Wikinativa/Pucobié-gavião

Pucobié-Gavião ou Pukobyê
População total

830 (em 2003)

Regiões com população significativa
Línguas
Jê - Timbira
Religiões

Localização editar

Os Gavião (Pukobyê) estão situados ao sul do Maranhão, no município de Amarante, dentro da área indígena Governador, de 41.644 há. Ocupam, como a maioria dos Timbira a região dos cerrados. Sua área está demarcada e homologada desde 1982. É preciso distinguí-los dos Gavião do Oeste que ocupam a região amazônica, ao sul do Pará, próximos de Marabá. Estes, embora sendo Timbira e pertencente ao tronco lingüístico-cultural Jê, recusaram o contato com os não índios e só vieram a tê-los no início da segunda metade do séc.XX.

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A Língua editar

A língua não difere muito da falada pelos demais povos Timbira, a não ser por algumas variantes dialetais, mas nada significativo. As semelhanças lingüísticas entre os Gavião (Pukobyê) e demais povos Timbira, têm levado algumas instituições a tentar padronizar a língua Timbira, na região, afetando os povos Jê do Maranhão e alguns povos Jê do Tocantins (Krahó, por exemplo). Tal tentativa não vem encontrando muitos consensos seja por parte dos próprios índios, bem como por parte de outras instituições indigenistas.

História do contato editar

A história do contato dos Gavião (Pukobyê) confunde-se com a dos povos Timbiras cujo primeiro contato registrado com não índios, deu-se no século XVIII. Em 1728 registra-se uma grande invasão Timbira na localidade de Oeiras, então capital da capitania do Piauí. Porém, já na segunda metade do mesmo século não há mais notícia de presença timbira a leste do rio Parnaíba. Foram as fazendas de gado em expansão da Bahia para o Piauí e daí para o Maranhão que entraram em choque com eles, empurrando-os para oeste. No norte do Maranhão, área florestal, desenvolviam-se então as grandes plantações de arroz e algodão. Essa atividade também fazia pressão sobre os Timbira, porque necessitava de escravos para as plantações e para os descaroçadouros de algodão. Um outro mercado de escravos era Belém, que se comunicava com a região timbira por meio do rio Tocantins. Favorecia a escravização dos Timbira uma Carta Régia de 5 de setembro de 1811, que permitia a escravidão temporária dos índios do Tocantins e Araguaia que resistissem aos colonizadores. Os índios eram combatidos por tropas constituídas de civis e militares e ainda por índios cooptados, como os Krahó. Por conseguinte, todos os Timbira da faixa entre o Mearim e o Tocantins daí de deslocaram ou foram dispersados ou aniquilados, com exceção dos Pukobyê e dos Krinkati. Mesmo esses dois se viram em dificuldades. É bastante provável que os Gaviões do Oeste, (PA) que habitam a floresta junto ao rio Tocantins, no Pará, seriam uma facção dos Pukobyê (MA) que deles se separou no século passado, recusando-se ao contato com os colonizadores.

Os Gavião na atualidade editar

Os Gavião Pukobyê, hoje habitam a área indígena Governador de cerca de 41. 644 ha.distribuídos em três aldeias: aldeia Governador, que é aldeia-sede; aldeia Rubiácea, e aldeia Riachinho. Compartilham a área com algumas famílias de índios Guajajara. A cidade mais próxima das três aldeias é Amarante e é com esta cidade que os Gavião mais se relacionam. Na cidade eles compram as mercadorias de que precisam; matriculam seus filhos para cursarem o ensino médio, pois nas aldeias só funcionam precariamente as primeiras 4 séries; internam seus membros doentes, quando precisa; sacam do banco seus vencimentos ou aposentadorias; e, por fim, fazem seus negócios. Esta proximidade com Amarante e a forma com que os gavião se relacionam com o “urbano” determina o ser Gavião, hoje. Os Gavião, principalmente os jovens, mais do que qualquer outro grupo indígena, manifeste com maior intensidade, em suas atitudes e cultura, as conseqüências de uma proximidade com concentrações de pessoas não indígenas. Se de um lado a cidade proporciona vantagens inegáveis e facilita a satisfação de necessidades básicas que não podem ser negadas em nome de uma suposta salvaguarda de valores culturais, por outro lado, a cidade dos não índios, escancara suas contradições, suas formas discriminatórias, seus meios de exploração e esperteza principalmente em detrimento de quem ainda não possui mecanismos de auto-defesa e autonomia. Parece existir entre os Gavião uma tensão quase que irreconciliável entre o ser Gavião portador de uma identidade histórico- cultural tradicional bem definida, e o ser Gavião, hoje, desejoso de encontrar seu lugar-papel numa sociedade moderna, competitiva, pluralista em que ele percebe a necessidade de se inserir. Há uma crescente consciência coletiva de que, hoje, é quase impossível conjugar o conjunto de normas, festas, rituais com as novas demandas e necessidades que o grupo incorporou ao seu modo de viver. Muitos rituais não são mais observados e respeitados pelo conjunto das famílias e não existem mais aquelas formas de constrangimento público, como no passado, quando isto ocorre. Este aparente “relaxamento cultural” talvez longe de significar perda de identidade, revele ao contrário, a busca de um novo equilíbrio social, a tentativa de re-estruturar a sociedade Gavião, com suas dualidades e aparentes antagonismos, dentro de uma sociedade maior que não pode ser ignorada e da qual não pode viver à margem.

Os gavião cresceram demograficamente, ao longo destes últimos anos, de forma significativa, fazendo com que novas demandas por terra, educação, saúde, apoios a atividades econômicas, etc. fosse apresentadas com mais intensidade e vigor. Em que pesem as atividades ligadas à exploração e comercialização das frutas do cerrados, com apoio de algumas instituições indigenistas, a vasta e criativa produção de artesanato e outras atividades agrícolas, a maior participação nas instâncias públicas de atendimento à saúde, educação, os Gavião estão longe ainda de poder se considerar um povo relativamente autônomo não somente desde um ponto de vista econômico, mas na definição prática do que pretende “ser”, no futuro. Informações relativas á cultura Gavião, veja Krikati.

Referencias editar

fonte: http://asscarloubbiali.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=58:gaviao&catid=37:povos-maranhao&Itemid=63

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