São Pedro
População total

135 pessoas

Regiões com população significativa
Vale do Ribeira (ao sul do estado de São Paulo)
Línguas
Português
Religiões
Catolicos (maioria) e evangélicos

Nome: Fernando Henrique R. Silva

A comunidade Quilombo (nome dos “grupos de resistência” formados por escravos fugidos das senzalas na época da escravidão no Brasil) São Pedro, está situada na Estância Turística de Eldorado, município que fica a cerca de 240 km de São Paulo, no Vale do Ribeira e possui cerca de 135 habitantes, sendo que grande parcela desta população, se não a maioria, reside em zona rural, e boa parte em comunidades quilombolas. [1]

Localização editar

Para se chegar ao Quilombo São Pedro, é necessário seguir pela SP-165, estrada que liga a cidade de Eldorado a Iporanga, ainda em São Paulo, e na altura do km 41, após atravessar de balsa o Rio Ribeira de Iguape, deve-se percorrer 8 km em estrada de terra.

Coordenadas aproximadas -24.523074,-48.404067

Veja no mapa

Existe ainda um mapa detalhado com as regiões de roçado, áreas comunitárias, relevo e rios que cortam a região do quilombo São Pedro:

Veja aqui

== História == bir


Formada por volta de 1825, a comunidade de Quilombola de São Pedro é uma região com terras férteis e de natureza preservada com fauna e flora bem diversificada. O local atraiu ex-escravos que com o declínio da mineração buscavam por terras desvalorizadas para plantio de subsistência.

Moradores afirmam que um dos primeiros homens a chegarem lá foi Bernardo Machado dos Santos, que perseguido trocou de nome assim passou a ser conhecido como Bernardo Furquim de França. Bernardo teve 24 filhos, frutos de 2 relacionamentos, que foram se espalhando pela região.

Com o tempo outros negros fugidos se instalaram na região e se casaram com moradoras do quilombo, assim fixando residência na comunidade. Os filhos frutos desses casamentos também se relacionavam com pessoas de fora da comunidade, ampliando ainda mais o quilombo.

Atualmente, 39 famílias vivem na comunidade. Alguns moradores vivem em casas de pau-a-pique, cobertas de sapé e com chão de barro; outros vivem em casas mais modernas de alvenaria.

Resistência a fazendeiros editar

No início do século passado parte dos moradores comercializaram lotes de terras para fazendeiros. Estes por sua vez tomaram posse de mais terras do que haviam comprado, assim se iniciou uma série de conflitos, resultando em mortes. Devido a esses conflitos os quilombolas se organizaram em uma associação para conseguir posse definitiva da terras.

Cosmologia e Religiosidade editar

A cosmologia quilombola não separa humanos de não-humanos. O território é visto como o prolongamento dos seus corpos (inclusive no que se refere à saúde) e também o “corpo” onde recai a memória ancestral. Uma ameaça ao território quilombola reflete como risco à integridade física dos membros da comunidade. [2]

Aspectos Culturais editar

Anualmente acontece e a tradicional Festa do Dia de São Pedro (29 de junho). A festa é apreciada também por pessoas de fora da comunidade. É semelhante a uma grande quermesse, com música, dança, jogos e rifas.

Tradicionalmente nessa festa acontecem as apresentações da "dança da mão esquerda", uma dança de origem africana que é exibida e desenvolvida pela população da comunidade. Nessas festas A música é tocada ao vivo com viola, pandeiro e atabaque.[3]

As hortas são comunitárias, ou seja, compartilhadas entre as familias, onde são produzidos feijão, arroz, mandioca, milho e café. Recentemente foram retomados o plantio e a comercialização de bananas.

Conhecimento tradicional editar

Os moradores mantém em seu cultivo as mesmas culturas de seus ancestrais, como roçado de arroz, milho, feijão, cará, cana, mandioca, banana etc. Além das criações de cavalos, porcos, galinhas para subsistencia, trabalho e transporte. Atividades de caça, pesca e coleta também são mantidas, coletas de cipó, taquara, palhas para artesanato e contruções. O comércio é feito em Iguape por onde descem de canoa, para vender suas mercadorias e comprar tecidos e sal.

Fazem mutirões para acelerar a roçada e fazer as colheitas dos grãos (chamado também de puchirão). Nesse tipo de trabalho, o dono da roça convida outros moradores para o trabalho e em forma de pagamaneto oferece comidas e bebidas. Algo muito semelhante acontece nas periferias de São Paulo, o famoso "encher laje", onde o dono da construção faz um churrasco para os convidados enquanto estes trabalham na obra. Outra prática comum é a da troca de dia, onde quem recebia ajuda trabalhava para quem deu a ajuda a mesma quantidade de dias.

O artesanato para uso próprio ou para comercialização é comum, principalmente usando imbé, cipó e timbopeva, são feitos o tipiti, cestos e balaios.

Situação territorial editar

Em 1996, o ITESP – Instituto de Terras do Estado de São Paulo fez o Relatório Técnico-Científico, dando início ao processo de reconhecimento da comunidade como remanescente de quilombo, o que aconteceu em 1998. Em 2004 a associação recebeu o título de 4.558,20 ha, que eram terras devolutas. Outros 130,07 ha de terras particulares foram recebidos em 2006 por decisão judicial, mas ainda sem título.

Mais de dois terços do território é coberto de Mata Atlântica bem preservada. O restante é coberto de capoeira, áreas de roça e pasto. Pela preservação da mata, de grande diversidade de espécies, a fauna também é muito rica: macaco, paca, veado, periquito, papagaio, sanhaço, saíra sete cores, azulão, bendito remardo, pardal, macuco, jacu, etc. Vários rios cortam o território: São Pedro, da Passagem, São Paulinho, Santana, Ivaporunduva. Devido ao relevo montanhoso, são formadas várias cachoeiras. Principalmente os Rios Ivaporunduva e São Paulinho têm bastante peixes.

Relações com outras comunidades editar

Em março de 2009, aconteceu o segundo encontro do Núcleo de Formação Continuada do Vale do Ribeira. Durante quatro dias, representantes de diversas comunidades quilombolas do Vale (Nhunguara, Cangume, André Lopes, Pilões, São Pedro, Cedro, Bombas, Ribeirão Grande, Pedra Preta, Poça e Reginaldo), representantes da Casa Tainã (Campinas), PI – Política do Impossível (São Paulo) e parceiros (como Rosana Meneses, pesquisadora das questões de leis de titulação de terras e Janaina, secretária de turismo de Iporanga) se reuniram em Iporanga, onde realizamram dinâmicas em pequenos grupos, discussões em grandes rodas e, a partir daí, definiram missões, princípios, eixos de pesquisa e parceiros para o Núcleo..[4]

O quilombo possui um laboratório de informática[5]

Referências

  • Todas as imagens foram retiradas do documento "Agenda Socioambiental de Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira", elaborado pelo Instituto Sócio Ambiental e são de autoria de Felipe Leal/ISA.

Ligações externas editar