Wikinativa/Renato R. Silva (vivencia Guarani 2016 - relato de experiência)
Relatório da aldeia Rio Silveira – 31/010 à 02/11
A visita a Aldeia Guarani Rio Silveiras faz parte da disciplina Seminários de Políticas Públicas Setoriais 2 - Multiculturalismo e Direitos oferecida pela EACH/USP para os alunos de todos os cursos da instituição. Por tratar de uma disciplina optativa livre, ou seja, não obrigatória a grade escolar, logo nas primeiras aulas foi possível compreender que os discentes deram a impressão que eram realmente interessados na questão indígena, e que gostariam de entender melhor a vivência, a cultura e as condições de vida. E, para a realização da visita à Aldeia houve durante o semestre aulas preparatórias, durante as aulas houve discussões e aprofundamos aos aspectos sociais e políticos que envolvem os povos indígenas no Brasil e também foi abordado como seria a viagem a Aldeia e como se daria esse intercambio cultural, ideológico e dos diferentes modos de vida.
No dia 31 de Outubro de 2016 houve a visita a Aldeia Guarani Rio Silveiras, que se localiza na cidade de Bertioga, no litoral Paulista. Partindo da EACH/USP com cerca de 60 pessoas, em um ônibus e mais uma vã. Havendo curiosidade sobre como seria a experiências na Aldeia, com clima tranquilo e alegre. O grupo em qual participei ficou a parte das Artes, ao fundo do ônibus o grupo de artes ensaiava o reportório para apresentação na Aldeia e também tocou outras diversas músicas, improvisando diversas músicas, na ida tocamos desde a saída da faculdade até a chegada no destino.
Após quase três horas de viagem chegou-se a Aldeia, todos da EACH/USP fora muitíssimos bens recebidos, foram calorosos e bem receptivos. Como tinham bastante pessoas que nunca haviam acampado, os moradores ajudaram-os a montar as barracas, principalmente as crianças. Após a instalação das barracas, comecei a brincar com as crianças, como um outro grupo havia levados objetos para fazer brincadeiras coletivas com as crianças, como bola e corda, acabei-me interagindo com as crianças. Ao meu ver, as crianças da Aldeia sem bem diferentes das que vivem na capital de São Paulo, eles se interagem super bem com elas e com os demais, mesmo sendo pessoas estranhas, elas não ficam tímidas e agem como se já as conhecessem a muito tempo. Percebi também, que com nenhuma delas houve rixa pelas atividades, e nem briguinhas entre elas.
A noite formos convidados a participar da Casa de Reza. Onde acontece a reza religiosa deles. Depois da reza, o indígena Mariano abriu uma roda de perguntas, para nós alunos tirar duvidas com ele. Através disso, o Mariano tirou duvidas, como por exemplo, que os adolescentes ficam um pouco mais afastado, não tem muito contato igual as crianças, o motivo é que a partir dos 13 anos eles, já são considerados adultos e fazem outro tipo de atividade na Aldeia, como a caça. Explicou também a PEC-215
No dia seguinte levantamos cedo e tomamos café para sairmos para a atividade principal do dia, fazer uma trilha em direção a cachoeira. A trilha foi tensa e cansativa. Acabou-se ocorrendo problemas durante o trajeto, como havia pessoas que andavam mais rápido que outras, houve uma separação em semigrupos; e infelizmente um dos grupos acabou-se perdendo. Por falta de comunicação, por ninguém ter avisado a todos antes de começar a trilha que havia uma pessoa com debilitação a locomoção, que não podia fazer a trilha rápida por que havia operado o joelho a pouco tempo. A grande maioria do pessoal foi mais rápido, ouvindo apenas espera do outro grupo. Como era uma pequena minoria que estavam atrás, o resto do pessoal, inclusive eu, acabamos indo mais rápido e parando em um determinado ponto da trilha para esperar os demais. Entretanto, havia um guia com o grupo mais devagar, só que ele acabou esquecendo o caminho e acabou entrando em um lugar fora da trilha para a cachoeira, e acabou desviando esse grupo, com a pessoa debilitada, da trilha para a cachoeira. O Pajé foi atrás desse grupo, que além de ter uma pessoa com recém operada ainda havia uma criança. Após horas, o grupo perdido conseguiu encontrar com o resto, mas como havia se passado muito tempo, ficou muito tarde para ir a cachorreira, aproveitar e voltar. Mas no espaço aonde estavam todos os grupos tinha um rio, e ficamos por volta de uma hora naquele local e depois voltamos para o almoço.
Após o almoço, houve diversas atividades e entre elas a Roda de conversa com as mulheres. Como essa atividade foi mais voltada as mulheres, eu acabei indo dar uma volta na aldeia para conhecer mais; eu e mais dois alunos fomos até a escola da prefeitura que fica na aldeia, fomos por meio da curiosidade conhecer como é o ambiente de estudo deles. Ao meu ver a situação para é o estudo é um tanto quanto precária. Como havia chovido a alguns dias, ainda estava com muita possa e os acesso as salas era quase impossível, por causa da lama. E, também a parte recreativa achei bem degradada, os brinquedos estavam enferrujados, e eram muito pouco para uma das maiores aldeias do Brasil, tinha nem cerca de cinco brinquedos para eles.
Após o jantar, fomos para a segunda noite na casa de reza. Houve uma cerimonia de purificação com alguns integrantes da Universidade. Foi escolhido alguns alunos que se sentiam com energias ruins e o Pajé fez uma purificação espirital neles, gerando a aqueles que estavam no ambiente, conforto, tranquilidade e paz interior. Após a reza, ao lado da Casa de Reza, foi feita uma fogueira, aonde todos comeram palmito e compartilharam uma interação social.
Na ultima noite da aldeia efetuamos o projeto. Acenderam uma fogueira ao lado da casa de reza. Nesse momento, tivemos a limpeza espiritual do Carlos e uma apresentação do moradores da aldeia, com uma apresentação de dança e música indígenas. E como todos estavam acordados resolvemos naquele momento tocarmos as canções que meu grupo ensaiou, começamos com a música "Oração" da Banda mais bonita da cidade. Demos instrumentos improvisado, feito com latinhas e materiais recicláveis para eles, parecido com chocalhos, todos poderiam fazer parte da música. Após essa música, tocamos "Tiro ao Álvaro", ao percebermos a participação das pessoas com as músicas , tocamos outras músicas mais atuais que todos conheciam. Entre os mais variados ritmos tocados, o que mais animou-os foi o Funk Carioca. Como nesse momento, a maioria que estavam na "rodinha" das músicas era crianças e jovens, eles conheciam bastante músicas desse estilo de música. Depois transformou em uma roda de música e dança. Tínhamos como projeto o tocar músicas para eles e, ao apresentar músicas populares brasileiras esperávamos a retribuição que os indígenas apresentassem para a gente músicas populares da aldeia. Fomos bem sucessivos com a nossa proposta.
Pela manhã seguinte foi a despedida e as fotos finais daquela incrível experiência.
Foi uma experiência gratificante e incrível, são pessoas que vivem em confraternalismo e em um ambiente social, sem conflitos e companheirismo. Os moradores da Aldeia Rio Silveira, deram uma lição de vivência social a todos, fazendo-me pensar na história e na invasão dos português as terras indígenas por volta de 1500, quem trouxe as doenças e as armas de fogo, não foram os índio, foram os homens brancos. Nessa reflexão, tirou-me aquela receio que vi por maioria da dos estudantes, que pensaram que eles iriam ser agressivos com a gente por causa desse momentos histórico, mas pelo contrario, eles sempre foram cordiais. E pensando atualmente, não somos aquele povo que trouxe bastante coisa ruim antigamente, somos mistura de tudo, mas poderemos agir principalmente como indígenos, com cordialidade e companheirismo ao próximo.