Wikinativa/Sidney Smith Cerqueira Romero (vivencia Guarani 2018 - relato de experiência)

Introdução

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Através da disciplina ACH3787 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais VI podemos aprender um pouco sobre a cultura indígena, suas causas, lutas e reivindicações, pelos seus direitos, pela demarcação de terras e podemos vivenciar de perto seu estilo de vida, sempre trazendo diversas interações, além da vivência na aldeia do Jaraguá e na aldeia Rio Silveiras onde tivemos em ambas experiências muito enriquecedoras.

Vivência na Aldeia Tekoa Pyau

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Nos encontramos aproximadamente às 10 horas no terminal Lapa, eu ali não sabia o que esperar, pois nunca pude ter esse contato antes, mas, estava muito ansioso pela experiência, em seguida pegamos um ônibus até a aldeia, na aldeia conhecemos alguns dos núcleos que ali se localizam e também conversamos sobre as questões que eram presentes ali dentro do primeiro núcleo, sobre a demarcação das terras atuais ali, na qual é considerada a menor terra demarcada do país, com 1,7 hectares e que ainda está em processo de ampliação, foi também comentado sobre todos os acontecimentos recentes, envolvendo a anulação de suas terras e a luta contra essa anulação vindo do presidente, uma outra questão séria que ocorre lá dentro é o abandono de animais domésticos na qual os moradores da aldeia não tem condições de prestar todos os cuidados necessários para os animais abandonados, pela grande quantidade de animais, um ponto discutido também foi sobre a falta de saneamento básico, onde a prefeitura não realiza nenhum trabalho em relação do saneamento básico dentro da aldeia. Em seguida fomos até o quarto núcleo, onde ainda não é um território homologado, nos encontramos com diversas pessoas dos grupos de extensão e os próprios indígenas que ali moram e que foram muito acolhedores conosco, ajudamos no barreamento da Opy, a casa de reza, do jeito tradicional Guarani, ali além de trabalharmos também nos divertimos muito e trocamos várias experiências conversando com os indígenas dali, tendo também muita participação das crianças da aldeia durante o barreamento, depois houve o almoço e por fim quando terminamos de barrear a casa de reza, se iniciou a primeira reunião dentro da casa de reza, onde primeiramente todos agradeceram por tudo, onde aprendemos muito uns com os outros e, ali aprendemos também como a casa de reza a partir daquele momento era um símbolo de resistência, um símbolo da luta do povo Guarani, e o símbolo dessa aliança que através da participação de todos pôde haver o surgimento dessa nova Opy, e que a partir dali as crianças dessa nova aldeia iriam receber seus ensinamentos e, onde todos se reunirão para rezar para Nhanderu, em seguida após isso se iniciou a reza, onde foi para mim uma experiência muito nova, especial, enriquecedora e gratificante, na qual me marcou de uma forma muito intensa, onde pudemos sentir e aprender, entender o importância do fumo, do cachimbo e, sentir a energia de Nhanderu que era muito forte e presente ali dentro e, como sendo ainda a primeira reza realizada dentro dessa nova Opy, tornou-se mais especial ainda, uma verdadeira festa de inauguração e, de agradecimento à Nhanderu, e mais um marco da resistência deste povo contra este sistema que já tirou tanto deles.

Aldeia Rio Silveiras

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Desde a disciplina já estávamos sendo preparados para essa vivência tão especial, onde foram separados alguns grupos que fariam várias atividades dentro da aldeia, eu estava participando do grupo da padaria, onde seríamos responsáveis pelo café da manhã nos dias da vivência, foi então feito todo o cronograma e o que faríamos nos dias de vivências. Saímos no dia 11/10 e chegamos na aldeia aproximadamente às 19h, a aldeia se localiza no município de Bertioga, quando chegamos estava chovendo bastante e a reza já estava para começar, em seguida se iniciou a reza, e já pudemos sentir a presença de Nhanderú no nosso meio, após o término da reza o Cacique Mariano abriu um espaço para que pudéssemos fazer perguntas, e depois por conta da chuva, a casa de reza foi disponibilizada pelo xeramoî, para que pudéssemos passar a noite, na qual tinha uma energia muito acolhedora e onde passei muito bem a noite, dormindo na rede. No dia seguinte montamos as barracas e, nosso grupo estava responsável por fazer os pães pela manhã, enquanto os outros iriam até a cachoeira, fomos então de carro, porém houveram alguns problemas com relação a instalação do forno, então decidimos que era melhor irmos até a cachoeira junto com os outros, que por sinal era muito bonita. Voltando no período da tarde, o grupo de lazer realizou as atividades que tinham sido propostas a eles e que ocorreu de maneira bem espontânea, porém mais tarde houve a chegada de um grupo do (motoclube evangélico) algo que incomodou muitos ali do nosso grupo foi o modo que eles fotografavam os indígenas de modo bem invasivo como “exóticos”; o grupo de evangelização levou vários brinquedos para as crianças mas também ao mesmo tempo levaram bíblias com o intuito de evangelizar os indígenas, mas os indígenas também mostraram a suas crenças através das rezas para Nhanderú, e mostrando que não tinham interesse em alterar suas crenças. Mais tarde voltamos a padaria onde os indígenas responsáveis pela padaria já tinham feito a massa dos pães, e eles nos ensinaram a melhor forma para modelar e assar os pães e, depois levamos os pães até o primeiro núcleo onde estávamos acampados. A noite durante a reza também foi discutido sobre o atual cenário político e as preocupações de todos ali, mas que também nos motivou ainda mais para lutarmos por essa causa tão incrível e linda que é a causa indígena. No terceiro dia, tivemos uma das experiências mais incríveis, onde fomos até o Rio Silveiras, onde encontramos uma trilha bem longa, mas que valeu super a pena, com uma belíssima cachoeira, quase intocada, cercada pela natureza, onde pudemos aproveitar bastante daquela experiência onde houve também a aplicação do rapé e, no fim o cacique adolfo conversou também sobre algumas questões da aldeia conosco, explicando também sobre algumas instituições evangélicas que só ajudam a comunidade se deixarem construir igrejas dentro da aldeia e o cacique se posicionou contra esse tipo de auxílio que vem com interesses. No fim da tarde foi pedido novamente ao grupo da padaria para fazerem mais alguns pães para que pudéssemos comer após a reza, fizemos a massa no primeiro núcleo e, o professor Jorge nos levou até a padaria para assarmos os pães, houveram muitos imprevistos para que voltássemos da padaria, ocorreu que o carro do professor acabou ficando preso perto da margem do rio, mas no fim conseguimos superar os imprevistos, e retornarmos ao primeiro núcleo. No último dia houve uma cerimônia de despedida onde pudemos agradecer por todas as trocas de experiências que tivemos durante esses quatro dias.

Conclusão

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Apesar de muitas coisas que não esperávamos ocorrerem, como ter chovido os quatro dias que estivemos lá, a quantidade de lama que ficou nos núcleos, alguns grupos não terem conseguido realizar tudo que haviam pensado em fazer, continuou sendo uma experiência incrível, onde eu pude, conhecer mais da Cultura Guarani, e aprender muito com eles, mesmo que as interações não fossem tantas, pôde-se haver uma troca de experiências muito boa. A possibilidade de aprender sobre essa cultura tão rica, participar desses momentos tão especiais em ambas as aldeias, entender a importância e poder participar das rezas, me permitiu compreender melhor o modo de vida Guarani e, me motivando a lutar cada vez mais pela causa indígena, principalmente nos momentos difíceis que estão por vir. Mas nunca deixemos de nos esquecer que a luta continua até o último índio.