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Saterés-maués
Membro da tribo dos Saterés-maués
População total

10,761 (Funasa, 2010)

Regiões com população significativa
Rio Amazonas, Divisa do Para
Línguas
sateré-mawé e português
Religiões
Católica e cosmologia propria
Estados ou regiões do Brasil
Amazonas e Pará
situação do território
Homologada

Maués ou mawés é o nome de uma tribo indígena, também conhecida por Sateré-Mawé, Maooz, Mabué, Mangués, Manguês, Jaquezes, Maguases, Mahués, Magnués, Mauris, Maraguá, Mahué, Magueses. Falam a língua sateré-mawé, integrante única da família lingüística de mesmo nome, pretencente ao tronco tupi.[1]

“Nós somos como um Pássaro no Mundo”, palavras de um índio Maué (PEREIRA, 1954).[1]

Localização

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Os Sateré-Mawé habitam a região do médio rio Amazonas, em duas Terras Indígenas uma no estado do Amazonas e outra na divisa deste com o Pará.[2] Eles se encontram em duas reservas principalmente.

História e Situação territorial

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Segundo relatos dos velhos Sateré-Mawé, seus ancestrais habitavam em tempos antigos o vasto território entre os rios Madeira e Tapajós, delimitado ao norte pelas ilhas Tupinambaranas, no rio Amazonas e, ao sul, pelas cabeceiras do Tapajós.

Os Sateré-Mawé referem-se ao seu lugar de origem como sendo o Noçoquém. Eles localizam-no na margem esquerda do Tapajós, numa região de floresta densa e pedregosa, "lá onde as pedras falam".

Os Sateré-Mawé tiveram seu primeiro contato com os brancos na época de atuação da Companhia de Jesus, quando os jesuítas fundaram a Missão de Tupinambaranas, em 1669. Após terem matado alguns homens brancos, o governo declarou uma guerra formalizada contra eles, parcialmente evitada pelos índios, uma vez que estes foram avisados e se espalharam, sendo que somente alguns ofereceram resistência.

A partir do contato com os brancos, e mesmo antes disso, devido às guerras com os Munduruku e Parintintim, o território ancestral dos Sateré-Mawé foi sensivelmente reduzido. Em 1835 eclodiu a Cabanagem na Amazônia, principal insurreição nativista do Brasil. Os Munduruku e Mawé (dos rios Tapajós e Madeira) e os Mura (do rio Madeira), bem como grupos indígenas do rio Negro, aderiram aos cabanos e só se renderam em 1839. Epidemias e atroz perseguição aos grupos indígenas que com eles combatiam, devastaram enormes áreas da Amazônia, deslocando esses grupos dos seus territórios tradicionais ou reduzindo-os.

A ocupação da Amazônia pelos civilizados,termo usado pelos Sateré-Mawé para designar todos aqueles que não são Sateré-Mawé: caboclos, brancos, estrangeiros, com exceção das outras nações indígenas, restringiu consideravelmente o território tradicional dos Mawé. Primeiro, foram as tropas de resgate e as missões; depois iniciou-se a busca desenfreada das drogas de sertão; em seguida a extração da seringa; e finalmente a expansão econômica das cidades de Maués, Barreirinha e outras para o interior dos municípios, alocando fazendas, extraindo pau-rosa, abrindo garimpos, dominando a economia indígena através de seus regatões. Em 1978, quando iniciado o processo de demarcação do território, as aldeias, sítios, roças, cemitérios, territórios de caça, pesca, coleta e perambulação situavam-se entre e ao redor dos rio Marau, Miriti, Urupadi, Manjuru e Andirá. Os Sateré-Mawé consideravam essa extensão de terra como sendo sua, apesar de saberem que ela representava apenas uma pequena parcela do que já havia sido seu território tradicional.

Eles são tradicionalmente índios da floresta, do centro, como eles próprios falam. Até o começo do século XX escolhiam lugares preferencialmente nas regiões centrais da mata, próximas às nascentes dos rio, para implantarem suas aldeias e sítios. Nessas regiões, a caça é abundante; encontram-se em profusão os filhos de guaraná (como chamam, em português, as mudas nativas da Paullinia Sorbilis); existe grande quantidade de palmeiras como o açaí, tucumã, pupunha e bacaba, que sazonalmente comparecem na dieta alimentar. Esse é o ecossistema por excelência dos Sateré-Mawé e podemos observar, ainda hoje, que as aldeias que guardam formas de vida tradicionais "como no tempo dos velhos" (plano espacial, arquitetura, roças, rituais etc.) situam-se nessas regiões.

língua

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A língua nativa corre sério risco de ser substituída pelo português por conta dos projetos da Educação Pública que levam educação básica e consequentemente o ensino de português nas aldeias. [5]

Porém apesar de a maioria dos homens serem bilíngues (Português e língua nativa) as mulheres sateré-maué não falam nenhuma outra língua além da nativa, por conta de um costume de aldeias mais isoladas, protecionistas e que mantiveram sua cultura intacta.

Cosmologia e Religiosidade

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O Porantim é o elemento principal na cosmologia Sateré-Mawé. Segundo os índios, é no Porantim (madeira com formato de remo) que está gravada a história da origem do povo Sateré. Ele possui poderes mágicos, com os quais é possível prever acontecimentos, apartar desavenças e solucionar conflitos internos. [4]

Os Sateré-Mawé referem-se ao seu lugar de origem como sendo o Noçoquém, lugar da morada de seus heróis míticos. Eles localizam-no na margem esquerda do Tapajós, numa região de floresta densa e pedregosa, "lá onde as pedras falam".

Em questão de Religiosidade apesar de algumas populações mais isoladas se manterem fieis aos rituais e crenças originais, pesquisas indicam que a população é hoje predominantemente católica (65% aproximadamente) o que proíbe alguns rituais.

Aspectos Culturais

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Inventores da cultura do Guaraná, os Sateré-Mawé transformaram a Paullinia Cupana, uma trepadeira silvestre da família das Sapindáceas, em arbusto cultivado, introduzindo seu plantio e processamento. O guaraná é uma planta nativa da região das terras altas do rio Maués-Açu, que se encontra no território tradicional Sateré-Mawé. O guaraná é o mais importante produto da economia sateré-mawé, sendo, dos seus produtos, o que obtém maior preço no mercado. A primeira descrição do guaraná e sua importância para os Sateré-Mawé data de 1669. comércio do guaraná sempre foi intenso na região de Maués, não só o realizado pelos Sateré-Mawé, mas também pelos não-indígenas. A procura deste produto deve-se às propriedades de estimulante, regulador intestinal, tônico cardiovascular e afrodisíaco. No entanto, é como estimulante que o guaraná, depois de transformado, é mais procurado, pois contém alto teor de cafeína, superior ao chá e ao café .

Existe uma diferença entre o guaraná de produzido pelos Sateré-Mawé, chamado guaraná das terras, guaraná das terras altas e guaraná do Marau e o guaraná produzido pelos não-indígenas na região de Maués, chamado guaraná de Luzéia(nome de uma cidade colonizadora no território indígena) de qualidade inferior porque produzido sem os conhecimentos e apuro das práticas tradicionais dos índios. O guaraná das terras sempre foi o mais procurado e, no entanto, os Sateré-Mawé vendem, no máximo, duas toneladas do produto por ano, e apenas nos anos de excelente safra. Já o guaraná de Luzéia, é produzido em larga escala; só uma empresa de comercialização do produto em Maués afirma vender 40 toneladas anuais.

Pode-se dizer que é durante o fábrico, termo regional também utilizado pelos Sateré-Mawé para indicar as várias etapas da transformação do guaraná, que a vida social se intensifica. A partir do que observamos, o fábrico potencializa ao máximo a maneira de ser desta sociedade, trazendo para a vida social cotidiana toda uma gama de fenômenos que se encontram ocultos ou obscuros em outras épocas do ano. É um período que se renova a cada ano com a chegada da colheita do guaraná, permitindo aos Sateré-Mawé comungarem com sua gênese mítica, revigorando-se etnicamente.

Como iniciação para se tornarem guerreiros os garotos da tribo Sateré-Mawé passam por um ritual, também conhecido pelos regionais como "Festa da Tocandira", aonde vestem uma luva feita de folhas, cheia de formigas tucandeiras, o ideal é que eles passem 10 minutos com a luva ou que levem 20 picadas, o veneno das formigas geralmente os paralisa e os garotos começam a mover o braço involuntariamente, é de grande perigo podendo causar paralisia permanente do membro, na verdade para terminarem o ritual eles podem ter que passar por diversas sessões com a luva para se tornarem realmente guerreiros.

Medicina tradicional

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Apesar de haver historias sobre um ramo mais complexo de medicina tradicional hoje pouco se sabe afundo sobre a antiga medicina dos Sateré-Mawé, hoje muitos recorrem ao propria sistema de saúde de fora da aldeia (ou seja, sistema de saúde publico brasileiro) e até pajés usam uma mistura de remédios do "homem branco", com ervas locais e fumo para aliviar doenças, há também medicina tradicional com o uso do guaraná processado pelos Sateré-Mawé.

O padre João Felipe Betendorf descrevia, que "tem os Andirazes em seus matos uma frutinha que chamam guaraná, a qual secam e depois pisam, fazendo dela umas bolas, que estimam como os brancos o seu ouro, e desfeitas com uma pedrinha, com que as vão roçando, e em uma cuia de água bebida, dá tão grandes forças, que indo os índios à caça, um dia até o outro não têm fome, além do que faz urinar, tira febres e dores de cabeça e cãibras".

Fontes

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