanoan/piratapuya
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/pira-tapuya/1462
http://archive.is/20130617183332/http://tempus.unb.br/index.php/tempus/article/download/1099/991
Referências
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